terça-feira, 13 de novembro de 2007

Abbé Pierre (parte II)

O Abbé Pierre, foi o fundador do movimento internacional Emaús. Heni Grouès, o “Abbé Pierre”, é o quinto filho de uma família de cinco rapazes. Nasceu no dia 5 de Agosto de 1912 em Lyon, França. Quando tinha 15 anos, no decurso de um congresso de jovens cristãos em Assis, sentiu “a emoção indescritível” da revelação. Ingressa no convento dos Capuchinhos, onde passou a chamar-se "Padre Filipe", tendo renunciado à herança do património familiar e distribuído o que possuía a diversas instituições de caridade. Foi ordenado em 1938. É nomeado vigário na cidade de Grenoble, antes de se empenhar na Resistência durante a II Guerra Mundial – período em que ajudou muitas pessoas a fugir para a Suíça, sendo conhecido, na resistência, como "Abbé Pierre". Em Novembro de 1949 fundou a associação Emaús, uma comunidade que se consagra à construção de casas provisórias para sem-abrigo, financiada pela revenda de objectos de recuperação. O Movimento de Emaús abarca hoje perto de cem comunidades em que vivem e trabalham mais de quatro mil pessoas, em trinta países dos cinco continentes.
Em 1954 dá-se o que ficou conhecido como o “apelo de Inverno 1954”, particularmente frio e tendo vitimado pessoas “sem abrigo”. Através da Rádio, o Abbé Pierre apela à “insurreição da bondade” sensibilizando a população em geral e o poder político. Até ao final da sua vida não se calará perante todas as formas de injustiça social, percorrendo os cinco continentes, tornando-se uma consciência crítica da vida política e religiosa. Ele será a Voz dos sem voz. Repetia vezes sem fim: “Não esperem de mim que fique tranquilo! Se sofres, dói-me. Então, há momentos em que grito em mim, porque o mal dos outros, verdadeiramente, torna-se meu.” Para ele, era inconcebível ser-se cristão sem assumir uma fé credível pela prática da caridade: "A verdadeira caridade não consiste em chorar ou simplesmente em dar, mas em agir contra a injustiça".

Era, sem dúvida alguma, o francês mais amados dos franceses, algo notório para um país declaradamente laico.
Vários são os livros traduzidos e publicados em Portugal. Recomenda-se, por exemplo: “Testamento”, “Obrigado Senhor”, “As quatro verdades”…
Entre as suas afirmações, desafia-nos muito a seguinte: “Não somos livres de amar ou não amar. Somos livres para amar”. Resta-nos continuar, cada um a seu jeito, a verdade que ele deixa: o Evangelho continua a ser possível.

“Quando sofreres, ama com mais força
Ama os que choram mais lágrimas do que tu
Têm mais frio, mais fome, e estão mais sozinhos
Quase inexistentes, mais ausentes em si mesmos
Não há para ti outra alegria profunda possível
Ama-os muito…”

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