quinta-feira, 30 de abril de 2009

EM QUEM POMOS A NOSSA CONFIANÇA?


“Sei em quem pus a minha confiança” 2 Tm 1, 12

Ao longo desta semana que começou no dia 26 de Abril e que terminará no próximo domingo, dia 3 de Maio, somos convidados a rezar pelas vocações de especial consagração ao Senhor. Desde 1964, portanto há 45 anos, que por iniciativa de Paulo VI, se dedica o domingo do Bom Pastor à oração pelas vocações.
A frase bíblica que dá o mote à reflexão desta semana é retirada de uma carta de Paulo a Timóteo: “Sei em quem pus a minha confiança”. É a afirmação que dá ao apóstolo dos gentios a força para aguentar as privações a que estava sujeito em Roma, por altura da sua prisão domiciliária. É a razão pela qual suportou todos os sofrimentos e obstáculos ao longo da sua vida dedicada ao anúncio do Evangelho.
Hoje somos convidados a questionarmo-nos de novo: em quem pomos a nossa confiança? O que nos dará força para testemunhar com a nossa vida aquilo em que acreditamos? O futebol, a música, os ídolos do cinema, os políticos, o dinheiro, o poder ou a fama? Tudo isto é passageiro, superficial, falível. Então, em quem confiamos a nossa vida, a quem entregamos a nossa fé, o nosso amor?
Como seria bom afirmarmos com o testemunho do nosso coração e dos nossos actos o que dizemos com os lábios: sei em quem pus a minha esperança!

Pe. Hélder Lopes, SDPV

A BELEZA DA VOCAÇÃO


O casamento é bom [...]; tu que és consagrada a Deus, honra também a mãe da qual nasceste. E tu, que és casada, honra aquela que nasceu de uma mãe sem ser ela própria mãe; não é mãe, mas é esposa Cristo. Que também a mulher casada pertença a Cristo; mas que a virgem consagrada seja totalmente d'Ele. Que a primeira não se prenda ao mundo; mas que a segunda se liberte totalmente dele. [...] «Nem todos compreendem esta linguagem, mas apenas aqueles a quem isso é dado», disse Jesus (Mt 19, 11).

Compreendeis a profundidade do pensamento Cristo? [...] Se transferes para Deus todo o fogo da tua alma, sem te deixares balançar entre o amor que passa e o amor que permanece, entre o amor visível e o invisível, é porque o próprio Deus te feriu com as setas da escolha; conheces a beleza do teu Esposo e podes cantar este hino: «Senhor, Tu és a minha alegria, o objecto de todos os meus desejos!» (Ct 5,16). Permanecerás totalmente em Cristo, até contemplares Cristo teu Esposo. [...] Mas, quando ouves Cristo declarar que «Nem todos compreendem esta linguagem, mas apenas aqueles a quem isso é dado», pensa que isso é dado àqueles que Ele escolheu e que abriram o seu coração a estas coisas. «Portanto, isto não depende daquele que quer, nem daquele que se esforça por alcançá-lo, mas de Deus, que é misericordioso» (Rm 9, 16).

São Gregório de Nisa (c. 335-395),
monge e bispo, sobre Mt 19

SEMANA DAS VOCAÇÕES (V)

A Vida Consagrada
Este amoroso enlace entre a iniciativa divina e a resposta humana está presente também, de forma admirável, na vocação à vida consagrada. Recorda o Concílio Vaticano II: «Os conselhos evangélicos de castidade consagrada a Deus, de pobreza e de obediência, visto que fundados sobre a palavra e o exemplo de Cristo e recomendados pelos Apóstolos, pelos Padres, Doutores e Pastores da Igreja, são um dom divino, que a mesma Igreja recebeu do seu Senhor e com a sua graça sempre conserva» (Const. dogm. Lumen gentium, 43). Temos de novo aqui Jesus como o modelo exemplar de total e confiante adesão à vontade do Pai para onde deve olhar a pessoa consagrada. Atraídos por Ele muitos homens e mulheres, desde os primeiros séculos do cristianismo, abandonaram a família, os haveres, as riquezas materiais e tudo aquilo que humanamente é desejável, para seguir generosamente a Cristo e viver sem reservas o seu Evangelho, que se tornou para eles escola de radical santidade. Ainda hoje são muitos os que percorrem este itinerário exigente de perfeição evangélica, e realizam a sua vocação na profissão dos conselhos evangélicos. O testemunho destes nossos irmãos e irmãs, tanto nos mosteiros de vida contemplativa como nos institutos e nas congregações de vida apostólica, recorda ao povo de Deus «aquele mistério do Reino de Deus que já actua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus» (Exort. ap. pós-sinodal Vita consecrata, 1).

da mensagem de Bento XVI
para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sta. CATARINA DE SENA, apaixonada por um Deus apaixonado


Hoje recordamos Santa Catarina de Sena, no dia aniversário da sua morte, aos 33 anos, em 1380. Durante a sua vida, a Europa sofreu a epidemia da peste negra, várias guerras que a dilaceravam e ainda a divisão interna da própria Igreja com diversos papas simultâneos. Catarina, desejosa de seguir o caminho da perfeição decidiu consagra-se a Deus ainda muito jovem sem deixar de se comprometer com as realidades envolventes. Dedicou-se aos doentes e contribuiu grandemente pela restauração da paz política e unificação da Igreja. Embora analfabeta era uma verdadeira mestra espiritual. Foi reconhecida como Doutora da Igreja.
Mas o que melhor define Catarina é a sua paixão por Deus. Eis um dos seus textos, retirado da famosa obra "Diálogo" que recolhe as suas reflexões:
Ó Pai eterno, ó fogo, ó abismo de caridade,
ó Bem infinito, ó fogo de Amor,
terás Tu necessidade da tua criatura?
É o que parece, porque ages com ela
como se não pudesses viver sem ela,
Tu, que és a vida de todas as coisas!
Porque estás tão apaixonado?
Porquê esse amor pela tua criatura?
Todas as tuas benevolências são para ela,
encontras delícias em estar com ela,
estás como que embriagado
pelo desejo da sua salvação.
Ela, no entanto, foge de Ti,
mas continuas à sua procura.
Ela afasta-se e Tu aproximaste mais.
Poderias estar mais perto dela,
sem te revestires da sua humanidade?
Que terei eu a dizer disso, ó meu Deus?
Eu não consigo exprimir
o sentimento da minha alma…

Conhece melhor a história de Catarina de Sena, clicando na hiperligação seguinte:
http://sdpv.blogspot.com/2007/11/st-catarina-de-sena.html
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SEMANA DAS VOCAÇÕES (IV)

Eucarisita, lugar de encontro
"A consciência de sermos salvos pelo amor de Cristo, que cada Eucaristia alimenta nos crentes e de modo especial nos sacerdotes, não pode deixar de suscitar neles um confiante abandono a Cristo que deu a vida por nós. Deste modo, acreditar no Senhor e aceitar o seu dom leva a entregar-se a Ele com ânimo agradecido aderindo ao seu projecto salvífico. Se tal acontecer, o «vocacionado» de bom grado abandona tudo e entra na escola do divino Mestre; inicia-se então um fecundo diálogo entre Deus e a pessoa, um misterioso encontro entre o amor do Senhor que chama e a liberdade do ser humano que Lhe responde no amor, sentindo ressoar no seu espírito as palavras de Jesus: «Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e vos nomeei para irdes e dardes fruto, e o vosso fruto permanecer» (Jo 15, 16)."

da mensagem de Bento XVI
para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

terça-feira, 28 de abril de 2009

CESARE BISOGNIN, o mais jovem padre do mundo


Sexta feira 9 de Abril de 1976, milhares de italianos aguardam diante da televisão um acontecimento invulgar: a primeira - e última – homilia do mais jovem sacerdote do mundo, gravada dois dias antes. Cesare Bisognin, ordenado há poucos dias, tem 19 anos apenas. Está a morrer e a emissão foi gravada no seu quarto de hospital.
“Tive de deixar o seminário, mas o desejo de ser padre nunca me abandonou… O primeiro acto do meu ministério sacerdotal foi dar a eucaristia aos meus pais, agradecendo-os por me terem dado a vida…
Aceitei esta entrevista talvez porque o meu dever – o dever de todo o sacerdote – consiste em dar coragem, em amparar a esperança… Quando soube que estava doente, tive um momento de desânimo, mas recompus-me pensando nos outros e em Cristo… E a minha primeira reacção foi a esperança: esperança e confiança… Não nos podemos deixar abater… A esperança consiste em abandonar-me a Deus, mas não de uma forma egoísta pedindo-Lhe a cura, mas para ser de todos. O padre é um homem totalmente dado aos outros porque totalmente dado a Deus…”

Este rosto tão jovem e já no termo da vida, mas sobretudo as suas palavras comovem e interpelam a todos. Chegam numerosas cartas de encorajamento, com promessas de oração mas, essencialmente, de testemunhos incríveis de doentes, pessoas sofredoras, abandonadas a agradecerem a coragem e confiança que recuperaram através do jovem sacerdote e das suas palavras reconfortantes, pacificadoras. Uma das missivas mais comovente era enviada da penitenciária de Turim, cujos detidos convidavam Cesare a celebrar uma eucaristia com eles, ficando a cargo deles todas as despesas inerentes ao transporte e equipamento médicos. A saúde não lhe permitindo tal iniciativa, o jovem padre gravar-lhes-á uma mensagem agradecida e de encorajamento.

Na manhã de 28 de Abril cai a notícia: o jovem Cesare partiu para o Pai. Foi sacerdote por uns escassos 24 dias. Mais de 5 mil pessoas assistirão ao seu funeral depois de 25 mil terem prestado homenagem aos seus restos mortais durante dois dias.

O Card. Pellegrino, arcebispo de Turim questionou-se bastante acerca da oportunidade da ordenação do seu jovem seminarista cujos estudos de teologia foram interrompidos por um cancro dos ossos. A mobilização dos companheiros, professores, formadores e amigos de Cesare, juntamente com o testemunho de vida deste último, convenceram o prelado a tomar tal decisão. Ao Cesare, antes da ordenação, D. Pellegrino confiou a seguinte missão: “Vais conhecer o valor do silêncio e da solidão. Desde o teu leito de dor, anunciarás Cristo, no sofrimento exercerás o teu sacerdócio… Estamos seguros que o teu sofrimento dará muito fruto e servirá a muitos, exactamente como o grão de trigo semeado que morre.”
Aos cépticos, o arcebispo de Turim respondeu: “Ele pode viver o ministério segundo um modo mais profundo, o da imolação com e em Cristo Sacerdote e Hóstia, pela Igreja.”

MARIA FELICIA ECHEVARRIA, "Tudo Te ofereço, Senhor!"


Maria Felicia Guggiari Echevarria, também conhecida sob o nome“Chiquitunga” nasce no Paraguai em 1925. Vive a sua infância e juventude perturbadas pelos conflitos bélicos, primeiramente com a vizinha Bolívia e, mais tarde, com uma guerra civil. Seu pai, politicamente implicado vê-se obrigado a exilar-se várias vezes deixando esposa e seus sete filhos. Daí que a formação intelectual e religiosa de Maria Felícia fiquem para segundo plano.
É já adolescente que trava conhecimento com a Acção Católica, recentemente instituída no país. Pela oração e retiros promovidos pelo movimento, ela encontra-se com a pessoa de Jesus que se torna o ideal da sua vida. Contrária às “meias-medidas”, decide consagrar-se-Lhe através de um voto privado de virgindade. Em sinal disso, passa a vestir de branco e de forma simples. Essa aparência facilitar-lhe-á aproximar-se dos pobres a quem ela passa a visitar assim como os doentes. É com generosidade que se dedica ao apostolado junto das crianças que ela prepara para os sacramentos. Ela própria é um exemplo, comungando diariamente.
Já em Asuncion, a capital, Maria Felícia prossegue o seu programa de catequese e solidariedade junto de todos, independentemente da sensibilidade religiosa ou política. Todos são seus irmãos a quem deve servir. No seio da sua família tem a preocupação de fomentar um espírito de paz e alegria através do sorriso permanente, amabilidade e disponibilidade. Todas essas virtudes atribui-as à fé, esperança caridade que ela estima como dons gratuitos de Deus.

Amar sempre mais
É pela Acção Católica que conhece Sauá, um jovem estudante de medicina. Uma simpatia recíproca nasce entre eles, partilhando os mesmos ideais, as mesmas aspirações à santidade. Juntos visitam os pobres dos bairros problemáticos da periferia onde se encontram os maiores abandonos e misérias. Ao longo dos meses, a amizade dos dois jovens evolui em sentimentos mais fortes. Serenamente, questionam-se: O que quererá Deus de cada um de nós? após um sério discernimento, Sauá sente-se chamado ao sacerdócio. Maria percebe que tem de se afastar. Juntos, diante do Coração Imaculado de Maria, pedem à Virgem que apresente a Deus o seu “pequeno sacrifício”. Maria decide então, também ela, consagrar-se totalmente a Deus, a fim de apoiar pela oração e pela sua doação a vocação de Sauá: “Estou apaixonada por Sauá, mas é Jesus que eu amo… Obtive de Deus tudo quanto sonhei: conhecer o amor, para fazer dele uma oferta a Jesus.”

Carmelita
Durante um retiro, em Janeiro de 1954, Maria compreende que é chamada para o Carmelo. É no dia 2 de Fevereiro que ingressa no convento da capital. É recebida com muito carinho e as suas primeiras semanas são vividas em plena alegria. Porém, após algum tempo, enfrenta a noite, a tempestade das dúvidas. A oração não a sossega nem lhe traz sabor. É a crise, a provação do espírito. Como Jesus, no Getsémani, entrega-se: “A tua vontade e não a minha!” Sabe que pode desistir – ainda é simplesmente postulante – mas decide permanecer, pelos sacerdotes por quem quer rezar e, sobretudo, por Jesus. Mais do que nunca, e de forma exclusiva, entrega-se a Jesus, a quem escreve num diário e pelo qual revela a sua maturidade interior, o seu progresso na via da santidade.
“Sim, tudo Te ofereço Senhor,
tudo quanto há em mim:
as alegrias da minha alma,
as agonias sem fim.
Tudo Te ofereço, Senhor:
meus trabalhos, meus pesares,
as notas dos meus canteres
que continuo a elevar para Ti.
Tudo quanto há em mim,
tudo Te ofereço Senhor,
para eu seja o que Tu quiseres, meu Deus.
Toda inteira e sem reserva,
faz-me subir para que esteja sempre contigo,
ainda que me custe «morrer».”

Alguns dias antes da sua tomada de hábito, a paz regressa, definitiva, plena. O dia 14 de Agosto de 1955, é a grande festa, assumindo o nome religioso de Maria Felícia de Jesus Sacramentado. Escolhe por lema de vida “Alegria – Caridade – Serviço”. O seu quotidiano desenrola-se, doravante, na simplicidade, aspirando unicamente amar, na oração e na oferta de si mesma. Dedica-se às suas irmãs com delicadeza, os pobres a quem dedica o seu trabalho manual, os sacerdotes por quem oferece sacrifícios. Não esquece Sauá a quem assiste pela oração e entrega silenciosa. Maria irradia de forma luminosa e transparente o amor.

Em Janeiro de 1959, no quinto aniversário da sua vocação, Maria cai gravemente doente, atingida por uma hepatite fulgurante. Hospitalizada, sabe-se perdida mas acolhe essa fatalidade na serenidade. Obtém licença para regressar ao Carmelo, esforçando-se por participar na vida da comunidade.
Exausta, falece na madrugada do dia 28 de Abril de 1959. Faz hoje 50 anos.
A causa da sua beatificação foi introduzida em 1997.

SEMANA DAS VOCAÇÕES (III)

A nossa resposta
"Por parte daqueles que são chamados, exige-se-lhes escuta atenta e prudente discernimento, generosa e pronta adesão ao projecto divino, sério aprofundamento do que é próprio da vocação sacerdotal e religiosa para lhe corresponder de modo responsável e convicto. A propósito, o Catecismo da Igreja Católica recorda que a livre iniciativa de Deus requer a resposta livre do ser humano. Uma resposta positiva que sempre pressupõe a aceitação e partilha do projecto que Deus tem para cada um; uma resposta que acolhe a iniciativa amorosa do Senhor e se torna, para quem é chamado, exigência moral vinculativa, homenagem de gratidão a Deus e cooperação total no plano que Ele prossegue na história."
da mensagem de Bento XVI
para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

segunda-feira, 27 de abril de 2009

SEMANA DAS VOCAÇÕES (II)

Deus chama
"Dentro da vocação universal à santidade, sobressai a peculiar iniciativa de Deus ter escolhido alguns para seguirem mais de perto o seu Filho Jesus Cristo tornando-se seus ministros e testemunhas privilegiadas. O divino Mestre chamou pessoalmente os Apóstolos «para andarem com Ele e para os enviar a pregar, com o poder de expulsar demónios» (Mc 3, 14-15); eles, por sua vez, agregaram a si mesmos outros discípulos, fiéis colaboradores no ministério missionário. E assim no decorrer dos séculos, respondendo à vocação do Senhor e dóceis à acção do Espírito Santo, fileiras inumeráveis de presbíteros e pessoas consagradas puseram-se ao serviço total do Evangelho na Igreja. Dêmos graças ao Senhor, que continua hoje também a convocar trabalhadores para a sua vinha."
da mensagem de Bento XVI para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

domingo, 26 de abril de 2009

PATRICK GIRAUD, a Páscoa com Jesus


Nascido a 2 de Setembro de 1953 em Rouen (norte de França) Patrick Giraud é um jovem afectivo, calmo, obediente, extremamente respeitador e tem horror à mentira. Quem o conheceu não esquece o seu riso franco. Participa em acampamentos da JEC (Juventude Estudantil Católica) do qual se tornará animador, e juntamente com outros amigos funda um grupo de animação paroquial, “Os Aleluias”.
Depois do bacharelato, integra um grupo de preparação para o sacerdócio. Desde pequeno manifestara esse desejo. Por isso, pretendia desenvolver estudos superiores para melhor compreender e ajudar os outros assim como adquirir mais experiência de vida a fim de se tornar um padre com maior vivência.

A cruz da doença
Porém, em 1975 a sua saúde altera-se bruscamente. Hospitalizado descobre-se um tumor maligno no cérebro. Operado, acorda paralisado do lado esquerdo.
Inicia-se uma longa recuperação feita de muita perseverança e esperança suportadas por uma fé que nunca deixou de ter: “Que a primeira coisa a fazer hoje, primeiro dia em que me sento após um longo período acamado, que a primeira coisa a fazer hoje, dia em que voltei a escrever, seja escrever um enorme OBRIGADO!
Um enorme Obrigado a Jesus Cristo por recomeçar a dizer a mim próprio: não te esqueças que a tua missão é procurar-Me em cada dia e fazer descobrir ao mundo no qual vives que Eu o amo e que é por isso que ele existe; que cada homem está dotado de vida e tem a promessa de salvação; envio-te ao mundo para fazeres nele um trabalho de apóstolo.
(Que eu também saiba não esquecer que a maior felicidade do cristão é saber que já entrou na vida eterna desde hoje e que tudo se passa segundo a vontade do Pai, que tudo tem um sentido e uma utilidade!)
Segue-se uma reeducação intensiva. Esta longa provação ajuda-o a reflectir sobre o verdadeiro valor da vida humana: “Querer demasiado ser válido junto de todos é raciocinar em termos de meios – sou forte ou fraco? – e pecar por orgulho, pois não devemos falar em termos de capacidades; Jesus Cristo concede-nos o que decidiu dar-nos para seguir o seu Evangelho… Cada um de nós está vocacionado para qualquer coisa; que Jesus Cristo nos ilumine, para percebermos aquilo a que estamos destinados.”
Tal coragem advem-lhe da firme certeza de não estar só e da sua relação com Deus: “A fé não deve ser uma afirmação dita, mesmo com convicção, mas uma afirmação vivida.”

A Páscoa com Jesus
Após alguns sinais de melhoras, recaí brutalmente. Parte para Deus no dia 26 de Abril de 1976 com 22 anos. Quatro dias antes, desperta pela última vez , maravilhosamente lúcido, para deixar à mãe, num sopro de amor, com o mais belo dos sorrisos, a sua última mensagem:
“Hoje é Páscoa.
Quero passar a Páscoa com Jesus Cristo e com todos os meus «amigalhaços».
Estou contente por viver esta hora de Páscoa contigo!
Que bom é a Páscoa!
A Alegria está a chegar!
Eu bem sabia que me ia acontecer algo na Páscoa.
E aconteceu!
A minha ressurreição está a começar!
…Tu não a viés como eu…
Oh, mãe, como é fantástico! Fantástico!
Fantástico!”

Robert, um amigo, escreverá o seguinte: “… Patrick, a tua morte conta-nos a vida, presente e futura…”

NUNO ÁLVARES PEREIRA, NOVO SANTO PORTUGUÊS


Hoje em Roma é canonizado mais um português. Motivo de natural orgulho patriótico mas também modelo de santidade para todo o crente, a “santificação” daquele que nos habituámos a chamar de beato Nuno não deixa de ser uma ocasião para reflectir sobre esta figura que alguns acham controversa:
D. Nuno Álvares Pereira ou Frei Nuno de Santa Maria?
O condestável do reino ou o carmelita?
O guerreiro ou o santo?


É fácil cair nessa tentação de analisar este “santo condestável” sob prismas diferentes e, segundo julgamos, contraditórios. Contraditórios!?
A dificuldade reside em conciliar o guerreiro e fino estratega, profundamente empenhado nos problemas políticos e patrióticos do tempo com aquele que, num segundo período da sua vida, deu todos os seus bens e abandonou as demais preocupações terrenas para se retirar na oração de um convento carmelita.
Ajudará a perceber melhor a verdade deste homem saber que ele não se tornou santo por se tornar religioso, mas que esta última e radical opção de vida foi possível por ele viver já, a seu modo, a santidade.

Afinal o que é a santidade?
Creio que esta não se mede simplesmente por actos (decisões difíceis, actos heróicos, gestos generosos, virtudes invulgares, milagres prodigiosos…). Tudo isso pode ser sinal de algo; afinal “não há fumo sem fogo”. Mas, precisamente, a fogueira da santidade não reside na visibilidade exterior mas na realidade interior, sempre anterior aos grandes gestos. A forma como Nuno Álvares Pereira viveu a sua juventude, já no ambiente da corte, imbuído no desejo de se consagrar a Deus; a fidelidade e abnegação reveladas na defesa exclusiva dos interesses da pátria e do mestre de Avis a quem sempre serviu; a solicitude e recta justiça demonstradas no tratamento dos seus soldados, servos e reconhecida pelos seus inimigos; o desprendimento que provou ter dos bens materiais e títulos de nobreza (era o homem mais poderoso e rico do reino a seguir ao rei) … são sinais reveladores da sua profunda e sincera relação com Deus, pois tudo vivia convicto de respeita a divina vontade.
Para saberes mais, lê aqui um resumo da sua história:
http://sdpv.blogspot.com/2008/11/nuno-lvares-pereira-soldado-de-cristo.html

Para os nossos “tempos de crise” fica-nos o exemplo deste homem que soube enfrentar as do seu tempo com fé, coragem e convicção. Afinal, não será também a forma de encarar e vencer as nossas?

SEMANA DAS VOCAÇÕES (I)

Até ao próximo domingo toda a Igreja é convidada a reflectir e rezar pelas vocações. Ao longo desta semana dar-te-emos a conhecer, por partes, a mensagem que o papa Bento XVI escreveu por esta ocasião. O tema por ele escolhido para este ano é “A confiança na iniciativa de Deus e a resposta humana”.
Lembra-te que também tu és chamado por Deus para algo. Para quê? Isso é entre ti e Ele.
Boa reflexão!

A VOCAÇÃO COMO DOM
"Não cessa de ressoar na Igreja esta exortação de Jesus aos seus discípulos: «Rogai ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe» (Mt 9, 38). Pedi! O premente apelo do Senhor põe em evidência que a oração pelas vocações deve ser contínua e confiante. De facto, só animada pela oração é que a comunidade cristã pode realmente «ter maior fé e esperança na iniciativa divina» (Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum caritatis, 26).
A vocação ao sacerdócio e à vida consagrada constitui um dom divino especial, que se insere no vasto projecto de amor e salvação que Deus tem para cada pessoa e para a humanidade inteira. O apóstolo Paulo – que recordamos de modo particular durante este Ano Paulino comemorativo dos dois mil anos do seu nascimento –, ao escrever aos Efésios, afirma: «Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, do alto dos céus, nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. Foi assim que n’Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos» (Ef 1, 3-4)."
da mensagem do Santo Padre para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

sábado, 25 de abril de 2009

SEMANA DAS VOCAÇÕES

De 26 de Abril a 3 de Maio de 2009 decorre a 46º Semana de Oração pelas Vocações, tendo como base de reflexão a citação da carta que o apóstolo Paulo escreveu a Rimóteo: "Sei em quem pus a minha confiança" (2 Tm 1,12).
Diariamente, acompanheremos esta intenção através da mensagem escrita por Bento XVI.
Para mais informações e material disponível para oração e reflexão sobre as vocações é favor consultar a página elaborada especialmente para o efeito: www.myspace.com/vocacoes

EGÍDIO BULLESI, a pureza como caminho de felicidade


Quando vem ao mundo a 24 de Agosto de 1905, Egídio Bullesi nasce croata. Mas a Primeira Grande Guerra e consequentes alterações geográficas vão torná-lo italiano. É o terceiro de oito irmãos de uma família modesta que sobrevive à custa do trabalho do pai.
Com o rebentar do conflito bélico, toda a família se vê obrigada a refugiar-se primeiro na Hungria e depois na Áustria. Durante esses anos de exílio, Maria partilha com o seu irmão Egídio o seu fervor pela eucaristia e a sua devoção a Maria.
Quando, por fim, a guerra acaba Egídio regressa à terra natal, Pola, onde labora com o pai na indústria naval como metalúrgico. Tem apenas catorze anos. Nos intervalos desse trabalho árduo, o jovem rapaz concentra-se no estudo pois quer progredir e contribuir para o sustento da família.

Crise e compromisso

Todas as provações e dificuldades pela qual passou a família afectaram Egídio, relaxando-se durante um tempo na sua vivência cristã e religiosa. Mais uma vez, a influência benéfica da sua irmã Maria ser-lhe-á de grande ajuda.
Nesse período, os comunistas começam a infiltrar-se entre os operários. Egídio, adolescente de quinze anos percebe que existem outros métodos susceptíveis de elevar o ser humano para além das ideias marxistas. Descobre assim a sua vocação: testemunhar o poder salvífico de Cristo no meio profissional. O mundo do trabalho torna-se então o seu campo de apostolado. Capaz de atrair e cativar o espírito e o coração, Egídio é respeitado. Sem vaidade, atribui a eficácia e simplicidade da sua acção a Deus: “A minha amabilidade, a caridade, a docilidade não são mais que a amabilidade, a caridade e a docilidade de Jesus Cristo. É Jesus que transparece em todas as minhas acções, em todas as manifestações do meu coração que, sem esforço, agrada a todos. É somente Ele que me torna amável, bom e dedicado.”
Dele dirão algumas testemunhas que nunca teve vergonha de fazer o sinal da cruz diante de quem quer que fosse, e que todas as manhãs, rezando pelo caminho, participava e comungava na eucaristia celebrada na catedral. Distribuía jornais, livros, revistas que pudessem ajudar os companheiros e aproveitava todas as conversas para aconselhar e encorajar outros a seguirem os caminhos de Deus.

O ideal de pureza
Egídio quer ser santo. Quer imitar o exemplo da sua irmã Maria a quem se confia e pede orações.
Pensa no seminário mas deseja fundar uma família. Após um breve namoro sério, sente que Deus espera dele outra coisa: “Que alegria deriva da pureza! Que serenidade! Que tranquilidade de espírito! Que doçura e suavidade de coração! Oh, como nos sentimos amando Deus!”
A pureza e a castidade não têm para ele nada de negativo. Não é privação, mas conquista, doação total ao Amor para atrair outros para o Amor: “Para fazer bem às pessoas, é preciso uma grande riqueza, um tesouro acumulado graças a uma vida interior emancipada na intimidade de Jesus Cristo. É necessário que estejamos repletos e transbordantes da graça de Deus, que tenhamos uma fé firme e confiante, uma caridade e um amor ardentes.”
Tudo isso exige luta e esforço. Mas Egídio é um lutador na alma. Escreve ao seu director espiritual: "Estou contente porque tenho a alma em paz, a consciência limpa e pura porque amo Deus.”

Tem dezanove anos quando é chamado a cumprir o serviço militar na marinha. Ao longo de dois anos Egídio vai crescer na vivência e testemunho da sua fé. Sente uma verdadeira fome eucarística que compensa pela oração e recolhimento. Esse aprofundamento da vida interior não o impede de partilhar o quotidiano dos companheiros, no alto mar ou nas escalas, contanto que evite ocasiões de pecar. A sua pureza, num primeiro tempo alvo de troça, torna-se a admiração e respeito de todos. Gozava de uma grande consideração entre todos, oficiais ou simples marinheiros. Estimado nunca quis aproveitar-se de privilégios. Antes desejava converter todos. E assim conseguiu com muitos.

Morte na paz e alegria
Na primavera de 1927, quando regressa ao porto de Pola, Egídio vive já em plena maturidade espiritual.
Todavia, poucas semanas depois de retomar o trabalho um médico dessela nele cansaço e febre com crises de tosse. É a tuberculose, fulminante. Tudo báscula. Mas Egídio brinca: “Então, estou plenamente disposto a viver, se o Senhor o quer, tal como estou disposto a morrer…” Permanece sereno, alegre, reconforta e encoraja os seus. Reza, por vezes em voz alta: “Nada fora de Ti, ó meu Deus! Dou-me todo a Ti… Tantas graças recebi de Ti! Como estou feliz, como estou contente neste momento, de ter tido uma vida boa e pura!”

Apaga-se serenamente no dia 25 de Abril de 1929. Não tem ainda vinte e quatro anos.
A causa de beatificação foi introduzida em 1973 e Egídio foi declarado venerável em 1997.
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SOBRE A LIBERDADE…


Neste dia em que em Portugal se comemora o dia da liberdade, importa reflectir um pouco sobre ela. Será a melhor homenagem àqueles que lutaram por ela e, sobretudo, àqueles que nos testemunaram a verdadeira forma de a viver...

“Sempre que um homem se vence a si mesmo num combate contra a violência, torna-se livre.”
Irmão Roger

“Ninguém é mais escravo do que aquele que se crê livre sem o ser.”
Goethe

“Serás definitivamente livre quando, no amor, tiveres definitivamente desposado Aquele que te libertou.”
Michel Quoist

“Não sou livre de amar ou não amar. Sou livre para amar.”
Abbé Pierre

“A necessária liberdade de espírito vem não da indiferença, mas da confiança em Deus.”
Jean Duplacy

“Ama e faz o que quiseres.”
S. Agostinho

quinta-feira, 23 de abril de 2009

MAGNIFICAT

Maravilha-se diante de Deus

Aquele(a) que aguarda e

Guarda seu coração aberto.

Nada nem ninguém poderá

Impedi-lo(a) de sonhar e caminhar

Feliz, apesar de sofrer e vacilar.

Irradia Paz, não a sua mas a de Deus

Confiante que Ele nunca nos abandona.

Ama porque se sabe amado(a):

Tudo agradece e multiplica partilhando.

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quarta-feira, 22 de abril de 2009


"Se Te conheço, Deus,
ninguém será estranho para mim."

R. Tagore

segunda-feira, 20 de abril de 2009

EU VEJO AMOR...

EU VEJO AMOR...

QUE VÊS TU?

QUE MOSTRAS TU AOS OUTROS?

?

sábado, 18 de abril de 2009

TESTEMUNHAS DA RESSURREIÇÃO


Seria de esperar que Nosso Senhor, uma vez ressuscitado, aparecesse ao maior número de pessoas possível, sobretudo aos que O tinham crucificado. Pelo contrário, vemos pela história que Ele Se manifesta apenas a algumas testemunhas escolhidas, e especialmente os Seus discípulos mais próximos. Como diz São Pedro: «Deus ressuscitou-O, ao terceiro dia, e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas anteriormente designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois da Sua ressurreição dos mortos» (Act 10, 40-41).
À primeira vista, isto parece-nos estranho. Com efeito, temos uma ideia muito diferente da Ressurreição, representamo-la como uma manifestação deslumbrante e visível da glória Cristo. [...] Representando-a como um triunfo público, somos levados a imaginar a confusão e o terror que se teriam apoderado dos Seus carrascos se Jesus Se tivesse apresentado vivo diante deles. Reconheçamos que tal raciocínio nos levaria a conceber o Reino de Cristo como um reino deste mundo, o que não é correcto. Seria supor que Cristo veio julgar o mundo nesse momento, quando tal só acontecerá no último dia. [...]
Por que Se terá Ele mostrado apenas «a algumas testemunhas escolhidas anteriormente»? Porque era este o meio mais eficaz de propagar a fé pelo mundo inteiro. [...] Qual teria sido o fruto de uma manifestação pública que se impusesse a todos? Esse novo milagre teria deixado a multidão como a tinha encontrado, sem mudança eficaz. Os Seus milagres anteriores já não tinham convencido a todos [...]; que teriam dito e sentido a mais do que anteriormente, mesmo que «alguém ressuscitasse dentre os mortos»? (Lc 16, 31) [...] Cristo mostra-Se para suscitar testemunhos da Sua ressurreição, ministros da Sua palavra, fundadores da Sua Igreja. Como poderia a multidão, com a sua natureza inconstante, adivinhá-lo?

Card. John Henry Newman (1801-1890),
Presbítero e teólogo

sexta-feira, 17 de abril de 2009

KATERI TEKAKWITHA, o “lírio” da América do Norte


Kateri Tekakwitha foi a primeira nativa norte americana a ser beatificada.
Nascida em 1656, é filha do chefe índio do povo Mohawks. Sua mãe é uma índia cristã catequizada pelos jesuítas. A pequena não foi baptizada porque, juntamente com a mãe, foi raptada por outra tribo. Recebeu o nome de Tekakwitha imposto pelo novo “proprietário”, enquanto a mãe só a chamava Kateri em honra da santa da sua devoção, Santa Catarina.
Aos 4 anos, uma epidemia de varíola deixou-a totalmente órfã, parcialmente cega e de saúde debilitada. Kateri que tinha sido catequizada pela mãe, amava Jesus e obedecia aos costumes cristãos, rezando regularmente. Em 1675, sabendo da presença de jesuítas na região, procuro-os pedindo-lhes o baptismo através do qual assumiu definitivamente o nome dado pela mãe, Kateri. Pertença agora do tio, novo chefe da tribo mas pagão, foi pressionada e maltratada pela sua fé e por recusar propostas de casamento.

Nova vida
Tornando a situação insustentável, Kateri decidiu fugir. Chegou à missão jesuíta de Sault, perto da actual Montreal, onde foi acolhida e recebeu a primeira comunhão.
Sempre discreta, Kateri recolhia-se por longos períodos na floresta onde junto de uma cruz que ela traçara no tronco de uma árvore ficava em oração. Em 1679, fez um voto perpétuo de castidade manifestando o desejo de fundar uma comunidade religiosa para jovens indígenas. Porém, a sua delicada saúde desaconselhou tal projecto.
Faleceu a 17 de Abril de 1689 com 24 anos. Segundo o testemunho daqueles que a assistiam, momentos antes de morrer, o seu rosto desfigurado pela doença da infância tornou-se belo e sem marcas. Tal facto e a fama das suas virtudes levou a que Kateri ficasse conhecida por toda a região, possibilitando a conversão de muitos irmãos da sua raça.

Modelo de santidade
Pela sua fé firme e perseverança exemplar, Kateri tornou-se conhecida ente os indígenas como “o lírio Mohawks”. A sua existência curta e pura, como esta flor, conseguiu o que desejara: que os índios da América do Norte conhecessem Jesus Cristo.
O papa João Paulo II beatificou-a em 1980 e nomeou-a padroeira da Jornada Mundial da Juventude realizada em Toronto, no Canadá, em 2002. Juntamente com Francisco de Assis, a bem-aventurada Kateri Tekakwitha foi honrada pela Igreja com o título de "Padroeira da Ecologia e do Meio Ambiente".


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quarta-feira, 15 de abril de 2009

MENSAGEIROS DA RESSURREIÇÃO


«Vai ter com os meus irmãos
e diz-lhes que subo para o meu Pai, que é vosso Pai,
para o
meu Deus, que é vosso Deus»

(Jo 20, 17)

Na atmosfera da alegria pascal, a liturgia conduz-nos ao sepulcro onde, como nos conta São Mateus, Maria de Magdala e a outra Maria, conduzidas pelo amor que tinham por Jesus, tinham ido visitar o seu túmulo. O evangelista narra que Ele veio ao encontro delas e que lhes disse: «Não temais, ide anunciar aos meus irmãos que devem ir até à Galileia; lá me verão.» Foi realmente uma alegria indescritível que elas demonstraram ao rever o Senhor e, cheias de entusiasmo, foram a correr participar o acontecimento aos discípulos.
A ressurreição repete-nos a nós também, como a estas mulheres que permaneceram junto de Jesus durante a Sua paixão, que não tenhamos medo de nos tornarmos mensageiros para anunciar a ressurreição. Aquele que encontra Jesus ressuscitado e que se entrega a Ele docilmente não tem nada a temer. Tal é a mensagem que os cristãos são chamados a difundir até aos confins da terra. A fé cristã, como sabemos, nasce, não da aceitação de uma doutrina, mas do encontro com uma pessoa, com Cristo morto e ressuscitado.
Na nossa existência quotidiana, temos diversas ocasiões de comunicar a nossa fé aos outros de uma maneira simples e convicta, de tal forma que a fé possa nascer neles devido à nossa atitude.

Papa Bento XVI, Homilia
Fonte: evangelhoquotidiano.org

terça-feira, 14 de abril de 2009

PÁCOA NECESSÁRIA


Se PÁSCOA,
mais do que umas amêndoas para adoçar os dias,
é carregar a cruz do meu irmão;
Se PÁSCOA,
mais do que exibir a minha vaidade nova,
é partilhar a esperança com as lágrimas dos outros;
Se PÁSCOA,
mais do que ver passar o espectáculo da procissão,
é acompanhar os passos dos dramas do meu bairro;
Se PÁSCOA,
mais do que a comoção à vista de um Cristo crucificado,
é anunciar com a minha existência que esse Cristo ressuscitou,
então posso proclamar e cantar:
Jesus está vivo
e caminha connosco para a Vida!


Feliz PÁSCOA todos os dias!

domingo, 12 de abril de 2009

PÁSCOA


Oh breve engano do mundo,
Em que os meus olhos confundo,
Cegos à Eterna alegria:
- Chamo noite à Madrugada!
E julgo a vida acabada
Onde a Vida principia…


António Correia de Oliveira

sexta-feira, 10 de abril de 2009

ECCE HOMO


“Pilatos disse-lhes: «Eis o homem!» ”

Jo 19, 5


Tinha dito: É preciso uma outra religião.

Não a da Lei que reprime,

mas a do amor que reconcilia.

Tinha dito: é preciso uma outra justiça.

Não a que castiga,

mas aquela onde todos os que rejeitam a Lei e a moral

encontram a oportunidade de um novo começo.

Tinha dito: É preciso uma outra sociedade.

Não a da concorrência e a do egoísmo,

mas aquela onde todos os deficitários da vida

não são marginalizados, mas respeitados e integrados.

Tinha dito: Não se pode vencer a injustiça e a violência

por outras injustiças e outras violências.

E foi até às últimas consequências.

O que diz incomoda? Matem-no.

É acusado e condenado? Cala-se e deixa fazer.

Formidável poder o do amor,

do amor à verdade e do amor aos outros.

Mataram-no. Mataram o Homem, o único verdadeiro,

o homem mais “elevado” aceita por amor

descer “ao mais baixo”, para a vida do mundo.


in Caminhos de Páscoa 1993

EDITH FERGUSSON, desligada de tudo para ser livre


“Amei tanto quanto podia. Conheci muita gente que aprendi a amar, mas também tive falhas e, por isso, peço perdão. Tenho, infelizmente, o mau costume de ferir os outros sem querer. Como consequência, arrependo-me sempre. Amo as pessoas e gostaria que não me esquecessem. Farei o mesmo lá de cima. Velarei por todos e amar-vos-ei sempre.”
Foram as palavras de despedia que Edith Fergusson escreveu a Christian Beaulieu, um jovem sacerdote que a acompanhou durante a sua doença.
Edith tem 18 anos e reside no Quebec, Canada. Sabe que vai morrer. A leucemia rouba-lhe a juventude e a vitalidade. Mas ela permanece serena. “Desprendo-me de tudo para ser livre.”
Já são três anos de doença, de luta e dor. Mas também é um percurso de esperança, de confiança, de abandono nas mãos de Deus, graças ao acompanhamento espiritual que recebe do Pe. Beaulieu.
A comunhão diária sustenta-a e ilumina o seu sofrimento, dando um sentido ao seu sacrifício. Ela decide entrar na dinâmica amorosa de Cristo: “A minha vida, ninguém ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente.” (Jo 10,18). Edith decide oferecer a sua jovem existência a Deus como testemunho do amor que ela Lhe tem e que sente para com os outros, de modo especial pelas pessoas com deficiência de quem ela tanto gostava. Sonhara dedicar-lhes o seu futuro imitando a obra de Jean Vanier. A eles deixou as economias que possuía.

Mas esse dom de si não foi fácil. Como aceitar a morte quando se é jovem, dinâmica e totalmente integrada no seu tempo?
Foi precisamente a escola da dor que a vai conduzir, aos poucos, não à resignação, mas à paz, à serenidade. As longas secções de quimioterapia, a solidão do hospital, o afastamento progressivo das amigas, a angústia, o medo… tudo isso será preenchido pela confiança e amizade em Deus. Durante todo esse processo não perdeu o seu sentido de humor nem a sua alegria de viver. “Desde que estou doente, apercebo-me do valor que a vida tem”.
A oração é a sua força e a sua autenticidade. “É preciso rezar sempre… Nada de meias-medidas!” Ao perder o cabelo recusa-se a usar peruca, sinal da aceitação e despojamento de si própria; quando as dores se tornam insuportáveis opta por não tomar morfina ou outros calmantes. Quer dar tudo, até a sua fraqueza a Deus por aqueles que ama. Morre serenamente na noite de Sábado Santo, 10 de Abril de 1982, realizando o seu desejo: “Vivi, não existi apenas.”

quinta-feira, 9 de abril de 2009

LAVA, SENHOR, OS MEUS PÉS


Lava, Senhor, os meus pés…
Os pés que vieram rezar-te no templo,
mas nem sempre foram ao teu encontro no templo de cada homem.
Os pés que saíram tarde para o emprego
e regressaram demasiado tarde a casa.
Os pés que seguiram caminhos opostos aos do teu Evangelho
ou foram atrás de projectos contrários à dignidade humana.
Os pés sempre prontos para a festa e a dança,
mas cansados para o trabalho e o apostolado.
Os pés que, para chegarem aos seus objectivos,
passaram por cima dos direitos alheios.
Os pés que se contentaram com passos dados
e se negaram aos caminhos novos do teu Espírito.
Os pés sempre dispostos a andar para trás,
mas arredios em andar para a frente.
Os pés mais seguros no barro do Egipto
do que nas areias do deserto.

Lava, Senhor, os meus pés,
para que eu possa, como o teu servo Moisés,
aceder aos lugares onde te revelas
e donde me envias a libertar os meus irmãos.
Lava, Senhor, os meus pés,
para poder usar o calçado novo
do amor, da justiça e da paz
e ir à procura da ovelha perdida,
e percorrer o mundo inteiro
anunciando o Evangelho
e preparando a Humanidade para o dia
em que o teu Espírito fará nova todas as coisas.

Lava, Senhor, também as minhas mãos.
As mãos que eu não soube
erguer para rezar,
abrir para dar,
estender para acolher e abraçar.
Lava, Senhor, estas mãos
que não se empenharam na transformação do mundo
nem na instauração do teu Reino.


Lava, Senhor, estas mãos,
que não foram prolongamento das tuas,
a fim de que, novamente enxertadas
no Corpo vivo da tua Igreja,
possam, como Tu, passar fazendo o bem
e realizar a tarefa que lhes confiastes
de cultivar a terra e promover o homem.

Lopes Morgado
in “Marcos, este Homem era Deus”
(adaptado)

TRÍDUO PASCAL


Tu, nossa Fome
e apesar disso Pão da Vida,

Tu, Sofrimento
e apesar disso remédio para os nossos males,

Tu, o Vivente
o Morto
o Ressuscitado,

vem dar um sentido
às nossas misérias humanas,
às nossas sedes de infinito.

Vem, Cristo da última Ceia,
Cristo da Cruz ignominiosa,
Cristo da Aurora única!

Vem atear o Fogo
nos quatro cantos do mundo,
porque Tu és, para sempre,
LUZ!


Ghislaine Salvail
em “Triduum Pascal”

terça-feira, 7 de abril de 2009

O QUE VALE UMA VIDA HUMANA?

A pergunta pode parecer descabida.
Não existe nenhum índice de valor capaz de “cotar” em bolsa ou em qualquer mercado uma vida humana, porque nada pode estar acima desse incomparável dom.
Porém, atrevo-me a repetir a questão: O QUE VALE UMA VIDA HUMANA?



Uma triste efeméride desta data, 7 de Abril, é o início da imensurável tragédia ocorrida no Ruanda, no ano de 1994. Em somente 3 meses, num conflito étnico, 800 000 Tutsis (cerca de 8000 por dia), crianças, mulheres, velhos, foram massacrados a golpes de catana por milícias hutus. Um genocídio visivelmente bem planeado e cujas imagens deram a volta ao mundo, mas que a comunidade internacional não foi capaz de impedir.
Em 13 semanas, perto de 75% da população tutsi foi aniquilada.
Os 250 soldados das Nações Unidas presentes viram-se obrigados a ser testemunhas impotentes de tal carnificina. Segundo Romeo Dallaire, general dos “capacetes azuis”, uma comissão de burocratas ocidentais esteve no local para avaliar a situação ainda no seu início e eis a conclusão: “Recomendamos ao nosso governo de não intervir, pois os riscos são elevados e, aqui, somente existem seres humanos.”
O QUE VALE UMA VIDA HUMANA?


Estamos na Semana Santa, através da qual os cristãos relembram a entrega de Cristo na cruz. Tal como o recorda o Evangelho, Ele já dissera antes: “Não há maior prova de amor do que dar a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13) ou ainda, “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Para Jesus, TODA A VIDA HUMANA VALE… UMA VIDA DIVINA, a SUA.

Quanto vale para ti?
*

MARIA MARCHETTA, uma vida pela unidade dos cristãos


Filha de camponeses italianos e a mais velha de cinco irmãos, Maria revela-se ser uma criança muito viva e de forte carácter. Entre trabalhos do campo, escola e catequese, cresce rodeada de muitas amigas que a sua jovialidade e generosidade ajudaram a conquistar.
Mas a partir de Setembro de 1950, Maria ressente-se de dores nas pernas reforçadas por vertigens e náuseas. Tem apenas onze anos. Os médicos diagnosticam-lhe paraplegia flácida, patologia de evolução lenta que a tornará inválida e para a qual não se conhece cura.
Com doze anos, Maria encontra-se acamada a maior parte do dia. Em 1956 não deixará mais o leito. Ao longo de quinze anos, a sua cama será o seu único lugar geográfico e espiritual.

Nos primeiros tempos, Maria reage naturalmente mal: revolta-se, expressa medo e desespero. Maldiz a injustiça da sua sorte, recusa aceitar a sua condição de doente incurável, rebela-se contra Deus e a religião.
Porém, pouco a pouco, uma tia da qual muito gostava leva-a a resignar-se. Posteriormente, com esta “mãe espiritual”, conseguirá encarar a sua doença com o sorriso, acolhendo o mistério da cruz na sua vida.
Em 1954, a Acção Católica celebra o ano da generosidade, ocasião para Maria de participar com fervor e abnegação num programa de oração e de sacrifícios oferecidos elaborado pela Juventude feminina do movimento. Maria comunga diariamente, apoiada pelo sacramento da reconciliação e pela direcção espiritual, esforça-se com pureza de coração em colaborar na obra de Deus.
Aconselhada, oferece a sua vida e sofrimento em favor da unidade dos cristãos. De tal maneira se compromete nessa missão que em Lourdes, onde participa em três peregrinações, nem sequer pede a cura para si.
Não cessa de sorrir pois, como ela mesma afirma, “não me sinto capacitada para a tristeza!” Este testemunho de felicidade inalterável atrai à sua cabeceira cada vez mais visitantes que procuram junto dela consolação, força e coragem…
Mantém-se informada sobre a vida eclesial e mundial escutando Rádio Vaticano, nomeadamente o desenrolar do concílio que decorre desde 1962.
É assim, com 27 anos e totalmente oferecida a Deus e à Igreja, que Maria Marchetta falece a 7 de Abril de 1966, numa quinta-feira Santa, dia em que Jesus instituiu a eucaristia, sinal da sua própria entrega.
Em 1997, a causa de beatificação foi introduzida.

domingo, 5 de abril de 2009

NAS TUAS MÃOS


Nas tuas mãos, ó Deus,
eu me abandono.

Vira e revira esta argila,
como o barro
na mão do oleiro.
Dá-lhe forma
e depois, se quiseres,
esmigalha-a,
como se esmigalhou
a vida de John, meu irmão.
Manda, ordena.
“Que queres que eu faça?”
Elogiado e humilhado,
perseguido, incompreendido e caluniado,
consolado, sofredor,
inútil para tudo,
não me resta senão dizer
a exemplo de tua mãe:
“Faça-se em mim
segundo a tua palavra”.

Dá-me o Amor por excelência,
o amor da Cruz;
não o da cruz heróica
que poderia nutrir o amor próprio;
mas o da cruz vulgar,
que carrego com repugnância,
daquela que se encontra cada dia
na contradição, no esquecimento,
no insucesso, nos falsos juízos, na frieza,
nas recusas e nos desprezos dos outros,
no mal-estar e nos defeitos do corpo,
nas trevas da mente e na aridez,
no silêncio do coração.
Então somente Tu saberás
que Te amo

embora eu mesmo
nada saiba.
MAS ISTO BASTA.


BOB KENNEDY

sábado, 4 de abril de 2009

EMIGRADOS


Nós somos emigrantes
sempre de partida
à procura de felicidade.

Nós somos todos emigrantes,
frágeis e fracos,
que vêm junto de Ti, Senhor,
para serem por Ti reconhecidos,
serem assinalados com o nome
de filhos da tua família
e receberem de Ti a nossa parte de herança.

Nós somos todos emigrantes
sempre à procura de amor,
porque se nos falta a ternura quotidiana
quem poderá subsistir?
Despojados e ansiosos
vimos uns junto dos outros
a fim de nos tornarmos parceiros
fundados na confiança
para poder amar e ser amados.

Nós somos todos emigrantes,
desamparados e cheios de esperança
para tomar lugar na assembleia humana,
para exercer as nossas capacidades
e ser reconhecidos como seres humanos.

Porquê, Senhor, a nossa desconfiança
ante os emigrantes?
Teremos nós esquecido
a nossa condição de origem?


in Caminhos de Páscoa 1995

quinta-feira, 2 de abril de 2009

SAUDOSO JOÃO PAULO II

Lembrando aquele que partiu, faz hoje 4 anos...



Recorda aqui a história deste Peregrino do Amor:
http://sdpv.blogspot.com/2007/11/joo-paulo-ii.html
*

quarta-feira, 1 de abril de 2009

CLAIRE-ASTRID MUAMBULE, o “sim” a Deus


Faz hoje 25 anos (1 de Abril de 1984) que faleceu Claire-Astrid Muambule, Irmã Clara da Eucaristia como ficou conhecida na vida religiosa. Em 24 anos, esta jovem nascida no Zaire (actual Rep. Dem. Do Congo) irradiou a sua felicidade e alegria em Deus, apesar de enfrentar um cancro na face que a deformou e crivou de sofrimento o final da sua vida.
No mesmo dia em que se baptizou com 12 anos, a 7000 quilómetros de distância, celebrou-se a cerimónia de envio de um grupo de religiosas clarissas que fundariam uma comunidade em Cabinda. Astrid Muambule não sabe ainda que esta viria a ser a sua futura família. Adolescente, deixa-se fascinar por Jesus Cristo, seu evangelho e sua imagem no crucifixo. Sente que Ele está abandonado e que a chama. Sem resistência, ela cede: poderá encontrar algo melhor do que ser amada pelo Amor em Pessoa?
O exemplo de S. Franciso reforça nela a convicção da sua vocação. É assim que a 18 de Agosto de 1979, reveste o hábito das irmãs clarissas. “Jesus e eu somos um. E sou a sua pequena esposa!”

A transfiguração
Mas não basta professar religiosamente. Claire reúne diversos defeitos que tornam difícil a sua entrega a Deus: receosa, preguiçosa, orgulhosa, desobediente, teimosa e pouco amiga do silêncio.
É a 22 de Outubro de 1983 que acontece uma verdadeira transformação nela. No hospital, onde fora internada, descobre-se a terrível verdade do cancro que não lhe deixa hipótese de salvação. Mas Claire oferece-se a Deus: “Na mesa de operações, disse SIM ao Senhor, foi nesse momento que compreendi o significado da cruz que o Senhor me pedia para levar! Eu disse: «Sim, ofereço-Te a minha vida para que os homens que Te renegaram voltem para Ti!» Ele quer que todos os homens regressem à sua Casa, na alegria e no amor! Não posso explicar-te a alegria que se apoderou do meu coração nesse instante, não, não consigo exprimi-la… Com Deus sou como uma criancinha com a face encostada à face d’Ele.”
Toda a comunidade testemunha que nos seus últimos meses, Claire permanece em oração e no louvor a Deus. Acreditar no Amor imenso de Deus por ela e a sua vontade férrea em nunca desistir de uma decisão tomada transfiguraram-na totalmente. Foram 5 meses de sofrimento sem queixume, de rosto inchado, perdendo a visão e a boca transformada em chaga purulenta.
“Fico contente com tudo, pois foi o Senhor quem o permitiu. Não vos inquieteis com nada, porque o Senhor está comigo. Estou na sua mão. Nada acontece sem que Ele saiba. Dou-Lhe graças pelo seu Amor, que é forte, pelo seu Amor que tudo transforma, pelo seu Amor que me chama a cada instante!”

A entrega total
Fez da sua existência uma autêntica eucaristia através da qual se encontrava com o seu Jesus e pela qual oferecia o seu próprio sacrifício em favor dos outros, nomeadamente pela santificação dos sacerdotes. “Procuro a sua vontade, Ele manifesta-se em mim, e isso enche-me de prazer! Estou contente por ir para Ele, vivo a alegria desse encontro. Ele já está presente, vem até nós antes de irmos até Ele.”
Claire recebe muitas visitas de sacerdotes, religiosos, grupos de jovens… Interessa-se por todos, nunca falando de si ou da sua doença, mas da alegria de Deus. Convida todos à oração e a cantar. Aos jovens vai repetindo: “Procurais a alegria passageira, eu caminho para aquela que não tem fim!”
As suas últimas palavras foram o Magnificat que rezou juntamente com as suas irmãs clarissas, após ter comungado. Como Clara de Assis, a sua vida foi um louvor de gratidão a Deus.
*

DIA DAS MENTIRAS... OU DA VERDADE!?


Hoje é dia das mentiras.
Oxalá fosse verdade!
Seria sinal que nos outros dias, não haveria espaço para mais mentiras.
Mas essa, é a maior mentira de todas.
É verdade que já não se fala em mentiras. Seria muito feio! Somente são proferidas inverdades ou meias verdades. Mentiras cosmeticamente retocadas, maquilhadas com pó que se atira aos olhos… aos ouvidos… dos outros. Nem o progenitor da mentira acredita nela, mas vai passando essa falsa verdade.
Tanto assim é que quando, finalmente, a Verdade é revelada ninguém a reconhece ou aceita.
Seria bom recordar as sábias palavras de Gandhi: “O erro não se torna verdade pelo facto de se difundir e multiplicar facilmente. Nem a verdade se torna erro pelo facto de ninguém a ver.”

«Se permanecerdes fiéis à minha mensagem [...], a verdade vos tornará livres» (Jo 8, 31)

A liberdade, mais do que um direito adquirido, conquista-se e merece-se à custa de esforço e coerência. A verdadeira liberdade não está tanto em fazer o que se quer mas em querer o que se faz. E isso exige, de verdade, Liberdade.
Ninguém melhor que Jesus o poderia afirmar: a verdade da sua mensagem liberta-nos da escravidão das mentiras camufladas que subjugam a nossa existência. René Voillaume, discípulo de Carlos de Foucauld e fundador dos Irmãozinhos de Jesus, dizia que “nada é mais inútil do que meditar sobre verdades, sem concretizá-las nos actos da própria vida”.
Dia das mentiras ou Dia das verdades!?
Vida de mentira ou Vida de Verdade!?
Se, de verdade, és livre saberás escolher.