quinta-feira, 31 de julho de 2008

INÁCIO DE LOYOLA, o cavaleiro peregrino


Há espíritos que não se contentam com a mediocridade. Em tudo, querem atingir o máximo. Assim foi Inácio, nobre espanhol e temível guerreiro. É em Loyola, no coração do País Basco, que ele nasce em 1491.
Porém, na heróica defesa de Pamplona, cercada pelos franceses, Iñigo (o seu nome em basco) é gravemente ferido. Foi tal a impressão deixada pela sua coragem que são os próprios inimigos que o levam até casa a fim de se restabelecer.
É no seu leito de convalescença, ao ler a vida de santos e de Jesus Cristo, que ele toma a firme resolução de se tornar soldado de Deus. Embora cristão de formação, nunca se preocupara com as coisas da fé. Tem trinta anos quando se “converte”.
Trocando a espada pelo bastão, parte de casa como peregrino, decidido a conhecer e viver de Deus. Mais tarde, numa gruta em Manresa, iluminado por visões místicas, escreverá os célebres “Exercícios Espirituais”.

É em Paris, com um grupo de amigos, que formará a Companhia de Jesus, também conhecidos por Jesuítas. Alma profundamente militar, quis dotar a Igreja de uma milícia nova, aguerrida e disciplinada, para a defesa da glória de Deus e a conquista das almas. Juntamente com Francisco Xavier e outros, tornam-se numa espécie de exército de Cristo na defesa da verdade, numa Igreja ferida pela reforma protestante.

“Tomai, Senhor,
e recebei toda a minha liberdade,
a minha memória,
o meu entendimento
e toda a minha vontade,
tudo o que tenho e possuo;
Vós mo destes;
a Vós, Senhor, o restituo.
Tudo é vosso,
disponde de tudo,
à vossa inteira vontade.
Dai-me o vosso amor e graça,
que esta me basta”.

Esta oração, que lhe é atribuída, resume bem a entrega da sua vida.
Porque não fazes tuas, estas palavras!?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

UM TESOURO ESCONDIDO

«O Reino do Céu é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem encontra. Volta a escondê-lo e, cheio de alegria, vai, vende tudo o que possui e compra o campo.
cf. Mt 13,44-46

Jesus é um tesouro escondido, um bem inestimável que poucas almas sabem encontrar, porque Se esconde e o mundo ama aquilo que brilha. Ah!, se Jesus tivesse querido mostrar-Se a todas as almas com os Seus dons inefáveis, certamente que não haveria uma só que O desdenhasse; mas Ele não quer que O amemos por causa dos Seus dons, Ele próprio há-de ser a nossa recompensa.

Para encontrar uma coisa que está escondida, a pessoa tem também de se esconder; a nossa vida há-de ser um mistério, havemos de nos parecer com Jesus, com Jesus cujo rosto permanecia oculto (Is 53, 3) [...]. Jesus ama-te com um amor tão grande que, se O visses, cairias num êxtase de amor [...], mas não O vês e sofres com isso. Porém Jesus não tardará a «levantar-se para o julgamento, para salvar os humildes da nação» (Sl 75, 10).

Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897),
carmelita, Doutora da Igreja

terça-feira, 29 de julho de 2008

SANTA MARTA, amiga hospitaleira


Marta é contemporânea de Jesus. Era a irmã de Maria e Lázaro, que Jesus reanimou da morte.
Segundo narra a Bíblia, estes três irmãos mantiveram uma relação íntima com Jesus. Eles eram seus amigos e Jesus demonstrou-o visitando-os em Betânia, povoação próxima de Jerusalém.
Marta era quem mais se atarefava para receber bem a Jesus e servir os discípulos. Maria preferia ouvir as palavras de Jesus. Marta incomodava-se com isso: também ela gostaria de ficar sentada aos pés do Mestre e meditar nas suas palavras. Mas quem faria o trabalho? Lamentando-se disso a Jesus, este fez-lhe ver que embora a sua preocupação fosse bem intencionada, nada do muito que temos a fazer nos deve afastar do essencial: “Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (cf. Lc 10, 38-42).
Como dirá Santo Agostinho, mais tarde, “Não adianta correr muito, se corremos fora do caminho”. Deixar orientar a nossa vida, preocupações e opções pela Palavra de Deus ajuda a errar menos e a fazer melhor (em vez de muito).

A fé de Marta
Marta, apesar de “atarefada” amava Jesus e acreditava com todo o coração que ele era o filho de Deus. Quatro dias após a morte do seu irmão Lázaro, Marta mandou chamar Jesus. Quando este chegou, tranquilizou-a dizendo: “Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá”. Marta correspondeu afirmando: “eu creio, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo” (cf. Jo 11, 19-27).
Desta forma, Marta revelou que, mesmo num momento difícil, a fé permite-nos procurar e encontrar luz para os nossos caminhos. Essa luz, para ela e para nós, tem um nome: JESUS.

Segundo as lendas ocidentais, depois da ressurreição de Jesus, Marta e Maria foram para o sul de França, onde converteram muitas pessoas ao cristianismo. Além disso, a lenda narra que Marta aí morreu, tendo sido descoberto os seus restos mortais e venerados por volta do século XII.

Um bom dia de Stª Marta a todas as “Martas” de nome, de trabalho e de fé.

domingo, 27 de julho de 2008

O REINO DE DEUS...


«O Reino do Céu é semelhante a um tesouro
escondido num campo, que um homem encontra.
Volta a escondê-lo e, cheio de alegria,
vai, vende tudo o que possui e compra o campo.

cf. Mt 13,44-52


Para quê comprar um campo quando se descobriu o tesouro?
É que não existe tesouro sem campo. O Reino de Deus está escondido nesse campo. A beleza do tesouro está no campo que o esconde, que nos desafia a procurá-lo dentro dele. O tesouro passa a ter a extensão do campo, tal como este é enriquecido por ele. O reino de Deus é o tesouro escondido num campo chamado comunidade eclesial, ou que tem por nome “nossa família”, ou simplesmente a nossa existência, o nosso local de trabalho, de estudo... Não apenas uma parte, mas o seu todo. Querer o tesouro sem comprar o campo é pura ilusão. Afinal, o reino de Deus não se compra. O que se “compra” (escolhe) é o campo que o esconde.



O Reino do Céu é também semelhante
a um negociante que busca boas pérolas.
Tendo encontrado uma pérola de grande valor,
vende tudo quanto possui e compra a pérola.»

cf. Mt 13,44-52

Para quê vender toda a colecção de pérolas por uma só?
O reino de Deus não pode ser “acumulado” a outras coisas. Não se anexa a outras “propriedades nossas”. Não é acessível a quem tudo quer. Só se alcança por opção, por escolha. E quem escolhe, discerna o melhor, esquecendo o resto, eventualmente valioso, mas secundário, inferior… Faz lembrar o ‘jovem rico’ de outra passagem evangélica que não foi capaz de escolher. Queria acumular, não optar.
Optar implica sempre renúncia.
Não é renunciar por renunciar, é renunciar por algo melhor.
Não é renunciar ao mundo, é optar por um mundo melhor.
Não é renunciar a um tipo de vida, é optar por uma vida com mais sentido.
Não renunciar a valores, é optar por valores mais autênticos.
Não basta encontrar o tesouro; é preciso optar por ele.

sábado, 26 de julho de 2008

"O campo é o mundo"
(Mt 13,38)

Dado que o mundo é «o campo» onde Deus coloca os seus filhos como boa semente, os cristãos leigos, em virtude do Baptismo e da Confirmação e corroborados pela Eucaristia, são chamados a viver a novidade radical trazida por Cristo precisamente no meio das condições normais da vida; devem cultivar o desejo de ver a Eucaristia influir cada vez mais profundamente na sua existência quotidiana, levando-os a serem testemunhas reconhecidas como tais no próprio ambiente de trabalho e na sociedade inteira. Dirijo um particular encorajamento às famílias a colherem inspiração e força deste sacramento: o amor entre o homem e a mulher, o acolhimento da vida, a missão educadora aparecem como âmbitos privilegiados onde a Eucaristia pode mostrar a sua capacidade de transformar e encher de significado a existência. Os pastores nunca deixem de apoiar, educar e encorajar os fiéis leigos a viverem plenamente a própria vocação à santidade no meio deste mundo que Deus amou até ao ponto de dar o Filho para sua salvação (Jo 3, 16).

Papa Bento XVI
Sacramentum caritatis, 79

sexta-feira, 25 de julho de 2008

segunda-feira, 21 de julho de 2008

DURANTE AS FÉRIAS...


O Evangelho não tem férias.
O Pai cuida constantemente dos homens, das aves do céu, das flores do campo. Eu devo acompanhar o Seu trabalho com amor, meditando nas Palavras de Jesus.

1. Faz um plano de férias, ainda no seu início. Com tempo para o descanso, leitura, estudo, jogo, oração e algum trabalho. Ao meio das férias revê o plano, a ver se não precisará de ser ajustado.

2. Continua a reunir com o teu grupo (de jovens, de amigos…) se estiveres por perto. Se não, arranjar colegas que queiram reunir contigo para ler o Evangelho, pensar, rezar, debater e fazer actividades.

3. Faz um diário das tuas férias, escrevendo num caderno aquilo que fores fazendo e observando ou o que te for acontecendo de mais importante cada dia. Mais tarde, gostarás de ler. E até poderás, depois, mostrar ao teu grupo.

4. Leva os Evangelhos e vai lendo, porque tens agora mais tempo. Medita algumas passagens e confronta-as com a tua vida e com aquilo que passarás a viver.

5. Faz uma recolha de coisas que achares interessante (recortes de revistas e jornais, cânticos, jograis, celebrações, poemas, orações…) para partilhares com os outros.

6. Mas, acima de tudo:
- Continua a falar com Deus, de manhã, à noite… e durante o dia.
- Não deixes de participar na eucaristia todos os domingos (a tua fé não pode entrar de férias).
- Convive com todos e comunica o Evangelho de Jesus através da tua vida. Ajuda os teus pais e faz aos outros o bem que te for possível.
SANTAS FÉRIAS (para quem as tem)!
adaptado de "Mateus, reino, igreja, comunidades" de Lopes Morgado

domingo, 20 de julho de 2008

ESPECIALIZA-TE...

“Quando o trigo cresceu e começou a espigar,
apareceu também o joio.”
cf. Mt 13, 24-30


Especializa-te
em tentar descobrir
em toda e qualquer criatura
o lado bom que ela possui
– ninguém é maldade concentrada.

Especializa-te
em tentar descobrir
em toda e qualquer ideologia
a alma de verdade
que ela carrega no seio
– a inteligência é incapaz
de aderir ao erro total…

D. Hélder Câmara,
in “O deserto é fértil”

sábado, 19 de julho de 2008

SERVAS de Nª Srª de FÁTIMA, ao serviço da Igreja (II)

Comunidade presente na Guarda
Aqui temos a continuação da partilha que a Ir. Perpétua fez sobre a história e carisma da sua família religiosa, a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima.
Presença actual da Congregação.
Actualmente, a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima está presente nos seguintes países: Angola, Brasil, Bélgica, Guiné-Bissau, Luxemburgo, Moçambique e Portugal.
Europa
Em Bruxelas e no Luxemburgo, existem duas comunidades ao serviço da Igreja local, para acompanhar particularmente os emigrantes portugueses.
Em Portugal, cada comunidade assume uma missão específica no local onde se encontra, de acordo com os seus objectivos: colaboração pastoral, educação, serviço social ou acolhimento.
A Casa Mãe, em Santarém, acolhe as Irmãs mais idosas e doentes. Aí se encontra o túmulo de Luiza Andaluz e uma sala de exposição sobre a História da Congregação.
A sede da Congregação é a casa de São Mamede, em Lisboa, onde reside a Superiora Geral e uma comunidade de apoio a toda a Congregação, presente nos vários países.
Para além da Europa
Chegada à Guiné-Bissau em Julho de 2007, a Congregação está a dar os primeiros passos num projecto educativo, em colaboração com o Bispo de Bissau.
No Brasil, desde 2002, a Congregação tem três comunidades: duas no Estado de Minas Gerais (Três Pontas e Três Corações) e uma no Estado do Espírito Santo (S. Gabriel da Palha). O serviço pastoral paroquial e diocesano, o acolhimento numa casa de retiros da diocese e a colaboração em projectos sociais é o que constitui a missão das Irmãs neste país.
Em Angola, desde 1997, as Irmãs assumem a educação como área prioritária da sua missão, pois esta é uma das maiores urgências deste país. Também colaboram na pastoral paroquial, nomeadamente na catequese.
Desde 1972, a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima está presente em Moçambique. Actualmente, tem quatro comunidades, em: Mavila, Inhambane; Maputo; Mecubúri e Nampula. As Irmãs dedicam-se preferencialmente à educação e ao serviço pastoral. Além do trabalho docente em escolas públicas, as Irmãs têm dois lares de meninas estudantes, para proporcionar às jovens das províncias a continuação dos estudos.

Um projecto chamado Família Andaluz
A Família Andaluz é um projecto de vivência partilhada do carisma, entre Irmãs e Leigos (solteiros, casados...).
O carisma que Deus suscitou na Igreja, através da serva de Deus, Luiza Andaluz, está aberto a todas as pessoas que se sentirem chamadas a participar dele, para o enriquecer com novas expressões, hoje, no mundo sedento de Deus.
A Congregação está a implementar o Plano Geral da Família Andaluz. Acompanha a formação de alguns grupos nos diferentes países onde se encontra. Cada grupo, no contexto em que está, atento às necessidades do meio, vai procurando aprofundar o carisma e encontrar a sua missão concreta.
Cada pessoa e cada família tem um papel importante na transmissão da Boa Nova da paz, na promoção da justiça e do respeito pela criação, na defesa da vida e da dignidade de toda a pessoa humana.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

CARLOS DE DIOS MURIAS, o espírito das Bem-aventuranças


Carlos de Dios Murias nasceu a 10 de Outubro de 1945 em Córdoba (Argentina), no seio de uma família apegada aos valores religiosos e morais. É por essa altura que sobe ao poder Juan Peron, apoiado pela popularidade da sua esposa, a célebre Evita Peron.
Em 1955, Peron é afastado do poder por uma Junta Militar e Carlos, ao longo de quase toda a sua existência acaba por não conhecer outra coisa senão a instabilidade e a crise na qual a ditadura militar mergulha o país até 1973. A sua irmã Maria Cristina descreve-o como um adolescente idealista, piedoso e sensível à condição dos oprimidos. Opta pela vida religiosa. É admitido entre os franciscanos conventuais, estabelecidos a pouco tempo na Argentina. Deixou-se cativar pelo carisma de S. Francisco de Assis, pela pobreza e pelo empenhamento apostólico dos frades.
Após a sua ordenação sacerdotal, é encarregue da paróquia de El Salavdor de La Rioja e colabora com o Enrique Angelelli, seu bispo que Carlos admira muito particularmente. Angelelli revela-se entusiasta no apostolado e comprometido na evangelização e defesa dos direitos dos oprimidos. Posteriormente, Carlos torna-se colaborador da paróquia de Chamical juntamente com Gabriel Longueville, padre francês, delegado do episcopado de França para a América Latina. Os dois homens entendem-se perfeitamente e gastam-se sem contar em favor da população empobrecida da sua comunidade, explorada em condições humilhantes pelos ricos proprietários. Longe de qualquer actividade política, exercem o seu ministério em plena comunhão com o seu bispo, cuja linha de conduta eles seguem: fidelidade às orientações do Concílio Vaticano II e directrizes da Conferência de Medelin para a América Latina.
Carlos é apreciado pela sua abnegação, o seu bom humor e a sua coragem. Próximo dos humildes, não hesita nunca em ajudá-los, até materialmente. Mantém igualmente um bom relacionamento com os militares de uma base aérea próxima e que ele contacta semanalmente. Todos concordam em ver nele um homem de Deus, profundamente espiritual e cuja vida está em concordância com o Evangelho de Jesus.

D. Enrique Angelelli, Pe. Gabriel Longueville e Wenceslau Pedernera


Porém, na noite de 17 de Julho de 1976, os dois sacerdotes são levados de força por homens armados. Três dias depois, são encontrados os seus corpos a mais de cem quilómetros. Os cadáveres estão crivados de balas e apresentam sinais de tortura atrozes. Carlos tinha 30 anos.

Cinco dias depois é a vez de um catequista, Wenceslau Pedernera, colaborador pastoral dos dois padres. É morto diante da sua esposa e seus filhos. No mês seguinte é o próprio bispo, Enrique Angelelli, no regresso de uma visita à comunidade que ficara sem seus pastores, que é vítima deste terrorismo de estado. Na verdade, era o regime estabelecido que mandatara a morte de homens incómodos da ordem estabelecida, somente porque reivindicavam os direitos dos mais pobres.

A reputação de santidade destes mártires aumentou de tal modo que foi aberto o processo diocesano, tendo em vista a canonização do bispo e seus colaboradores.

REZAR COM MARIA

Também se reza com os sentidos, nomeadamente através do que vemos. A oração contemplativa pode começar por aquilo que se vê... para chegar ao que não se vê.

Aqui te deixamos esta sugestão de oração, partindo da contemplação dos mistérios gozosos do Rosário.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

VANIA MOïSSEIEFF, o soldado mártir




A 16 de Julho de 1972, Vania (também chamado Ivan) Moïsseief, um jovem de 20 anos, é torturado até à morte pelos seus chefes militares. Assina com o seu sangue o seu amor por Jesus. O corpo é entregue aos seus pais coma justificação do óbito: asfixia por afogamento. Mas a autópsia exigida pela família revela outra realidade: a morte sucedeu a uma série de violências.
Vânia nasceu em 1952, na actual Moldávia, na altura pertença da Roménia. Essa região, depois de anexada à URSS foi submetida à desnacionalização e à descristianização. Filho de uma família evangélica baptista, Vânia é chamado a cumprir o serviço militar em 1970 ao serviço da União Soviética.
Nessa época, prega o evangelho com alegria, na igreja. O seu impacto é grande junto dos outros jovens. Decide continuar com o seu testemunho no seio do exército. Mas a hostilidade à religião do ambiente militar é grande. Porém, ele não se assusta. Todas as manhãs reza durante duas horas, chegando mesmo a atrasar-se para o pequeno-almoço, pois não olha para o relógio…
“E chegou o dia em que a minha fidelidade ao Senhor foi posta à prova”. Quiseram obrigá-lo a renunciar às suas convicções cristãs, punindo-o. “Aceitava tudo e regozijava-me… Era Deus que eu ouvia sempre, não os homens…” Era obrigado a trabalhar de noite, ficou sem alimento durante cinco dias, pensando que ficaria doente. “Mas não adoeci, porque rezava.” Mais tarde, durante o inverno de 30 graus negativos, era punido ficando de pé, na rua, em roupa de verão, durante várias noites. “Mas eu não sentia frio… Eu rezava o tempo todo.”

A vitória do mais fraco
O seu exemplo converte alguns companheiros, o que enfurece os seus superiores. Consciente do perigo que corre, grava numa cassete tudo quanto tem de enfrentar para que a verdade seja conhecida. É enviado para um campo especial onde é encarcerado em sucessivas celas de tortura, com água fria a cair continuamente do tecto, ou onde as paredes congelavam ou ainda num fato especial de borracha que enchiam de ar para comprimir o corpo com a pressão. Ao fim de doze dias desistiram… porque ele não desistiu.

Nas suas últimas cartas à família, escreve: O Senhor mostrou-me o caminho e eu devo segui-l’O… Mas ignoro se poderei regressar vivo, pois o combate actual é mais duro… Terei de manter uma luta muito mais áspera que a anterior, sem ter medo: Jesus caminha à minha frente. É porque amo Jesus mais do que a mim mesmo que lhe obedeçoNão me guiarei pela minha vontade, mas pela do Senhor.

“Sendo soldado, trabalho para o Senhor. Mas passo por dificuldades e provações. Jesus Cristo mandou que pregássemos a Palavra da Vida onde quer que nos encontrássemos, ao regimento, aos oficiais, aos soldados.”

“Estou triste por vos deixar, mas lembro-me de uma coisa: parto para cumprir a ordem de Cristo.”

Devemos mostrar como deve viver e ser um cristão.”


O ódio das autoridades militares calaram a voz de Vania torturando-o até à morte, mas não conseguiram abafar a força do seu testemunho. Assim o comprova as palavras dos seus pais, amigos e companheiros soldados após o seu assassínio:
“O nosso filho participou no número dos que foram mortos por causa da Palavra de Deus… Durante a sua vida, amou Jesus mais que tudo no mundo, e provou-o… Que esta flor viva, que ofereceu o perfume da sua juventude em holocausto na cruz, sirva de exemplo a toda a juventude cristã. Que esta ame Cristo como o nosso filho Vania O amou…”

“Após o enterro do irmão Vania, voltámos para casa com o desejo de servir a Deus com mais fervor e, como Vania, de Lhe permanecer-mos fiéis até à morte.”

“Honramos a memória do nosso querido amigo e soldado Vania… O inimigo tentou causar a perda da sua alma… Mas Deus foi em sua defesa… O inimigo pensava calar, assim, a boca de Vania, mas não percebeu que centenas de outras bocas se abririam. Sim, nós continuamos a anunciar a Boa Nova da Salvação … A persistência na oração, que dava força a Vania, não está abandonada. Deus inflamou os nossos corações e, velando com a Sua ajuda, levaremos a oração ao seio do exército…”

terça-feira, 15 de julho de 2008

JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE





SYDNEY 2008


Este é o vídeo de apresentação da Jornada Mundial da Juventude que se inicia oficialmente neste dia. Está em inglês, mas as imagens falam por si. Para quem não participa directamente, fica o convite a associar-se, pela oração, pelos bons fruto deste enconto internacional: que os jvens presentes saibam ser sinal de uma Igreja viva e renovada, dispost a ser fiel ao chamamento do seu Mestre Jesus.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

CAMILO DE LELIS, guerreiro da caridade



Camilo era filho de um mercenário. Forte e bem constituído, ingressou no exército de Veneza aos 17 anos. Mas o seu temperamento violento fez com que o despedissem e o vício do jogo deixou-o sem dinheiro, a mendigar pelas ruas de Nápoles. Foi expulso do hospital onde estava a ser tratado das feridas que tinha nas pernas.
Camilo acabou por arranjar emprego num mosteiro franciscano. Pouco a pouco, começou a virar-se para Deus e quis ingressar na Ordem, mas teve de desistir por causa da sua doença. Foi então trabalhar para o hospital que o expulsara. Ficou chocado com as miseráveis condições em que viviam os doentes, que eram espancados, deixados ao abandono, passando fome e, por vezes, levados para a morgue ainda vivos. Camilo encarou esta situação como o seu novo campo de batalha. Ele era de uma imponente presença. Com mais de um metro e noventa de altura, corpo bem proporcionado, cabeça erecta, olhos escuros. Sua voz tinha matizes graves e severos, mas transformava-se quando falava da caridade.

Um homem de acção
Inspirado por S. Filipe Neri, seu confessor, Camilo decidiu reformar o hospital. Substituiu os funcionários por pessoas que tratavam os doentes com compaixão e melhorou as condições de vida. Nas mil e uma dificuldades que surgiram para a consecução desse fim, ele sempre encontrava consolo em Jesus crucificado, que lhe dizia: “Não temas, eu estarei contigo”.
Acabou por ser ordenado sacerdote e, depois de pôr ordem no hospital, saiu e fundou a congregação dos Servidores dos Enfermos.
Nos 20 anos seguintes, a congregação construiu oito hospitais e atendeu prisioneiros detidos em navios que aportavam em Nápoles. Membros da congregação foram cuidar de feridos de guerra na Croácia e na Hungria, estabelecendo os primeiros hospitais de campanha do mundo. Vários irmãos morreram devido ao seu trabalho junto de doentes contaminados pela peste, tornando-se os primeiros mártires da caridade. Em 1591, o papa Gregório XIV elevou a congregação a Ordem. Camilo serviu-a humildemente durante 38 anos, apesar de afectado por várias doenças. As suas inovações mudaram para sempre os cuidados hospitalares.

Em 1742 foi beatificado por Bento XIV que também o canonizou quatro anos depois.

domingo, 13 de julho de 2008

À ESCUTA DA PALAVRA

«Os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra»
cf. Mt 13,1-23

Senhor, meu Deus, as Tuas palavras são palavras de vida, onde todos os mortais encontram aquilo que desejam, desde que aceitem procurá-lo. Mas será de espantar, meu Deus, que esqueçamos as Tuas palavras, tomados como somos pela loucura e a languidez que são consequência das nossas más acções? Oh meu Deus [...], autor de toda a criação, o que seria esta criação se Tu quisesse, Senhor, criar ainda mais? Tu és omnipotente, as Tuas obras são incompreensíveis. Faz, Senhor, com que as Tuas palavras nunca se afastem do meu pensamento.

Tu disseste: «Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei» (Mt 11, 28). Que mais queremos nós, Senhor? Que mais pedimos? Que mais procuramos? Por que será que as gentes do mundo se perdem, a não ser porque andam em busca da felicidade? Oh meu Deus [...], que cegueira tão profunda! Procuramos a felicidade onde é impossível encontrá-la.

Oh Criador, tem piedade das Tuas criaturas! Repara que, sozinhos, não compreendemos, não sabemos aquilo que desejamos, escapa-nos aquilo que pedimos. Dá-nos luz, Senhor! Vê que temos mais necessidade dela do que o cego de nascença. Ele desejava ver a luz e não era capaz, e agora, Senhor, as pessoas recusam-se a ver. Haverá mal mais incurável do que esse? Será aqui, meu Deus, que ressoará o Teu poder, aqui que brilhará a Tua misericórdia. [...] Peço-Te que me concedas amar aqueles que não Te amam, abrir a porta àqueles que não batem, dar a saúde àqueles que gostam de estar doentes. [...] Tu disseste, Mestre meu, que tinhas vindo para os pecadores (Mt 9, 13); ei-los, Senhor! E tu, meu Deus, esquece a nossa cegueira, considera apenas o sangue que o Teu Filho derramou por nós. Que a Tua misericórdia resplandeça no seio de semelhante infelicidade; lembra-Te, Senhor, de que somos obra Tua e salva-nos pela Tua bondade, pela Tua misericórdia.
Santa Teresa de Ávila (1515-1582)
carmelita, Doutora da Igreja

sábado, 12 de julho de 2008

RAINHA DOS CÉUS, guarda-nos sempre

Mãe,

não, não chores,

Casta Rainha dos Céus,

Guarda-me sempre.

Avé Maria.

Esta é uma oração à Virgem Maria escrita por uma Helena Wanda Blażusiakówna, uma jovem de 18 anos, na parede da cela onde foi presa pela Gestapo, em Zakopane, Polónia.

Ao ouvir a amúsica, ao rezar com as suas palavras, lembra-te de todos quantos precisariam orar a Deus e já não crêem, de todos os que necessitam de esperança mas já a perderam.

Por uns instantes, por todos eles, sê a sua oração de esperança, sê a sua voz diante de Deus.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

S. BENTO, padroeiro da Europa


Quando Bento nasceu em Núrsia (Itália), por volta do ano 480, o Império Romano estava a desagregar-se. Durante a infância, estudou em Roma, uma cidade desolada pela guerra. Embora os seus companheiros de estudo se dedicassem mais ao divertimento que ao estudo, Bento acreditava que na vida existiam coisas mais importantes.
Ele deixou a escola, a sua família e foi para Subíaco a fim de viver como eremita numa caverna. O Santo passou três anos nestas montanhas áridas, onde todos os dias um monge amigo lhe fazia chegar pão atado numa corda. Começou a vestir peles de animais e dedicou-se à oração e ao estudo da Sagrada Escritura.
O respeito pela santidade de Bento aumentou progressivamente e, um dia, uns monges pediram-lhe para ser o seu abade. No entanto, por não estarem habituados à sua disciplina rigorosa, eles rebelaram-se e tentaram envenenar Bento. Conta a lenda que, orando, ele escapou milagrosamente à armadilha.

Inspirador da vida religiosa do Ocidente
À medida que pessoas de todas posições sociais recorriam a ele para o imitar e conhecer melhor Deus, Bento decidiu reuni-las em comunidade. Num breve espaço de tempo, fundou 12 mosteiros. No ano 527, viajou para Monte Cassino, no centro da Itália, onde originou aquilo que se iria tornar na Ordem Beneditina.
Bento pensava que pessoas precisavam de trabalhar e de estudar para poder alcançar uma vida equilibrada. Em Monte Cassino, escreveu a sua famosa “Regra de S. Bento”, que se tornou o código para os monges da Europa Ocidental.
Os monges passam os dias a rezar, meditando e a trabalhar, para seu sustento, serviço aos irmãos e glorificação de Deus. Os mosteiros que fundou tiveram uma influência civilizadora em toda a Europa afectada por conflitos e o seu legado ainda permanece nos nossos dias.

Para reflectir:
A vida deste santo relembra-nos o quão importante é procurar Deus e viver à luz desse encontro.
- Até que ponto tens procurado Deus?
- Que tempo Lhe dedicas?

- Já pensaste reservar alguns dias das tuas férias para te “retirares” a sós com Ele? Há sempre alguns retiros propostos por diversas entidades.

Para rezar:
Pai, na tua divindade,
concede-me a inteligência para Te compreender,
a percepção para Te discernir
e a razão para Te apreciar.

Na tua bondade,
dá-me a diligência para Te procurar,
a sabedoria para Te descobrir
e o espírito para Te perceber.

Na tua graça,
outorga-me um coração para Te contemplar,
ouvidos para Te ouvira,
olhos para Te ver
e uma língua para falar de Ti.

Na tua misericórdia,
confere-me o dom da palavra para Te agradar,
a paciência para Te esperar
e a perseverança para Te desejar.
Concede-me um fim excelso
na Tua santa presença.
Ámen.


S. Bento de Núrsia

quinta-feira, 10 de julho de 2008

MARCEL VAN, irmão espirtual de Stª Teresinha


Nada me pode retirar a arma do Amor… Decido ir, para que haja alguém que ame a Deus no meio dos comunistas… A minha morte tornar-se-á vida para muitos. A minha morte marcará o início da paz para o Vietname.” Assim falava um jovem redentorista vietnamita, Joaquim Nguyen Tan Van (mais conhecido sob o nome religioso de Marcel Van). Ofereceu-se voluntário para Hanoi, capital do norte do país que ficara sob regime comunista, quando todos fugiam de lá.
A sua família era profundamente cristã. Passou uma infância feliz. Data marcante foi a sua primeira comunhão: “Num instante, tornei-me como uma pequena gota de água perdida no meio do oceano. Agora, só resta Jesus e eu; e eu apenas sou o pequeno nada de Jesus”. Nessa altura, somente com 6 anos, nasce-lhe um desejo: “Queria tornar-me padre para anunciar a Boa Nova aos não crentes. Tomei a resolução de ser uma flor sem fruto a fim de espelhar perfume toda a minha vida."
Mas aos 7 anos, pela extrema pobreza da sua família, é levado para uma “Casa de Deus”, instituição criada no final do século XVIII pelas Missões Estrangeiras, para instruir os fiéis tendo como fim um possível futuro ingresso no seminário. Porém, o jovem Van, por ser novo e pobre, acaba por ser explorado pelos responsáveis e rapazes mais velhos. A sua fé profunda indispõe os outros. Chegam a abusar dele. Entristecido por esse ambiente deplorável, foge.
Acaba vendido como escravo antes de fugir novamente. Passa pela terrível escola da humilhação e da mendicidade.

Nova vida
No final de 1940, Van confessa-se. É-lhe dito: “Se Deus te enviou a Cruz, é sinal que Ele te escolheu”. Na missa de Natal, experimenta uma alegria intensa: “Encontrei o tesouro mais precioso da minha vida… Porque razão os meus sofrimentos me parecem tão belos? (…) Já não tinha medo de sofrer. Deus confiava-me uma missão: a de mudar o sofrimento em felicidade…”
Em 1942 entra no seminário. É nessa altura que fará a descoberta que muda a sua vida. Encontra e lê “História de uma alma” de Stª Teresa do Menino Jesus. Tem 14 anos. Compreendi que Deus é Amor e que o Amor vive de todas as formas de Amor. Posso, pois, santificar-me através das pequenas acções… um sorriso, uma palavra ou um olhar desde que tudo seja feito por Amor. Que felicidade! Já não receio tornar-me santo. Encontrei, por fim, o meu caminho de santidade”.
É uma união extraordinária que passa a viver com a jovem santa carmelita de quem recebe a graça de ouvir a sua voz e que o trata por “irmãozinho”. Confia-lhe o segredo da sua experiência: “Não temas jamais a Deus… Ele só sabe amar…”
Van não será padre, mas tornou-se religioso redentorista. Rebenta, entretanto, a guerra entre o Vietname e a França desembocando na divisão do país. É nessa ocasião que Marcel Van opta por ser testemunha de Jesus desafiando o poder comunista do norte. Consequentemente, é preso em 1955.
Com apenas 27 anos, começa a sua agonia.
Por não renegar a sua fé é acusado de propaganda reaccionária, sentenciado a 15 anos num campo de reeducação. Mas nem assim vacila: “Sou vítima do Amor e o Amor é toda a minha felicidade”. Entre as centenas de detidos ele é a luz e o reconforto de todos: “É bem necessário que me dê aos outros… Deus fez-me saber que cumpro a sua vontade”. Porque não apresenta evolução na sua “reeducação” as medidas endurecem-se contra ele. É mantido isolado, acorrentado, não tem direito a visitas nem correio.

Morre esgotado a 10 de Julho de 1959. Tem 31 anos.
A sua causa de beatificação já foi introduzida como confessor da fé.
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quarta-feira, 9 de julho de 2008

FESTIVAL JOTA

De 25 a 27 de Julho decorrerá o II FESTIVA JOTA, no Paúl.
São vários os artistas e grupos que irão actuar ao longo desses dias.
Inúmeras actividades aguardam por ti.
INSCREVE-TE!
Para saber mais informações,
clica na imagem do cartaz
para teres acesso ao site oficial do Festival.
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SERVAS de Nª Srª de FÁTIMA, ao serviço da Igreja (I)

Tal como o VocAcção noticiara há algum tempo atrás, a Congregação das Servas de Nª Srª de Fátima comemoram os 75 anos da sua presença na nossa Diocese. Conhecidas sobretudo por terem estado na Casa Véritas durante muitos anos, na cidade da Guarda, quisemos dar a conhecer melhor esta família religiosa, a sua história, o seu carisma, o seu campo de acção…
Esta é a primeira parte desta “(re)descoberta” que queremos fazer convosco.



1. Como nasceu a Congregação das Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima?
A Congregação das Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima tem como fundadora Luiza Andaluz que nasceu em Santarém (Portugal). E foi a 15 de Outubro, de 1923 que se reuniu a primeira comunidade na sua própria casa, onde fundou um Colégio para justificar a presença daquele grupo de senhoras. Nessa altura, por razões políticas, estavam proibidas as Ordens e Congregação religiosas em Portugal.
As primeiras Irmãs tinham como ideal entregar toda a sua vida a Deus, servindo a Igreja onde ela mais precisasse. Era seu principal desejo tornar Jesus conhecido e amado pelo maior número possível de pessoas. Estavam convictas de que esse era o caminho certo para a felicidade de cada pessoa e para o progresso da sociedade.
Nas primeiras décadas da sua existência, a Congregação dedicou-se preferencialmente à educação e à promoção humana, bem como à imprensa católica que continuava a ser uma prioridade assumida pelo episcopado português num contexto político adverso à Igreja.
Numa sociedade fragilizada pela desorganização política e pelo subdesenvolvimento económico, na qual as populações mais desfavorecidas não tinham acesso aos bens essenciais e à educação, a Congregação abriu escolas para crianças e jovens, particularmente raparigas, onde estas recebiam uma instrução escolar de base e se preparavam para ser cidadãs conscientes e boas educadoras como mães de família.

2. Qual o carisma específico?
Entendemos que o carisma de um grupo ou congregação não se pode definir pelo fazer, pela descrição de um conjunto de tarefas. Seria muito pouco. O carisma é um dom de Deus à Igreja, para o serviço dos irmãos e pode assumir diferentes características espirituais e humanas. Olhemos mais para o ser que para o fazer.
De forma resumida deixamos, então, algumas características deste carisma que Deus suscitou na Igreja, através da serva de Deus, Luiza Andaluz.
- Confiança ilimitada em Deus;
- Seguimento de Jesus Cristo Sacerdote;
- Amor a Maria, a Serva do Senhor;
- Sentido de comunhão eclesial, que se manifesta:
Na sociedade em que vivemos
Na profissão que realizamos
Na Igreja de que fazemos parte.

A nossa missão é exercida em comunhão com o Bispo da diocese onde estamos inseridas.
Dedicamo-nos ao primeiro anúncio e ao aprofundamento da fé, à preparação e à celebração da liturgia e a serviços de carácter sócio-cultural.
Temos comunidades maiores e mais pequenas. É nestas que, de modo particular se exprime o carisma pois aí mais facilmente, se inserem no meio, estabelecem relações interpessoais e identificam as necessidades das pessoas, a fim de lhes dar a resposta evangélica e pastoral mais adequada.
Somos enviadas aos meios onde a Igreja ainda não está implantada, por mais pobres e simples que sejam. E é na alegria de servir, que partimos em missão.

terça-feira, 8 de julho de 2008

PASSAR AOS ACTOS

«Pedi ao senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe»
cf. Mt 9,32-38.

Há muita gente que, por ter o exterior bem cuidado e o interior cheio de grandes sentimentos de Deus, se fica por aí...; contenta-se com as doces conversas que mantém com Deus na oração... Não nos enganemos: todo o nosso dever consiste em passar aos actos. E isso é de tal modo verdade que o apóstolo S. João nos declara que nada, além das nossas obras, nos acompanha para a outra vida (Ap 14,13). Tenhamos pois atenção a isto; tanto mais que, neste século, há muitos que parecem virtuosos e que, na verdade, o são, e que, no entanto, pendem mais para uma voz doce e mole do que para uma devoção laboriosa e sólida.

A Igreja compara-se a uma grande ceifa que precisa de trabalhadores, mas de trabalhadores que trabalhem. Não há nada de mais conforme com o Evangelho do que, por um lado, amassar as luzes e as forças para a alma, na oração, na leitura e na solidão; e, depois, ir partilhar com os homens esse alimento espiritual. É fazer como Nosso Senhor fez, e, depois dEle, os apóstolos; é juntar a acção de Marta com a de Maria; é imitar a pomba que digere até meio a comida que apanhou e, depois, mete o resto no bico das crias para as alimentar. É assim que devemos fazer, é assim que devemos testemunhar a Deus, pelas nossas obras, o quanto O amamos. Todo o nosso dever consiste em passar aos actos.

S. Vicente de Paulo
(1581-1660)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

PETER TOROT, o catequista fiel

Aquando de uma visita à Papuásia-Nova-Guiné, a 17 de Janeiro de 1995, João Paulo II beatificou um jovem leigo originário do país, o Peter ToRot.
Peter nasce em 1912, filho do chef da tribo local, sendo os seus pais dos primeiros a serem baptizados, em 1898, graças aos missionários que iniciaram a evangelização da ilha no final do século XIX. A sua família é um modelo de lar, aberto a todos, onde se reza, onde se resolvem litígios da comunidade e onde os órfãos são acolhidos. Nesse ambiente, o Peter revela-se um jovem pacífico, estudioso, generoso e modesto. Piedoso, não falta à eucaristia quando o missionário está de passagem. Com 18 anos ingressa na escola de catequistas fundada pelos missionários a fim de formar leigos para a acção evangelizadora e auxiliar os poucos sacerdotes existentes. São os catequistas que instruem os fiéis na fé, celebram baptismos e casamentos.
Para a alegria de todos, Peter é enviado para a sua aldeia. É amado e escutado por todos. Em 1936 casa com Paula TaVarpit. Juntos vão ser um exemplo de vida conjugal. Têm 3 filhos, mas só uma filha sobrevive.
Fidelidade em tempos difíceis
Peter é catequista há já dez anos quando, em 1942, os japoneses invadem a ilha. A relação entre o ocupante e a população local torna-se tensa quando os sacerdotes locais são expulsos. Peter fica sozinho na missão evangelizadora. Incansável, prossegue com a catequese, visita os doentes, reconforta a população maltratada pelo invasor nipónico. Mas em 1943, os japoneses fazem explodir a Igreja por ser um centro de subversão popular e proíbem todas as actividades e celebrações religiosas. Peter edifica um espaço subterrâneo na sua propriedade e organiza reuniões clandestinas de oração e formação, preside a baptizados e casamentos. Peter torna-se incómodo para a autoridade ocupante. É preso por três vezes. Tentam demovê-lo, sem resultado. Responde dizendo: “Eu estou aqui unicamente por causa da religião e do trabalho que faço por Deus. Não tenho medo, não abandonarei Deus. Sou catequista e faço apenas o meu dever. Ficarei aqui.”

No dia 7 de Julho de 1945, morre com uma injecção letal que lhe foi administrada na prisão. A sua sepultura torna-se imediatamente lugar de peregrinações ininterruptas e a fama de santidade deste mártir não cessa de crescer. É diante da sua esposa e da sua filha que Peter ToRot será beatificado, cinquenta anos depois da sua morte.

domingo, 6 de julho de 2008

«Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei»
cf. Mt 11,25-30

«Tu és grande, Senhor e digno de louvor» (Sl 144,3). «Grande e poderoso é o nosso Deus, a sua sabedoria não tem limites» (Sl 146, 5), e no entanto o homem quer louvar-te, o homem que é apenas uma pequena parcela da tua criação, o homem que leva com ele por toda a parte a sua mortalidade, que leva com ele o testemunho do seu pecado e que reconhece que «tu te opões ao orgulhoso». Contudo, parcela insignificante da tua criação, o homem quer louvar-te. És tu quem o impulsionas a procurar a sua alegria no teu louvor, porque tu nos fizeste para ti, e o nosso coração não descansa enquanto não repousa em ti...

«Louvarão o Senhor aqueles que o buscam» (Sl 21,27). Os que o procuram encontrá-lo-ão, e os que o encontram louvá-lo-ão. Portanto, que eu te procure, Senhor, invocando-te, e que te invoque, acreditando em ti! (…) E como te invocarei, ó meu Deus e meu Senhor? Quando te invocar, pedir-te-ei para vires a mim. Mas há em mim um lugar onde o meu Deus possa vir, esse Deus «que fez o céu e a terra» (Gn 1,1)? Sim, Senhor meu Deus, há em mim alguma coisa que te possa abarcar? O céu e a terra que tu criaste, e nos quais me criaste, podem conter-te?... Dado que eu mesmo existo, posso eu pedir-te que venhas a mim, eu que não existiria se tu não existisses em mim?...

Quem me concederá que repouse em ti? Quem me concederá que venhas ao meu coração, que o entusiasmes para que eu esqueça os meus males e possa escutar-te, a ti, meu único bem? Quem és tu para mim? Tem piedade de mim, para que eu possa falar. Que sou eu a teus olhos, para que tu me mandes amar-te?... Na tua misericórdia, Senhor meu Deus, diz-me o que é que tu és para mim. «Dizei à minha alma: eu sou a tua salvação» (Sl 34,3); que eu o perceba. Aqui está o ouvido do meu coração à escuta diante de ti. Senhor, faz com que ele te oiça, e «dizei à minha alma: eu sou a tua salvação». Eu quero acorrer a esta palavra e apreendê-la finalmente.

Santo Agostinho (354-430),
bispo de Hippona e doutor da Igreja
in Confissões, I, 1-5

sexta-feira, 4 de julho de 2008

ISABEL DE PORTUGAL, ao serviço da Paz


Isabel, cujo pai era o Rei de Aragão, nasceu no ano 1271. Durante a sua infância, levou uma vida dedicada à oração e à devoção. Ainda muito nova, foi dada em casamento ao Rei de Portugal, D. Dinis, do qual teve dois filhos. O Rei D. Dinis era um líder inteligente e muito amado pelo seu povo sendo, no entanto, um esposo débil e infiel.
Contudo, Isabel tratou-o sempre com respeito e até se mostrou disposta a educar os filhos que teve de outras mulheres.

A força do perdão
O papa Alexandre dissera um dia: “Errar é humano, perdoar é divino”.
Perdoar é difícil, sobretudo quando nos causaram um dano profundo. Porém, culpar os outros pode ferir-nos ainda mais. Isabel preferiu rezar para obter a sabedoria de compreender e assim ajudar-nos a perdoar. Através do perdão encontrou a paz. Por isso, percebeu a imensa importância de construir a paz entre todos.

A paz acima de tudo
Mais tarde, um dos filhos rebelou-se contra o pai. A hostilidade entre ambos agudizou-se de tal forma que se enfrentaram em campo de batalha, até que Isabel interveio. Desesperada por estabelecer a paz, dirigiu-se aos sois exércitos para convencê-los a fazerem as pazes.
Isabel, uma mulher inteligente e preocupada pelos outros, fez construir orfanatos, deu refúgio aos desamparados e fundou um convento. Também mandou edificar um hospital e cuidou dos enfermos. Quando a saúde do seu esposo começou a deteriorar-se, dedicou-se a tratar dele sem nunca o abandonar.
Após a morte de D. Dinis, entrou na Terceira Ordem de S. Francisco retirando-se numa pequena casa perto de um convento para se dedicar aos pobres e aos enfermos. Doze anos depois, Afonso, que entretanto se tornara Rei de Portugal, empreendeu uma campanha contra o Rei de Castela numa disputa pessoal. Isabel, já anciã, montou novamente num cavalo e seguiu os exércitos. Chegou a impor a paz entre os dois soberanos mas, desta vez, o esforço foi demasiado para ela. Adoeceu vindo a morrer pouco depois. As suas palavras favoritas ainda reinam entre nós: “Se amas a paz, tudo correrá bem”.

ORAÇÃO PARA SANTA ISABEL
Ó querida Santa Isabel,
sob a vossa protecção nos queremos colocar.
O vosso exemplo inspira-nos, ainda hoje, no seguimento de Jesus.
Ensinai-nos a acolher com carinho os pobres,
os doentes, os abandonados,
manifestando-lhes o imenso amor do Pai.
Ajudai-nos a ter a coragem de estar ao seu lado,
defendendo as suas lutas e assumindo as suas dores.
Assim como vós, queremos construir a paz,
partilhar o pão da justiça
e distribuir rosas de alegria aos nossos irmãos.
Intercedei por nós para que possamos, um dia,
gozar das alegrias celestes na presença de Deus.
Ámen.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

VIVAM AS FÉRIAS!


Libertar-se.
Viver.
Reencontrar o seu corpo, respirar.
Dormir até fartar.
Correr, rir e cantar.
Sorrir ao imprevisto.
Jogar, descansar, esquecer um pouco.
Partir para melhor partir de novo.
Amar-se a si mesmo para poder amar.

Descobrir. Escutar. Partilhar.
Voltar-se para o outro,
deixar o outro voltar-se para si.
Reencontrar o Totalmente Outro,
numa contemplação que seja, finalmente,
distracção para Deus
e re-criação.

Pôr-se a descoberto consigo mesmo e com os outros.
Deixar entrar o silêncio no próprio jardim secreto.
Abraçar o céu para melhor agarrar a terá.
Aspirar todos os perfumes da beleza.
Encher-se de amor e de alegria.
Ser amor com tudo.
Com todos.
In Fêtes et Saisons, nº 376

quarta-feira, 2 de julho de 2008

INSTITUIÇÃO DE MINISTÉRIOS (III)

Hoje é a vez do Luís Nobre, instituído no passado domingo no ministério de leitor, de partilhar connosco algumas palavras sobre a etapa por ele assumida.



"Que significa, para mim, ser leitor?
Ser leitor da Palavra de Deus é um serviço muito importante que se presta à comunidade. A Palavra de Deus é vida e vida com abundância que jorra para todos os que acreditam que Deus criou o mundo, o resgatou por seu Filho Jesus e o santifica pelo Espírito Santo.
Não basta, para ser leitor, pronunciar correctamente as palavras. É preciso, acima de tudo, interiorizar a Palavra e ser testemunha dela diante de todos. É preciso que o leitor se configure, cada vez, mais com a mensagem que se transmite. É preciso ser como o barro nas mãos do oleiro e deixar-se moldar pela Palavra."

Nobre, Luís

terça-feira, 1 de julho de 2008

INSTITUIÇÃO DE MINISTÉRIOS (II)

O Celso Rocha Marques foi um dos dois novos leitores, instituídos no domingo passado na mesma celebração em que forma ordenados dois sacerdotes e um diácono. Quisemos saber, na primeira pessoa, o que representava para ele este "primeiro" passo, de forma pública, na sua camihada para o sacerdócio.




"Ser leitor instituído é, antes de mais, ser ministro da palavra. Não uma palavra qualquer, mas a Palavra de Deus.
Ser ministro é ser servidor, estar ao serviço da Palavra divina. Servi-la não só na sua proclamação mas, antes de tudo, de coração.
Somente com um verdadeiro amor à Palavra de Deus, depois de lida, meditada e gravada no coração poderá ser proclamada na sua plenitude até se tornar viva no meio de nós. Pois ela é caminho que conduz à verdade e nos dá vida em abundância.
Ser ministro da Palavra é ser ministro de Cristo, da verdadeira Palavra, o Verbo encarnado que é desde o princípio, que estava em Deus e era Deus.
Estar ao serviço da Palavra é estar ao serviço de Deus, é amá-lo de todo o coração e proclamá-lo com toda a alma que transborda dessa maravilha que é a sua Palavra, a sua essência, a sua vida, do Pai com o Filho no Espírito Santo."
Celso Rocha Marques