quinta-feira, 10 de julho de 2008

MARCEL VAN, irmão espirtual de Stª Teresinha


Nada me pode retirar a arma do Amor… Decido ir, para que haja alguém que ame a Deus no meio dos comunistas… A minha morte tornar-se-á vida para muitos. A minha morte marcará o início da paz para o Vietname.” Assim falava um jovem redentorista vietnamita, Joaquim Nguyen Tan Van (mais conhecido sob o nome religioso de Marcel Van). Ofereceu-se voluntário para Hanoi, capital do norte do país que ficara sob regime comunista, quando todos fugiam de lá.
A sua família era profundamente cristã. Passou uma infância feliz. Data marcante foi a sua primeira comunhão: “Num instante, tornei-me como uma pequena gota de água perdida no meio do oceano. Agora, só resta Jesus e eu; e eu apenas sou o pequeno nada de Jesus”. Nessa altura, somente com 6 anos, nasce-lhe um desejo: “Queria tornar-me padre para anunciar a Boa Nova aos não crentes. Tomei a resolução de ser uma flor sem fruto a fim de espelhar perfume toda a minha vida."
Mas aos 7 anos, pela extrema pobreza da sua família, é levado para uma “Casa de Deus”, instituição criada no final do século XVIII pelas Missões Estrangeiras, para instruir os fiéis tendo como fim um possível futuro ingresso no seminário. Porém, o jovem Van, por ser novo e pobre, acaba por ser explorado pelos responsáveis e rapazes mais velhos. A sua fé profunda indispõe os outros. Chegam a abusar dele. Entristecido por esse ambiente deplorável, foge.
Acaba vendido como escravo antes de fugir novamente. Passa pela terrível escola da humilhação e da mendicidade.

Nova vida
No final de 1940, Van confessa-se. É-lhe dito: “Se Deus te enviou a Cruz, é sinal que Ele te escolheu”. Na missa de Natal, experimenta uma alegria intensa: “Encontrei o tesouro mais precioso da minha vida… Porque razão os meus sofrimentos me parecem tão belos? (…) Já não tinha medo de sofrer. Deus confiava-me uma missão: a de mudar o sofrimento em felicidade…”
Em 1942 entra no seminário. É nessa altura que fará a descoberta que muda a sua vida. Encontra e lê “História de uma alma” de Stª Teresa do Menino Jesus. Tem 14 anos. Compreendi que Deus é Amor e que o Amor vive de todas as formas de Amor. Posso, pois, santificar-me através das pequenas acções… um sorriso, uma palavra ou um olhar desde que tudo seja feito por Amor. Que felicidade! Já não receio tornar-me santo. Encontrei, por fim, o meu caminho de santidade”.
É uma união extraordinária que passa a viver com a jovem santa carmelita de quem recebe a graça de ouvir a sua voz e que o trata por “irmãozinho”. Confia-lhe o segredo da sua experiência: “Não temas jamais a Deus… Ele só sabe amar…”
Van não será padre, mas tornou-se religioso redentorista. Rebenta, entretanto, a guerra entre o Vietname e a França desembocando na divisão do país. É nessa ocasião que Marcel Van opta por ser testemunha de Jesus desafiando o poder comunista do norte. Consequentemente, é preso em 1955.
Com apenas 27 anos, começa a sua agonia.
Por não renegar a sua fé é acusado de propaganda reaccionária, sentenciado a 15 anos num campo de reeducação. Mas nem assim vacila: “Sou vítima do Amor e o Amor é toda a minha felicidade”. Entre as centenas de detidos ele é a luz e o reconforto de todos: “É bem necessário que me dê aos outros… Deus fez-me saber que cumpro a sua vontade”. Porque não apresenta evolução na sua “reeducação” as medidas endurecem-se contra ele. É mantido isolado, acorrentado, não tem direito a visitas nem correio.

Morre esgotado a 10 de Julho de 1959. Tem 31 anos.
A sua causa de beatificação já foi introduzida como confessor da fé.
.

Sem comentários: