sábado, 31 de janeiro de 2009

S. JOÃO BOSCO, o apóstolo da juventude


João Bosco nasceu no seio de uma família pobre, o que o tornou ainda mais engenhoso. Caminhava 6 quilómetros para ir à escola da paróquia e fazia pequenos trabalhos ocasionais ao mesmo tempo que ajudava na quinta da família.
Aprendeu acrobacias e malabarismo num circo local e com isso entretinha os amigos. Mas o seu amor a Deus era tal que depois de cada espectáculo repetia de cor o sermão que ouvira na igreja.
Era bom aluno e foi ordenado sacerdote aos 26 anos. Enviado para uma igreja em Turim, João ficou comovido com as condições das crianças desamparadas que viviam na cadeia e as que estavam na miséria.
Decidiu ajudar essas crianças e ofereceu-lhes abrigo e instrução na sua igreja. A reputação de bondade espalhou-se e, em breve, havia centenas de rapazes que procuravam o seu auxílio.

A regra do amor
À medida que o seu rebanho crescia, Dom Bosco, como era conhecido, colocava os rapazes em grandes dormitórios. Levava-os em passeios pelo campo, ensinava-lhes música para poderem tocar em bandas e também abriu uma escola nocturna para jovens operários. Em vez de punir, procurou “conquistar o amor em vez do medo”.
Muitas pessoas pensavam que era loucura tentar redimir os marginalizados da sociedade, ao ponto de terem tentado internar Dom Bosco num manicómio. Pouco a pouco, as autoridades começaram a ver o valor do seu trabalho. em 1859, fundou os Salesianos, uma Ordem religiosas de sacerdotes dedicados à educação de rapazes pobres. Mais tarde, também fundou as Filhas de Maria Auxiliadora.
Quando faleceu, existiam 250 casas Salesianas, servindo 130.000 crianças em todo o mundo.

Os Salesianos, hoje
A sua obra de S. João Bosco continua viva e actuante. A missão dos Salesianos é desenvolvida em três direcções específicas: a missão juvenil, através da obra educativa dirigida aos jovens, sobretudo pobres e abandonados; a missão popular, através da obra pastoral em ambientes populares; a acção missionária, para anunciar o Evangelho nos países onde Cristo não é conhecido.
Em Portugal, os Salesianos chegaram em 1894, instalando-se no colégio de S. Caetano. Dois anos depois abriram as Oficinas São José, em Lisboa. É muito conhecida e divulgada a editora salesiana, com principal preocupação na acção pastoral entre os jovens.
in “Pessoas comuns, Vidas extraordinária”

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

MAHATMA GANDHI, a força de um crente


Mohandas Karamchand Gandhi, “pai da nação indiana” foi assassinado nesta data de 30 de Janeiro de 1948 por um extremista hindu durante a uma oração pública. Dois milhões de Indianos participaram no seu funeral.

A não-violência como lema de vida
Esta figura mundialmente conhecida por Mahatma Gandhi (Mahatma significa “grande alma”) professava a não-violência, denominada por ele como “ahimsa” e a resistência passiva perante o ocupante britânico. Porém, esta não-violência não pode ser confundida com o simples pacifismo de quem recusa a guerra mas sem se comprometer na luta dos problemas reais. A opção de Gandhi é violenta, não contra os outros, mas contra si próprio na medida em que implica total compromisso em não abdicar da luta mas sem nunca ferir o outro. Assim o esclarece uma das suas frases mais conhecidas: “Não existe um Caminho para a PAZ. A PAZ é o Caminho.” Por outras palavras, não podemos esperar que a paz venha dos outros e da ausência de conflito. Ela é, antes de mais, uma atitude e compromisso interiores.

A força de um crente
Deste grande homem importa recordar a sua coerência de vida entre o que pensava, dizia e fazia. Por opção escolheu viver pobremente quanto ao vestuário e à subsistência vivendo do fruto de trabalhos manuais, ele que se tinha formado em direito na Inglaterra.
Embora não fosse cristão, deixa-nos o exemplo de um grande crente em Deus, no homem e na vida. Nele não havia espaço para maus sentimentos: “O amor é a força mais subtil do mundo.”
“Uma vida sem religião é como um barco sem leme.”
Grande apaixonado do mundo religioso e leitor do Novo Testamento, reconhece-se facilmente o que diz S. Paulo sobre a caridade (1 Cor 13, 4-7) nesta afirmação de Gandhi: “O amor nunca faz reclamações; dá sempre. O amor tolera; jamais se irrita e nunca exerce vingança.” Jesus Cristo é, para ele, fonte de inspiração. Infelizmente não o foram os cristãos. “Eu seria cristão, sem dúvida, se os cristãos o fossem vinte e quatro horas por dia.” Que fique registada esta interpelação para cada um de nós. Como dizia ele, “é melhor que fale por nós a nossa vida, que as nossas palavras.”

Eis um pequeno texto seu:
"Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum. Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite. Descobre uma nascente e nela limpa quem vive na lama. Toma uma lágrima e pousa-a em quem nunca chorou. Ganha coragem e dá-a a quem não sabe lutar. Inventa a vida e conta-a a quem nada compreende. Enche-te de esperança e vive á sua luz. Enriquece-te de bondade e oferece-a a quem não sabe dar. Vive com amor e fá-lo conhecer ao Mundo."
Para nós, cristãos, esse raio de sol, essa nascente e esse amor tem um nome: Jesus Cristo.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

FÉ & CARIDADE


«Não há nada escondido que não venha a descobrir-se»
cf. Mc 4, 21-25

Não ignorareis nenhuma destas verdades, se tiverdes por Jesus Cristo uma fé e uma caridade perfeitas. Estas duas virtudes são o princípio e o fim da vida: a fé é o seu princípio, a caridade a sua perfeição; a união das duas, o próprio Deus; todas as outras virtudes as seguem em procissão para conduzir o homem à perfeição. A profissão da fé é incompatível com o pecado e a caridade com o ódio.
«É pelos frutos que se conhece a árvore» (Mt 12,33); da mesma forma, é pelas suas obras que se reconhecem os que fazem profissão de pertencer a Cristo. Pois, neste momento, para nós, não se trata apenas de fazer profissão da nossa fé, mas efectivamente de a pôr em prática com perseverança, até ao fim.

Mais vale ser-se cristão sem o dizer, do que dizê-lo sem o ser. Fica muito bem ensinar, desde que se pratique o que se ensina. Nós temos, portanto, um só Mestre (Mt 23,8), Aquele que «disse, e tudo foi feito» (Sl 32,9). Mesmo as obras que realizou em silêncio são dignas do Pai. Aquele que compreende verdadeiramente a palavra de Jesus pode até ouvir o Seu silêncio; será então perfeito: agirá através de Sua palavra e manifestar-se-á pelo Seu silêncio. Nada escapa ao Senhor; mesmo os nossos segredos estão na Sua mão. Façamos portanto todas as nossas acções com o pensamento de que Ele habita em nós; seremos então nós mesmos Seus templos, e Ele será o nosso Deus, que habita em nós.

Santo Inácio de Antioquia ( ?-c. 110),
bispo e mártir, Carta aos Efésios, §§ 13-15

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CRISÓSTOMO CHANG e os mártires chineses


Neste dia 28 de Janeiro de 1948, foram fuzilados seis monges cistercienses chineses de uma comunidade dizimada ao longo de meses. Apesar da escassez dos dados relativos aos seus nomes e circunstâncias de morte, importa fazer memória destes mártires de um regime que, ainda actualmente, dificulta e persegue de forma camuflada os cristãos.

Mosteiro de Nossa Senhora da Consolação
Fundado em 1883 por monges vindos de Tamié (França), o mosteiro de Nossa Senhora da consolação era a mais velha comunidade cisterciense do Extremo Oriente. Os monges são amados e respeitados pela população local que, durante mais de sessenta anos beneficiou da sua presença e da sua ajuda material junto dos mais necessitados. Enriquecidos por muitas vocações ao longo das décadas, a comunidade contava então com 75 religiosos, na sua maioria chineses.
O mosteiro foi alvo de fogo cruzado durante o conflito que opôs japoneses e chineses de 1938 a 1945. A partir desse último ano a perseguição contra os católicos é programada de forma metódica pelo regime comunista seguindo fases predefinidas que desembocam nos famosos “julgamentos populares” em público. Insultos, golpes e vexações distribuídos pelos acusados que, infalivelmente eram reconhecidos culpados e castigados. Quando não eram torturados fisicamente, os padres chineses eram obrigados a assistir às aulas de marxismo, seis a oito horas por dia levando-os a um desgaste psicológico intenso.
O primeiro julgamento dos monges trapistas (um dos ramos cisterciense) decorreu em meados de Agosto de 1947, depois de terem celebrado pela última vez a eucaristia, conscientes que a sua vida se tornaria num sacrifício eucarístico. O veredicto final condenou alguns monges à morte, acusados falsamente de conivência com os japoneses, depois de colaboração com o governo nacionalista. Um destes monges tinha oitenta anos, Bruno Fu.

A marcha da morte
Os comunistas incendiaram o mosteiro o dia 30 de Agosto levando consigo a restante comunidade. Iniciou-se assim aquela que ficaria conhecida como a longa “caminhada da morte”. Partiram com as mãos atadas atrás das costas, meios despidos e carregando com as bagagens dos seus algozes. No decorrer de todo o percurso estiveram sujeitos a terríveis torturas. Ao longo dos meses, os prisioneiros foram arrastados sob sol intenso, depois sob as chuvas torrenciais de Outono e, finalmente, através do frio glaciar do inverno. Estavam proibidos de fazer sinais, rezar ou simplesmente mexer os lábios. Presos uns aos outros com correntes, os pulsos ligados com arames que cavam neles profundas chagas, subalimentados, golpeados, os monges sobreviveram à custa da fé que se tornou para eles a força que lhes preservava alguma dignidade e liberdade interiores.

Crisóstomo Chang
Os mais jovens sustentavam os mais velhos, por vezes carregando-os, pois todo aquele que caia exausto era abatido e deixado na lama à beira do caminho. Vão falecendo até três por dias. Alguns morrem de forma inexplicável, provavelmente envenenados. O prior, depois o abade sucumbem. O que resta da comunidade – menos de metade (trinta e oito ficaram pelo caminho) – escolheu o jovem Crisóstomo Chang como novo responsável.
Com apenas 28 anos, Crisóstomo rentabiliza perante as circunstâncias as qualidades que todos lhe conheciam: homem de oração, contemplativo era também um líder: apesar do seu esgotamento e dos perigos a que se expunha, não se poupou ao encorajar os seus irmãos, amparando-os, ajudando os mais velhos e animando os mais fracos. Manteve, contra tudo e contra todos, o espírito de oração no grupo.
A sua influência incomodava, apesar de discreta. Convocou-se um novo julgamento popular com acusações forjadas para ele e mais outros cinco religiosos. Todos foram condenados à morte por fuzilamento. Antes de morrer, nesta data de 28 de Janeiro de 1948, Crisóstomo exortou uma derradeira vez os seus companheiros: “Morremos por causa de Deus. Elevemos uma última vez o nosso coração para Ele, na dádiva total de todo o nosso ser!”
Muitos outros sofreram torturas e o martírio. Crisóstomo Chang é a penas a figura de proa dos mártires chineses do século XX que testemunharam com a sua vida e morte a fidelidade a Cristo na dedicação aos seus irmãos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

TUDO O QUE PRECISO É DE TI

Se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos terminou, não podemos dar por acabada a necessidade de viver a unidade. Para recordá-lo, deixamos aqui este vídeo de um grupo evangélico australiano, Hillsong United. Transcrevemos a letra em inglês para quem quiser acompanhar cantando e rezando.

Na verdade, para construir o teu Reino na unidade, TUDO O QUE PRECISAMOS, É DE TI SENHOR...

"All I Need Is You" – HILLSONG United
Left my fear by the side of the road
Hear You speak
Won't let go
Fall to my knees as I lift my hands to pray
Got every reason to be here again
Father's love that draws me in
And all my eyes wanna see is a glimpse of You

All I need is You
All I need is You Lord
Is You Lord

One more day and it's not the same
Your Spirit calls my heart to sing
Drawn to the voice of my Saviour once again
Where would my soul be without Your Son
Gave His life to save the earth
Rest in the thought that You're watching over me

All I need is You
All I need is You Lord
Is You Lord

You hold the universe
You hold everyone on earth
You hold the universe
You hold
You hold

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O MAIOR DIAMANTE

O diamante encontrado
Em 1905, nesta data de 26 de Fevereiro, foi descoberto o maior diamante natural do mundo. A pedra preciosa foi encontrada numa mina, perto de Pretória, na África do Sul. De 3106 carates, pesava 637 gramas, recebendo o nome do proprietário da mina, “Cullinan”.
O diamante foi, num primeiro tempo, talhado em nove partes distintas. Posteriormente foi trabalhado para a coroa de Inglaterra em 105 peças, a maior das quais chamada a “Estrela de África” que ornará o ceptro do rei Eduardo VII.

Não sendo eu grande apreciador de jóias, não deixei de fazer a ligação com o texto bíblico referente a pedras preciosas, nomeadamente Mt 13, 45-46: “O Reino do Céu é também semelhante a um negociante que busca boas pérolas. Tendo encontrado uma pérola de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola.”
Todos andamos, consciente ou inconscientemente, à procura do tesouro ou do diamante que possa enriquecer a nossa vida de felicidade. Mas, como diz o povo, “nem tudo o que reluz é ouro”. Por outras palavras, nem tudo o que tem (supostamente) valor valoriza (verdadeiramente) a vida.


O diamante partilhado
Existem tesouros que não se pesam, medem ou avaliam. Tesouros que são nossos sem serem possuídos e que, por isso, não podem ser roubados. Só as coisas materiais podem ser furtadas. Segundo consta, encontrou-se num epitáfio a seguinte inscrição: “O que ganhei, perdi-o; o que guardei, deixei-o aos outros; mas o que dei ainda é meu”. Como não reconhecer aqui a palavra de Jesus quando afirma: “Quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la.” (Mc 8, 35)?
Na verdade, a pérola de que nos falava a parábola, acima referida, e pela qual vale a pena deixar tudo é o Reino de Deus. Sempre que em nome de Jesus actuarmos, falarmos, tomarmos opções em favor dos outros, construindo um mundo mais justo e fraterno, é o Reino de Deus que estamos a dar. Simultaneamente, encontra-lo-emos em nós. “É dando que se recebe” dizia Franciso de Assis.
Tesouros assim, diamantes do tamanho do Reino de Deus, quanto mais partilhado com os outros maior será a nossa riqueza. É a “melhor parte” que não nos será tirada (Lc 10, 42), Cristo e a sua Palavra em nós, a orientar a nossa vida.

Desejo que encontres, diariamente, esse diamante a fim de embelezar o mundo com as joías do teu amor, alegria e esperança, ao mesmo tempo que enriquecerá a tua coroa de santidade.

domingo, 25 de janeiro de 2009

SEMANA DA UNIDADE (VIII)


8º dia - Num mundo dividido, os cristãos proclamam a esperança
“Farei vir sobre vós um sopro para que vivais”. A fé bíblica baseia-se na esperança fundamental de que a última palavra da História pertence a Deus; esta sua última palavra não será um juízo condenatório, mas uma palavra vivificante que estabelece a “nova criação”. Como vimos nas meditações anteriores, os cristãos vivem num mundo marcado por diferentes tipos de divisão e de separação. Apesar disso, a Igreja Cristã conserva a sua esperança, ancorada não no que o ser humano pode fazer, mas na potência e no desejo fiel de Deus de transformar a divisão e o esfacelamento em unidade, o ódio mortal em amor gerador de vida.
A esperança cristã tem o êxito de sobreviver mesmo entre grandes sofrimentos, pois brota do amor fiel de Deus que nos foi revelado na cruz do Senhor. A esperança ressuscita do túmulo com Jesus: assim a morte e as potências da morte são vencidas. A esperança espalha-se no dia de Pentecostes pelo envio do Espírito Santo que renova a face da terra. O Cristo ressuscitado é o começo de uma vida nova e autêntica. A sua ressurreição anuncia o fim da antiga ordem e lança as sementes de uma “nova criação” que será eterna, na qual todos serão reconciliados n’Ele e Deus será tudo em todos.
“Eis que faço novas todas as coisas”. A esperança cristã começa com a renovação da criação, que leva a cumprimento o projecto original de Deus Criador. Em Apocalipse 21, Deus não diz “eu faço novas as coisas”, mas “eu faço novas todas as coisas”. A esperança cristã não significa o aguardar passiva e longamente o fim do mundo, mas o desejo desta renovação que já se vem realizando desde o dia da Ressurreição e do Pentecostes. Não se trata de aguardar uma conclusão apocalíptica da História, provocando o desabamento do mundo, mas a esperança de uma transformação fundamental e radical do mundo que nós conhecemos. O novo começo instaurado por Deus põe fim ao pecado, às divisões e à finitude do mundo, e transforma a criação de modo que possa participar da glória eterna de Deus.
Quando os cristãos se reúnem para rezar pela unidade, é esta esperança que os motiva e os apoia. A oração pela unidade tem uma força específica: a que brota da renovação da criação gerada por Deus; a sua sabedoria é a do Espírito Santo que infunde a vida nova sobre os ossos ressequidos e os devolve à existência; a sua autenticidade, é a nossa disponibilidade a abrir-nos totalmente à vontade de Deus, deixando-nos transformar em instrumentos da unidade que Jesus quis para seus discípulos.

Oração
Deus misericordioso, tu estás sempre perto de nós, no meio de nossos sofrimentos e de tribulações. Tu estarás até o fim dos tempos connosco. Ajuda-nos a ser um povo repleto de esperança; um povo que vive as Bem-aventuranças e se coloca ao serviço da unidade que tu desejas.
Ámen.
Adaptado do Guião para esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos elaborado pelo PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

ORAÇÃO A S. PAULO


Senhor Jesus Cristo,
que deste à Igreja São Paulo Apóstolo,
pregador da Verdade e doutor dos gentios,
que em tudo foi original e criativo
o ser o impulsionador do Evangelho no seu tempo,
permite que sejamos também nós teus missionários.

Pedimos-Te, Senhor,
que a exemplo do santo Apóstolo,
seja possível que em nós morra o “homem velho”
e nasça o “homem novo”
e assim possamos evangelizar nos dias de hoje,
com o nosso exemplo de vida,
as pessoas de hoje,
com os meios de hoje.
Ámen.

sábado, 24 de janeiro de 2009

SEMANA DA UNIDADE (VII)


7º dia - Os cristãos e o pluralismo religioso
Quase todos os dias, ouvimos falar da violência que, em várias regiões do mundo, opõem fiéis de religiões diferentes.
Num grande hino de louvor, o profeta Isaías anuncia que Deus enxugará todas as lágrimas e preparará um rico banquete para todos os povos e nações! Um dia – diz o profeta – todos os povos da Terra glorificarão a Deus e exultarão, visto que Ele os terá salvado. O Senhor que nós esperamos é o hóspede do banquete eterno do qual fala Isaías, na sua acção de graça.
Quando Jesus encontra a mulher não israelita que lhe pede para curar a sua filha, Ele primeiramente responde de maneira surpreendente e recusa-se ajudá-la. A mulher insiste no mesmo tom: “Mas os cachorrinhos, sob a mesa, comem as migalhas dos filhos”. Jesus reconhece a sagacidade desta mulher, pois ela compreendeu que a missão de Cristo se dirige a judeus e aos não-judeus (hoje podemos dizer: a cristãos e não cristãos) e aconselha-a a retornar para casa tranquila, assegurando-lhe que a sua filha está curada.
As Igrejas têm estado empenhadas no diálogo com outros cristãos, em benefício da unidade entre os discípulos de Jesus. Ao longo dos últimos anos, o diálogo estendeu-se, firmando-se também entre os fiéis de outras religiões, em particular as chamadas “religiões do Livro” (Judaísmo e Islamismo). Os encontros realizados, além de enriquecedores, contribuíram significativamente para promover maior respeito e boas relações entre uns e outros, ajudando a estabelecer a paz em zonas de conflito. Se nós, cristãos, estivermos unidos entre nós para testemunhar contra preconceitos e violências, tal testemunho será seguramente eficaz. E, se ouvíssemos atentamente os irmãos das religiões não-cristãs, não aprenderíamos ainda mais sobre a universalidade do amor de Deus e de seu Reino?
O diálogo com os demais cristãos não significa uma perda da nossa respectiva identidade cristã: deveríamos, ao contrário, alegrar-nos por obedecer à oração de Jesus “para que todos sejam um” como Ele e o Pai são um. A unidade não se fará de um dia para o outro. Trata-se antes de uma peregrinação que nós palmilhamos com os outros fiéis, conduzindo-nos para um destino universal de amor e salvação.

Oração
Senhor Deus, nós te agradecemos pela sabedoria que nos transmitem as tuas Escrituras. Dá-nos a coragem de abrir o nosso coração e o nosso espírito ao próximo. Seja ele um fiel de outra Confissão cristã, seja ele um seguidor de outra religião. Ensina-nos a superar as barreiras da indiferença, dos preconceitos e do ódio. Revigora a nossa visão dos últimos dias, quando todos os cristãos se dirigirão unidos para o banquete final, quando toda a lágrima e desacordo serão vencidos pelo amor.
Ámen.

Adaptado do Guião para esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos elaborado pelo PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

BENEDETTA BIANCHI PORRO, o milagre de Deus


Benedetta Bianchi Porro nasce a 8 de Agosto de 1936, na Itália. É a segunda de 7 irmãos, profundamente apaixonada pela vida; aos 8 anos escreve no seu diário: “Como é maravilhoso viver!”
Mas bem cedo, a sua existência está sujeita às doenças. Logo ao nascer, teve uma hemorragia inesperada. Alguns meses depois, contrai poliemite que lhe deixa uma perna mais curta, o que a obriga a coxear. Esta diminuição será para ela fonte de muitas humilhações perante os outros.
Aos 12 traz um corpete apertado para corrigir uma escoliose provocada pela sua claudicação. No ano seguinte, sente uma dor obscura que a invade. Dar-se-á conta da sua situação quando começa a ficar surda.
Como de costume reage com coragem: “Talvez um dia, não perceberei mais o que os outros me dirão, mas ouvirei sempre a voz da minha alma: é o verdadeiro caminho que tenho de seguir”.
Acreditar e sonhar
A vida da sua família já tinha sido bem provada: a guerra obrigou ao êxodo de cidade em cidade; a pobreza consequente com a necessidade de cuidar de sete filhos. Corajosamente decide que as suas doenças não podem pesar mais sobre o lar. Esforça-se, pois, e sonha como todas as meninas: “Quero ser como os outros, e talvez mais. Quereria ser alguém importante… Quantos sonhos, quantas lágrimas, quanta nostalgia melancólica…” Pobre Benedetta!
A coragem tem os seus limites. Entra numa fase de depressão. “A ilusão faz-me tremer mais do que o desespero. Agito-me e luto em vão, porque não quero encontrar dor onde ainda espero achar paz: não tenho confiança suficiente em mim e nos outros… Os dias são tristes e monótonos, sem novidade, sem entusiasmo, com um pouco de resignação e muita infelicidade… parece-me que vou afundando lentamente, lentamente…” “Tenho medo desta minha indefinição, destas trevas: sinto-me tão falsa, tão inútil, tão vazia! Canso-me sempre de tudo… Desejo tanto a verdade, desejo apenas isso, mas a verdade é desconhecida de todos. Terei de recomeçar a ser nada entre tantos…”
Então aplica-se. É excelente na escola apesar das suas limitações. A fé tornou-se a sua força.
Em Setembro de 1953, apesar da sua surdez e de se apoiar numa bengala (com 17 anos!), Benedetta consegue entrar para a universidade de Milão. Aí, orienta-se para a medicina: quer ser missionária. Porém, aquilo que parece uma vitória é, pelo contrário, o princípio de muitas humilhações.
A cruz como caminho
Através dos seus estudos, segue a evolução do seu mal. Consegue diagnosticar-se antes dos próprios médicos. Tem de ser submetida a várias operações cirúrgicas. A primeira, na cabeça, corta o nervo facial esquerdo que lhe deixa metade do rosto paralisado: Benedetta não pode mais rir ou chorar sem esforço doloroso.
Em Agosto de 1959 (23 anos), uma operação à medula origina a paralisia das pernas: Benedetta desloca-se com muletas. Depois é uma gengivite que lhe faz cair os dentes. Perde o olfacto, o tacto, o paladar e sua voz enfraquece ao ponto de se tornar quase inaudível.
Mesmo assim, Benedetta prossegue os estudos até ao 5º ano de medicina.
No início do ano de 1963, começa a perder a vista. É operada. Quando acorda está totalmente cega. Tem de renunciar ao pouco que lhe restava e constituía a sua felicidade no meio das provas: a leitura, a música (tocava piano), a beleza da natureza à qual era tão sensível, os estudos quando estava a concluí-los. TUDO!
Está praticamente cortada do mundo exterior. Só lhe resta um fio de voz e a sensibilidade da mão direita com a qual aprendeu o alfabeto dos surdos-mudos

A luz de Deus, o maior milagre
Por ocasião de uma peregrinação a Lourdes é objecto de um milagre mais inesperado, afirma ela, do que a graça de uma cura: “A convicção que tenho da riqueza do meu estado só é cumulado pelo desejo que tenho em conservá-lo.” Parece masoquismo, mas não é: Antes a certeza - humanamente incompreensível e até escandalosa - de que a cruz é fonte de vida e alegria.
Quanto mais Benedetta mergulha na noite, mais ela é elevada na luz de Deus. Ela experimenta na cruz a união a Deus, através da contemplação, com uma alegria inefável e purificações radicais: “Por vezes, sofro como um bicho; quereria que parasse. Outras vezes, peço que sofra mais pois possuo a luz em mim, e somente posso balbuciar, tendo tantas coisas doces a dizer a Jesus. Digo-me a mim mesma, e com pavor, o quanto deve ser duro o ter medo de perder Deus. Isto aconteceu-me, somente o temor…”
Mas que alegria quando reencontra o sentimento da presença de Deus e a certeza do seu amor! “Eu senti-O, reencontrei-O, que alívio! Com Ele, sinto-me capaz de ir mais longe ainda, até ao fim do mundo se assim Ele o quiser… Não desejo nem pausa nem repouso: reencontrei o Senhor, escutei a sua voz; foi um colóquio tão doce, tão suave!”
Dela, diz a sua mãe: “Ela vive de oração, canta, dita cartas para os amigos, a sua existência é mais angélica do que humana. Cada noite, ela dá graças a Deus pelos males que a afligem, dizendo «Deus toma para dar». Ela é feliz de poder morrer sem ter cometido um só pecado mortal. E, mesmo neste estado, ela diz que ama a vida, o sol, as flores, a chuva. É de uma obediência e de uma humildade desconcertantes, que edificam…”

A sua vocação: Ser Luz para os outros
Benedetta oferece a sua vida triturada em favor dos outros, sem um olhar sobre si própria: “O meu dever consiste em amar o sofrimento daqueles que vêm à minha cabeceira e me concedem ou pedem o socorro de uma oração”. É que vêm visitá-la cada vez mais e, através dessas visitas, vai aprofundando a sua vocação: sendo cega, é ela que traz luz aos outros e, em luta constante com a miséria do seu corpo, ela quer ser despenseira de paz, ser fonte de alegria. As suas cartas transbordam de reconhecimento, de ternura e confiança. Assume-se como instrumento de amor, paz e de alegria junto dos irmãos.

Com o passar dos anos, o estado de Benedetta degrada-se inexoravelmente. Consciente dessa realidade, nem por isso esmorece no seu apostolado. Um bispo que a conheceu dirá dela: “Benedetta é o milagre pelo qual Deus quis manifestar-se ao nosso tempo”.
Eis um trecho do seu testamento espiritual: “Pai que nos amais mais do que nós próprios, sabes quanto e como erramos, ó Luz divina. Pai que és misericórdia, sabes tirar o bem do mal, que nós cometemos! O teu amor torna fecunda toda a flor. Ensina-nos a encontrar-Te nos outros, pois o nosso próximo é o Cristo que se fez pequeno para nos ajudar a encontrá-l’O. Os dias, por vezes, são iguais; por vezes, desejaria que acabasse a minha dor, e digo-Te sem vergonha: «Tenho medo, mas ajudar-me-ás, pois sei que existes». Um dia, compreenderemos o porquê de todas as coisas e, maravilhados, nos Te cantaremos, mas agora, Pai, abandonamo-nos ao teu amor fiel, como oração no caminho.”

Benedetta morre na paz e na alegria, o 23 de Janeiro de 1964, com 28 anos.
A causa de beatificação foi aberta em 1975, tendo sido declarada venerável em 1993.

ELISABETH MARIA KITAHARA SATOKO, a Serva da Aldeia das Formigas


Elisabeth Maria Kitahara Satoko morreu de tuberculose aos 29 anos, depois de ter consagrado os seus últimos nove anos (desde o seu baptismo) às crianças e habitantes de Arinomachi, um bairro de lata situado num dos lugares mais sinistrados de Tóquio, após a II Grande Guerra. Juntamente com o médico Paulo Nagai Takashi, é uma das figuras mais representativas do catolicismo japonês do século XX.

Pranto e ruínas
Kithara Satoko nasce a 22 de Agosto de 1929. É a filha mais nova de uma família aristocrata japonesa, descendente dos antigos samurais e de sacerdotes xintoístas. A sua infância passa-se tranquilamente. Mas, em 1940, com a entrada do Japão na Guerra a vida familiar perturba-se. O pai é enviado para a frente de combate, juntamente com um cunhado. O seu irmão mais velho é convocado para trabalhar na fábrica. Ela própria, após concluir os seus estudos secundários, irá lá trabalhar. Numa cidade continuamente bombardeada, o ritmo de vida passa a ser marcado pelas sirenes de alerta. À semelhança de milhões de concidadãos, Kitahara vive com os nervos a flor de pele. Milagrosamente, escapa ilesa de uma bomba que caiu no seu lugar de trabalho, embora profundamente chocada.
O país cai no traumatismo ao saber das bombas atómicas que varreram Hiroshima e Nagazaki e pela consequente e humilhante capitulação. Tóquio tornou-se um campo de ruínas. A população morre à fome, enfrentando dramática condições de sobrevivência. Eis a realidade de Kitahara, jovem adolescente de 16 anos. Por essa altura, o seu irmão, debilitado física e psicologicamente, sucumbe a uma pneumonia.

A busca da verdadeira beleza
A família acolhe uma quinzena de parentes que perderam os seus bens. Este é o maior problema que suporta o Japão no pós-guerra: refugiados, empurrados pelo desemprego, miséria e fome, afluem aos milhares nos grandes centros urbanos.
Por reacção, a jovem rapariga aspira a um ideal de beleza, de serenidade. Decide consagrar-se ao estudo, privilegiando a literatura. Simultaneamente, deseja fazer algo, como o médico Albert Schweitzer por quem tem grande admiração (ver http://sdpv.blogspot.com/2009/01/albert-schweitzer-nasceu-nesta-data-de.html). Como ele, abandona o sonho da música para se dedicar a algo mais essencial. Escolhe a medicina apesar de fazer os seus estudos em condições precárias: edifícios destruídos, materiais e aparelhos inexistentes. Os próprios livros passam a ser um luxo.
No decorrer dos estudos, Satoko recupera a alegria de viver. Procura um sentido para a sua vida, nomeadamente após obter o diploma em 1949. Ao frequentar as Irmãs da Misericórdia, interroga-se sobre o cristianismo. Sente-se atraída pela paz e o silêncio da capela, pela oração. Caminha discretamente. Encontra-se com o capelão, com as religiosas, com leigos católicos. Maravilha-se perante a eucaristia, descobre a Virgem Maria e encontra, finalmente, alegria e paz na oração.
Recebe o baptismo no dia 30 de Outubro de 1949, escolhendo os nomes de Elisabeth e Maria. Kitahara Satoko encontrou o seu porto de beleza à qual aspirava a sua alma.


A Aldeia das Formigas
Em 1950, Satoko conhece o frei Zenão, frade franciscano da missão da Imaculada, instituído por S. Maximiliano Kolbe. Este padre desenvolve um incansável apostolado junto dos marginais e necessitados de Tóquio, particularmente em Arinomachi, conhecido por Aldeia das Formigas por causa da sobrepopulação e da actividade permanente que aí reina. Os seus habitantes sobrevivem pela recolha e venda de materiais atirados ao lixo. Entre eles vivem muitas crianças e jovens.
Ao conhecer esse lugar, Kitahara decide, com a ajuda das Irmãs da Misericórdia, ajudar as crianças a preparar o Natal. É um sucesso. A população local é sensível ao esforço de Satoko por lhes devolver dignidade humana. Os mais novatos prendem-se a ela. Mas nem tudo é fácil. Satoko percebe que Deus quer mais dela.

Até ao dom extremo de si
Kitahara opta por viver como aquela gente. Ajuda na recolha e venda de materiais, organiza uma sala de estudo, um refeitório. Sustentada pela oração e uma confiante devoção a Nossa Senhora, dá-se com uma abnegação extraordinária neste apostolado. Mas a doença interrompe a sua entrega. Após uma longa convalescença, quando regressa encontra já outra jovem mulher a realizar o seu trabalho. Esta obra, já conhecida em todo o Japão beneficia de ajudas. Sente que já não é necessária. Humanamente parece ter fracassado em tudo. A sua saúde degrada-se, é agora inútil, não tendo realizado os belos sonhos a que aspirava. É a purificação íntima, com as tentações das dúvidas.
Com os conselhos de frei Zenão, pela confiança a Maria e pela oração, Kitaha mantém-se firme. Toma uma derradeira decisão: deixa os seus, o conforto da sua casa e instala-se na Aldeia das Formigas, despojada da sua própria vontade para entrar no “Querer de Deus “. Como Maria, assume-se como simples serva de Deus. Reza, oferece o seu sofrimento, a sua vida pela Aldeia. Pelo exemplo do seu despojamento, converte ao cristianismo muitas personalidades.
A sua missão foi cumprida. Kitahara Satoko morre a 23 de Janeiro de 1958, antes de completar 29 anos.

O modelo da Aldeia das Formigas, lugar de comunidade comprometida na dignidade do ser humano será imitado em diversos lugares em todo o Japão, depois, na Coreia. Em 1970, associam-se à Obra de Emaús do Abbé Pierre.
Em 1981 os católicos do Japão, apoiados pelos franciscanos conventuais introduzem a causa de beatificação de Elisabeth Maria Kitahara Satoko.

SEMANA DA UNIDADE (VI)


6º dia - Os cristãos diante da doença e do sofrimento
Quantas vezes Jesus encontrou os doentes e quis curá-los! Todas as nossas Igrejas, ainda que divididas, têm uma clara consciência da compaixão do Senhor pelos que sofrem. No que toca às doenças, os cristãos sempre procuraram seguir o exemplo do Mestre, cuidando dos enfermos, construindo hospitais e dispensários, não se preocupando apenas com “a alma”, mas também com os corpos dos pequeninos de Deus.
Contudo, isto nem sempre é tão evidente assim. As pessoas saudáveis tendem a considerar a saúde como uma conquista sua, e esquecem aqueles que não podem participar plenamente da comunidade por causa da sua enfermidade ou limitação. Quanto aos enfermos, muitos deles sentem-se esquecidos por Deus; distantes de sua presença, da sua graça e da sua força salvadora.
Se nossa relação com Deus é sincera, profunda, e se diz com palavras de fé e reconhecimento, ela poderá também expressar na oração, a nossa aflição, a nossa dor e até mesmo a nossa ira, quando esta última for necessária.
Os doentes não são apenas objecto de cuidados. Ao contrário, são sujeitos de viva experiência de fé, como descobriram os discípulos de Jesus certa vez (Mc 10, 46-52). Aconteceu que os discípulos queriam fazer seu próprio caminho ao seguir Jesus, ignorando o homem doente marginalizado pela multidão. Quando Jesus os interpela, Ele desvia-os dos seus objectivos individualistas. Connosco pode acontecer algo parecido: estamos dispostos a cuidar dos doentes, desde que eles não reclamem e nos perturbem. Os discípulos que antes queriam impedir o cego de se aproximar de Jesus são interpelados pelo mesmo Jesus a levarem-lhe a sua mensagem de cura; uma mensagem de amor que soa completamente nova: “Coragem! Levanta-te, ele te chama”.
Somente quando os discípulos conduzem o doente até Jesus é que eles finalmente entendem o que quer o Senhor: dedicar o tempo para encontrar-se com o doente, para lhe falar e ouvir, perguntando-lhe o que deseja e do que necessita. Uma comunidade de reconciliação só pode florescer quando os enfermos experimentam a presença de Deus nas suas relações com os irmãos e as irmãs em Cristo.

Oração
Senhor, escuta o teu povo quando este grita por Ti, aflito pela doença e pela dor. Que aqueles que são saudáveis se façam dom pelo bem-estar dos outros; que eles possam servir os que sofrem com coração generoso e mãos abertas. Senhor, dá-nos viver na tua graça e pela tua providência, tornando-nos uma comunidade de reconciliação onde todos te louvem unidos.
Ámen.
Adaptado do Guião para esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos elaborado pelo PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

CLAIRE de CASTELBAJAC, testemunha da vocação à felicidade


“Continuo a viver na paz e alegria interiores. Amo toda a gente e tenho ânsia de os tornar felizes: deve ser isto a felicidade dos filhos de Deus… Há tanto tempo que busco isto mesmo!...” Assim se expressa Claire de Castelbajac, em Julho de 1974, o último verão da sua vida. Tinha então 21 anos. Não precisou de mais tempo para alcançar, experimentar e testemunhar a Felicidade.
Esta jovem francesa prova-nos que, afinal, Deus a todos chama para uma só realidade: ser feliz!
Nesta data, aniversário da sua morte (22 de Janeiro de 1975), vale a pena conhecer esta jovem, tão próxima de nós, nas expectativas e desafios, tentações e qualidades partilhadas pelos jovens de hoje. Claire relembra-nos que nada nos deve afastar de Deus. Antes, é por meio d’Ele que nos realizamos plenamente.

A santidade não é, de modo algum, uma meta inatingível. Três anos antes de falecer, escreveu: “A santidade é o Amor de viver as coisas pequenas por Deus e para Deus, com a sua graça e a sua força. (…) No fundo, o Amor é o único sentimento digno de Deus. Converter todas as coisas em Amor supõe já uma grande dose de santidade…”

Claire conseguiu experimentar a felicidade em Deus. Porque não tu!?
Para conhecer melhor Claire, clica nos endereços electrónicos seguintes:
Sua história:
http://www.boulaur.org/fp/POR-Vie.htm
Algumas citações:
http://www.boulaur.org/fp/POR-paroles.htm

A SABEDORIA DA ORAÇÃO

“Às vezes, eu invejo aqueles que têm a felicidade de se aprofundar, de conhecer bem a teologia! Mas a oração, que é a divina contemplação, não ultrapassa, sobremaneira, os estudos mais eficazes e competentes, em conhecimento, amor e poder? A experiência é mais profunda, mais esclarecedora e mais fecunda que a ciência. Para mim, toda a minha teologia, toda a minha ciência, toda a minha sabedoria, tudo isso é o amor, é a união da minha alma a Deus, por Jesus Cristo, com a Santíssima Virgem! Nem mais nem menos!”

Marta Robin, 22 de janeiro de 1930
Referido no livro Prends ma vie Seigneur (Toma a minha vida, Senhor)


SEMANA DA UNIDADE (V)


5º dia - Os cristãos diante das discriminações e dos preconceitos sociais
No início do mundo, os seres humanos criados à imagem de Deus constituíam uma só humanidade “unidos na tua mão”.
No entanto, o pecado interferiu no coração do homem... Desde então, não cessamos de construir categorias discriminatórias. Neste mundo, muitas escolhas são feitas com base na raça ou etnia; há casos em que a identidade sexual ou o simples facto de ser homem ou mulher alimenta preconceitos; noutros lugares, ainda, o obstáculo é a religião, usada como causa de exclusão. Todas estas discriminações são desumanas. Elas são fontes de conflito e de grande sofrimento.
No seu ministério terrestre, Jesus mostrou-se particularmente sensível à humanidade comum, a todos os homens e mulheres. Ele denunciou sem cessar as discriminações de toda espécie e as vantagens que alguns podiam tirar disso. Jesus mostra que nem sempre os “justos” são aqueles que parecem sê-lo, e alerta que o desprezo não tem lugar no coração dos verdadeiros crentes.
Como os benefícios do óleo precioso ou do orvalho do Hermon, o Salmo 133 canta a felicidade da vida fraternalmente partilhada. Quão agradável e alegre é viver juntos como irmãos e irmãs: é esta a graça que saboreamos no fundo do coração nos nossos encontros ecuménicos, quando renunciamos às discriminações confessionais.
Restaurar a unidade da família humana é missão comum de todos os cristãos. Importa agirmos unidos contra toda a forma de discriminação. Esta é a esperança que partilhamos: não há judeu, nem grego; nem escravo, nem livre; nem homem, nem mulher, pois todos somos “um” em Cristo Jesus.

Oração
Senhor, faz-nos perceber as discriminações e exclusões que marcam a nossa sociedade. Conduz o nosso olhar e ajuda-nos a reconhecer os preconceitos que habitam em nós. Ensina-nos a expulsar todo o desprezo do nosso coração, para apreciarmos a alegria de viver juntos em unidade. Ámen.

Adaptado do Guião para esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos elaborado pelo PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ALFIE LAMBE, 'el corderito' de Deus


Alfie Lambe nasce em 1932 na Irlanda. Alfie (diminutivo de Alphonsus) é o oitavo filho de uma família de camponeses. Ama o campo, a caça, futebol e a vida ao ar livre. Aos 16 anos convence o pai a deixá-lo entrar para a vida religiosa. “Queria fazer algo por Deus”.
Mas o noviciado em Dublin revela-se difícil para ele. Tímido e diferente dos outros, vive isolado refugiando-se apenas nos livros, todos eles versando sobre Nossa Senhora. Pela sua saúde precária, juntamente os seus problemas de identidade dificultando o relacionamento com outros, é julgado inapto para ser religioso. É reenviado para casa.

A Legião de Maria
Regressado, Alfie vive deprimido pela sua experiência não consequente. Porém, pouco depois, conhece o movimento da Legião de Maria: apostolado humilde e exigente, profundamente mariano, e espírito de fraternidade. Inserido, sente-se rapidamente à vontade, renovado de entusiasmo e generosidade. Em poucas semanas, realiza que encontrou o seu caminho.

América Latina
A Legião está em plena expansão. O exemplo de Edel Quinn (ver http://sdpv.blogspot.com/2008/05/edel-quinn-uma-vida-pela-frica.html), falecida cinco antes em África (1944), galvaniza os seus membros. O fundador, Franck Duff, decide iniciar uma nova missão na América Latina. Envia Seamus Grace, acompanhado por Alfie.
Aterram em Bogotá, capital da Colômbia. Aí começa o apostolado porta a porta, mas também trabalha com jovens raparigas de um colégio reservado à classe alta. Com elas irá evangelizar outras moças caídas na prostituição. Se as primeiras descobrem a precariedade de vida e pobreza espiritual e afectiva de jovens da mesma idade, estas últimas são tocadas pela atenção e preocupação que lhe devolvem dignidade e esperança, a consolação de não se sentirem desprezadas por todos.
Alfie possui um verdadeiro carisma de escuta e de compaixão e percebe que, para servir Deus nos mais humildes, é-lhe preciso esquecer-se de si mesmo.

Confiança em Maria
A Colômbia é apenas o ponto de partida de um longo périplo que o levará da Venezuela ao Perú, da Bolívia ao Paraguai, passando pelo Uruguai e, finalmente, à Argentina. Aprende as línguas locais, manda traduzir um livro com orações, visita leprosarias, prisões, funda novos grupos da Legião, converte livres-pensadores e comunistas notáveis. Alfie é incansável ao ponto de ser chamado de “jovem conquistador”. A sua disponibilidade, espírito de serviço e sorriso maravilham a todos. Modestamente, responde que o sorriso é inato a todos os irlandeses. Quanto ao resto, traçou 3 linhas de conduta: vida orante alimentada pela eucaristia e oração pessoal, abandono confiante na Virgem Maria e obediência incondicional à Igreja.
Todos os que o conheceram dirão dele: “Ele era o que fazia e fazia o que dizia.”
Como Maria, Alfie viveu o seu lema “Eis o servo do Senhor!”

No início de Janeiro de 1959, sente-se cansado e sofrendo náuseas. Descobrem-lhe um tumor no estômago. Seguem-se dez dias de grande sofrimento sem por isso se lamentar nem desanimar. Falece com 28 anos no dia 21 de Janeiro, dia de Stª Inês – que significa cordeiro, tal como o seu apelido de família, Lamb, em inglês.
Em 1987 iniciou-se o processo da causa pela sua beatificação.
*

SEMANA DA UNIDADE (IV)


4º dia - Os cristãos diante da crise ecológica
Deus criou o nosso mundo com sabedoria e amor; quando Ele terminou a obra da criação, viu que tudo era bom. Mas hoje, o mundo enfrenta uma grave crise ecológica. O nossa planeta sofre com o aquecimento climático, devido ao nosso consumo excessivo de energia. A superfície das florestas à face da Terra diminuiu 50% nos últimos quarenta anos, enquanto que a desertificação cresce sempre mais. A fauna marítima está a diminuir de uma forma drástica. Diariamente, são mais dezenas espécies vivas que se extinguem! Esta perda de biodiversidade é uma ameaça para a própria humanidade.
Não encubramos o rosto! Nós, humanos, carregamos uma grande responsabilidade nesta destruição do meio ambiente. A ganância atrai a sombra da morte sobre o conjunto da criação.
Juntos, nós cristãos, temos o dever de envolver-nos eficazmente na salvaguarda da criação. Esta imensa tarefa não permite que nós, baptizados, trabalhemos sozinhos. Precisamos conjugar os nossos esforços: actuando juntos, ser-nos-á possível proteger a obra do Criador.
No Evangelho, observamos o lugar central que os elementos da natureza ocupam nas parábolas e no ensino de Jesus. Ele valoriza até mesmo a menor de todas as sementes: o grãozinho de mostarda. Cristo manifesta grande consideração pelas criaturas. Com base na visão bíblica da Criação, nós cristãos podemos oferecer um contributo válido à reflexão e acção hodiernas pelo futuro do planeta.

Oração
Deus Criador, formaste o mundo pela tua Palavra e viste que tudo era bom. Mas hoje danificamos a criação com obras de morte e provocamos irremediavelmente a degradação do meio ambiente. Dá-nos o arrependimento da nossa ganância; ensina-nos a cuidar das tuas criaturas. Juntos, queremos proteger a criação. Ámen.

Adaptado do Guião para esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos elaborado pelo PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

SEBASTIÃO, a fé partilhada e testemunhada


Segundo a tradição, Sebastião nasceu no século III. Durante a sua juventude terá frequentado uma escola em Milão. Preocupado com a perseguição a que eram submetidos os cristãos, decidiu ingressar no exército romano. Dessa forma poderia aproximar-se e encorajar os cristãos. Mantendo a sua pertença à Igreja perante os oficiais, Sebastião converteu discretamente muitos compatriotas assim como apoiava e fortalecia a fé dos cristãos vacilantes.
Finalmente descoberto, o imperador Diocleciano condenou-o à morte. Atado a uma árvore foi trespassado por setas e deixado como morto. Porém, Sebastião sobreviveu graças ao cuidados de uma viúva cristã que pretendia sepultar o seu corpo.
Uma vez restabelecido, em vez de se manter escondido, enfrentou o imperador denunciando as suas atrocidades contra os cristãos. Enfurecido pela sua coragem e frontalidade, Diocleciano mandou-o espancar até à morte.

Sebastião hoje
Sebastião é um dos santos mais populares e ao qual são dedicadas muitas festas e arraiais.
Para além disso, este santo, afastado de nós no tempo e nas circunstâncias, não deixa de desafiar a nossa fé:
1 - Como ele, é importante verificar se as nossas opções vocacionais, profissionais ou quotidianas têm em vista o bem dos outros e a edificação de um mundo melhor, mais justo e humano.
2 – A fé, para ser autêntica, tem de ser vivida, testemunhada. Em vez de nos envergonhar da nossa relação com Cristo, importa ter a coragem de enfrentar as diversas situações da vida na coerência entre aquilo que dizemos, pensamos e fazemos.

Tal como no-lo ensina o Evangelho, Sebastião prova-nos que a existência vivida na verdade torna-nos verdadeiramente livres.
*

SEMANA DA UNIDADE (III)


Os cristãos diante da injustiça económica e da pobreza
Nós pedimos que o Reino de Deus venha; somos desejosos de um mundo em que as pessoas, principalmente os mais pobres, não morram prematuramente. Todavia, a ordem económica do mundo actual agrava a situação dos pobres e acentua as desigualdades sociais.
A comunidade mundial, hoje, confronta-se com a precariedade crescente do trabalho humano e as suas consequências. A idolatria do mercado e o amor ao dinheiro, conforme a 1ª Carta a Timóteo, revela-se como “a raiz de todos os males”.
Que podem e devem fazer as Igrejas Cristãs neste contexto? Juntos, voltemo-nos para o tema bíblico do jubileu, que Jesus evoca para explicar seu ministério.
O Jubileu implicava uma ética comunitária: a libertação dos escravos e o regresso às suas casas, a restauração dos direitos territoriais, o perdão das dívidas. Para quem fosse vítima das estruturas sociais injustas, o Jubileu significava o restabelecimento do direito e a restituição dos seus meios de subsistência.
O fim de um mundo que considera “ter mais dinheiro” o valor e o alvo absoluto da vida só poderá ser a morte. Em Igreja, ao contrário, somos chamados a viver no espírito do Jubileu e, a exemplo de Cristo, anunciar juntos esta boa nova. Tendo experimentado a cura de sua própria divisão, os cristãos tornar-se-iam mais sensíveis às outras divisões, promovendo a cura da humanidade e toda a criação.

Oração
Deus de Justiça, no nosso mundo há lugares em que sobeja alimentos; mas noutros não se tem o suficiente, com inúmeros doentes e famintos.
Deus da Paz, no nosso mundo há pessoas que enriquecem pela violência pela guerra, enquanto outros, por causa da guerra e da violência, são obrigados a abandonar os seus lares e encontrar refúgio em terra estranha.
Deus de Compaixão concede-nos compreender que não podemos viver apenas dos bens materiais, mas que necessitamos da tua Palavra. Ajuda-nos a compreender que não podemos chegar à vida e à prosperidade verdadeira senão amando-Te, na obediência à tua vontade e aos teus ensinamentos.
Nós te pedimos em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amen.

Adaptado do Guião para esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos elaborado pelo PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

ORAÇÃO PELA UNIDADE


Deus eterno e misericordioso, a ti,
que és um Deus de paz, de amor e de unidade,
nós te pedimos, Pai, e te suplicamos,
que reúnas pelo teu Espírito Santo
tudo o que está disperso,
reúnas e reconstituas tudo o que está dividido.

Digna-te conceder-nos também
que nos convertamos à tua unidade,
procuremos a tua única e eterna verdade,
nos abstenhamos de toda a dissensão.

Assim, não termos senão um só coração,
uma só vontade, uma só ciência,
um só espírito, uma só razão.

E voltando-nos totalmente para Jesus Cristo
nosso Senhor, podermos, Pai,
louvar-te com uma só voz e dar-te graças
por nosso Senhor Jesus Cristo no Espírito Santo.

Martinho Lutero

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

SEMANA DA UNIDADE (II)


Os cristãos diante da guerra e da violência

A guerra e a violência erguem os maiores obstáculos à unidade que Deus concede aos cristãos. A guerra e a violência procedem, em última análise, da divisão que existe no interior de nós mesmos – que ainda não foi curada – e da arrogância humana que é incapaz de voltar ao fundamento verdadeiro da nossa existência.
Nas situações de violência e de injustiça mais brutais, Jesus revela-nos a força capaz de pôr fim ao ciclo vicioso da guerra e da violência: aos discípulos que pretendiam reagir à violência e ao furor conforme a lógica do mundo, Ele promove, de modo paradoxal, a renúncia a toda violência (Mateus 26,51-52).
Jesus revela a verdade da violência humana; fiel ao Pai, ele morreu na cruz para nos salvar do pecado e da morte. A cruz revela o paradoxo e o conflito inerente à natureza humana. A morte violenta de Jesus marca a instauração de uma nova criação, carregando sobre a cruz os pecados dos humanos, a violência e a guerra.
Jesus Cristo não propõe uma não-violência baseada apenas no humanismo. Ele propõe a restauração da Criação de Deus e por Deus, confirmando a nossa esperança e a nossa fé na manifestação vindoura dos novos céus e da nova terra. A esperança fundada sobre a vitória definitiva de Jesus Cristo sobre a cruz nos permite perseverar na busca da unidade dos cristãos e na luta contra toda forma de guerra e violência.

Oração
Senhor, tu que te entregaste na cruz pela unidade do género humano, nós te oferecemos a nossa humanidade ferida pelo egoísmo, arrogância, vaidade e ira. Senhor, não abandones o teu povo oprimido sofrendo toda a forma de violência, de ira e de ódio, vítima de falsas crenças e de divergências ideológicas.Senhor, concede que nós, cristãos, trabalhemos juntos para que se cumpra a tua justiça, mais que a nossa.Dá-nos coragem de ajudar os outros a levar a sua cruz, em vez de colocar a nossa sobre os seus ombros.Senhor, ensina-nos a sabedoria de tratar os nossos inimigos com amor em vez de odiá-los. Ámen.
Adaptado do Guião para esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos elaborado pelo PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

domingo, 18 de janeiro de 2009

SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS


“Sereis um só povo”

Iniciamos hoje, dia 18 de Janeiro, o Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos. Terminaremos esta semana especial com a festa da Conversão de São Paulo, no próximo domingo, dia 25 de Janeiro.
Infelizmente vicissitudes históricas, culturais, sociais, políticas e religiosas “separaram” os cristãos ao longo da “história da Igreja”, que é também “história da humanidade”…
Mas baseando-nos nos sentimentos e palavras de Jesus Cristo sentimos profunda tristeza por esta realidade de separação. Por isso, os cristãos sentem necessidade de rezar pela sua unidade.
É interessante verificar que a riqueza da língua nos leva a pensar não apenas na unidade de cristãos católicos, protestantes e ortodoxos, mas nos próprios cristãos das nossas comunidades. É nelas que começam as separações que nos enfraquecem! E terá de ser nelas que começam também os laços de amizade e perdão que nos levarão a viver com fortaleza de espírito e entusiasmo crescente a Verdadeira Unidade.
É o próprio Cristo que nos ensina a rezar pela unidade: “Pai Santo, rogo-te… para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em Ti; para que assim eles estejam em Nós…” Jo 17, 21
Pe. Hélder Lopes
Director do SDPV - Guarda

SEMANA DA UNIDADE (I)


Eles estarão unidos em tua mão

Os cristãos são chamados a ser instrumentos do amor fiel e reconciliador de Deus, num mundo marcado por separações e alienações. Baptizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, professando nossa fé no Cristo crucificado e ressuscitado, nós somos um povo que pertence a Cristo, um povo chamado constituir seu Corpo no e para o mundo. Foi isto que o Senhor pediu, quando orou por seus discípulos: “que eles sejam um, a fim de que o mundo creia”.
As divisões entre os cristãos, no que toca às questões fundamentais da fé e da vida dos discípulos de Cristo, prejudicam gravemente nossa capacidade de testemunho diante do mundo. Em muitos outros países, o Evangelho do Cristo foi anunciado por vozes contraditórias que proclamavam a Boa Nova com formas discordantes. Há quem se sinta tentado a simplesmente resignar-se, considerando tais divisões e os conflitos que lhes são subjacentes como mera e natural herança nossa história. Contudo, trata-se de uma ferida ao interno da comunidade cristã, que contradiz claramente o anúncio de que Deus reconciliou o mundo em Cristo.
A unidade cristã é uma comunhão que se baseia na nossa subscrição à Cristo e a Deus. Convertendo-nos sempre mais a Cristo, nós nos percebemos reconciliados pela potência do Espírito Santo. Rezar pela unidade cristã é reconhecer nossa confiança em Deus; é nos abrir inteiramente ao Espírito. Unida aos demais esforços que empreendemos em prol da unidade dos cristãos – como o diálogo, o testemunho comum e a missão – a oração é um instrumento privilegiado pelo qual o Espírito Santo manifesta ao mundo nossa reconciliação em Cristo, este mundo que ele veio salvar.

Oração
Deus de compaixão, tu nos amaste e perdoaste em Cristo. Tu reconciliaste toda a humanidade em teu amor redentor. Olha com bondade todos aqueles que trabalham e rezam pela unidade das Comunidades cristãs, ainda divididas. Dá-lhes serem irmãos e irmãs em teu amor. Possamos nós ser um, “um em tua mão”. Amém.
Adaptado do Guião para esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos elaborado pelo PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

sábado, 17 de janeiro de 2009

AMOR CRESCENTE


Quando, logo no início da minha infância, compreendi que Deus existia, sempre fui cautelosa e receosa quanto à minha salvação e quanto à observância no cumprimento rigoroso da vida dedicada a Deus. Mas, quando soube que Ele era o meu criador e juiz de todos os meus actos, eu amei-O profunda e intimamente e a toda hora receio ofendê-l’O com palavras ou com as minhas acções. Mais tarde, quando aprendi que o Senhor nos tinha dado a Lei e os Mandamentos e que tinha realizado tantas maravilhas, com elas, resolvi, firmemente, do mais profundo de minha alma, que eu não amaria a ninguém mais senão a Ele; e as coisas terrenas tornaram-se consideravelmente amargas aos meus olhos.

Após esta constatação, tendo conhecimento de que Deus resgataria o mundo e que nasceria de uma Virgem, senti-me tocada e ferida por um amor tão grande por Ele que não conseguia pensar em nada que não fosse Ele e tudo o que eu desejava era Ele. Afastei-me tanto quanto possível das conversas familiares e da presença de meus parentes e amigos; eu dava aos pobres tudo o que tinha, guardando comigo roupas bem simples e o indispensável para a sobrevivência.

Santa Brígida da Suécia
in Revelações Celestes, livro I, capítulo 10

*

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009


“O problema não é a bomba atómica,
o problema é o coração dos homens”.

Albert Einstein
*

“Onde estiver o teu tesouro,
aí estará também o teu coração.
A lâmpada do corpo são os olhos;
se os teus olhos estiverem sãos,
todo o teu corpo andará iluminado.”

Mt 6, 21-22
*

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

VENCER OS NOSSOS MEDOS

Conta a Narrativa dos três companheiros de São Francisco de Assis o seguinte facto da vida do santo:
Um dia, indo o jovem Francisco a cavalo perto de Assis, veio um leproso ao seu encontro. Tinha habitualmente grande horror aos leprosos, e por isso foi-lhe violento obrigar-se a descer do cavalo, mas fê-lo, e deu-lhe uma moeda de prata, beijando-lhe a mão. Tendo recebido do leproso um beijo de paz, subiu para o cavalo e seguiu o seu caminho. A partir daquele momento, começou a ultrapassar cada vez mais aquela sua limitação, até conseguir a perfeita vitória sobre si próprio, pela graça de Deus.
Alguns dias mais tarde, tendo-se munido com grande quantidade de moedas, dirigiu-se ao hospício dos leprosos e, tendo-os reunidos a todos, deu uma esmola a cada um, beijando-lhes a mão. No regresso, o que dantes lhe parecia tão amargo – quer dizer, ver ou tocar os leprosos – tinha-se verdadeiramente transformado em doçura. Ver leprosos era-lhe, como por vezes dizia, tão penoso, que não só se recusava a vê-los como a aproximar-se da sua habitação; se lhe acontecia vê-los ou passar perto da leprosaria [...], desviava o rosto e apertava o nariz. Mas a graça de Deus tornou-o tão próximo dos leprosos que, como o atesta no testamento, vivia entre eles e servia-os humildemente. A visita aos leprosos tinha-o transformado.

Todos nós temos obstáculos a enfrentar, quotidianos ou ocasionais, previstos ou inesperados. No trabalho, na família, na hora de tomar decisões profissionais ou vocacionais, nas circunstâncias mais diversas da nossa vida. Francisco sentia repulsa pela lepra. Mas sentia que a perfeição que desejava e o seu amor por Deus só seriam autênticos quando vencesse a sua própria fraqueza, o seu medo.
Perante as dificuldades que se nos deparam, experimentamos diversos sentimentos: hesitação, tentação de desistir, de recuar; fingimos, adiamos, procuramos alternativas… Mas nada disso nos traz a paz.

As dificuldades não são entraves ao nosso crescimento, à nossa vida. São antes desafios e degraus a enfrentar, a vencer. Mesmo que lutando não sejamos bem sucedidos, sairemos sempre mais fortes e enriquecidos pelo esforço. Outras “batalhas” se seguirão. A experiência acumulada de quem nunca desistiu, independentemente dos sucessos alcançados, prepará-lo-á para vencer desafios futuros e decisivos.
Naturalmente, contamos com a ajuda de Deus. Porém, não esperemos que Ele nos poupe das tais dificuldades. Tal como Francisco de Assis, Deus deseja ver-nos crescer na perfeição, vencendo os nossos próprios temores e preconceitos, não apenas pelos nossos méritos, mas na confiança n’Ele.
Então, também a nossa vida se transformará e será mais plena.
*

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

ALBERT SCHWEITZER, a felicidade do serviço


Albert Schweitzer nasceu nesta data de 14 Janeiro, no ano de 1875, na Alsácia então território alemão antes de passar para administração francesa. Filho de um pastor luterano, formou-se inicialmente em teologia e filosofia, sendo ainda um dos melhores intérpretes de Bach e uma autoridade na manufactura de órgãos.

Mas é aos 30 anos que a sua vida irá mudar radicalmente. Sendo docente numa das mais notáveis universidades europeias, músico reputado e pastor da sua comunidade, decide deixar tudo para consagrar a vida à humanidade. Nada do que era chegava para saciar a sua alma sempre disponível para o serviço. Aposta na medicina com o objectivo de ajudar as populações africanas necessitadas.
Parte para o Gabão, juntamente com a sua esposa formada em enfermagem. Ao deparar-se com a falta de recursos iniciais, improvisou um consultório num antigo galinheiro. O clima hostil, a falta de higiene, o idioma que não percebia, a carência de remédios e instrumental insuficiente não o impediram de atender os pacientes. Tratava mais de 40 doentes por dia e paralelamente ao serviço médico, ensinava o Evangelho com uma linguagem apropriada, dando exemplos tirados da natureza sobre a necessidade de agirem em benefício do próximo.
Só a I Grande Guerra interrompeu o seu trabalho missionário. Depois disso, realizou uma série de conferências, com o intuito de recolher fundos para reconstruir a sua obra na África, nomeadamente um hospital devidamente equipado. A sua compaixão não se limitava ao homem, mas a toda a natureza e seus seres.
Como reconhecimento pela sua vida e obra recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1952. O seu exemplo motivou muitos outros missionários e médicos.
Faleceu no dia 4 de Setembro de 1965, em Lambaréné, no Gabão.

A guerra, a miséria de tantos povos levou-o a reflectir sobre a humanidade, iluminado pela sua fé. Eis alguns dos seus pensamentos:
“O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de se dominarem a si mesmos.”
“A nossa civilização está condenada porque se desenvolveu com mais vigor materialmente do que espiritualmente. O seu equilíbrio foi destruído.”
“Só são verdadeiramente felizes aqueles que procuram ser úteis aos outros.”
“Não há heróis da acção; só heróis da renúncia e do sofrimento.”
“Os anos enrugam a pele, mas renunciar ao entusiasmo faz enrugar a alma.”
“Não devemos contentar-nos em falar do amor para com o próximo, mas praticá-lo.”
“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.”
“A tragédia do homem é o que morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo.”
“Não sei qual será o seu destino, mas uma coisa eu sei: os únicos entre vós que serão realmente felizes são os que procurarem e encontrarem um meio de Servir.”