sábado, 25 de dezembro de 2010

ELE ESTÁ ENTRE NÓS!



"... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós..."
cf. Jo 1, 1-18

Parecia impossível.
Era o desejo mais profundo do nosso coração. E hoje tornou-se realidade: Deus desceu do Céu e veio partilhar connosco a nossa realidade.
Deixou de haver barreiras entre nós e Deus.
Hoje é o dia da alegria. Uma alegria que nasce da beleza do gesto de Deus. Do caminho de liberdade que Ele nos aponta.
Uma alegria que se faz programa de vida: a tua vida pode ser a casa onde Deus mora.

Para rezar:
Senhor, Jesus,
venho ter conTigo,
como os pastores.
Como eles, tenho pouco para oferecer.
Recebe o meu empenho de Te deixar morar no meu coração.
Dá-me a alegria de Te ver no rosto dos meus irmãos.

in "Rezar no Advento, para encontrar o Cristo que vem", ed. Salesianas

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

QUEM ME CHAMAS A SER, SENHOR?


“Quem virá a ser este menino?”
cf. Lc 1, 57-66

As pessoas admiram-se com o nascimento de João Baptista. E perguntam-se: que fará ele na vida? É uma pergunta que podes fazer a ti mesmo: quem serás tu?
Tens os teus planos. Há expectativas que as outras pessoas têm sobre ti.
Mas, se quiseres, podes parar e perguntar-te: qual o plano de Deus sobre mim? Quem estou chamado a ser?
E se escutares a voz de Deus que te fala no silêncio, vais descobrir que Deus sonha muito mais alto do que tu mesmo. Ele olha para ti e vê que és capaz de fazer mais, ser mais, amar mais do que poderias imaginar.
E Ele está ao teu lado, como esteve ao lado de João, para te ajudar a crescer. Sempre.

Para rezar:
Quem me chamas a ser, Senhor?
Serei capaz de ir mais além das minhas limitações?
O amor que me dás far-me-á capaz de superar o meu egoísmo?
A tua presença amiga vai ajudar-me a vencer os medos e as inseguranças?
Não sei quem me chamas a ser, Senhor.
Basta-me saber que estás ao meu lado para avançar confiante.

in “Rezar no Advento, para encontrar Cristo que vem”,
edições Salesianas

domingo, 12 de dezembro de 2010

A FÉ... E OS SINAIS


“Ide contar a João o que vedes e ouvis:
os cegos vêem, os coxos andam…
a Boa Nova é anunciada aos pobres…”
cf. Mt 11,2-11


A nossa fé não nasce no vazio.
Há sinais, pequenos e grandes, que nos sugerem a presença de um Deus terno, próximo de nós.
Para crescer na fé tens de procurar os sinais.
E o maior é o amor.
A coragem daqueles que amam sempre, mesmo nesta cultura de violência e indiferença.
Os gestos de perdão, de amor gratuito, que só se explicam pela presença de Deus na vida das pessoas.
A capacidade de servir os outros sem esperar recompensa. O empenho por transformar uma sociedade injusta numa casa acolhedora para todos.


Para rezar:
Eu quero louvar-Te, Senhor,
pelos sinais de bondade
que puseste no meu caminho;
que me ajudam a perceber
a imensidão do amor que me tens;
que me convencem
que a minha vida tem valor;
que me mostram
que não estou sozinho
diante das minhas dificuldades.

In Rezar no Advento, Ed. Salesianas

terça-feira, 30 de novembro de 2010

DEUS, PEGA-ME PELA MÃO...



Deus, pega-me pela mão,
acompanhar-Te-ei bem comportadamente,
sem muita resistência.
Não me desviarei de nada
do que nesta vida vier de encontro a mim,
tentarei integrar tudo em mim
com as minhas melhores forças.
Mas dá-me de vez em quando
um momento de sossego.
Também não pensarei mais,
na minha ingenuidade,
que essa paz, se ela vier, será eterna;
hei-de aceitar igualmente o desassossego e a luta
que hão-de vir outra vez.
Gosto de me sentir abrigada e segura,
mas não irei revoltar-me se for exposta ao relento,
desde que seja pela Tua mão.
Hei-de acompanhar-Te sempre guiada pela tua mão
e tentarei não ter medo.
Hei-de tentar irradiar algo do amor,
do verdadeiro amor ao próximo,
que tenho dentro de mim,
onde quer que eu esteja.”

Etty Hillesum
+ 30 de Novembro de 1943, Auschwitz


 
Para recordar a história de Etty (em duas partes):

sábado, 13 de novembro de 2010

REZANDO PELOS SEMINÁRIOS


Jesus Cristo, Bom Pastor
que dás a vida pelas Tuas ovelhas.
Tu que és o Filho muito amado do Pai,
Tu que és o nosso Mestre e Salvador.
Faz dos nossos seminários
Comunidades de discípulos,
Sementeiras de amor,
de serviço e de entrega radical pelo Teu Reino;
sinais de esperança de um futuro de vida verdadeira,
em abundância para todos.
Fortalece e ilumina
no discernimento vocacional os nossos seminaristas;
confirma nos dons do Espírito Santo os seus formadores;
enche de generosidade e espírito de serviço
os auxiliares que com eles trabalham.
Recompensa e abençoa os benfeitores,
que com a oração e partilha de bens, zelam pela missão;
ampara o nosso bispo e os nossos párocos,
para que sejam sempre fiéis ao dom do seu sacerdócio;
desperta a generosidade e a coragem dos nossos jovens
para Te seguirem e concede às nossas famílias
o dom de Te proporem como caminho, verdade e vida…
Nós Te pedimos por intercessão de Nossa Senhora,
Tua e nossa mãe…


sábado, 30 de outubro de 2010

QUIM TÓ, o “pequeno santo” da Beira


Era uma criança muito viva e irrequieta, agressiva, de tal maneira que o pai o chamava “barril de pólvora” e a avó de “pombo bravo”.
Joaquim António Osório Dias Gonçalves, de seu nome completo, nasceu na “nossa” Gouveia, a 10 de Junho de 1949.
Em Outubro de 1955 vai para a escola. Embora inteligente não era aplicado. Pouco pontual dizia do professor, para se justificar: “Bater não bate e ralhar não dói”. É um exemplo de traquina e espertalhão. Engenhocas, desmonta e volta a montar tudo o que encontra. De tal modo que decide ser, quando for grande, engenheiro.
Em Dezembro de 1958 aparecem os primeiros sintomas da doença que o iria vitimar. Doença essa que progride e o impede de continuar na escola. Entre os tratamentos e o sofrimento cada vez maior o Quim Tó transforma-se, tornando-se mais dócil e, sobretudo, ganhando uma vida espiritual cada vez mais intensa. Passa a comungar diariamente. “Afinal, só agora estou a perceber que a doença me fez muito bem!
Antes, tão cioso das suas coisas, permite agora que os seus irmãos brinquem com os seus brinquedos. Diante do sofrimento, inicialmente dizia “Aceito”; por fim dizia: “Ofereço”.
O Quim Tó tornou-se doce, manso e condescendente.
A 21 de Junho de 1960 é crismado pelo D. João de Oliveira Matos. Questionado sobre o dom do Espírito Santo por ele mais desejado, respondeu: “a Fortaleza, para suportar a doença”. Mais tarde disse: “Parece que o Espírito Santo me está a ajudar, pois já sinto mais vontade de rezar”.
Sinal disso era a maneira como vivia a eucaristia: “A missa vale mais que a Serra de Estrela cheia de ouro”.
Por fim, queria já ser engenheiro, para as coisas da terra, e padre, para as coisas do céu.
Teve conhecimento dos exemplos de crianças que testemunharam da sua fé e amor a Deus: Nenolina, Guy de Fontgalland e Domingos Sávio que ele tomou como exemplo.
Inscreveu-se na “Cruzada Eucaristia das crianças”, tornando-se um verdadeiro apóstolo: oferecia o sofrimento e oração pelas almas. Chegava a rezar o Rosário completo. Tinha particular atenção em evangelizar os seus irmãos.
Uma amiga da família dirá dele: “Com 40 de febre, a escaldar, ou livre dela, os seus olhos e o seu sorriso são uma mensagem do céu”.

Carta a João XXIII
Sugeriram-lhe que escrevesse ao papa, João XXIII, que acabara de convocar a Igreja para um novo Concílio. O Quim Tó revela-se plenamente na pequena missiva que envia para Roma:
Santíssimo Padre:
Venho escrever a Vossa Santidade para dizer que ofereço a minha doença e a minha vida pelo Concílio Ecuménico, pela conversão dos pecadores e pela Igreja perseguida.
Tenho 11 anos e estou doente a dois.
Quis ser engenheiro, depois quis ser padre-engenheiro, mas agora só quero o que for da Vontade de Deus.
Peço que seja Vossa Santidade a oferecer-me em união com Jesus à Santíssima Trindade e peço ainda para me abençoar.
Joaquim António Osório Dias Gonçalves
Gouveia, Agosto de 1960"

João XXIII responderá com um telegrama e o envio de uma fotografia autografada. Todavia, o Quim Tó acabaria por falecer antes do início do Concílio, no dia 30 de Outubro de 1960.
Faz hoje 50 anos.

domingo, 24 de outubro de 2010

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES



Espírito Santo,

que desceste sobre os Apóstolos
e os fizeste anunciadores do Evangelho:
derrama os teus dons sobre cada um de nós
e torna-nos sensíveis aos apelos
e às necessidades dos nossos irmãos;
desperta em muitos corações
(crianças, jovens e adultos…)
o ideal missionário;
dá força e coragem a todos quantos
se entregaram totalmente
ao serviço da MISSÃO.
Ámen!

domingo, 17 de outubro de 2010

NO DIA MUNDIAL DA IRRADICAÇÃO DA POBREZA...


PERMITE-ME, SENHOR…

Permite-me, Senhor,
uma intenção especial para o meu povo,
o mundo dos sem voz.
Há milhares e milhares de criaturas humanas
sem direito a erguerem a voz,
sem possibilidade de reclamarem, de protestarem:
os sem casa, os sem alimento, os nus…

Se nós, que cremos em Ti,
tivéssemos ajudado os nossos irmãos ricos,
os privilegiados, abrindo-lhes os olhos,
despertando a sua consciência,
os injustos não teriam avançado,
a distância entre ricos e pobres não seria tão gritante,
não só entre indivíduos
mas também entre continentes.

Faz, ó Senhor, aquilo que não soubemos fazer
e aquilo que não sabemos fazer.
Como é difícil superar o obstáculo
das ajudas, dos dons, da assistência,
e atingir o domínio da justiça!
Os privilegiados irritam-se,
julgando-se incompreendidos;
vêem a revolta e comunismo
nos gestos mais democráticos,
mais humanos, mais cristãos.

O erro, pelo menos em parte, é nosso.
Se as Igrejas conseguissem dar
um testemunho da vontade
de se libertarem da engrenagem do dinheiro!

Pai, envia o teu Espírito
porque só Ele pode renovar a face da terra!
Só Ele pode cancelar os egoísmos,
condição indispensável
para que sejam superadas as estruturas injustas
que mantêm milhões de seres na escravidão.
Só Ele poderá ajudar-nos
a construir um mundo mais humano e mais cristão.

D. Helder Câmara
A Voz do Mundo dos Sem Voz
in "Lucas.. e paz na terra!" de Lopes Morgado

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A BOA MEDITAÇÃO



«Não temais»
cf. Lc 12,1-7

A verdadeira razão pela qual nem sempre és bem sucedido na tua meditação é esta – e não me engano! Começas a tua meditação na agitação e na ansiedade. Isso é o suficiente para que não obtenhas nunca o que procuras, porque o teu espírito não está concentrado na verdade que meditas e não há amor no teu coração. Esta ansiedade é ineficaz, não retiras dela senão uma grande fadiga espiritual e uma certa frieza da alma, sobretudo ao nível afectivo. Não conheço para isso senão um remédio, que é este: abandonares essa ansiedade, que é um dos maiores obstáculos à prática religiosa e à vida de oração. Ela faz-nos correr para nos fazer tropeçar.

Não quero evidentemente dispensar-te da meditação simplesmente porque te parece que não retiras dela nenhum benefício. À medida que fizeres vazio em ti, que te desembaraçares desse apego por meio da humildade, o Senhor te dará o dom da oração que guarda na Sua mão direita.


Santo [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968),
Capuchinho, Ep 979-98
fonte: www.evangelhoquotidiano.org

domingo, 26 de setembro de 2010

Hino à Bem-aventurada Chiara “Luce” Badano

Deus me ama

A lembrança de ti está sempre aqui
Mas não, não é uma lembrança porque tu,
Tu és uma presença,
Um anjo que vive ao nosso lado.
Gostaria de descrever-te
Mas não tenho palavras, porque tu
Tu és cada vez maior
Do que aquilo que eu possa dizer de ti, de ti.
Mas vou tentar descrever-te
Olhando para a tua imagem
Esculpida eternamente dentro de mim.
Chiara Luce, clara alba, nas alturas
Chiara Luce, alba límpida e serena
Mulher forte, sempre viva no Amor
Mulher verdadeira, dás muita paz interior.
Deus me ama, dizias tu,
Abandonada nele.
Deus me ama, dizemos nós contigo, Chiara.
Um coro de anjos estava ali
À cabeceira onde estavas tu
Soltavas as tuas velas
No mar azul da eternidade.
Iluminava-se o teu sorriso:
Envolvida pela fileira de Maria
Com o teu sorriso
Deste o paraíso que estava em ti.
E tu estás dentro do invisível,
Eternamente jovem
És nossa “Luz” e o serás para sempre.
Chiara Luce, clara alba, nas alturas
Chiara Luce, alba límpida e serena
Mulher forte, sempre viva no Amor
Mulher verdadeira, dás muita paz interior.
Deus me ama, dizias tu,
Abandonada nele.
Deus me ama, dizemos nós contigo, Chiara.

sábado, 25 de setembro de 2010

BEM AVENTURADA CHIARA LUCE


Chiara "Luce" Badano acaba de ser proclamada Bem-aventurada.
Aquela que, no seu leito de dor, dizia "não tenho mais nada, contudo tenho o meu coração e com ele posso sempre amar", pode ser agora venerada como exemplo e interecessão. Chiara reflectiu e concretizou o que a fundadora dos focolares, Chiara Lubich, dizia: "Serei santa, se for santa já!"
Qual o seu segredo?
Esta jovem percebeu e viveu o amor de Deus: "Deus me ama imensamente". E, por isso, não teve medo de enfrentar o sofrimento: "Se é o que queres, Jesus, também eu o quero".
Apesar da luta, a sua existência acabará por ser marcada pela felicidade e paz que habita o coração daqueles que confiam em Deus, despedindo-se da sua mãe com estas palavras: "Mãe, seja feliz porque eu sou feliz. Adeus."


UMA CANÇÃO PARA CHIARA



Luz


Brilhavas aqui,
Entre tantos, sem saber
Eras ainda pequena.
Reflexo, sombra, luz
Cada um tem o seu lugar,
mas tu buscavas algo mais.
Então uma brisa quente
Tomou as tuas mãos,
E agora dirá ao teu coração:
“Corre, corre, brilha ao meu lado
Na mesma luz.
Corre, corre, brilha, brilha,
És Luz Clara e bela”.
A noite esperava ver-te sorrir
Para dissolver-se na tua luz.
Sabias que nunca estavas só
Porque o Sol resplandecia em ti.
A brisa, agora sabes,
Sopra sempre ao teu lado
E agora se alçará do teu coração.
Corre, corre
Diz-me que não há nada o que temer!
Corre, corre, brilha, brilha,
És Luz Clara e bela.
Corre, corre,
Diz-me que não há nada a temer
Corre, corre, brilha, brilha,
Porque a tua luz agora está em mim.

BEATIFICAÇÃO de CHIARA "LUCE"


Nesta tarde de 25 de Setembro, em Roma, será beatificada a Chiara "Luce" Badano,  jovem italiana falecida aos 18 anos. A forma como viveu , nomeadamente a doença que a vitimou, marcou profundamente todos aqueles que a conheceram. De tal maneira o seu testemunho de fé irradiou que, ainda em vida foi chamada de "Luce" (luz).
A partir de hoje, de forma oficial, os jovens passam a contar com mais um modelo e intercessão no céu.

Recorda aqui a sua impressionante história:

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ECONTRAR-SE COM DEUS NO SILÊNCIO


«Jesus foi para o monte fazer oração
e passou a noite a orar a Deus»
cf. Lc 6,12-19

Os contemplativos e os ascetas de todos os tempos e de todas as religiões sempre procuraram a Deus no silêncio, na solidão dos desertos, das florestas, das montanhas. O próprio Jesus viveu quarenta dias em absoluta solidão, passando longas horas num coração a coração com o Pai, no silêncio da noite.

Nós próprios somos chamados a retirar-nos a espaços para um silêncio mais profundo, para um isolamento com Deus; a estar a sós com Ele, não com os nossos livros, os nossos pensamentos, as nossas recordações, mas num despojamento perfeito; a permanecer na Sua presença – silenciosos, vazios, imóveis, expectantes.

Não podemos encontrar a Deus no barulho, na agitação. Veja-se na natureza: as árvores, as flores e a erva dos campos crescem em silêncio; as estrelas, a lua, o sol movem-se em silêncio. O essencial não é o que possamos dizer mas o que Deus nos diz e o que Ele diz a outros através de nós. Ele escuta-nos no silêncio; no silêncio fala às nossas almas. No silêncio é-nos dado o privilégio de escutar a Sua voz:

Silêncio dos nossos olhos.
Silêncio dos nossos ouvidos.
Silêncio das nossas bocas.
Silêncio dos nossos espíritos.

No silêncio do coração,
Deus falará.


Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997),
Fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade,
Não há maior amor
fonte: http://www.evangelhoquotidiano.org/

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DEUS AMOR



«No seu amor, Deus não quer senão ser amado.
Ele somente ama para que O amamos;
pois Ele sabe: aqueles que O amarão
encontrarão precisamente nesse amor a plenitude da alegria.
Que grande coisa essa de amar!»

S. Bernardo de Claraval

Para saberes mais sobre S. Bernardo, o santo que comemoramos hoje, clica aqui:
http://sdpv.blogspot.com/2008/08/muitos-daqueles-que-conhecem-mal-so.html

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

MARIA TUDO FAZIA POR AMOR


O amor era tudo e tudo fazia nela e através dela.

Se ela rezasse, era o amor que rezava nela e através dela.
Se ela adorava e louvava a Deus, era o amor que o adorava e o louvava nela.
Se ela falava, era o amor que falava nela e através dela.
Se ela se calasse, era o amor que a mantinha em silêncio.
Se ela laborava, era o amor que a mantinha no trabalho.
Se ela repousava, era o amor que a colocava no repouso.

São João Eudes (+19 de Agosto de 1680)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

VEM E SEGUE-ME


«Vem e segue-Me»
cf. Mt 19, 16-22


Quanto mais te separares das coisas terrenas mais te aproximarás das coisas do céu e mais riquezas em Deus encontrarás.
Aquele que souber morrer para tudo encontrará vida em tudo.
Separa-te do mal, faz o bem, procura a paz (Sl 33, 15).
Aquele que se queixa ou que murmura não é perfeito e nem sequer é bom cristão.
Aquele que se esconde no seu próprio vazio e sabe abandonar-se a Deus é humilde.
Aquele que sabe suportar o próximo e suportar-se a si mesmo é doce.
Se queres ser perfeito, vende a tua vontade e dá-a aos pobres de espírito. Em seguida vira-te para Cristo para obteres d'Ele a doçura e a humildade e segue-O até ao calvário e ao sepulcro.



São João da Cruz (1542-1591),
carmelita, Doutor da Igreja
Conselhos e máximas, 169-175

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O ESPELHO de Santa CLARA


Neste dia de Santa Clara, transcrevemos parte da carta que ela escreveu a Inês de Praga.



“Feliz de quem pode gozar as delícias do sagrado banquete e unir-se intimamente ao coração de Cristo… Ele é o esplendor da luz eterna, o espelho puríssimo da acção divina. Olha continuamente para este espelho… contempla nele o teu rosto e procura adornar-te interior e exteriormente com as mais variadas flores das virtudes…


Neste espelho se reflecte esplendidamente a ditosa pobreza, a santa humildade e a inefável caridade, como podes observar, com a graça de Deus, em todas as suas partes. Ao começo do espelho, repara na pobreza d’Aquele que foi colocado no presépio e envolvido em panos. Oh admirável humildade, oh espantosa pobreza! O Rei dos Anjos, o Senhor do céu e da terra deitado num presépio!

No centro do espelho, observa como a humildade, ou a santa pobreza, suporta tantos trabalhos e tormentos para remir o género humano.

E no fim do espelho, contempla a caridade inefável que O levou à cruz e à morte mais infamante.


Por isso o próprio espelho, suspenso na cruz, exorta os transeuntes a considerar estas coisas, dizendo: Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor.

Respondamos nós aos seus clamores e gemidos, com uma só alma e um só coração: a minha alma sempre o recorda e desfalece de tristeza dentro de mim. Abrasa-te cada vez mais neste amor, ó rainha do Rei celeste.”


Da carta de Santa Clara à Inês de Praga (séc. XIII)



Para melhor conheceres a história de Santa Clara, clica aqui:

http://sdpv.blogspot.com/2008/08/clara-de-assis-alegria-de-existir.html





terça-feira, 10 de agosto de 2010

"Sou apenas um instrumento do Senhor.
Quem vem a mim, quero levá-lo até Ele."
.
Edith Stein (Stª Teresa Benedita da Cruz)


Para conhecer melhor esta mulher que sempre buscou a verdade, clica aqui: http://sdpv.blogspot.com/2007/11/edith-stein-testemunha-da-verdade.html

domingo, 1 de agosto de 2010

A MINHA HERANÇA...


“O que preparaste, para quem será?”

Cf. Lc 12, 13-21

.

“Gostaria que alguém contasse, no dia da minha morte, que Martin Luher King procurou viver ao serviço do próximo.

Gostaria que alguém dissesse, nesse dia, que MLK procurou amar alguém.

Quero que possais dizer, nesse dia, que procurei ser justo e quis caminhar juntamente com os que agiam com justiça, que me empenhei em dar de comer ao faminto, que sempre tratei de vestir o nu. Quero que digais, nesse dia, que dediquei a minha vida a visitar os que sofriam nas prisões. E quero que digais que tentei amar e servir os homens.

Sim; e, se quiserdes, dizei também que fui arauto. Dizei que fui arauto da justiça. Dizei que fui arauto da paz. Dizei que fui arauto da equidade.

E todas as outras coisas superficiais (prémio Nobel da Paz 64) não terão importância.

Não terei dinheiro para deixar quando me for. Também não deixarei comodidades nem luxos da vida, porque tudo o que quero deixar à minha partida é uma vida de entrega.

É isto que tenho a dizer-vos. Se pude ajudar alguém quando nos encontrámos ao longo do caminho, se pude fazer ver a alguém que tinha escolhido o mau caminho, então a minha vida não terá sido em vão.

Se conseguir cumprir os meus deveres como um cristão os deve cumprir, se conseguir levar a salvação ao mundo, se conseguir difundir a mensagem que o Mestre ensinou, então a minha vida não terá sido em vão.”

Martin Luther King

E tu, que gostarás de deixar em herança àqueles que te conhece(ra)m?

...

sábado, 31 de julho de 2010

DIÁCONO, vocação de testemunho e serviço


No passado dia 27 de Junho, foram ordenados dois sacerdotes e quatro diáconos. Um destes, o João Marçalo, de 24 anos de idade e natural do Colmeal da Torre, aceitou partilhar connosco um pouco da sua caminhada, nomeadamente a do último ano, o chamado estágio pastoral que decorreu no arciprestado de Trancoso.


Voc Acção - Que “frutos” colheste deste ano pastoral?
João - Gostava de começar por dizer que este foi um ano de sementeira, e de cultivo.
Em primeiro lugar porque foi ano de transição, de conhecimento, de contacto, e de estabelecer relações, sem elas não seria capaz de compreender as circunstâncias pessoais e culturais em que vivem as comunidades.
Em segundo lugar é impossível colher aquilo que não se planta; nesse sentido o meu ano foi um ano de labuta, um ano em que compreendi as dificuldades da terra, e que aprendi a semear e a cultivar, com os semeadores que conhecem a terra. Entendi o significado do cultivo, do cuidar, senti algumas vezes a aridez e pó da própria terra; Gostei de perceber como crescem as plantas, que algumas têm necessidade de água e que outras não precisam dela.
Aprendi ao longo deste ano que só semeando na boa terra, regando-a paciente e amorosamente, é que algum dia Ele poderá colher bons frutos.

Voc AcçãoAgora que abraçaste uma nova condição na Igreja, que representa para ti o diaconado?
João - Duas palavras: testemunho e serviço.


Desejamos ao João um bom e frutuoso diaconado, no serviço da Igreja e de testemunho perante o mundo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SER FERMENTO


«O Reino do Céu é semelhante ao fermento

que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha,

até que tudo fique fermentado.»

cf. Mt 13,31-35

.

.

A parábola do fermento

O Senhor apresenta a seguir a imagem do fermento: [...] da mesma forma que este fermento transmite a sua força à massa da farinha, também vós transformareis o mundo inteiro. [...] Não levanteis objecções, dizendo: Que podemos fazer, nós que somos apenas doze, no meio de tão grande multidão? Aquilo que demonstrará o brilho do vosso poder será precisamente o facto de enfrentardes a multidão sem recuar. [...] É Cristo que dá ao fermento o poder que ele tem: Ele misturou na multidão aqueles que tinham fé n'Ele, para que comuniquemos os nossos conhecimentos uns aos outros. Não Lhe censuremos, pois, o pequeno número dos Seus discípulos, pois o poder da mensagem é enorme; e, quando a massa tiver fermentado, tornar-se-á fermento para o resto. [...]

Mas se doze homens fermentaram a terra inteira, que maus somos nós que, apesar de sermos em número considerável, não conseguimos converter os que nos rodeiam, quando tal número deveria ser suficiente para ser fermento de milhares de mundos! – Mas estes doze, dizeis vós, eram os Apóstolos! – E depois? Não estavam nas mesmas condições que nós? Não habitavam também nas cidades? Não partilhavam também o nosso destino? Não exerciam também uma profissão? Seriam anjos descidos do céu? Dizeis que eles fizeram milagres? Mas não é por isso que os admiramos. Até quando falaremos dos seus milagres para esconder a nossa preguiça? [...] – Então de onde vem a grandeza dos Apóstolos? – Do seu desprezo pelas riquezas, de seu desdém pela glória. [...] É a maneira de viver que dá o verdadeiro brilho e que faz descer a graça do Espírito Santo.

São João Crisóstomo (c. 345-407),

Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja,

Homilias sobre São Mateus, 2-3

in http://www.evangelhoquotidiano.org/

sábado, 24 de julho de 2010

DÁ-ME A TUA MÃO DEVAGARINHO...


Seja qual fora a hora do dia,
mas, se possível, logo de manhãzinha,
que eu sinta a doçura do carinho
da única companhia que é a luz no meu caminho.
Mãe da caridade, viva e pura,
conheces bem as minhas amarguras,
e os outros tantos sonhos por realizar.

Por isso, recolhe, ó Mãe dos crentes,
a migalha deste meu dia,
empresta a esse bocadinho de nada
um coração inteiro que bata somente
por amor do teu Filho.

Seja qual for a hora do dia, Mãe querida,
dá-me a tua mão devagarinho.

Conceição Barreira de Sousa
in "Acordar com Deus", ed. Paulinas

sábado, 17 de julho de 2010

ALIANÇA DE MISERICÓRDIA, uma obra de Deus para todos


Há 500 anos, os nossos navegadores descobriam o Brasil. Bem cedo, numerosos missionários portugueses atravessaram o Atlântico com o intuito de evangelizar os povos da América.

Cinco séculos decorridos, as caravelas regressam com novos missionários, mas agora para dar um novo alento de fé à velha Europa.


São nove jovens dinâmicos, cheios de Deus e da sua alegria, todos brasileiros, entre os 23 e 35 anos. Deixaram a sua pátria natal, família e amigos, aceitando o desafio de Deus numa nova família e novo projecto de vida: a Aliança de Misericórdia.

Este Movimento eclesial nasceu em São Paulo, espalhando-se rapidamente pelo Brasil. Encontra-se já presente em Portugal, desde 2008, na Bélgica, Itália e Polónia. A Aliança de Misericórdia combina as forças e o desejo de homens e mulheres, celibatários e casados, leigos e clérigos que, sentindo-se chamados por Deus, tornam-se “filhos da misericórdia” para amar e evangelizar as “ovelhas perdidas”, os filhos predilectos de Deus na pessoa do pobre, marginalizado, desfavorecido ou esquecido pela sociedade.


Carisma e missão

O Movimento enraíza o seu carisma e espiritualidade no coração misericordioso de Cristo, procurando seguir a sua “Palavra de Vida”, retirado do Evangelho de Lucas (4, 18-19): «O Espírito do Senhor está sobre mim,porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.»

Oração, evangelização e caridade norteiam a vida destes missionários que buscam a libertação integral e transformação de cada homem e mulher a quem anunciam a misericódia de Deus. Acolhedores de todos, aprendem pelas “escolas” de Maria, da Palavra de Deus, do Espírito Santo e dos Pobres a serem rosto e coração de Deus para quanto encontram nos seus caminhos, desafiando-os a passarem de evangelizados a evangelizadores.

Concretamente, em Lisboa, os missionários da Aliança realizam evangelização de rua, nomeadamente junto dos sem abrigo e das prostitutas, promovem retiros de primeiro anúncio para jovens (“Thalita Kum”), missões organizadas, evangelização pela música (“Cristoteca”) e pela arte (“Evangelizarte”) e diversas acções pastorais, de modo especial no bairro social do Casal da Mira, etc…

Como lhes disse, uma noite, uma jovem mulher nigeriana: “É Deus que vos chama a vir para a rua; é Ele que vos dá a sabedoria, as palavras e a coragem para fazer isto... até ao dia em que Ele vos chamar.

E assim é!


Se os quiseres conhecer melhor, visita o seu sítio:

www.misericordia.com.pt

Vale a pena experimentar e viver a misericórdia de Deus!

sábado, 10 de julho de 2010

900 MIL QUILÓMETROS PARA CHEGAR A DEUS, novos sacerdotes (parte II)


O Luís Miguel Alves Nobre fez o equivalente a 20 voltas ao mundo.

Natural do Alentejo, partiu da sua terra adoptiva, Vilar Formoso, percorrendo a Europa num camião TIR até passar o volante a Deus. No passado dia 27 de Junho chegou onde o Senhor o chamava: ao sacerdócio.


Agora com 29 anos de idade, este “camionista de Deus” tem certamente muito para nos contar. O Padre Luís Nobre partilha, pois, um pouco da sua aventura connosco. Antes de mais vale a pena recordar como tudo começou: A minha caminhada vocacional teve início na minha paróquia, onde através de uma interpelação deixada por um sacerdote, ficou uma semente que com o passar do tempo foi crescendo e amadurecendo. Ao princípio tentei ignorar esta voz, este desejo, esta atracção, tentei com todas as minhas forças lutar contra ela, mas ela foi crescendo de tal modo que me seduziu. Ao entrar no Seminário tive a oportunidade de discernir a autenticidade da minha vocação. São seis anos em que realizamos uma intensa e forte experiência humana, espiritual, intelectual e pastoral.”


Pelo meio dessa caminhada surgiu essa experiência atípica mas certamente marcante da estrada. Como foi isso? “A paragem que eu fiz nos estudos de teologia, entre o 3º e o 4º ano foi o momento nevrálgico da minha vocação. Diziam que, uma vez saído, já não se voltava, mas eu sou a prova viva de que é possível regressar e concluir a caminhada. Esta paragem de 2002 a 2006 foi aproveitada para fazer uma experiência nos camiões, e com esta experiência tive a certeza de que estes retiros monásticos na solidão e em movimento me conduziram ao sacerdócio e me deram mais serenidade e maturidade para compreender a vida e a minha própria vocação, a vontade de Deus para o meu presente. Não tenho dúvidas de que, se não fosse esta paragem, se não tivesse tido a oportunidade de reflectir sem interferências de ninguém, de parar para reflectir, não estaria aqui hoje a escrever estas palavras. Deus venceu-me e vence na minha vida. Sem o serviço, a minha vida era estéril, vazia e sem sentido. Só no serviço altruísta, pelo outro e com o outro, vale a pena viver.”

Mas a vida do neo sacerdote não foi feita só de asfalto e solidão. Muitos rostos povoaram a sua descoberta de Deus e da sua vontade. A memória e a gratidão não são coisas que faltem ao Luís: “Na minha caminhada vocacional tive pessoas que me marcaram: a começar o Pe Ezequiel Augusto Marcos, o Pe Alfredo Pinheiro Neves e o Pe Serafim Reis, o Pe Henrique Manuel Rodrigues dos Santos, o Pe José Manuel Dias Figueiredo e o Pe Valter Tiago Salcedas Duarte. Não posso esquecer a minha amizade com o agora finalista Marcelo Xavier. A comunidade das irmãs, que pertencem à congregação espanhola Beata Nazaria Ignácia, em especial a minha “directora espiritual”, a irmã Visitacion.”


Após a formação académica, seguiu-se um tempo importante para “ultimar” a preparação para ordenação. O Luís Nobre viveu-o como diácono nas comunidades que o bispo que confiou, ao longo deste ano pastoral, no arciprestado de Alpedrinha (Alpedrinha, Póvoa de Atalaia, Orca e Zebras). Quisemos saber que frutos colheu dessa experiência: “Foi bastante enriquecedor. Tenho a certeza que recebi imensamente mais, do que dei. Foi interessante articular o ensino mais especulativo com a ordem prática da pastoral. As relações humanas saíram muito fortalecidas e a experiência pastoral permitiu-me crescer e aumentar os meus horizontes em relação a toda a dinâmica pastoral que nos é exigida.”

Mas agora, nova etapa, novos desafios. Que representa para o novo padre o sacerdócio? “Ser sacerdote é ser outro Cristo. Como ele, viver de acordo com o evangelho, ensinado, passando na terra fazendo o bem e acima de tudo, amando e perdoando. Ser sacerdote é ser sinal, claro e inequívoco, da presença de Cristo no meio dos homens.”


Finalmente, e porque fica sempre bem, pedimos ao Padre Luís Nobre que deixasse uma mensagem aos jovens: “Vós, os jovens, sois o presente da Igreja. Apostai em Cristo, do mesmo modo que Ele aposta em vós. Não tenhais medo do futuro, porque vós sois o futuro, que em comunhão com Cristo, pedra angular, frutifica. A Igreja espera muito de vós, do mesmo modo que vós esperais muito da Igreja. Vinde ocupar o vosso lugar na Igreja, o lugar que vos pertence e que vos fará ser cada vez mais felizes, pois é dando que se recebe, e é amando com entrega incondicional que nos completamos. Com Ele, chegais ao porto seguro.”


Não é certo, mas se um dia, à hora da missa, virem chegar um sacerdote de camião, é bem provável que seja o Padre Luís Nobre. De qualquer maneira, desejamos a este novo sacerdote que seja um “Nobre padre” fiel a Deus e generoso no serviço da Igreja.