quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

CINZAS, a marca dos caminhantes


Cinzas, sinal do que passa,
resíduo do que passou,
irreconhecível agora,
neste pó cinzento.
Eu também sou um caminhante,
não preciso de o disfarçar!
Contudo, sinto o desejo de durar,
de deixar um rasto da minha passagem.
Não terei a sorte
de me erigirem uma estátua.
Mas se, ao menos,
deixasse um pouco de luz
a iluminar os outros,
e de alegria semeada generosamente
neste mundo tão cinzento!
Deixarei marcas nos caminhos
se procurar mais amar
que ser amado.

in Caminhos de Páscoa 1993

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

COMO COMEÇA UMA NOVA AVENTURA...

Foi nesta data de 24 de Fevereiro que, após três anos de busca e caminhada espiritual, o jovem Francisco de Assis encontrou a verdade que orientará o resto da sua vida. Percebeu o sentido dos conselhos que Jesus dava aos seus apóstolos numa vida itinerante e de anúncio, na liberdade do corpo e do espírito, sem nada possuir. Bem depressa numerosos companheiros aderiram a esta nova forma de vida. Recordemos:

Estava já terminando a restauração da última Igrejinha da redondeza, a capelinha de Santa Maria dos Anjos e perguntava-se o que faria depois. O que mais lhe pediria Deus? Não havia entendido ainda que a Igreja que devia restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época pelas divisões, heresias e pelo apego dos seus líderes às riquezas e ao poder. Devia ser o ano de 1209. Certo dia, Francisco escutou, durante a missa, a leitura do Evangelho: tratava-se da passagem em que Cristo instruía os seus Apóstolos sobre o modo de ir pelo mundo, "sem túnicas, sem bastão, sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso ..." (Lc 9,3). Tais palavras encontraram eco no seu coração e foram para ele como intensa luz. E exclamou, cheio de alegria: "É isso precisamente o que eu quero! É isso que desejo de todo o coração!" E sem demora começou a viver, como o faria em toda a sua vida, a pura letra do Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para os seus companheiros: "A nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo"!
Os Primeiros Seguidores
A partir daquele dia, Francisco iniciou a sua vida de pregador itinerante, percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em palavras simples, o Evangelho de Cristo. Muitos começaram, enfim, a compreender o sentido dessa vida e manifestaram o desejo de seguí-la. O primeiro foi um homem rico de Assis, Bernardo de Quintaval. Ao perguntar para Francisco: "O que devo fazer para seguir-te?", este decidiu, como em todos os momentos decisivos da sua vida, recorrer ao Evangelho para que o próprio Cristo lhes desse a resposta.
O Caminho Do Evangelho
De manhã, bem cedo, foram ambos à missa. Pelo caminho juntou-se aos dois Pedro de Catânia, doutor em Direito e novo companheiro. Por três vezes abriram o livro do Evangelho, e as três respostas que encontraram foram as seguintes: "Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres. Depois vem e segue-me" (Mt 19,21). "Não leveis nada pelo caminho, nem bastão, nem alforge, nem uma segunda túnica..." (Lc 9,3). "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me" (Mt 16,24). "Isto é o que devemos fazer, e é o que farão todos quantos quiserem vir connosco" - exclamou Francisco, que subitamente viu brilhar uma luz sobre o caminho que ele e seus companheiros deveriam seguir. Finalmente encontrou o que por tanto tempo havia procurado! Isto aconteceu a 24 de Fevereiro de 1208, dando início à fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores. No mesmo dia, Bernardo de Quintaval vendeu todos os seus bens e repartiu o dinheiro entre os pobres de Assis.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Uma ROSA BRANCA contra o ódio e a mentira


Chamavam-se Hans, Sophie e Chistoph. Eram estudantes na Universidade de Munique, nesse ano de 1943. A 21 de Fevereiro encontram-se presos na sede da administração penitenciária da Gestapo. O crime? Espalharam panfletos contra Hitler e seu regime. Denunciados, foram submetidos a duros interrogatórios, através dos quais confessaram a culpa mas sem denuncia os seus outros amigos também implicados.
Ao todo são cinco rapazes, uma rapariga e um professor. Nove meses atrás constituíram uma rede de acção contra o nazismo: ‘A Rosa Branca. Hans Scholl, impressionado pelas homilias do Monsenhor von Galen, bispo de Munique (uma das vozes da Igreja alemã mais inconformadas na denúncia de Hitler), teve a iniciativa. Por diversas vezes escreveram slogans nas paredes e espalharam panfletos pela capital da Baviera, estendendo a sua acção a outras cidades. É tal a sua influência que outros grupos farão o mesmo em Freiburg, Ulm, colónia e Berlim.
Os seis pertencem a confissões diferentes, mas todos assumem o Evangelho e os valores cristãos que transparecem nos seus escritos: “Por todo o lado, o homem experimenta, na sua fragilidade imanente, a tentação de renegar a sua dignidade de ser livre. Em todo o lugar e em todas as épocas de extrema miséria, homens se ergueram, santos ou profetas, que defenderam a liberdade, recordaram o caminho para o Deus único e exortaram o povo a recuar nos seus erros. Certamente, o homem é livre, mas sem o socorro do verdadeiro Deus, permanece impotente perante o mal; torna-se como um barco sem leme, abandonado à tempestade.”
Os irmãos Scholl pertencem à Igreja Evangélica, Alex Schmorell é ortodoxo, Willy Graf e o professor Huber são católicos. Cristoph Probst confessa-se agnóstico, mas aceitou o desafio da ‘Rosa Branca’ pela amizade que nutre pelos seus companheiros mas também porque admira o compromisso espiritual que eles conjugam na luta contra o regime nazi. Cristoph (de 23 anos) é o único casado, sendo pai de dois rapazes.

Testemunho final
Na segunda feira 22 de Fevereiro, Sophie, Hans e Cristoph aguardam o veredicto final. De nada valerá o serviço militar dos rapazes, cumprido na frente russa, o serviço de trabalho obrigatório desempenhado pela Sophie, nem sequer a atenção pelo jovem pai de família; todos são condenados à morte.
Durante todo o processo, os três jovens conduziram-se com uma dignidade e serenidade extraordinárias, ao ponto de perturbar as testemunhas mais hostis. Não denunciaram nenhum companheiro.
Após a sentença, Cristoph pede um sacerdote católico: quer receber o baptismo, termo da sua busca interior.
Os guardas prisionais dirão dos três o seguinte: “Portaram-se com uma coragem extraordinária… Foram levados, primeiro a rapariga. Ela caminhou com uma calma absoluta. Não percebíamos que tal fosse possível. O carrasco confessou que nunca vira ninguém morrer assim.”
Morreram como viveram, fiéis a eles mesmos, à suas convicções, à sua fé.

Alguns meses depois, o professor Huber, Alex Schmorell e Willy Graf foram, também eles, executados, pois prosseguiram a missão que tinham iniciado.
“Eram crentes. Não pegaram em armas, não mataram ninguém. A única vida que sacrificaram foi a deles. «Somente creio – dizia Pascal – nas histórias cujas testemunhas são capazes de se sacrificarem.» Perante Hitler, estes seis universitários alemães deram ao mundo uma das lições mas credíveis deste tempo.”

Para saber mais, clica no link seguinte, artigo dedicado à sophie Scholl:
http://sdpv.blogspot.com/search?q=sophie+scholl

domingo, 22 de fevereiro de 2009


“Eu te ordeno: levanta-te, toma a tua enxerga e vai…”
cf. Mc 2, 1-12

Tinha entrado de enxerga.
Melhor, a enxerga levou-o à presença de Jesus. Transportado por outros, está-se mesmo a ver!
Mas agora, depois do encontro, sai pelo próprio pé, levando a enxerga.
Trocaram de lugar.
Admirável!
Espantoso!
É um milagre! Mais um, de Jesus.
Mas o milagre está na cura. Porquê pegar e levar a enxerga? Já não é necessária… Até incomoda para andar. Depois de tantos anos a ser carregado por ela, não se limitará a ser uma recordação amarga do passado?
Mas não: “levanta-te, toma a tua enxerga e vai…” Jesus foi bem claro. O que o transportara até esse dia tinha de ser levado agora por ele.

É bom lembrar que no encontro com Jesus, antes de receber umas ‘pernas novas’, esse paralítico recebeu uma ‘alma nova’: “Filho, os teus pecados estão perdoados.” O confuso é que o homem não fora ali para se confessar! Mas para quê saber andar se temos a alma tolhida!? Jesus bem sabe que a pior paralisia do homem não é a das pernas, mas a do coração.
E na hora de libertar, importa libertar o homem todo.

Talvez tenhamos todos ‘boas pernas’ para andar. Inconscientemente, o nosso coração vai sofrendo alguns ‘ataques’ à verdadeira liberdade de filhos de Deus.
De vez em quando, deixamo-nos levar por enxergas, macas de mágoas e ressentimento, de orgulho e egoísmo. Acamamo-nos em preconceitos e desprezos. Paralisamos na hora de perdoar, compreender, acolher e abraçar, por isto ou por aquilo… por tudo e por nada…
O pior é que nos acomodamos enquanto o nosso coração vai atrofiando nas nossas relações com os outros, com Deus e connosco.
Basta!
Jesus diz-nos que chega de sermos transportados pelos nossos sentimentos e experiências negativas. É hora de passar a ‘transportadores’, a sermos nós a controlar, dominar e vencer tudo aquilo que nos impede movimentos de liberdade na aproximação generosa aos outros, na entrega confiante a Deus e sublimação renovadora em nós mesmos.

“Levanta-te, toma a tua enxerga e vai…”
É a nós que Jesus, hoje, se dirige. Basta de ser transportado. Encontra-te com Ele, sente que ele te cura interiormente porque te ama e liberta. E, agora vai… Sê tu a levar outros a Cristo, a fim que também eles experimentem a verdadeira libertação dos filhos de Deus.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

CONVÍVIO FRATERNO


Entre o dia 20 (a partir das 20h) e o dia 23 de Fevereiro, irá decorrer mais um Convívio Fraterno para os jovens da diocese. Aconselha-se vivamente, tendo em conta a experiência e o testemunho dos jovens que já participaram.
Trata-se de um encontro que tem em vista promover e fortalecer a caminhada de fé, experimentando e reflectindo o amor em três vertentes: connosco, com Deus e com os outros.
Contacta: cfguarda@gmail.com, 968173430 ou 919943190.

ORAÇÃO A MARIA


Ó Santíssima e Soberana Mãe de Deus
Luz de minha alma em trevas,
tu és minha esperança, meu apoio e consolo,
meu refúgio e minha felicidade.
Tu que deste à luz, a verdadeira luz de imortalidade,
ilumina os olhos do meu coração.
Tu que trouxeste ao mundo a fonte da imortalidade,
dá-me a vida, pois o pecado me traz a morte!

Mãe de Deus misericordioso, tem piedade de mim
e coloca o arrependimento em meu coração,
a humildade em meus pensamentos,
a reflexão em meus raciocínios e no meu entendimento.
Torna-me digno, até o último suspiro,
de ser santificado por estes mistérios,
para a cura do meu corpo e da minha alma.
Dá-me as lágrimas da penitência,
para que eu possa cantar-te e glorificar-te
em cada dia de toda a minha vida,
pois tu és bendita pelos séculos e séculos.


Oração de São Simeão

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

JEAN PLOUSSARD, o encanto do deserto


Em 1964, quando os escritos de Jean Ploussard são publicados, sob o nome de “Carnet de route” (Diário de estrada), estes são imediatamente acolhidos como um acontecimento na história da literatura espiritual do século XX.
A juventude de Jean, nascido em 1928, é marcada pelo escutismo, pela meditação do Evangelho e a atracção pelas missões. Tudo isso levá-lo-á a interrogar-se sobre a vocação. Sente o apelo do matrimónio e de Deus. Namora, mas a sua reflexão leva-o a decidir-se por Deus. Aquela que seria sua noiva, Rose, respeita a sua opção e ser-lhe-á fiel mantendo-se celibatária. Jean, com 19 anos ingressa na congregação dos Redemptoristas.
Na sua caminhada religiosa descobre os escritos de Carlos de Foucauld e de Stª Teresa do Menino Jesus que influenciarão o resto da sua vida. Debate, todavia ainda com muitas dúvidas. Reflecte sobre a graça e as exigências do celibato ao mesmo tempo que se deixa cativar pela vida contemplativa dos monges e da experiência inovadora e ousada dos “padres-operários”. Quereria ser tudo, mas encontra o equilíbrio na fórmula redemptorista: contemplativo em casa e apóstolo no exterior. Compromete-se definitivamente.

No Níger
A sua missão foi definida: é enviado ao Níger, onde chega no natal de 1955.
Aí encontra muito campo de trabalho, tanto na cidade como nas missões dos arredores. Mas a adaptação é difícil. Num país maioritariamente muçulmano e profundamente africano, Jean experimenta a solidão. Sem querer ser infiel à sua vocação sacerdotal é tentado pelo casamento com uma jovem mãe celibatária: desposar a África, desposando uma africana. Essa crise será longa e difícil.
Um problema de saúde obriga-o a um regresso à França onde recupera física e espiritualmente. Vence, definitivamente, as suas dúvidas. A fidelidade não se revela na ausência de tentações ou dificuldades mas na forma como estas se ultrapassam.
De volta ao Níger, tem plena consciência das exigências da sua vocação: equilíbrio entre contemplação e missão. Na paz e na alegria, transforma-se. Nesse contexto, aceita uma nova missão que lhe é proposta: assegurar uma presença cristã entre os tuaregues do norte. É para aí que vai em Dezembro de 1960, encontrando uma centena de cristãos, mas nenhum deles é nigeriano. “Vim por vós… para ficar convosco… Não estou aqui por alguns anos, mas par aqui viver. E, sobretudo, para aqui morrer. Venho aqui para todo o sempre... Doravante, sou tuaregue.”

Tuaregue entre os tuaregues
Jean toma um novo nome: Yakhia ag Rissa (João de Jesus, no idioma local). Veste-se de azul, como os homens e cobre-se com um véu ao jeito tuaregue. Sobre o peito, uma simples cruz de madeira. Convicto, segue o exemplo de Carlos de Foucauld. Aprende a língua desse povo nómada e adopta os seus costumes e modo de vida.
Pastoralmente, funda uma pequena escola, escava poços semeia hortas. De pé todas as manhãs às 4h30, faz uma hora de adoração, celebrando depois a eucaristia antes de se lançar à evangelização, pelo exemplo. Por respeito, os tuaregues chamam-no aneslem (o crente) e já não koufour (pagão) como tratam os brancos.
Vive a alegria perfeita quando vive o seu último retiro, em Dezembro de 1961. Toma a firme resolução de não mais pecar, nem uma só vez…
No dia 7 de Fevereiro seguinte, após a adoração e a eucaristia, dirige-se para a horta. Dá-se conta que uma veia rebentou. Regressa para a capela… mas cai à sua entrada, na areia, vomitando sangue, tal como o tinha escrito no seu diário, oito anos antes:
“Meu Deus… Amo-Te
E quero morrer de amor por Ti,
Morrer, morrer, morrer.
Último jorrar de sangue na boca,
Último espasmo na areia
ou sobre a rocha,
Morrer de amor.”


Transportado de urgência para a capital, morrer a 18 de Fevereiro sem ter retomado consciência. É a consternação geral entre os tuaregues e a jovem comunidade cristã põe ele assistida. Seis meses depois, um sacerdote dará continuidade à obra de Jean, Yakhia ag Rissa.

NADA TE PERTURBE...


Nada te perturbe, nada te espante.
Tudo passa. Deus não muda.
A paciência tudo alcança.
Quem a Deus tem, nada lhe falta.

S. Teresa de Jesus

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

MARIA MADALENA NO SÉC.XXI (parte II)


Shelley Lubben é uma ex-actriz porno que conseguiu libertar-se da indústria do sexo e dos seus traumas à custa de uma longa luta e confiança em Deus. Como resultado da sua experiência e do seu encontro com Cristo, decidiu criar a Pink Cross Fundation a fim de denunciar a mentira e abusos relacionados com a pornografia e ajudar aqueles que caíram nas suas malhas.
Shelley nasceu a 18 de Maio de 1968, na Califórnia. Durante os primeiros oito anos, a sua família frequentava uma igreja evangélica. Numa entrevista, recorda: “Quando era miúda, conheci e amava muito a Jesus.” Porém, quando fez nove anos as coisas mudaram muito. Mudaram de residência e tudo o que Shelley tinha conhecido e amado desapareceu: “Os meus pais deixaram de ir à igreja e a nossa família afastou-se de Deus”.
O ambiente familiar deteriorou-se e as más companhias fizeram o resto. Iniciou a vida sexual muito cedo: “O sexo tornou-se para mim confuso. O sexo para mim significava ‘amor’, pois sentia-me bem ao receber atenção, mas ao mesmo tempo sentia-me suja.” Com o sexo, veio o álcool e o uso de drogas tendo apenas 16 anos. Com o acumular de situações conflituosas, os pais obrigaram Shelley a sair de casa ao 18 anos.
Shelley acabou por ir parar a San Francisco Valley, sem dinheiro nem comida. A prostituição foi a solução encontrada para sobreviver. A partir daí, a vida de Shelley entrou numa espiral descontrolada. “No princípio pareceu sensacional, mas esta vida depressa se converteu em escravatura... O meu estilo de vida estava a tornar-se cada vez pior, e sentia-me como não tendo para onde me voltar. Jesus continuava a bater à porta do meu coração, mas eu ignorava-o.”
Aos 20 anos engravidou, tendo a sua primeira filha. Shelley começou a beber exageradamente tendo desenvolvido uma terrível dependência de álcool e de drogas. “Eu comecei então a ver-me como um completo fracasso.”
Mais tarde, entrou na indústria de filmes para adultos. Shelley relembra: “Comecei a fazer muitos filmes hardcore, e só as drogas e o álcool me permitiam fazê-los. Era como se eu tivesse algo para provar ao mundo e a todos os que me tinham magoado.” Mas o preço foi alto: “Eu vendi o meu coração, a minha mente e feminilidade à indústria porno, e a mulher e pessoa em mim morreram na pornografia.”
Por sorte, não contraíu o vírus da SIDA. Contudo foi infectada com herpes, uma doença incurável sexualmente transmissível. “Fiquei totalmente de rastos e quis pôr termo à minha vida.”
Mas Deus tinha um plano para a sua vida.

Nova vida em Deus
Já casada e mãe de uma segunda filha, Shelley e o marido reaproximaram-se de Deus: “Descobri que havia permanentemente em mim um Campeão,” disse Shelley. “Aprendi que podia vencer tudo, porque com Deus tudo é possível. Com Deus, tive verdadeiro perdão de todos os meus pecados e oportunidade de me transformar numa pessoa completamente nova sem ser perfeita primeiro. Isso foi um alívio! Também aprendi que Deus tinha um propósito para a minha vida. Deus tinha um propósito para a minha vida? Isso era como alguém acender-me a luz.”
Em Novembro de 1999, Shelley deu à luz outra filha. “Após o parto, Deus respondeu finalmente às minhas orações e libertou-me completamente do álcool,” disse Shelley. “No dia 9 de Abril de 2000 foi quando me libertei totalmente, tendo constituído um acontecimento muito importante na minha vida. Comecei a ler livros sobre como ser uma melhor mãe e esposa. Aprendi a cozinhar e a cuidar do meu lar e a viver uma vida ‘normal’. Passei a praticar os princípios de Deus em tudo o que faço, e comecei a experimentar verdadeira alegria pela primeira vez em 13 anos."
Shelley afirma que o seu futuro é glorioso. “Deus agora envia-me a proclamar ao mundo a realidade do Seu tremendo amor, dizendo como Ele fez cada um de nós à Sua imagem, e somos completamente amados e aceites por Ele.”
Ela acrescentou, “Gosto de mostrar ao mundo que se Deus pode mudar uma estrela porno e uma prostituta numa Campeã, Ele pode mudar qualquer pessoa. Porém Deus só muda as vidas daqueles que O escolheram.”
Com a sua fundação, Shelley ajudou várias mulheres e homens a libertarem-se e a encontrarem Deus. A Crissy e a Patrice são apenas duas de muitas. Esta última, no dia 1 de Fevereiro recebeu o baptismo tendo a Shelley por madrinha.
Os sorrisos dizem tudo: Deus liberta mesmo!













Crissy, Patrice e Shelley
INFORMAÇÕES EM INGLÊS:
A Fundação de Shelley: http://www.thepinkcross.org/
.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A ÚNICA VERDADE É AMAR

"Senhor, se quiseres, podes curar-me!"
cf. Mc 1, 40-45

Senhor,
ensina-nos a não nos amarmos a nós mesmos,
a não amar só aqueles que nos amam.
Ensina-nos a pensar nos outros,
a amar em primeiro lugar aqueles que ninguém ama.
Senhor faz-nos sofrer com o sofrimento dos outros.
Dá-nos a graça de compreender que em cada instante,
enquanto nós vivemos uma vida demasiado feliz,
protegida por Ti,
há milhões de seres humanos,
que também são teus filhos e nossos irmãos,
que morrem de fome,
sem terem merecido morrer de fome,
que morrem de frio,
sem terem merecido morrer de frio.
Senhor, tem piedade dos leprosos,
a quem Tu tantas vezes sorriste
quando andavas nesta terra;
piedade dos milhões de leprosos,
que estendem para a Tua misericórdia
as mãos sem dedos, os braços sem mãos.
E perdoa-nos por os termos, com medo irracional,
abandonado.
Não permitas jamais, Senhor,
que vivamos felizes sozinhos.
Faz-nos sentir a angústia da miséria universal,
e liberta-nos de nós mesmos.
Ámen.
Raoul Follereau
A única verdade é amar

sábado, 14 de fevereiro de 2009

SS. CIRILO & METÓDIO, apóstolos dos eslavos


Metódio nasceu em 815 e Cirilo 12 anos mais tarde. Os dois irmãos cresceram entre os povos eslavos, cuja língua falavam fluentemente. Metódio foi governador da Grécia antes de entrar para um mosteiro. Cirilo foi padre e académico.
Em 862, o Imperador bizantino Miguel III enviou Metódio e Cirilo numa embaixada à Morávia. Embora os irmãos falassem eslavo, viram-se confrontados com o problema da língua não dispor de alfabeto escrito. Assim, Metódio e Cirilo criaram o alfabeto glagolítico, base do alfabeto cirílico ainda hoje usado. Graças ao novo alfabeto e às qualidades de comunicadores de ambos, a missão foi um sucesso. No entanto, os missionários alemães na região não viram com bons olhos a influência dos irmãos. Além disso, não foi bem aceite o facto de usarem a língua comum do povo.

Apóstolos dos eslavos
Em 867, Cirilo e Metódio apelaram ao papa Adriano II que os apoiou. Cirilo morreu em 869 e, no ano seguinte, o papa nomeou Metódio bispo de Símio, na actual Sérvia.
Porém, depressa rebento um novo conflito com os bispos alemães que conseguiram a prisão de Metódio. Quando foi libertado, três anos mais tarde, este regressou a Roma e convenceu o novo papa, João VIII, da conveniência no uso da língua eslava para benefício da evangelização. Até à sua morte, Metódio traduziu quase toda a Bíblia para a língua vernácula.
Pela sua dedicação ilimitada, Metódio e Cirilo são recordados como os “Apóstolos dos Eslavos”.
O Papa João Paulo II proclamou-os patronos da Europa juntamente com São Bento.

"Amar não é olhar um para o outro,
mas olhar juntos na mesma direcção."
Michel Quoist
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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

MARIA MADALENA NO SÉC.XXI (parte I)


JESUS, O ÚNICO CAMINHO

Chama-se Erica. Tem 27 anos. Durante cerca de seis anos viveu envolta na indústria do sexo, fotografada para revistas e sites para adultos. Testemunhou e experimentou o sofrimento e a solidão que provocava a ilusão do dinheiro e da beleza. Num mundo onde são exploradas e abusadas tantas jovens, Erica reconheceu o caminho errado que levava. Algo teria de dar sentido a sua vida… Encontrou-o em Deus. Nas vésperas do seu aniversário, em Maio de 2008, Erica escreveu uma longa mensagem no seu site a dar conhecimento da sua decisão: UMA NOVA VIDA DEDICADA A JESUS E A AJUDAR OUTRAS RAPARIGAS COMO ELA.
Eis algumas passagens dessa mensagem que constituem um belo testemunho e a prova de que CRISTO É O ÚNICO CAMINHO.
Afinal, a Deus nada é impossível!


“Durante muito tempo andei perdida. Tão perdida em mim e no mundo que nunca realizei o quanto estava desorientada. Sempre achei que eu era uma boa pessoa. Adoro ajudar os outros, fazer amizades, salvar animais e reabilita-los. Preocupo-me bastante com os meus amigos e minha família e faço tudo quanto posso para que tudo lhes corra bem. Durante muito tempo, pensei que estava a agir correctamente… dando o melhor de mim mesma… Bem… Eu estava errada…tremendamente errada.
(…)
Os últimos anos foram muito difíceis para mim (…). Independentemente de quantas pessoas ou criaturas ajudei, continuava a sentir um vazio no meu coração e na minha alma. (…) Entendi a solidão das pessoas com quem falava porque também eu me sentia só…. Como encher este vazio nos seus corações… nas suas almas? Por muito tempo, julguei que ajudava a encher o vácuo na vida de muitos, na via em que me encontrava. Mas era tudo mentira. Nunca poderia encher o vazio de ninguém... Somente intensificava a solidão… Apenas magoava mais a minha própria alma.
Procurei, longamente e arduamente, por alguém que me amasse. Que me amasse pelo que sou. Que preenchesse o vazio na minha alma. Que me completasse. Ao longo de todo esse tempo, o único que contava era eu mesma. Andava cega e errada. Em tantos aspectos, demasiado tempo.
Decidi deixar o mundo da pornografia para trás… e seguir o Senhor. Aceita Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador, e dedicar a minha vida à sua vontade. Descobri a única realidade que pode e deseja encher este vazio… é DEUS!
Estive presa ao pecado e à destruição demasiado tempo. Decepção atrás de decepção… sofrimento atrás de sofrimento. Fui a pior inimiga de mim mesma.
Desejo uma nova luz e um novo propósito para continuar a minha vida. QUERO AJUDAR ESTAS RAPARIGAS! Essas almas abandonadas… estas jovens que abusam delas próprias. Vendendo-se para NADA. Quero ajudá-las a acabar com esta dor. Quero mostrar-lhes a luz… e o amor de Jesus. SÓ ELE PODE PREENCHER O VAZIO NAS SUAS VIDAS! ELE É O CAMINHO… O ÚNICO CAMINHO!
(…)
O nosso tempo aqui é tão curto… hoje pode ser o último dia. E teremos vivido por quê? E morremos por quê? Só existe um caminho para o céu e a vida eterna… e é através de Jesus.
Espero que o Senhor actue através de mim e me guie para fazer a sua vontade e ajude aqueles que eu puder. Aqueles que quiserem parar e escutar… aqueles que permitirem o Espírito Santo habitá-los e falar-lhes tal como Ele fez comigo.
(…)
A minha vida não me pertence mais… A minha vida é de Deus e da sua vontade. Quero espalhar o seu amor. Falar d’Ele a todos… e conduzi-los para Ele… TENHO UMA GRANDE NOTÍCIA PARA TI! Não é demasiado tarde. DEUS AMA-TE! Quer-te! Tudo quanto tens de fazer é aceitar o seu dom. Está mesmo à tua frente! Jesus morreu na cruz pelos nossos pecados. O preço pela nossa salvação foi pago integralmente…
Pedi perdão por tudo quanto tinha feito e FUI PERDOADA! Desejo passar o resto da minha vida fazendo o que Deus quer, colaborando na sua obra. EU SOU SUA!

Servindo Cristo,
Erica

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

REZAR COM O CORAÇÃO


«Este povo honra-Me com os lábios,
mas o seu coração está longe de Mim.»

cf. Mc 7,1-13

A oração é um coração a coração com Deus. [...] A oração bem feita toca o coração de Deus, incitando-O a ouvir-nos. Quando rezamos, que todo o nosso ser se volte para Deus: os nossos pensamentos, o nosso coração. [...] O Senhor deixar-Se-á vencer e virá em nosso auxílio. [...]
Reza e espera. Não te agites; a agitação é inútil. Deus é misericórdia e há-de escutar a tua oração. A oração é a nossa melhor arma: é a chave que abre o coração de Deus. Deves dirigir-te a Jesus, menos com os lábios do que com o coração.

S. Pio de Pietrelcina (1887-1968),
Franciscano capuchinho

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

DIA MUNDIAL DO DOENTE 2009


Mensagem Dia Mundial do Doente 2009 do Presidente da Comissão da Pastoral Social
«O doente no centro da comunidade cristã»

Ao escolher como lema “O doente no centro da comunidade cristã” queremos valorizar a necessidade de uma viva consciência comunitária atenta aos doentes. Arriscamo-nos a por de lado o lugar dos doentes e a sensibilizarmonos apenas quando atinge cada indivíduo ou os seus mais chegados. De que modo cada comunidade cristã pode manifestar, como dimensão permanente, o seu cuidado elos seus doentes?
Além do serviço organizado de visitadores de doentes, em casa e nos hospitais, e dos ministros extraordinários da comunhão, é tarefa de cada comunidade cristã a ternura compassiva para com os familiares da pessoa doente, a companhia consoladora no sofrimento, a oração confiante.
O contexto específico da comunidade indicará a melhor integração desse serviço. Pode, no mínimo, ser uma valência de um grupo de acção sócio-caritativa paroquial ou constituir um grupo próprio, no caso de grandes comunidades.
Viver o dia 11 de Fevereiro com responsabilidade implicará rever as formas de presença da comunidade junto das pessoas doentes. Qualquer pequeno passo positivo será sinal efectivo do amor de Deus por quem sofre. Operacionalizar o dom espiritual da consolação é tarefa exigente para todas as comunidades cristãs.
Estarei unido a cada doente na oração e imploro a serenidade de uma bênção de Deus para os que servem a pastoral da saúde.

D. Carlos A. Moreira Azevedo,
Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social

MARIA, VIRGEM DE LOURDES

A 11 de Fevereiro de 1858 a Imaculada Virgem Maria apareceu a Bernadette Soubirous na gruta de Massabielle em Lourdes, França. Por intermédio desta humilde jovem, Maria desafiou-nos à conversão e despertou na Igreja um intenso movimento de oração e caridade, sobretudo em benefício dos doentes e pobres.


terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

GIOVANNI PALATUCCI, um justo das nações


Giovanni Palatucci nasceu no sul da Itália, em 1909, numa família profundamente cristã. Receberá uma grande influência moral e cultural por parte dos seus tios, um bispo e dois franciscanos conventuais.
Após os estudos secundários cumpre o serviço militar perto de Turim, cidade onde se formará em jurisprudência.
É nomeado para Fiume (actualmente na Croácia) como comissário para o gabinete dos estrangeiros. A sua função põe-no em contacto com pessoas em situação delicadas, particularmente com os judeus. “Tenho a possibilidade de fazer algum bem e os que dele beneficiam são-me muito reconhecidos…” É o que escreve aos seus pais em Dezembro de 1941.

Esse “algum bem” de que fala é, na verdade, é a salvação de centenas de judeus (fala-se em mais de 3000) a preço de muito perigo.
Giovanni Palatucci era um católico animado de uma fé profunda. Se desconhecemos a sua primeira reacção às leis raciais promovidas na altura, tornou-se por demais evidente que ao intensificar-se o cerco aos judeus, Giovanni recusou ser cúmplice da perseguição. Recusa mesmo a mudança de posto para se permitir ajudar os perseguidos. Na verdade, desde 1939 que “salva” judeus. Os primeiros 800 foram “encaminhados” por ele sob a protecção do bispo de Fiume.
Emitiu vistos de permanência a judeus fugidos dos países dominados por Hitler, chegando a opor-se aos seus superiores – o que nos recorda o “nosso” Aristides de Sousa Mendes. Mas a sua “simpatia” pelo povo judeu não se limitava à esfera profissional. Na sua vida pública zelava por preferir a sua companhia defendendo-os e recomendando-os ao seu tio bispo que acolhia foragidos enviados pelo seu sobrinho. Bem depressa associou os seus tios franciscanos que abriram os seus conventos para receber os refugiados judeus.

Homem de honra
A entrada da Itália no conflito mundial não impediu Giovanni de exercer toda a sua influência em favor dos perseguidos hebreus. Um deles dirá dele: “Jamais encontrei um cavalheiro tão perfeito e um homem de tanta honra…”
Após a guerra, centenas de testemunhos evocarão a bondade e a delicadeza de Giovanni Palatucci, o seu orgulho em agir de acordo com a sua fé e a sua extraordinária coragem: sabe que corre perigo por estar sob constante vigilância mas nada o detém. Católico praticante professa a sua fé na eucaristia diária e na sua conduta impecável.
Em Julho de 1943 é alvo de inspecção. Cuidadosamente, tinha desaparecido com o rasto de milhares de judeus que ele ajudara a “passar”, alguns embarcados clandestinamente em barco com destino ao sul da Itália. Giovanni prossegue no seu cargo mas sob vigilância mais apertada. Em Novembro do mesmo ano, a situação torna-se crítica. O cônsul da Suíça oferece-lhe asilo, mas Giovanni recusa: “Não tenho direito de abandonar nas mãos dos nazis os italianos e os judeus de Fiume!”

Mártir e Justo das nações
Promovido a um cargo superior não tem mais a mesma liberdade. Porém continua a auxiliar como pode dando dinheiro, socorro e até documentos falsos.
Finalmente é denunciado por espiões. É preso pela Gestapo a 23 de Setembro de 1944. No mês seguinte é transferido para o campo de concentração de Dachau. É aí que morre no dia 10 de Fevereiro de 1945, com 35 anos, esgotado pelos trabalhos aos quais foi submetido, depois de ter sido motivo de admiração dos companheiros de detenção através da sua sernidade, abnegação e caridade para com eles.

Giovanni Palatucci não se considerava um herói nem um santo. Actuou apenas em conformidade com as exigências da sua fé, como cristão convicto. As palavras dirigidas a um amigo, a quem confiava uma refugiada judia, esclarecem a sua única motivação: “Eis a Senhora Schwartz. Trata-a, peço-te, como se fosse a minha irmã. Melhor, como se fosse a tua própria irmã: pois, em Cristo, ela é a tua irmã.”
Anos mais tarde, já estabelecida em Israel, a Senhora Schwartz regressará a Fiume (agora Rijeka) unicamente para depor uma flor à porta do comissariado, em memória do seu daquele que a salvou.
Em 1990, Israel reconheceu Giovanni Palatucci como Justo das nações, título conferido àqueles que se destacaram na defesa de judeus durante o holocausto. Terá salvo cerca de 3000.
A causa da sua beatificação foi já introduzida.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O TESOURO DESCOBERTO E PERDIDO


Há seis anos atrás, neste dia 9 de Fevereiro, uma criança de nove anos encontrou, numa travessa de Montreal, um cofre-forte aberto, surpreendentemente abandonado na via pública. Mas a maior descoberta estava no seu interior: 10 000 dólares em notas de cinquenta. O rapazinho, residente num centro de acolhimento, apressou-se a regressar com a sua mochila bem repleta, com o intuito de maravilhar os seus amigos com tamanha fortuna. Dizem que o dinheiro não tem cheiro nem sabor, mas os responsáveis do centro acabaram por se aperceber do segredo e, com eles, a polícia. O recém-afortunado de palmo e meio bem que fugiu mas sem sucesso. Ainda lhe explicaram que mais tarde, talvez, se ninguém aparecesse a reclamar esse dinheiro este lhe seria devolvido. TALVEZ…
A minha fonte não explica se esse “mais tarde” chegou e se o consequente “talvez” se concretizou. O “nosso” rapaz terá agora quinze anos. Desconheço se ainda acredita em promessas ou se já aprendeu o suficiente para procurar um novo tesouro, um tesouro que não lhe seja confiscado.

Já Jesus no-lo avisara no Evangelho de Mateus (6, 19-20): «Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam Jesus justificava-se acrescentando: «Pois, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.» (21) O verdadeiro tesouro, do qual depende a autêntica felicidade está no nosso coração. Se este se prende áquilo que se perde, corrompe ou possa ser “roubado” então é o próprio coração que se perde. Cristo propõe-nos uma liberdade maior, uma independência de tudo quanto nos faça sentir dependentes de coisas que valem menos que a nossa vida. Aqui está a nossa maior incoerência: dar mais valor às riquezas, títulos ou fama que à nossa liberdade e felicidade.
Evidentemente que os “tesouros no céu”, de que nos fala Jesus, levam mais tempo a acumular. Mas como dizia o famoso escritor Fedor Mikhaïlovitch Dostoïevski, falecido nesta data no ano de 1881, “Podem ter a certeza de que não foi quando descobriu a América, mas sim quando estava a descobri-la, que Colombo se sentiu feliz.”
Temos a tendência de gastar a vida a perseguir tesouros para edificar a nossa felicidade quando, afinal, a vida é o tesouro que deve construir a felicidade quotidiana. E esta não depende do “mais tarde” nem do “talvez” com que iludiram o rapazinho de Montreal.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

S. JOSEFINA BAKHITA, de escrava a "Santa Morena"


Bakhita, a escrava
Bakhita nasceu no Sudão, África, em 1869. Este nome, que significa "afortunada", não o recebeu dos seus pais ao nascer, mas foi-lhe imposto pelos seus raptores. Esta flor africana conheceu as humilhações, os sofrimentos físicos e morais da escravidão, sendo vendida e comprada várias vezes. A terrível experiência e o susto, provado naquele dia, causaram profundos danos na sua memória, inclusive o esquecimento do próprio nome.
Na capital do Sudão, Bakhita foi finalmente comprada por um cônsul italiano, que depois a levou consigo para a Itália. Durante a viagem, este entregou-a à família de um amigo, que residia em Veneza, e cuja esposa se lhe tinha afeiçoado. Depois, com o nascimento da filha do casal, Bakhita tornou-se a sua ama e amiga.
Os negócios desta família, na África, exigiam que retornassem. Mas, aconselhado pelo administrador, o casal confiou as duas às irmãs da congregação de Santa Madalena de Canossa, em Schio, também em Veneza. Ali, Bakhita, conheceu o Evangelho.

Bakhita, filha de Deus
No ano de 1890, tendo ela vinte e um anos, foi baptizada, recebendo o nome de Josefina.
Após algum tempo, quando vieram buscá-las, Bakhita preferiu permanecer. Queria tornar-se irmã canossiana, para servir a Deus que lhe havia dado tantas provas do seu amor. Depois de sentir com muita clareza o chamamento para a vida religiosa, em 1896, Josefina Bakhita consagrou-se para sempre a Deus, a quem ela chamava com carinho "o meu Patrão!". Durante mais de cinquenta anos, esta humilde Filha da Caridade, dedicou-se às diversas ocupações na congregação, sendo chamada por todos de "Irmã Morena". Ela foi cozinheira, responsável do guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. As irmãs estimavam-na pela generosidade, bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido. "Sede boas, amem a Deus, rezai por aqueles que não O conhecem. Se soubésseis que grande graça é conhecer a Deus!".
A sua humildade, a sua simplicidade e o seu constante sorriso, conquistaram o coração de toda população. Com a idade, chegou a doença longa e dolorosa. Ela continuou a oferecer o seu testemunho de fé, expressando com estas simples palavras, escondidas detrás de um sorriso, a odisseia da sua vida: "Vou devagar, passo a passo, porque levo duas grandes malas: numa vão os meus pecados, e na outra, muito mais pesada, os méritos infinitos de Jesus. Quando chegar ao céu abrirei as malas e direi a Deus: Pai eterno, agora podes julgar. E a São Pedro: Fecha a porta, porque fico".
Na agonia reviveu os terríveis anos de escravidão e foi a Santa Virgem que a libertou dos sofrimentos. As suas últimas palavras foram: "Nossa Senhora!".
Irmã Josefina Bakhita faleceu no dia 8 de Fevereiro de 1947, na congregação em Schio, Itália. Muitos foram os milagres alcançados por sua intercessão. Em 1992, foi beatificada pelo Papa João Paulo II e elevada à honra dos altares em 2000, pelo mesmo Sumo Pontífice. O dia para o culto de "Santa Irmã Morena" foi determinado o mesmo de sua morte.


SENHOR, torna-me corajoso


Senhor,
torna-me corajoso
para anunciar a tua Palavra
à minha volta.

Ajuda-me a comprometer-me
no teu caminho
que é o do amor,
de paz, de alegria.

Ajuda-me a suportar
os fracassos, os obstáculos,
Tu que me perdoas
sempre.

Enche-me da tua alegria:
que eu possa comunicá-la
a todos os que me rodeiam.

Faz crescer em mim a tua chama:
que a minha confiança esteja em Ti;
que eu Te dê o meu coração.

Permite-me
que eu seja teu discípulo,
um obreiro da paz,
um construtor de amor.

Tu me chamas, Senhor,
a vir a Ti.
Com Maria,
ajuda-me a dizer SIM.

Oração de um jovem

sábado, 7 de fevereiro de 2009

FLORENCE NIGHTINGALE, uma vida como resposta a Deus


Estamos a 7 de Fevereiro de 1837. Florence Nightingale tem 17 anos e sente que Deus espera dela algo especial: decide formar-se em enfermagem.
Tornou-se famosa por ser pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra de Crimeia.
Florence, nascida a 12 de Maior de 1820, é filha de uma família rica residente em Florença, na Itália, daí advindo o seu nome. Ficou particularmente preocupada com as condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes. Como resposta e convencida de ser a vontade de Deus, optou por ser enfermeira provocando um verdadeiro escândalo familiar e social, pois esse caminho não correspondia aos parâmetros aceites para pessoas da sua condição.
Em Outubro de 1854, Florence e uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias preparadas por ela, partem para os Campos de Scurati localizados na Criméia a fim de prestar tratamento físico e moral aos enfermos.

Dizia ela: "A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, uma preparação tão rigorosa, como a obra de qualquer pintor ou escultor; Pois o que é o tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes."

Florence faleceu a 13 de Agosto de 1910, deixando um legado de persistência, competência, compaixão e dedicação ao próximo, estabelecendo as directrizes e caminho para uma enfermagem moderna.
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

AKIANE, a menina prodígio inspirada por Deus

Chama-se Akiane Kramarik e tem pouco mais de 14 anos. Aparentemente, uma adolescente como tantas outras e com jeito para pintar e escrever poesia. A diferença é que os seus quadros são vendidos por milhares de dólares. O admirável é que a jovem Akiane atribui a Deus os seus talentos.

A sua arte
Nascida a 9 de Julho de 1994, é filha de uma Lituana ateia e de um chefe de cozinha americano. Desde os 4 anos que se dedica ao desenho e à pintura. É com essa mesma idade que ela diz manter uma experiência espiritual insomum que tem conduzido a sua família à aproximação de Deus. "Todas as manhãs e todas as noites, converso com Deus. É como se fosse uma voz na minha mente que conversa comigo".
Através da sua arte, pretende comunicar às pessoas conforto e esperança, querendo ainda inspirá-las a exercer os dons dados por Deus. O seu maior desejo é "que todos amem a Deus e os outros". Assim o faz revertendo parte do benefício pela venda das suas obras a favor de instituições de caridade.



A nossa arte
Nem todos temos as capacidades da Akiane. Contudo, Deus concedeu-nos talentos e qualidades suficientes para fazer da nossa vida uma bela “obra de arte”. Não interessa “vender” o que fazemos mas enriquecer os outros com o que vivemos. E isso não tem preço! As nossas mais belas poesias serão as palavras que consolarão e encorajarão aqueles que delas precisarem. As nossas mais belas pinturas serão os gestos e opções que tomaremos para o bem de outros. Ainda que a obra não esteja ainda visível e acabada, ela começa hoje onde te encontras com a pincelada e o verso de cada dia.

Para saber mais sobre Akiane:
http://akianepintora.blogspot.com/

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

VEJO A TUA LUZ


Hoje, procurei forças na Tua casa.
Pedi socorro, rezei.
Procuro em Ti a Paz,
procuro em Ti a Luz,
procuro em Ti o Caminho,
e Tu mostras-me Jesus.

Vem, meu Pai, abençoa a minha casa,
vem, meu Pai, abençoa a minha vida.
Concede-me felicidade, paz, harmonia.
Tanta paz experimento em Ti.
Tanta luz vejo em Ti surgir.

Deus, dá-me a tua força,
retira-me esta angústia.
Sei que em Ti encontro ajuda,
cerro os olhos e sinto a tua presença.
Calo-me para conversar contigo
nos meus momentos de aflição.

Abençoa-me, meu Pai, abençoa-me.
Cura a minha dor, o meu sofrimento.
Experimento a tua presença a cada instante.
Abençoa-me, meu Pai, abençoa-me!

Luiz Carlos, Brasil
(CCFD)

in Prier Jan/Fev 09

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

DIA DA VIDA CONSAGRADA






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Mensagem para o Dia do Consagrado
“PARA MIM, VIVER É CRISTO” (Fil 1, 21)
"Na génese e no coração de vidas oferecidas e dadas a Deus está sempre a consagração nas suas mais diversas formas. Também aqui a iniciativa divina tem sempre o seu lugar primordial.
Lembremos o que nos diz João Paulo II: “Na tradição da Igreja a vida consagrada é considerada como um singular e fecundo aprofundamento da consagração baptismal, visto que nela a união íntima com Cristo, já inaugurada no Baptismo, evolui para o dom de uma conformação expressa e realizada mais perfeitamente” … e é o Espírito “que forma e plasma o espírito dos que são chamados, configurando-os a Cristo”. Como Jesus, o consagrado(a) não tem outro bem além do Reino, outra família além da de Deus, outro projecto que não seja o do Pai. (cf. Ex. Ap. Vida Consagrada, n.ºs 19 e 30).
Quem, melhor do que Paulo, discípulo chamado por Cristo e seduzido pelo Reino, conseguirá dizer com esta verdade e clareza: “para mim, viver é Cristo”?
Quem, melhor do que os consagrados(as) entregues a Deus para servir humanidade, afirmará diariamente com igual coerência e com a mesma autenticidade: “para mim, viver é Cristo”?
Que melhor escola de vocação, de perseverança e de santidade encontraremos do que esta em que Cristo é o nosso mestre e modelo?
O consagrado encontra, ao jeito dos discípulos de Jesus na escola do mestre, no silêncio contemplativo, na escuta atenta e orante da Palavra e na experiência intensa da missão a sua razão de ser e de viver.
Por outro lado, continua sempre um permanente inquieto na busca do mistério eterno de Deus que o ama e o escolheu desde sempre e para sempre.
O Ano Paulino convida-nos a ir ao coração deste mistério inesgotável de Deus, fonte de vocação, de consagração e de fidelidade e lugar de bênção e de graça donde nascem e florescem as novas vocações.
Sem esta dimensão contemplativa do mistério santo de Deus e da escuta atenta da Sua Palavra, origem do conhecimento e da vida em Cristo, força mobilizadora para a missão e dinamismo inspirador do amor à Igreja, como poderemos nós traduzir o Evangelho nas novas linguagens da cultura com “novo ardor, novo entusiasmo e novos métodos”?
Ao mergulhar no mistério de Deus, o consagrado(a) reencontra e refaz diariamente na sua vida e missão este amor original de Deus que o escolheu. Daí emerge igualmente no(a) consagrado(a) em cada manhã a liberdade, a disponibilidade e a abertura para a compreensão dos caminhos que urge percorrer para que “o Evangelho seja colocado na vanguarda do tempo” e na universalidade das culturas, como tão bem o soube fazer S. Paulo.
Que S. Paulo nos ajude a perceber e a viver nesta certeza de fé a alegria e a generosidade de consagrados(as) e a descobrir o sentido permanente de vidas dadas por amor onde o rosto da Igreja se faz mais belo e se torna mais eficaz a sua missão."
D. António Francisco dos Santos
Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios