quinta-feira, 21 de agosto de 2008

GUIA-ME, SENHOR


Guia-me, Senhor,
cada vez mais,
para junto de Ti.
Guia-me, Senhor,
ao longo das trevas
que me rodeiam.
Quero sair…
Mas a noite é escura
e tenho medo!
Tremo, Senhor,
quando Te procuro
e não consigo ver-Te.
Estou ainda tão longe de Ti.
Guia-me, Senhor,
cada vez mais
para junto de Ti.

Ontem,
queria fazer tudo sozinho.
Hoje, Senhor,
tudo quero fazer contigo.
Guia-me, Senhor,
cada vez mais
para junto de Ti.
Leva-me pela noite
até ser dia;
Pela dúvida à certeza;
Por rios e riachos
ao oceano do Teu Amor;
Pelo frio e pelo calor
ao prazer da Tua primavera.
Guia-me, Senhor,
cada vez mais
para junto de Ti.

Francisco Viegas

BENDITO SEJA O TEU NOME, SENHOR

DEIXAR TUDO...


"Nós deixámos tudo e seguimos-te"
cf. Mt 19,23-30

Ouvistes, meus irmãos, que Pedro e André abandonaram as redes para seguirem o Redentor ao primeiro apelo da sua voz (Mt 4,20)... Talvez algum de vós diga baixinho: "Para obedecer ao apelo do Senhor, que é que aqueles dois pecadores abandonaram, eles que não tinham quase nada?" Mas, nesta matéria, temos de considerar as disposições do coração mais do que os bens que se possuem. Deixa muito aquele que não retém nada para si; deixa muito aquele que abandona tudo, mesmo se não é muita coisa. Quanto a nós, aquilo que possuímos, conservamo-lo com paixão, e, o que não temos, buscamo-lo com todo o nosso desejo. Sim, Pedro e André deixaram muito, pois um e outro abandonaram mesmo o desejo de possuírem. Abandonaram muito porque, renunciando aos seus bens, renunciaram também às suas ambições. Seguindo o Senhor, renunciaram a tudo o que teriam podido desejar se o não tivessem seguido.

S. Gregório Magno
papa (c. 540-604)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

S. BERNARDO DE CLARAVAL


Muitos daqueles que conhecem mal São Bernardo consideram-no como um monge guerreiro, por ter pregado a segunda cruzada, quando, na verdade, é um mensageiro do amor de Deus e assumiu-se como instrumento de paz.
A mensagem de Bernardo é muito simples e humana: o caminho da conversão, que ele nos propõe, consiste em conhecer-nos a nós próprios antes de conhecer Deus plenamente, e de aprender a amar-nos, não de forma egoísta, mas como meio de aprendizagem para amar os outros.
Bernardo nasceu no Castelo de Fontaine, próximo de Dijon na França no ano de 1090. O seu pai, ficou consternado quando, ainda muito jovem, ele decidiu tornar-se monge na Ordem de Cister, fundado por São Roberto, em 1098: um após outro, os filhos abandonavam o conforto do castelo para seguir Bernardo. O próprio pai, mais tarde, acabou por imitar os filhos. Tal facto como este nunca se havia verificado em toda história da Igreja.
Pelo exemplo de Bernardo, muitos outros jovens desejaram tornar-se cistercienses. Foi necessário fundar outros mosteiros.
Experientes trabalhadores, como todos os beneditinos, os monges logo levantaram um novo mosteiro, dando-lhe o nome de Claraval. A antiga regra beneditina era aí observada com todo rigor: oração e trabalho, sob a obediência absoluta ao abade.
São Bernardo sempre preferiu os caminhos do coração: "No seu amor, Deus nada mais deseja para além de ser amado. Ele somente ama a fim de ser amado, pois Ele sabe: todo aquele que O amar encontrará precisamente nesse amor a plenitude da felicidade."
O amor basta-se a si mesmo… É por si só, seu mérito e sua recompensa. O amor não busca fora de si, nem a sua razão de ser, nem o seu fruto. O seu fruto é o amor mesmo. Amo porque amo, amo para amar.”
São Bernardo depois de laboriosas jornadas retirava-se para a cela para escrever obras cheias de optimismo e de doçura, como o Tratado do Amor de Deus e o Comentário ao Cântico dos Cânticos que é uma declaração de amor a Maria. É também o compositor do belíssimo hino Ave Maris Stella e da oração “Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria”. Também é sua a invocação: " Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria" da salve-rainha.
Mas a sua acção não se limita a escrever; ele intervém em assuntos públicos, defende os direitos da Igreja contra os príncipes seculares e aconselha papas e reis procurando sempre estabelecer a paz.

Bernardo morre no dia 20 de Agosto em 1153 com 63 anos.
Foi canonizado em 18 de Junho de 1174. Foi chamado pelo Papa Pio XII "O último dos Padres da Igreja, e não o menor".

REZAR COM S. BERNARDO


Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria,
que jamais se ouviu dizer
que algum daqueles que tem recorrido a vossa protecção,
implorando o vosso auxílio,
e reclamando o vosso socorro,
fosse por vós desamparado.
Animado, pois, com igual confiança,
ó Virgem das virgens, como à Mãe recorro
e de vós me valho
e, gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prostro a vossos pés;
não desprezeis as minhas súplicas,
ó Mãe do Filho de Deus,
mas dignai-vos de as ouvir propícia
e me alcançar o que vos rogo.
À vossa protecção recorremos,
Santa Mãe de Deus,
não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita.
Amém.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

BEM HAJA E ATÉ BREVE, Ir. PERPÉTUA


Ao longo destes últimos anos, habituámo-nos a conviver com o sorriso e disponibilidade da Irmã Pepétua, religiosa das Servas de Nª Srª de Fátima. De forma incansável e evangélica, deu-se à Diocese da Guarda em diversos campos como por exemplo no Departamento da Educação Cristã da Infância e Adolescência, no Departamento da Pastoral Juvenil e no Serviço da Pastoral Vocacional, para além da preciosa acção pastoral na cidade da Guarda.
Mas quem se entrega a Deus, entrega-se ao mundo e uma particularidade da vida religiosa é estar disponível para o Reino de Deus. E este não tem fronteira. A sua Congregação confiou-lhe agora uma nova missão, concretamente, junto da comunidade portuguesa presente no Luxamburgo.

Quisemos, nesta hora de despedida, pedir-lhe que partilhasse connosco o seu testemunho respondendo a algumas perguntas:


- Que significado tem para si ser Serva de Nossa Senhora de Fátima?
Ser Serva de Nossa Senhora de Fátima (SNSF) tem, para mim, todo o sentido. Desde jovem, quando procurava encontrar o meu projecto de vida, me identifiquei com o projecto as Irmãs (SNSF). O seu estilo de vida, o seu jeito próprio de estar junto das pessoas, o trabalho em Igreja, inseridas na paróquia, e também esta dimensão de contemplação na acção e do amor a Maria. Ser (SNFF), agradava-me imenso.
Hoje, em cada dia que passa, sinto-me ainda mais identificada na minha vocação de irmã, de consagrada. Sou uma mulher feliz na vida que Deus escolheu para mim e que eu, livremente respondi com a toda a força da minha juventude, pois tinha 22 anos quando entrei no noviciado.

- Porquê a consagração?
Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir! Tu me dominaste e venceste. Jr 20, 7.
Bastava esta frase para responder à questão lançada. Mas atrevo-me a dizer que a consagração, para mim porque, no seio da minha família e da comunidade cristã encontrei uma forte interpelação de Deus que me chamava a uma entrega total da minha vida. Rezava-se em família por esta causa das vocações. E eu perguntava a Deus e a mim própria: será que Deus me quer para Ele? Como? Onde? Fui encontrando ajuda, fui encontrando resposta. Fui percebendo que o caminho seria a vida de consagração.

- Partilhou connosco alguns anos. Que recordações lhe deixa a sua passagem pela nossa Diocese?
A minha passagem pela nossa Diocese da Guarda, ficará gravada para sempre na memória do coração. Não sei se posso falar simplesmente de recordações que levo comigo. Prefiro antes falar de um conjunto de experiências, de verdadeiras relações humanas muito pessoais, de um receber constante de cada pessoa que me soube acolher o meu jeito de ser e de estar em Igreja e em sociedade. Levo comigo a sabedoria das pessoas da Guarda, a marca da sua firmeza na fé, da sua verdade e simplicidade no trato com as pessoas que chegam à sua terra.

- Tendo passado e trabalhado em diversos pontos do país, que particularidades encontrou na nossa Diocese?
Permitam-me, queridos jovens que eu confesse um segredo: Tenho algumas dificuldades em responder a esta questão que me está a ser lançada. E porquê! Porque sou uma Irmã que habitualmente me sinto bem, onde estou, no contacto com as pessoas, no trabalho conjunto. Amo a Deus em cada uma, amo cada uma, gosto das pessoas e sinto que, geralmente, acontece uma correspondência. São dons de Deus vividos em reciprocidade. E a Guarda não é excepção.

- Qual será a sua nova missão e que expectativas tem em relação a ela?
A minha nova missão será, antes de mais, a continuidade da missão recebida no acto da minha consagração, quando jovem como vós. Em disponibilidade irei acolher um novo povo, novos costumes e tradições, nova língua falada, não contando as muitas surpresas, as exigências, as alegrias. Irei trabalhar para a comunidade do Luxemburgo, com as comunidades portugueses, aí residentes. Tudo será novo, incluindo a comunidade das irmãs com quem irei partilhar mais de perto a minha vida e missão. Como sempre, estou disposta a aprender com as pessoas num dar e receber constantes.

- Uma mensagem para a diocese da Guarda

Que cada homem ou mulher, que cada jovem cristão se sinta verdadeiramente enviado de Deus ao serviços dos irmãos e da comunidade cristã. Que cada jovem, particularmente escute a voz de Deus e em resposta fiel siga o seu projecto de amor, abraçando o caminho traçado por Deus.
Desejo muito que esta nossa Diocese cresça todos os dias como família cristã, ultrapassando as barreiras geográficas, os muros culturais, ou as pequenas divergências comunitárias. Desejo muito uma diocese viva capaz de testemunhar o dinamismo juvenil, próprio de uma Igreja jovem e renovada.

Com muita estima por cada um de vós,
Ir. Perpétua



O Serviço Diocesano de Pastoral Vocacional agradece à Irmã Perpétua toda a sua disponibilidade, amizade e testemunho, nas diversas acções realizadas em favor das vocações. Agradecemos, de forma muito especial, o seu sorriso, melhor prova da sua entrega generosa a Cristo e aos irmãos.
Pedimos a Deus que a abençõe na sua nova missão, a ampare nos desafios a enfrentar e torne fecunda a sua acção pastoral, permitindo que continue a ser o instrumento útil que tem sido até agora em suas mãos.



sexta-feira, 15 de agosto de 2008

COM TUDO O QUE SOU...

Uma vida faz-se com tudo o que somos, e não tanto com o que temos.

Aliás, verdadeiramente, só temos o que somos.

Neste tempo de maior descanso, de férias, de reencontros com familiares e amigos, sintamos que somos o que Deus nos faz ser, em tudo e com todos.

Tudo quanto Ele quer (e merece), é que nos entreguemos com tudo o que somos... como Maria, neste seu dia.

ASSUNÇÃO DE MARIA


Deus da alegria,
sempre a convocar-nos para o gozo da vida!
Inundas de esperança a terra
ao chamar para ti, na plenitude do seu ser,
Maria, a mãe de Jesus.

A unidade do teu Jesus contigo e com Maria
permanece para além dos limites do tempo.

A vida venceu a morte,
e uma criatura nossa irmã
e obra da plenitude da tua graça
já goza da dança eterna,
ao som do eterno Amor.

Neste dia de festa, em tantos recantos da nossa terra,
atrai-nos para a alegria de sermos em ti,
na saúde e na doença, na dor e na paz.
Santa Maria da Assunção seja para nós, ó Deus,
sinal da tua companhia maternal
e sustento de uma esperança à tua medida.

D. Carlos Azevedo

LIDO ROSSI, médico missionário


Lido nasce em Itália em 1928. Não tem cinco anos quando o seu pai morre, ainda jovem, com uma pneumonia. Quando mais tarde a professora pergunta na escola o que os alunos querem ser mais tarde, Lido responde: “Serei médico para curar os pais que estão doentes.” Quinze anos depois, Lido inscreve-se na faculdade de medicina. Será médico.
A ausência do pai e a coragem da mãe, apesar da pobreza, asseguram a Lido uma educação amadurecida. Adolescente, testemunha os estragos e horrores da guerra tornam-no melancólico e extremamente sensível. É introvertido e fecha-se nos seus estudos. É na poesia que refugia. Dotado, percebe porém que se a escrita lhe permite expressar os sentimentos íntimos, não o aproxima dos outros: “sinto-me tão passivo e indigno perante a tristeza dos outros…” Na universidade, tem a oportunidade de sair de si mesmo. Luta contra a sua timidez através de contactos, diálogos, comunicação… Constrói assim sólidas amizades e apaixona-se por uma estudante de letras, Elena Falleni. Após muitas hesitações, acaba por declarar-lhe o seu amor.
Oficializam o noivado a 13 de Maio de 1953, dia do 25º aniversário de Lido. Elena é para ele uma alma gémea. Partilham as mesmas aspirações, o ideal de uma vida doada aos outros e comungam da delicadeza e pureza de sentimentos. Também a fé ilumina o caminho de ambos.

O sonho missionário
Em 1954, Lido forma-se em medicina e cirurgia. Depressa nasce nele o ideal missionário: “Sou feliz na perspectiva do nosso futuro, pensando que não fomos feitos para viver exclusivamente a nossa vida, mas para a dar aos outros, para lhes fazer bem. Vejo claramente o caminho a seguir, mas rezo para que o egoísmo não me venha a cegar”.
Expõe a sua vocação à sua noiva. Mais uma vez, ambos partilham o mesmo desejo. Casados a 18 de Agosto de 1956, partem para África o dia 5 de Dezembro. Destino: hospital de Stegi, missão confiada ao Padres Servitas de Maria, na Suazilândia.
No meio de inúmeras dificuldades (clima exigente, hostilidade dos curandeiros africanos, perigos do território e dos animais selvagens…), o jovem casal dá-se sem contar. A dedicação, a bondade e a delicadez de Lido ganham a confiança e o afecto do povo Swazi, ao ponto de converter a rainha da tribo que pede o baptismo.
Mas em 1958, Lido sente um extremo cansaço e fortes dores de cabeça. Continua o seu trabalho mas, a dado momento, não pode mais. É hospitalizado a 10 de Agosto do mesmo ano. No dia 14 pede o sacramento da Unção dos doentes que receberá no dia seguinte, festa da Assunção de Nossa Senhora. Acaba por falecer alguns momentos depois. Plenamente consciente e olhando para Elena dir-lhe-á murmurando: “Estou feliz agora”. Tinha trinta anos, apenas.
Elena confessará mais tarde: “Nunca tinha visto um morto, antes dele. Mas perante a aceitação e a coragem de Lido nos seus últimos instantes, nunca mais olhei para a morte com medo. Espero-a como o princípio de uma felicidade perfeita”. “Quando agora falo ao Senhor, parece-me que Lido está presente. Ele indicou-me a orientação de vida que tenho a peito seguir, feita de uma extrema caridade e de um dom total no esquecimento de si mesmo”.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

RICOS POBRES OU POBRES RICOS!?


Era uma vez… um pai de uma família rica que decidiu passar um fim de semana com o filho entre os pobres. O objectivo da viagem era claro: o rapazinho devia aprender a valorizar os bens materiais e o prestígio social. O pai queria, desde cedo, passar esses valores para o herdeiro. Hospedaram-se numa casa de madeira de um dos trabalhadores da herdade de um familiar.
Passados os dias, ao regressarem a casa, o pai perguntou ao filho: “Que tal? Gostaste? Aprendeste alguma coisa?”
O rapaz ficou calado por um momento e, depois, disse: “É evidente que aprendi, papá! Vi que nós temos um cão e eles têm quatro. Nós temos uma piscina e eles um rio que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada e eles têm as estrelas e a luz do céu. Nós temos um canário numa gaiola e eles têm em liberdade todas as aves que a natureza lhes pode oferecer”.
O pai do gaiato não saia do seu espanto por começar a ver o mundo com os olhos inocentes do filho, que continuou: “Além do mais, observei que eles rezam antes de comer e nós aqui em casa falamos de negócios, da valorização do Euro e dos próximos eventos sociais e das roupas com que devemos apresentar-nos. De seguida, empurramos o prato, a Joana arruma e nós vamos à vida. No quarto, onde dormi com o Toneca, passei vergonha. Ele ajoelhou-se e agradeceu a Deus por tudo, inclusive pela nossa visita. Eu dormi na cama e ele no chão, pois não havia outra cama. Lá em nossa casa, a Joana dorme no quarto das arrumações, embora não faltem quartos”.
O pai estava envergonhado e estupefacto. O filho, na sua sábia ingenuidade, abraçou o pai e acrescentou: “Obrigado, pai, por me teres mostrado quanto nós somos pobres…”
in Contacto,
Julho/Agosto 2008
Pe. Jorge Fernandes, svd

S. MAXIMILIANO KOLBE, mártir da caridade


Maximiliano nasceu na Polónia em 1894, tendo recebido o nome de Raimundo. Era originário de uma família profundamente religiosa. Naturalmente, cresceu em si o amor a Deus e a Maria.
Em 1910, optou pela vida consagrada e entrou na Ordem dos Franciscanos Conventuais, assumindo o nome de Maximiliano. Aluno brilhante, continuou os seus estudos em Roma onde aprofundou a sua relação especial com Nossa Senhora. No ano 1917, Maximiliano juntamente com outros seis frades fundaram a chamada “Milícia da Imaculada”, uma associação dedicada à divulgação do Catolicismo em nome de Maria. Os membros tornaram-se conhecidos como Cavaleiros da Imaculada.

Espalhando a Palavra
Apesar de estar debilitado com tuberculose, Maximiliano não se poupou a esforço para estender a acção da Milícia. Regressado ao seu país natal em 1922, iniciou a publicação de uma revista que pretendia promover os valores tradicionais católicos.
Cinco anos mais tarde, Maximiliano fundou a Niepokalanow, que quer dizer “Cidade de Maria Imaculada”. Nela chegaram a residir 672 religiosos. A cidade tornou-se a base de um centro de comunicação social cristã, incluindo um jornal diário e uma estação de rádio. Em 1931, Maximiliano viajou até ao Japão fundando aí uma outra cidade dedicada a Maria, com o seu boletim mariano e missionário impresso em japonês.

Mártir da caridade
Quando rebenta a II Guerra Mundial com a invasão da Polónia pelo exército alemão sob o comando de Hitler, os nazis não se limitaram a prender e deportar judeus, mas também outros grupos étnicos e líderes católicos. Estes últimos eram temidos pela influência que tinham junto do provo polaco, profundamente católico. Maximiliano, com a sua vasta acção missionária, também constava da lista. Passou vários meses num campo de concentração. Libertado, foi novamente preso em 1941, enviado para Auschwitz, condenado a trabalhos forçados. Entre os companheiros de infortúnio continuou a exercer um verdadeiro apostolado, encorajando-os a resistir com ânimo.
Foi ali que se ofereceu para morrer no lugar de Francisco Gajowniczek, um pai de família condenado a morte. Único sobrevivente do grupo, no subterrâneo da morte, Maximiliano Kolbe resistiu por quinze dias à fome, à sede, ao desespero na escuridão do cárcere. Confortava os companheiros, os quais, um após outro, aos poucos sucumbiam. Morreu com uma injecção de fenol que lhe administraram. Era o prisioneiro com o nº 16.670. Foi no dia 14 de Agosto de 1941.

Beatificado por Paulo VI em 1971, foi canonizado por João Paulo II, em 1982.
Toda a razão de ser, de sofrer e de morrer do Padre Kolbe esteve em perscrutar - para dela viver e fazer que se vivesse - a resposta de Maria a Bernardette: "Sou a Imaculada Conceição".

terça-feira, 12 de agosto de 2008

CARL LEISNER, um anjo em Dachau


Carl Leisner nasceu a 28 de Fevereiro de 1915 na Alemanha. Como jovem, integra o movimento da juventude católica com o qual participará em inúmeras actividades. Aí aprenderá o valor da camaradagem mas também a conhecer e viver à luz da Bíblia, da liturgia e da Eucaristia. Cristo torna-se o guia da sua vida.
Passa a ser o animador de jovens que recusarão vergar-se à ideologia do IIIº Reich que emerge na Alemanha. Já na universidade, é o bispo que lhe pede que se responsabilize pela juventude da diocese. Naturalmente, nada disso escapa à Gestapo, polícia secreta do regime nazi, que passa a vigiá-lo. Carl confia-se a Deus: “Senhor, com a tua Graça, aceito esta pesada tarefa. Guia-me para a tua Luz, Senhor, Deus todo-poderoso. Prometo-te solenemente, ser teu instrumento. A partir deste dia, toda a minha vida te pertence”.
No seu interior, debate-se com um dilema: ser padre ou casar e fundar uma família? Ele próprio decidirá: “Sou chamado a ser padre e ofereço tudo por esta vocação”. A 25 de Março de 1935, é ordenado diácono, esperando pelo sacerdócio alguns meses mais tarde.
Porém, as coisas não irão decorrer como previsto. Carl é subitamente atingido pela tuberculose e é obrigado a retirar-se para tratamentos. É nessa ocasião que é preso pela Gestapo. Em Dezembro de 1940, encontra-se no campo de concentração de Dachau. Aí, tem um novo ataque de tuberculose com hemorragia nos pulmões. É enviado para a infirmaria onde jazem mais de uma centena de tuberculosos e moribundos, literalmente abandonados à sua sorte. Surpreendentemente, Carl resiste graças à Sagrada Escritura e à Eucaristia que lhe chega clandestinamente e que ele distribui aos agonizantes. É assim que ele sobrevive durante 4 anos, embora o mal progrida. Então, acontece o inesperado: a 17 de Dezembro de 1944, no bloco 26, sob perigo de morte por ser expressamente proibido toda a reunião de carácter religioso, Carl é ordenado padre por um bispo francês também preso. O novo sacerdote celebra a sua primeira e única missa no dia de S. Estêvão.
Todos os presos serão libertados o dia 4 de Maio de 1945. Mas Carl encontra-se extenuado. As suas últimas semanas são passadas próximo de Munique. Só duas coisas ocupam a mente de jovem padre: o Amor e a Penitência. Relembrando os seus algozes no campo de concentração, desabafa: “Queriam matar-nos a alma. Ó meu Deus, obrigado por nos teres salvo pelo teu Reino de Amor e de Humanidade… Abençoa também, ó Altíssimo, os meus inimigos”. Morre no amor de Cristo o dia 12 de Agosto de 1945.

No dia 15 de Março de 1980, João Paulo II deu a sua concordância para a abertura do seu processo de beatificação.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

TOMAR A CRUZ...

«Tome a sua cruz e siga-Me»
cf. Mt 16,24-28


Durante a tua vida, Cristo não te pede que carregues com Ele todo o peso da Sua cruz, que é uma cruz pesada, mas apenas uma pequena parte, aceitando os teus sofrimentos. Nada tens a temer. Pelo contrário, considera-te muito feliz por teres sido considerado digno de participar nos sofrimentos do Homem-Deus. Não se trata de um abandono nem de um castigo de Deus; pelo contrário, Ele está a dar-te uma prova do Seu amor, do Seu grande amor. Deves agradecer-Lho e resignar-te a beber o cálice do Getsemani.

Por vezes, o Senhor faz-te sentir o peso da cruz. Esse peso parece-te insuportável e, contudo, tu carrega-lo porque o Senhor, que é cheio de amor e de misericórdia, te estende a Sua mão e te dá as forças de que precisas. Perante a falta de piedade dos homens, o Senhor tem necessidade de pessoas que sofram com Ele.

São Pio de Pietrelcina
(1887-1968)
capuchinho

CLARA DE ASSIS, a alegria de existir

Clara nasceu em Assis, Itália, por volta de 1193 no seio de uma rica família aristocrática. Ainda criança, Clara parecia já devotada à oração e desejosa de uma vida mais espiritual. Aos 18 anos, inspirada por São Francisco, Clara pediu-lhe em privado para a ajudar a viver uma vida de humildade e dedicada a Jesus.
Na noite de Domingo de Ramos de 1212, ela fugiu de casa, pois a sua família queria obrigá-la a casar. Revestiu o hábito pobre dos companheiros de Francisco e cortou o cabelo como sinal de consagração a Deus.
Francisco confiou Clara às Beneditinas de um convento próximo. Clara resistiu aos intentos dos seus familiares que a queria retirar pela força. Mais tarde, juntamente com mais algumas jovens e mulheres que quiseram seguir o seu exemplo, incluindo a sua irmã Inês, Clara deslocou-se para São Damião, Igreja que Francisco restaurara nos arredores de Assis.

Uma vida simples e santa
Francisco nomeou Clara superiora daquilo que se tornaria a primeira comunidade das Damas pobres, conhecidas hoje por Clarissas. Sob a orientação e exemplo de Clara, a comunidade viveu austeramente: jejuavam frequentemente, andavam descalças, dormiam no chão, e viviam no recolhimento e silêncio. A comunidade recusou-se a possuir propriedades e rendas para subsistência, honrando os princípios franciscanos de pobreza. Apesar da dureza desta vida Clara e suas irmãs viviam do seu próprio trabalho e, sobretudo, num espírito fraterno e alegre. Dos papas, Gregório IX e Inocêncio IV não aceitou ajudas económicas, apenas pedia que lhe fosse reconhecido o “privilégio” da Pobreza.
Clara manteve-se à frente da sua comunidade até à sua morte, quase 40 anos mais tarde, coincidindo com a tão desejada autorização de viver a pobreza.
Clara ainda teve a alegria de acolher junto de si outra irmã, Beatriz, a sua mãe e sua tia. Foi ainda testemunha da fundação de novas fraternidades em toda a Europa.

Clara é a padroeira da televisão. Segundo a tradição, uma noite de Natal, encontrando-se doente, não pôde deslocar-se até à Igreja. Porém, Deus concedeu-lhe a graça de, em visão, acompanhar a celebração da eucaristia. Outros sinais prodigiosos aconteceram na vida de Clara. Todavia, o maior sinal é, sem dúvida, a do seu exemplo: sendo rica e bonita e, consequentemente, prometida a uma vida folgada, preferiu às ilusões da riqueza e da fama a verdadeira felicidade de quem vive livre de todas as amarras, abandonada totalmente ao amor de Cristo. Com frequência, apelava a que se olhasse para o crucifixo como um espelho, no qual todos deveriam contemplar Cristo. A nossa beleza é Deus em nós.
A sua vida continua a chamar jovens que apostam a vida na coragem de amar na humildade e simplicidade.

A todas as irmãs clarissas, um feliz dia de Stª Clara.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

JEAN MARIE VIANNEY, Santo Cura de Ars


Três anos antes da Revolução Francesa nascia João. O novo governo francês tendo proibido toda a actividade religiosa, o pequeno João frequentava a eucaristia em segredo. Trabalhava como pastor na quinta da família que necessitava da sua ajuda. Assim, só pôde iniciar a sua aprendizagem intelectual aos 20 anos, tendo muitas dificuldades, especialmente em latim.
Quando em 1810 o clima político mudou, João entrou para o seminário. Mais uma vez, sentiu dificuldades porque todo o curso era leccionado em latim. Inicialmente recusaram-lhe a ordenação, mas atendendo às suas qualidades humanas e por ser um homem muito piedoso e de fé, o vigário geral da diocese decidiu que ele avançasse: “deixem que seja ordenado. A graça de Deus fará o resto”.

Cura de Ars
Após a ordenação e a breve passagem por uma paróquia, João foi enviado, em 1817, para uma pequena aldeia distante, Ars-en-Dombes. O nível moral na sua nova paróquia era baixo, mas João estava determinado em mudá-lo. Não possuía grande ciência, nem muita saúde, nem dinheiro, mas a sua santidade pessoal, a sua união com Deus fez o milagre. Começou por visitar todas as famílias da aldeia. João levava uma vida austera e passava muitas vezes os dias a rezar e em penitência pelos seus paroquianos. Cuidava também dos doentes e dos pobres e dava aulas de catecismo às crianças.

Confessor
João era muito dotado para a confissão. Mostrava grande simpatia e dedicava a cada penitente o tempo necessário para o guiar espiritualmente. A sua fama depressa se espalhou e em breve era procurado como confessor por pessoas vindas de longe. Por vezes, passava mesmo 16 horas por dia a ouvir confissões.
Certa vez, perguntaram a um advogado de Lyon que regressava de Ars o que tinha lá visto. Ele respondeu: “Vi Deus num homem”. Na verdade, é o que deveria ser dito de cada cristão, sobretudo de cada sacerdote.

João manteve-se em Ars, dedicado à sua gente, até à sua morte aos 73 anos.
.

AMO-TE...

Amo-Te, ó meu Deus e o meu único desejo
é amar-Te até ao último suspiro da minha vida;
só uma graça Te peço:
a de amar-Te eternamente.
Meu Deus, se a minha boca não puder dizê-lo,
em cada instante, que Te amo,
quero que o meu coração
o repita tantas vezes quantas eu respiro.

Amo-Te, ó meu divino Salvador,
porque foste crucificado por mim;
amo-Te, ó meu Deus,
porque me manténs na terra crucificado por ti…
Meu Deus, concede-me a graça
de morrer amando-Te e sentindo que Te amo.
Meu Deus, à medida que me aproximo do fim,
dá-me a graça de aumentar o meu amor
e de torná-lo perfeito.


S. João Maria Vianney
Cura de Ars

domingo, 3 de agosto de 2008

DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER


"Dai-lhes vós mesmos de comer"
cf. Mt 14,13-21


“O pão que Eu hei-de dar é a minha carne que Eu darei pela vida do mundo” (Jo 6, 51). Com estas palavras, o Senhor revela o verdadeiro significado do dom da sua vida por todos os homens; as mesmas mostram-nos também a compaixão íntima que Ele sente por cada pessoa.
Na realidade, os Evangelhos transmitem-nos muitas vezes os sentimentos de Jesus para com as pessoas, especialmente doentes e pecadores (Mt 20, 34; Mc 6, 34; Lc 19, 41). Ele exprime, através dum sentimento profundamente humano, a intenção salvífica de Deus que deseja que todo o homem alcance a verdadeira vida. Cada celebração eucarística actualiza sacramentalmente a doação que Jesus fez da sua própria vida na cruz por nós e pelo mundo inteiro. Ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus faz de nós testemunhas da compaixão de Deus por cada irmão e irmã; nasce assim, à volta do mistério eucarístico, o serviço da caridade para com o próximo, que “consiste precisamente no facto de eu amar, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou que nem conheço sequer.
Isto só é possível realizar-se a partir do encontro íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de vontade, chegando mesmo a tocar o sentimento. Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo”. Desta forma, nas pessoas que contacto, reconheço irmãs e irmãos, pelos quais o Senhor deu a sua vida amando-os “até ao fim” (Jo 13, 1).
Por conseguinte, as nossas comunidades, quando celebram a Eucaristia, devem consciencializar-se cada vez mais de que o sacrifício de Jesus é por todos; e, assim, a Eucaristia impele todo o que acredita n'Ele a fazer-se “pão repartido” para os outros e, consequentemente, a empenhar-se por um mundo mais justo e fraterno. Como sucedeu na multiplicação dos pães e dos peixes, temos de reconhecer que Cristo continua, ainda hoje, exortando os seus discípulos a empenharem-se pessoalmente: “Dai-lhes vós de comer” (Mt 14, 16). Na verdade, a vocação de cada um de nós consiste em ser, unido a Jesus, pão repartido para a vida do mundo.

Papa Bento XVI
Sacramentum caritatis, 88

NÃO FORAS TU, SENHOR...


Não foras Tu, Senhor, não foras Tu,
No deserto da vida, imenso e nu,
Nenhuma fome encontraria pão.

Nenhuma sede encontraria fonte,
Nenhum olhar a luz de um horizonte,
Nenhum abraço os braços de um irmão!



MOREIRA DAS NEVES
A Tarde e o Céu

QUANDO EU TIVER FOME…


Senhor, quando eu tiver fome,
dai-me alguém para alimentar.
Quando eu tiver sede,
dai-me alguém a quem saciar.
E quando eu tiver frio,
alguém a quem vestir.

Quando estiver por terra,
alguém a quem levantar.
Quando o meu fardo pesar,
carregai-me com o dos outros.
E quando eu precisar de ternura,
que alguém recorra à minha.

sábado, 2 de agosto de 2008

AO SENHOR DA CRIAÇÃO...


Ao ler a Bíblia nos seus primeiros capítulos, descubro um Deus que desejou a existência de tudo (e a minha também). O seu desejo torou-se realidade porque Ele se comprometeu (pessoalmente) na concretização desse sonho dando ao universo a sua própria vida.
Pela ciência, descubro um Deus infinitamente inteligente que respeitou a própria liberdade de tudo quanto criou mas sem nada deixar ao acaso. Um Deus que não "despachou" o serviço em poucos dias mas previu um lento crescimento em milhões e milhões de anos. De outra forma, teria sido um desperdício de inteligência e a revelação de uma reguiça humana que não exite em quem é Deus.
Importa é descobrir, contemplar e maravilhar-se com as verdades que a Bíblia e a ciência nos oferecem: uma porque nos revela os sonhos de Deus em relação à humanidade e a outra, dom do mesmo Deus, que nos revela como Ele realizou (e continua a realizar connosco) os seus desejos.
Neste verão desfruta as maravilhas de Deus, escritas no Livro Sagrado e na Natureza.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

S. AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, advogado de Deus


Afonso nasceu em 1996, perto de Nápoles, filho de um oficial da marinha. A sua mãe era uma mulher piedosa, mas o seu pai era um homem severo que tinha grandes expectativas que o seu filho seguisse uma carreira brilhante.
Amante dos estudos, aos 19 anos já era advogado, avançando com sucesso. Mas a sua vida mudou radicalmente quando percebeu a fragilidade dos julgamentos humanos, defendendo culpados e condenando inocentes. Sentindo que Deus o desafiava a reconsiderar as suas opções, aos 30 anos fez-se sacerdote, contra o desejo do pai.
Passava os seus dias junto aos mendigos da periferia de Nápoles e dos camponeses. Em 1732, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor (padres redemptoristas), para concretizar o anúncio do Evangelho: "fui enviado para evangelizar os pobres". Entregou-se de corpo e alma a promover a verdadeira vida cristã no meio dos fiéis, especialmente dos mais necessitados.

Escreveu várias obras ascéticas e teológicas. Entre as mais conhecidas temos "A Prática do amor a Jesus Cristo". A sua obra mais importante versa sobre teologia moral, assunto no qual é considerado um mestre. Hoje, os seus escritos estão traduzidos em dezenas de línguas.
Em 1762, foi eleito bispo de Santa Ágata dos Godos, por Clemente XIII, mas devido à idade e ao seu débil estado de saúde abdicou do lugar após ter renovado espiritualmente a diocese. Sofreu muitas contrariedades no fim da vida: criticado pelos seus escritos e até mesmo expulso de sua própria Congregação, por causa da má interpretação daquilo que desejava para seus seguidores.
Afonso, um homem apaixonado que dedicou sem reservas a sua vida a Deus, morreu em 1787 com cerca de 91 anos.