sexta-feira, 15 de agosto de 2008

LIDO ROSSI, médico missionário


Lido nasce em Itália em 1928. Não tem cinco anos quando o seu pai morre, ainda jovem, com uma pneumonia. Quando mais tarde a professora pergunta na escola o que os alunos querem ser mais tarde, Lido responde: “Serei médico para curar os pais que estão doentes.” Quinze anos depois, Lido inscreve-se na faculdade de medicina. Será médico.
A ausência do pai e a coragem da mãe, apesar da pobreza, asseguram a Lido uma educação amadurecida. Adolescente, testemunha os estragos e horrores da guerra tornam-no melancólico e extremamente sensível. É introvertido e fecha-se nos seus estudos. É na poesia que refugia. Dotado, percebe porém que se a escrita lhe permite expressar os sentimentos íntimos, não o aproxima dos outros: “sinto-me tão passivo e indigno perante a tristeza dos outros…” Na universidade, tem a oportunidade de sair de si mesmo. Luta contra a sua timidez através de contactos, diálogos, comunicação… Constrói assim sólidas amizades e apaixona-se por uma estudante de letras, Elena Falleni. Após muitas hesitações, acaba por declarar-lhe o seu amor.
Oficializam o noivado a 13 de Maio de 1953, dia do 25º aniversário de Lido. Elena é para ele uma alma gémea. Partilham as mesmas aspirações, o ideal de uma vida doada aos outros e comungam da delicadeza e pureza de sentimentos. Também a fé ilumina o caminho de ambos.

O sonho missionário
Em 1954, Lido forma-se em medicina e cirurgia. Depressa nasce nele o ideal missionário: “Sou feliz na perspectiva do nosso futuro, pensando que não fomos feitos para viver exclusivamente a nossa vida, mas para a dar aos outros, para lhes fazer bem. Vejo claramente o caminho a seguir, mas rezo para que o egoísmo não me venha a cegar”.
Expõe a sua vocação à sua noiva. Mais uma vez, ambos partilham o mesmo desejo. Casados a 18 de Agosto de 1956, partem para África o dia 5 de Dezembro. Destino: hospital de Stegi, missão confiada ao Padres Servitas de Maria, na Suazilândia.
No meio de inúmeras dificuldades (clima exigente, hostilidade dos curandeiros africanos, perigos do território e dos animais selvagens…), o jovem casal dá-se sem contar. A dedicação, a bondade e a delicadez de Lido ganham a confiança e o afecto do povo Swazi, ao ponto de converter a rainha da tribo que pede o baptismo.
Mas em 1958, Lido sente um extremo cansaço e fortes dores de cabeça. Continua o seu trabalho mas, a dado momento, não pode mais. É hospitalizado a 10 de Agosto do mesmo ano. No dia 14 pede o sacramento da Unção dos doentes que receberá no dia seguinte, festa da Assunção de Nossa Senhora. Acaba por falecer alguns momentos depois. Plenamente consciente e olhando para Elena dir-lhe-á murmurando: “Estou feliz agora”. Tinha trinta anos, apenas.
Elena confessará mais tarde: “Nunca tinha visto um morto, antes dele. Mas perante a aceitação e a coragem de Lido nos seus últimos instantes, nunca mais olhei para a morte com medo. Espero-a como o princípio de uma felicidade perfeita”. “Quando agora falo ao Senhor, parece-me que Lido está presente. Ele indicou-me a orientação de vida que tenho a peito seguir, feita de uma extrema caridade e de um dom total no esquecimento de si mesmo”.

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