sábado, 31 de julho de 2010

DIÁCONO, vocação de testemunho e serviço


No passado dia 27 de Junho, foram ordenados dois sacerdotes e quatro diáconos. Um destes, o João Marçalo, de 24 anos de idade e natural do Colmeal da Torre, aceitou partilhar connosco um pouco da sua caminhada, nomeadamente a do último ano, o chamado estágio pastoral que decorreu no arciprestado de Trancoso.


Voc Acção - Que “frutos” colheste deste ano pastoral?
João - Gostava de começar por dizer que este foi um ano de sementeira, e de cultivo.
Em primeiro lugar porque foi ano de transição, de conhecimento, de contacto, e de estabelecer relações, sem elas não seria capaz de compreender as circunstâncias pessoais e culturais em que vivem as comunidades.
Em segundo lugar é impossível colher aquilo que não se planta; nesse sentido o meu ano foi um ano de labuta, um ano em que compreendi as dificuldades da terra, e que aprendi a semear e a cultivar, com os semeadores que conhecem a terra. Entendi o significado do cultivo, do cuidar, senti algumas vezes a aridez e pó da própria terra; Gostei de perceber como crescem as plantas, que algumas têm necessidade de água e que outras não precisam dela.
Aprendi ao longo deste ano que só semeando na boa terra, regando-a paciente e amorosamente, é que algum dia Ele poderá colher bons frutos.

Voc AcçãoAgora que abraçaste uma nova condição na Igreja, que representa para ti o diaconado?
João - Duas palavras: testemunho e serviço.


Desejamos ao João um bom e frutuoso diaconado, no serviço da Igreja e de testemunho perante o mundo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SER FERMENTO


«O Reino do Céu é semelhante ao fermento

que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha,

até que tudo fique fermentado.»

cf. Mt 13,31-35

.

.

A parábola do fermento

O Senhor apresenta a seguir a imagem do fermento: [...] da mesma forma que este fermento transmite a sua força à massa da farinha, também vós transformareis o mundo inteiro. [...] Não levanteis objecções, dizendo: Que podemos fazer, nós que somos apenas doze, no meio de tão grande multidão? Aquilo que demonstrará o brilho do vosso poder será precisamente o facto de enfrentardes a multidão sem recuar. [...] É Cristo que dá ao fermento o poder que ele tem: Ele misturou na multidão aqueles que tinham fé n'Ele, para que comuniquemos os nossos conhecimentos uns aos outros. Não Lhe censuremos, pois, o pequeno número dos Seus discípulos, pois o poder da mensagem é enorme; e, quando a massa tiver fermentado, tornar-se-á fermento para o resto. [...]

Mas se doze homens fermentaram a terra inteira, que maus somos nós que, apesar de sermos em número considerável, não conseguimos converter os que nos rodeiam, quando tal número deveria ser suficiente para ser fermento de milhares de mundos! – Mas estes doze, dizeis vós, eram os Apóstolos! – E depois? Não estavam nas mesmas condições que nós? Não habitavam também nas cidades? Não partilhavam também o nosso destino? Não exerciam também uma profissão? Seriam anjos descidos do céu? Dizeis que eles fizeram milagres? Mas não é por isso que os admiramos. Até quando falaremos dos seus milagres para esconder a nossa preguiça? [...] – Então de onde vem a grandeza dos Apóstolos? – Do seu desprezo pelas riquezas, de seu desdém pela glória. [...] É a maneira de viver que dá o verdadeiro brilho e que faz descer a graça do Espírito Santo.

São João Crisóstomo (c. 345-407),

Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja,

Homilias sobre São Mateus, 2-3

in http://www.evangelhoquotidiano.org/

sábado, 24 de julho de 2010

DÁ-ME A TUA MÃO DEVAGARINHO...


Seja qual fora a hora do dia,
mas, se possível, logo de manhãzinha,
que eu sinta a doçura do carinho
da única companhia que é a luz no meu caminho.
Mãe da caridade, viva e pura,
conheces bem as minhas amarguras,
e os outros tantos sonhos por realizar.

Por isso, recolhe, ó Mãe dos crentes,
a migalha deste meu dia,
empresta a esse bocadinho de nada
um coração inteiro que bata somente
por amor do teu Filho.

Seja qual for a hora do dia, Mãe querida,
dá-me a tua mão devagarinho.

Conceição Barreira de Sousa
in "Acordar com Deus", ed. Paulinas

sábado, 17 de julho de 2010

ALIANÇA DE MISERICÓRDIA, uma obra de Deus para todos


Há 500 anos, os nossos navegadores descobriam o Brasil. Bem cedo, numerosos missionários portugueses atravessaram o Atlântico com o intuito de evangelizar os povos da América.

Cinco séculos decorridos, as caravelas regressam com novos missionários, mas agora para dar um novo alento de fé à velha Europa.


São nove jovens dinâmicos, cheios de Deus e da sua alegria, todos brasileiros, entre os 23 e 35 anos. Deixaram a sua pátria natal, família e amigos, aceitando o desafio de Deus numa nova família e novo projecto de vida: a Aliança de Misericórdia.

Este Movimento eclesial nasceu em São Paulo, espalhando-se rapidamente pelo Brasil. Encontra-se já presente em Portugal, desde 2008, na Bélgica, Itália e Polónia. A Aliança de Misericórdia combina as forças e o desejo de homens e mulheres, celibatários e casados, leigos e clérigos que, sentindo-se chamados por Deus, tornam-se “filhos da misericórdia” para amar e evangelizar as “ovelhas perdidas”, os filhos predilectos de Deus na pessoa do pobre, marginalizado, desfavorecido ou esquecido pela sociedade.


Carisma e missão

O Movimento enraíza o seu carisma e espiritualidade no coração misericordioso de Cristo, procurando seguir a sua “Palavra de Vida”, retirado do Evangelho de Lucas (4, 18-19): «O Espírito do Senhor está sobre mim,porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.»

Oração, evangelização e caridade norteiam a vida destes missionários que buscam a libertação integral e transformação de cada homem e mulher a quem anunciam a misericódia de Deus. Acolhedores de todos, aprendem pelas “escolas” de Maria, da Palavra de Deus, do Espírito Santo e dos Pobres a serem rosto e coração de Deus para quanto encontram nos seus caminhos, desafiando-os a passarem de evangelizados a evangelizadores.

Concretamente, em Lisboa, os missionários da Aliança realizam evangelização de rua, nomeadamente junto dos sem abrigo e das prostitutas, promovem retiros de primeiro anúncio para jovens (“Thalita Kum”), missões organizadas, evangelização pela música (“Cristoteca”) e pela arte (“Evangelizarte”) e diversas acções pastorais, de modo especial no bairro social do Casal da Mira, etc…

Como lhes disse, uma noite, uma jovem mulher nigeriana: “É Deus que vos chama a vir para a rua; é Ele que vos dá a sabedoria, as palavras e a coragem para fazer isto... até ao dia em que Ele vos chamar.

E assim é!


Se os quiseres conhecer melhor, visita o seu sítio:

www.misericordia.com.pt

Vale a pena experimentar e viver a misericórdia de Deus!

sábado, 10 de julho de 2010

900 MIL QUILÓMETROS PARA CHEGAR A DEUS, novos sacerdotes (parte II)


O Luís Miguel Alves Nobre fez o equivalente a 20 voltas ao mundo.

Natural do Alentejo, partiu da sua terra adoptiva, Vilar Formoso, percorrendo a Europa num camião TIR até passar o volante a Deus. No passado dia 27 de Junho chegou onde o Senhor o chamava: ao sacerdócio.


Agora com 29 anos de idade, este “camionista de Deus” tem certamente muito para nos contar. O Padre Luís Nobre partilha, pois, um pouco da sua aventura connosco. Antes de mais vale a pena recordar como tudo começou: A minha caminhada vocacional teve início na minha paróquia, onde através de uma interpelação deixada por um sacerdote, ficou uma semente que com o passar do tempo foi crescendo e amadurecendo. Ao princípio tentei ignorar esta voz, este desejo, esta atracção, tentei com todas as minhas forças lutar contra ela, mas ela foi crescendo de tal modo que me seduziu. Ao entrar no Seminário tive a oportunidade de discernir a autenticidade da minha vocação. São seis anos em que realizamos uma intensa e forte experiência humana, espiritual, intelectual e pastoral.”


Pelo meio dessa caminhada surgiu essa experiência atípica mas certamente marcante da estrada. Como foi isso? “A paragem que eu fiz nos estudos de teologia, entre o 3º e o 4º ano foi o momento nevrálgico da minha vocação. Diziam que, uma vez saído, já não se voltava, mas eu sou a prova viva de que é possível regressar e concluir a caminhada. Esta paragem de 2002 a 2006 foi aproveitada para fazer uma experiência nos camiões, e com esta experiência tive a certeza de que estes retiros monásticos na solidão e em movimento me conduziram ao sacerdócio e me deram mais serenidade e maturidade para compreender a vida e a minha própria vocação, a vontade de Deus para o meu presente. Não tenho dúvidas de que, se não fosse esta paragem, se não tivesse tido a oportunidade de reflectir sem interferências de ninguém, de parar para reflectir, não estaria aqui hoje a escrever estas palavras. Deus venceu-me e vence na minha vida. Sem o serviço, a minha vida era estéril, vazia e sem sentido. Só no serviço altruísta, pelo outro e com o outro, vale a pena viver.”

Mas a vida do neo sacerdote não foi feita só de asfalto e solidão. Muitos rostos povoaram a sua descoberta de Deus e da sua vontade. A memória e a gratidão não são coisas que faltem ao Luís: “Na minha caminhada vocacional tive pessoas que me marcaram: a começar o Pe Ezequiel Augusto Marcos, o Pe Alfredo Pinheiro Neves e o Pe Serafim Reis, o Pe Henrique Manuel Rodrigues dos Santos, o Pe José Manuel Dias Figueiredo e o Pe Valter Tiago Salcedas Duarte. Não posso esquecer a minha amizade com o agora finalista Marcelo Xavier. A comunidade das irmãs, que pertencem à congregação espanhola Beata Nazaria Ignácia, em especial a minha “directora espiritual”, a irmã Visitacion.”


Após a formação académica, seguiu-se um tempo importante para “ultimar” a preparação para ordenação. O Luís Nobre viveu-o como diácono nas comunidades que o bispo que confiou, ao longo deste ano pastoral, no arciprestado de Alpedrinha (Alpedrinha, Póvoa de Atalaia, Orca e Zebras). Quisemos saber que frutos colheu dessa experiência: “Foi bastante enriquecedor. Tenho a certeza que recebi imensamente mais, do que dei. Foi interessante articular o ensino mais especulativo com a ordem prática da pastoral. As relações humanas saíram muito fortalecidas e a experiência pastoral permitiu-me crescer e aumentar os meus horizontes em relação a toda a dinâmica pastoral que nos é exigida.”

Mas agora, nova etapa, novos desafios. Que representa para o novo padre o sacerdócio? “Ser sacerdote é ser outro Cristo. Como ele, viver de acordo com o evangelho, ensinado, passando na terra fazendo o bem e acima de tudo, amando e perdoando. Ser sacerdote é ser sinal, claro e inequívoco, da presença de Cristo no meio dos homens.”


Finalmente, e porque fica sempre bem, pedimos ao Padre Luís Nobre que deixasse uma mensagem aos jovens: “Vós, os jovens, sois o presente da Igreja. Apostai em Cristo, do mesmo modo que Ele aposta em vós. Não tenhais medo do futuro, porque vós sois o futuro, que em comunhão com Cristo, pedra angular, frutifica. A Igreja espera muito de vós, do mesmo modo que vós esperais muito da Igreja. Vinde ocupar o vosso lugar na Igreja, o lugar que vos pertence e que vos fará ser cada vez mais felizes, pois é dando que se recebe, e é amando com entrega incondicional que nos completamos. Com Ele, chegais ao porto seguro.”


Não é certo, mas se um dia, à hora da missa, virem chegar um sacerdote de camião, é bem provável que seja o Padre Luís Nobre. De qualquer maneira, desejamos a este novo sacerdote que seja um “Nobre padre” fiel a Deus e generoso no serviço da Igreja.

sábado, 3 de julho de 2010

ANTONIETTA MEO, cada passo por Jesus



Nennolina, como era carinhosamente conhecida, foi declarada venerável por Bento XVI em Dezembro de 2007, sendo apresentada como modelo de inspiração para as crianças. Morreu com cancro ósseo.
Antonietta nasceu em Itália, a 15 de Dezembro de 1930. Menina muito alegre e profundamente espiritual, ofereceu as suas dores como Jesus no Calvário, pela conversão dos pecadores, pelas almas do purgatório e para que não começasse a guerra. Foram muitas as cartas que escreveu a Jesus. Antes de aprender a escrever, ditava-as à mãe. Nas últimas, assinava ‘Antonietta e Jesus’. “Jesus, dá-me a graça de morrer antes de cometer um pecado mortal”, escreveu ela numa das cartas.
A 25 de Abril de 1936, por causa do cancro, têm de amputar a perna esquerda. A mãe recorda a Antonietta: “Filha: tu disseste que, se Jesus queria a tua mão, tu lha darias. Agora Ele pede que Lhe dês a tua perna.” Nennolina, simplesmente responde: “Dou a minha perna a Jesus”. Ofereceu todas as suas dores. De tal maneira se comprometeu nessa dádiva que, ao completar um ano desde a operação, fez questão de celebrar festivamente esse ano de oferecimento a Jesus.
Já com uma prótese, era muito doloroso caminhar, mas ela repetia com alegria: “Que cada passo que dou seja uma palavra de amor”. Ela sabe o valor do sofrimento. Por isso, a 28 de Janeiro de 1937, escreve: “Querido Jesus, sei quanto sofreste na Cruz. Quero oferecer-Te pequenas flores e ficar sempre a teu lado, na cruz vizinha, junto à tua mãezinha”.
Na sua última carta a Jesus, Nennolina escreveu: “Eu agradeço-Te por me teres mandado esta doença, pois é um meio para chegar ao paraíso. (…) E confio-te os meus pais e a Margherita”.
Faleceu no dia 3 de Julho de 1937. Viveu apenas 6 anos e meio, tempo suficiente para viver a santidade.
Dela, disse Bento XVI em 2007: “A sua vida, ao mesmo tempo tão simples e tão importante, mostra que podemos ser santos em todas as idades. (…) Cada etapa da nossa vida é boa para decidir amar verdadeiramente Jesus e para segui-l’O fielmente. Em poucos anos, Nennolina atingiu o cume da perfeição cristã que todos somos chamados a alcançar; ela percorreu a alta velocidade a auto-estrada que conduz a Jesus.”