Neste dia 28 de Janeiro de 1948, foram fuzilados seis monges cistercienses chineses de uma comunidade dizimada ao longo de meses. Apesar da escassez dos dados relativos aos seus nomes e circunstâncias de morte, importa fazer memória destes mártires de um regime que, ainda actualmente, dificulta e persegue de forma camuflada os cristãos.
Mosteiro de Nossa Senhora da Consolação
Fundado em 1883 por monges vindos de Tamié (França), o mosteiro de Nossa Senhora da consolação era a mais velha comunidade cisterciense do Extremo Oriente. Os monges são amados e respeitados pela população local que, durante mais de sessenta anos beneficiou da sua presença e da sua ajuda material junto dos mais necessitados. Enriquecidos por muitas vocações ao longo das décadas, a comunidade contava então com 75 religiosos, na sua maioria chineses.
O mosteiro foi alvo de fogo cruzado durante o conflito que opôs japoneses e chineses de 1938 a 1945. A partir desse último ano a perseguição contra os católicos é programada de forma metódica pelo regime comunista seguindo fases predefinidas que desembocam nos famosos “julgamentos populares” em público. Insultos, golpes e vexações distribuídos pelos acusados que, infalivelmente eram reconhecidos culpados e castigados. Quando não eram torturados fisicamente, os padres chineses eram obrigados a assistir às aulas de marxismo, seis a oito horas por dia levando-os a um desgaste psicológico intenso.
O primeiro julgamento dos monges trapistas (um dos ramos cisterciense) decorreu em meados de Agosto de 1947, depois de terem celebrado pela última vez a eucaristia, conscientes que a sua vida se tornaria num sacrifício eucarístico. O veredicto final condenou alguns monges à morte, acusados falsamente de conivência com os japoneses, depois de colaboração com o governo nacionalista. Um destes monges tinha oitenta anos, Bruno Fu.
A marcha da morte
Os comunistas incendiaram o mosteiro o dia 30 de Agosto levando consigo a restante comunidade. Iniciou-se assim aquela que ficaria conhecida como a longa “caminhada da morte”. Partiram com as mãos atadas atrás das costas, meios despidos e carregando com as bagagens dos seus algozes. No decorrer de todo o percurso estiveram sujeitos a terríveis torturas. Ao longo dos meses, os prisioneiros foram arrastados sob sol intenso, depois sob as chuvas torrenciais de Outono e, finalmente, através do frio glaciar do inverno. Estavam proibidos de fazer sinais, rezar ou simplesmente mexer os lábios. Presos uns aos outros com correntes, os pulsos ligados com arames que cavam neles profundas chagas, subalimentados, golpeados, os monges sobreviveram à custa da fé que se tornou para eles a força que lhes preservava alguma dignidade e liberdade interiores.
Crisóstomo Chang
Os mais jovens sustentavam os mais velhos, por vezes carregando-os, pois todo aquele que caia exausto era abatido e deixado na lama à beira do caminho. Vão falecendo até três por dias. Alguns morrem de forma inexplicável, provavelmente envenenados. O prior, depois o abade sucumbem. O que resta da comunidade – menos de metade (trinta e oito ficaram pelo caminho) – escolheu o jovem Crisóstomo Chang como novo responsável.
Com apenas 28 anos, Crisóstomo rentabiliza perante as circunstâncias as qualidades que todos lhe conheciam: homem de oração, contemplativo era também um líder: apesar do seu esgotamento e dos perigos a que se expunha, não se poupou ao encorajar os seus irmãos, amparando-os, ajudando os mais velhos e animando os mais fracos. Manteve, contra tudo e contra todos, o espírito de oração no grupo.
A sua influência incomodava, apesar de discreta. Convocou-se um novo julgamento popular com acusações forjadas para ele e mais outros cinco religiosos. Todos foram condenados à morte por fuzilamento. Antes de morrer, nesta data de 28 de Janeiro de 1948, Crisóstomo exortou uma derradeira vez os seus companheiros: “Morremos por causa de Deus. Elevemos uma última vez o nosso coração para Ele, na dádiva total de todo o nosso ser!”
Muitos outros sofreram torturas e o martírio. Crisóstomo Chang é a penas a figura de proa dos mártires chineses do século XX que testemunharam com a sua vida e morte a fidelidade a Cristo na dedicação aos seus irmãos.
Fundado em 1883 por monges vindos de Tamié (França), o mosteiro de Nossa Senhora da consolação era a mais velha comunidade cisterciense do Extremo Oriente. Os monges são amados e respeitados pela população local que, durante mais de sessenta anos beneficiou da sua presença e da sua ajuda material junto dos mais necessitados. Enriquecidos por muitas vocações ao longo das décadas, a comunidade contava então com 75 religiosos, na sua maioria chineses.
O mosteiro foi alvo de fogo cruzado durante o conflito que opôs japoneses e chineses de 1938 a 1945. A partir desse último ano a perseguição contra os católicos é programada de forma metódica pelo regime comunista seguindo fases predefinidas que desembocam nos famosos “julgamentos populares” em público. Insultos, golpes e vexações distribuídos pelos acusados que, infalivelmente eram reconhecidos culpados e castigados. Quando não eram torturados fisicamente, os padres chineses eram obrigados a assistir às aulas de marxismo, seis a oito horas por dia levando-os a um desgaste psicológico intenso.
O primeiro julgamento dos monges trapistas (um dos ramos cisterciense) decorreu em meados de Agosto de 1947, depois de terem celebrado pela última vez a eucaristia, conscientes que a sua vida se tornaria num sacrifício eucarístico. O veredicto final condenou alguns monges à morte, acusados falsamente de conivência com os japoneses, depois de colaboração com o governo nacionalista. Um destes monges tinha oitenta anos, Bruno Fu.
A marcha da morte
Os comunistas incendiaram o mosteiro o dia 30 de Agosto levando consigo a restante comunidade. Iniciou-se assim aquela que ficaria conhecida como a longa “caminhada da morte”. Partiram com as mãos atadas atrás das costas, meios despidos e carregando com as bagagens dos seus algozes. No decorrer de todo o percurso estiveram sujeitos a terríveis torturas. Ao longo dos meses, os prisioneiros foram arrastados sob sol intenso, depois sob as chuvas torrenciais de Outono e, finalmente, através do frio glaciar do inverno. Estavam proibidos de fazer sinais, rezar ou simplesmente mexer os lábios. Presos uns aos outros com correntes, os pulsos ligados com arames que cavam neles profundas chagas, subalimentados, golpeados, os monges sobreviveram à custa da fé que se tornou para eles a força que lhes preservava alguma dignidade e liberdade interiores.
Crisóstomo Chang
Os mais jovens sustentavam os mais velhos, por vezes carregando-os, pois todo aquele que caia exausto era abatido e deixado na lama à beira do caminho. Vão falecendo até três por dias. Alguns morrem de forma inexplicável, provavelmente envenenados. O prior, depois o abade sucumbem. O que resta da comunidade – menos de metade (trinta e oito ficaram pelo caminho) – escolheu o jovem Crisóstomo Chang como novo responsável.
Com apenas 28 anos, Crisóstomo rentabiliza perante as circunstâncias as qualidades que todos lhe conheciam: homem de oração, contemplativo era também um líder: apesar do seu esgotamento e dos perigos a que se expunha, não se poupou ao encorajar os seus irmãos, amparando-os, ajudando os mais velhos e animando os mais fracos. Manteve, contra tudo e contra todos, o espírito de oração no grupo.
A sua influência incomodava, apesar de discreta. Convocou-se um novo julgamento popular com acusações forjadas para ele e mais outros cinco religiosos. Todos foram condenados à morte por fuzilamento. Antes de morrer, nesta data de 28 de Janeiro de 1948, Crisóstomo exortou uma derradeira vez os seus companheiros: “Morremos por causa de Deus. Elevemos uma última vez o nosso coração para Ele, na dádiva total de todo o nosso ser!”
Muitos outros sofreram torturas e o martírio. Crisóstomo Chang é a penas a figura de proa dos mártires chineses do século XX que testemunharam com a sua vida e morte a fidelidade a Cristo na dedicação aos seus irmãos.
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