quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

LOJZE GRODZE, santo ou nada!


Se alguém parecia não ser talhado para a santidade, era mesmo o esloveno Lojze que acumulou, no princípio da sua vida, todos os requisitos contrários ao de um rapaz bem comportado e admirado de todos. Filho ilegítimo acaba por ser criado por uma tia, pois a sua mãe decidiu refazer a sua vida, sem ele. Deixado à margem, por lembrar a vergonha da família, carece de afecto. Magoado, isola-se, rebela-se e transforma-se num verdadeiro selvagem. Indesejado por todos, lamenta-se mesmo que não tenha perecido por ocasião de um acidente. Por única consolação refugia-se na solidão dos bosques.
Mas quando vai à escola pela primeira vez, é a sua libertação. Superando o seu complexo de inferioridade, torna-se um excelente aluno. Descobre a leitura que se tornará a sua paixão. Embora de feitio difícil, Lojze é piedoso.
Finalmente, a sorte bate-lhe à porta. Uma benfeitora permite que prossiga os seus estudos num colégio da capital. Estamos no ano de 1935, ano do congresso eucarístico. As celebrações religiosas impressionam-no mas também experimenta o desprezo dos seus colegas que só vêem nele um pobre camponês mal vestido e pretensioso. Lojze reage com violência a essa descriminação, mas também com o brio de ser o melhor estudante, com a perseverança de muito trabalho e vontade. Sem amigos, tanto na sua aldeia como na cidade, refugia-se no estudo, na poesia (para qual tinha um real talento) e no álcool. Tem apenas quinze anos!
Porém, qualidades não lhe faltam. Predispõe-se a dar explicações gratuitas aos seus colegas, incentivando-os. Continua piedoso mas cede à tentações fáceis da vida, perdendo-se por caminhos moralmente condenáveis.

Conversão
É então que, levados por amigos, integra a Acção Católica. Lentamente, inicia-se nele uma luta que o levará a uma conversão radical. Fixa-se um programa de oração, aceita responsabilidades, nomeadamente a de redactor do jornal do movimento. Percebe que os estudos não são apenas um meio de promoção social mas também um instrumento de apostolado. Torna-se um dos melhores dirigentes da Acção Católica, pregando não só com a palavra mas sobretudo pelo exemplo. A sua vida transformou-se, nos seus hábitos e nas virtudes da pureza, mansidão, humildade e paciência: é um verdadeiro apóstolo, testemunha de Cristo. Reza, comunga diariamente, faz retiros espirituais. Inimigo da mediocridade, deseja a radicalidade: santo ou nada!

Perseguição comunista
Entretanto a situação política da Jugoslávia altera-se. Depois do conflito mundial da II Grande Guerra é o surgimento do comunismo promovido por Tito e a consequente perseguição à fé católica. Dirigentes da Acção Católica e sacerdotes são abatidos só porque ousaram denunciar o perigo do marxismo. Lojze Grodze tem consciência que é um alvo fácil da perseguição. Confia o sacrifício da sua vida a Cristo.
Pelo Natal, decide visitar os seus familiares na aldeia. No dia 1 de Janeiro de 1943 é preso e acusado de propaganda anti-comunista. Durante toda a noite é torturado até à morte, fazendo desaparecer o seu corpo. O cadáver só será encontrado em 23 de Fevereiro. Preservado, o corpo revela ainda os rastos do seu suplício. A fama da sua santidade tem crescido desde então, sendo considerado um autêntico mártir na Eslovénia.
A causa da sua beatificação foi introduzida em 1992.

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