Elisabeth Maria Kitahara Satoko morreu de tuberculose aos 29 anos, depois de ter consagrado os seus últimos nove anos (desde o seu baptismo) às crianças e habitantes de Arinomachi, um bairro de lata situado num dos lugares mais sinistrados de Tóquio, após a II Grande Guerra. Juntamente com o médico Paulo Nagai Takashi, é uma das figuras mais representativas do catolicismo japonês do século XX.
Pranto e ruínas
Kithara Satoko nasce a 22 de Agosto de 1929. É a filha mais nova de uma família aristocrata japonesa, descendente dos antigos samurais e de sacerdotes xintoístas. A sua infância passa-se tranquilamente. Mas, em 1940, com a entrada do Japão na Guerra a vida familiar perturba-se. O pai é enviado para a frente de combate, juntamente com um cunhado. O seu irmão mais velho é convocado para trabalhar na fábrica. Ela própria, após concluir os seus estudos secundários, irá lá trabalhar. Numa cidade continuamente bombardeada, o ritmo de vida passa a ser marcado pelas sirenes de alerta. À semelhança de milhões de concidadãos, Kitahara vive com os nervos a flor de pele. Milagrosamente, escapa ilesa de uma bomba que caiu no seu lugar de trabalho, embora profundamente chocada.
O país cai no traumatismo ao saber das bombas atómicas que varreram Hiroshima e Nagazaki e pela consequente e humilhante capitulação. Tóquio tornou-se um campo de ruínas. A população morre à fome, enfrentando dramática condições de sobrevivência. Eis a realidade de Kitahara, jovem adolescente de 16 anos. Por essa altura, o seu irmão, debilitado física e psicologicamente, sucumbe a uma pneumonia.
A busca da verdadeira beleza
A família acolhe uma quinzena de parentes que perderam os seus bens. Este é o maior problema que suporta o Japão no pós-guerra: refugiados, empurrados pelo desemprego, miséria e fome, afluem aos milhares nos grandes centros urbanos.
Por reacção, a jovem rapariga aspira a um ideal de beleza, de serenidade. Decide consagrar-se ao estudo, privilegiando a literatura. Simultaneamente, deseja fazer algo, como o médico Albert Schweitzer por quem tem grande admiração (ver http://sdpv.blogspot.com/2009/01/albert-schweitzer-nasceu-nesta-data-de.html). Como ele, abandona o sonho da música para se dedicar a algo mais essencial. Escolhe a medicina apesar de fazer os seus estudos em condições precárias: edifícios destruídos, materiais e aparelhos inexistentes. Os próprios livros passam a ser um luxo.
No decorrer dos estudos, Satoko recupera a alegria de viver. Procura um sentido para a sua vida, nomeadamente após obter o diploma em 1949. Ao frequentar as Irmãs da Misericórdia, interroga-se sobre o cristianismo. Sente-se atraída pela paz e o silêncio da capela, pela oração. Caminha discretamente. Encontra-se com o capelão, com as religiosas, com leigos católicos. Maravilha-se perante a eucaristia, descobre a Virgem Maria e encontra, finalmente, alegria e paz na oração.
Recebe o baptismo no dia 30 de Outubro de 1949, escolhendo os nomes de Elisabeth e Maria. Kitahara Satoko encontrou o seu porto de beleza à qual aspirava a sua alma.
Pranto e ruínas
Kithara Satoko nasce a 22 de Agosto de 1929. É a filha mais nova de uma família aristocrata japonesa, descendente dos antigos samurais e de sacerdotes xintoístas. A sua infância passa-se tranquilamente. Mas, em 1940, com a entrada do Japão na Guerra a vida familiar perturba-se. O pai é enviado para a frente de combate, juntamente com um cunhado. O seu irmão mais velho é convocado para trabalhar na fábrica. Ela própria, após concluir os seus estudos secundários, irá lá trabalhar. Numa cidade continuamente bombardeada, o ritmo de vida passa a ser marcado pelas sirenes de alerta. À semelhança de milhões de concidadãos, Kitahara vive com os nervos a flor de pele. Milagrosamente, escapa ilesa de uma bomba que caiu no seu lugar de trabalho, embora profundamente chocada.
O país cai no traumatismo ao saber das bombas atómicas que varreram Hiroshima e Nagazaki e pela consequente e humilhante capitulação. Tóquio tornou-se um campo de ruínas. A população morre à fome, enfrentando dramática condições de sobrevivência. Eis a realidade de Kitahara, jovem adolescente de 16 anos. Por essa altura, o seu irmão, debilitado física e psicologicamente, sucumbe a uma pneumonia.
A busca da verdadeira beleza
A família acolhe uma quinzena de parentes que perderam os seus bens. Este é o maior problema que suporta o Japão no pós-guerra: refugiados, empurrados pelo desemprego, miséria e fome, afluem aos milhares nos grandes centros urbanos.
Por reacção, a jovem rapariga aspira a um ideal de beleza, de serenidade. Decide consagrar-se ao estudo, privilegiando a literatura. Simultaneamente, deseja fazer algo, como o médico Albert Schweitzer por quem tem grande admiração (ver http://sdpv.blogspot.com/2009/01/albert-schweitzer-nasceu-nesta-data-de.html). Como ele, abandona o sonho da música para se dedicar a algo mais essencial. Escolhe a medicina apesar de fazer os seus estudos em condições precárias: edifícios destruídos, materiais e aparelhos inexistentes. Os próprios livros passam a ser um luxo.
No decorrer dos estudos, Satoko recupera a alegria de viver. Procura um sentido para a sua vida, nomeadamente após obter o diploma em 1949. Ao frequentar as Irmãs da Misericórdia, interroga-se sobre o cristianismo. Sente-se atraída pela paz e o silêncio da capela, pela oração. Caminha discretamente. Encontra-se com o capelão, com as religiosas, com leigos católicos. Maravilha-se perante a eucaristia, descobre a Virgem Maria e encontra, finalmente, alegria e paz na oração.
Recebe o baptismo no dia 30 de Outubro de 1949, escolhendo os nomes de Elisabeth e Maria. Kitahara Satoko encontrou o seu porto de beleza à qual aspirava a sua alma.
A Aldeia das Formigas
Em 1950, Satoko conhece o frei Zenão, frade franciscano da missão da Imaculada, instituído por S. Maximiliano Kolbe. Este padre desenvolve um incansável apostolado junto dos marginais e necessitados de Tóquio, particularmente em Arinomachi, conhecido por Aldeia das Formigas por causa da sobrepopulação e da actividade permanente que aí reina. Os seus habitantes sobrevivem pela recolha e venda de materiais atirados ao lixo. Entre eles vivem muitas crianças e jovens.
Ao conhecer esse lugar, Kitahara decide, com a ajuda das Irmãs da Misericórdia, ajudar as crianças a preparar o Natal. É um sucesso. A população local é sensível ao esforço de Satoko por lhes devolver dignidade humana. Os mais novatos prendem-se a ela. Mas nem tudo é fácil. Satoko percebe que Deus quer mais dela.
Até ao dom extremo de si
Kitahara opta por viver como aquela gente. Ajuda na recolha e venda de materiais, organiza uma sala de estudo, um refeitório. Sustentada pela oração e uma confiante devoção a Nossa Senhora, dá-se com uma abnegação extraordinária neste apostolado. Mas a doença interrompe a sua entrega. Após uma longa convalescença, quando regressa encontra já outra jovem mulher a realizar o seu trabalho. Esta obra, já conhecida em todo o Japão beneficia de ajudas. Sente que já não é necessária. Humanamente parece ter fracassado em tudo. A sua saúde degrada-se, é agora inútil, não tendo realizado os belos sonhos a que aspirava. É a purificação íntima, com as tentações das dúvidas.
Com os conselhos de frei Zenão, pela confiança a Maria e pela oração, Kitaha mantém-se firme. Toma uma derradeira decisão: deixa os seus, o conforto da sua casa e instala-se na Aldeia das Formigas, despojada da sua própria vontade para entrar no “Querer de Deus “. Como Maria, assume-se como simples serva de Deus. Reza, oferece o seu sofrimento, a sua vida pela Aldeia. Pelo exemplo do seu despojamento, converte ao cristianismo muitas personalidades.
A sua missão foi cumprida. Kitahara Satoko morre a 23 de Janeiro de 1958, antes de completar 29 anos.
O modelo da Aldeia das Formigas, lugar de comunidade comprometida na dignidade do ser humano será imitado em diversos lugares em todo o Japão, depois, na Coreia. Em 1970, associam-se à Obra de Emaús do Abbé Pierre.
Em 1981 os católicos do Japão, apoiados pelos franciscanos conventuais introduzem a causa de beatificação de Elisabeth Maria Kitahara Satoko.
1 comentário:
Admiro muito Satoko Kitahara.
Alguém sabe informar sobre o status do seu processo de beatificação?
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