segunda-feira, 14 de julho de 2008

CAMILO DE LELIS, guerreiro da caridade



Camilo era filho de um mercenário. Forte e bem constituído, ingressou no exército de Veneza aos 17 anos. Mas o seu temperamento violento fez com que o despedissem e o vício do jogo deixou-o sem dinheiro, a mendigar pelas ruas de Nápoles. Foi expulso do hospital onde estava a ser tratado das feridas que tinha nas pernas.
Camilo acabou por arranjar emprego num mosteiro franciscano. Pouco a pouco, começou a virar-se para Deus e quis ingressar na Ordem, mas teve de desistir por causa da sua doença. Foi então trabalhar para o hospital que o expulsara. Ficou chocado com as miseráveis condições em que viviam os doentes, que eram espancados, deixados ao abandono, passando fome e, por vezes, levados para a morgue ainda vivos. Camilo encarou esta situação como o seu novo campo de batalha. Ele era de uma imponente presença. Com mais de um metro e noventa de altura, corpo bem proporcionado, cabeça erecta, olhos escuros. Sua voz tinha matizes graves e severos, mas transformava-se quando falava da caridade.

Um homem de acção
Inspirado por S. Filipe Neri, seu confessor, Camilo decidiu reformar o hospital. Substituiu os funcionários por pessoas que tratavam os doentes com compaixão e melhorou as condições de vida. Nas mil e uma dificuldades que surgiram para a consecução desse fim, ele sempre encontrava consolo em Jesus crucificado, que lhe dizia: “Não temas, eu estarei contigo”.
Acabou por ser ordenado sacerdote e, depois de pôr ordem no hospital, saiu e fundou a congregação dos Servidores dos Enfermos.
Nos 20 anos seguintes, a congregação construiu oito hospitais e atendeu prisioneiros detidos em navios que aportavam em Nápoles. Membros da congregação foram cuidar de feridos de guerra na Croácia e na Hungria, estabelecendo os primeiros hospitais de campanha do mundo. Vários irmãos morreram devido ao seu trabalho junto de doentes contaminados pela peste, tornando-se os primeiros mártires da caridade. Em 1591, o papa Gregório XIV elevou a congregação a Ordem. Camilo serviu-a humildemente durante 38 anos, apesar de afectado por várias doenças. As suas inovações mudaram para sempre os cuidados hospitalares.

Em 1742 foi beatificado por Bento XIV que também o canonizou quatro anos depois.

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