sexta-feira, 10 de abril de 2009

EDITH FERGUSSON, desligada de tudo para ser livre


“Amei tanto quanto podia. Conheci muita gente que aprendi a amar, mas também tive falhas e, por isso, peço perdão. Tenho, infelizmente, o mau costume de ferir os outros sem querer. Como consequência, arrependo-me sempre. Amo as pessoas e gostaria que não me esquecessem. Farei o mesmo lá de cima. Velarei por todos e amar-vos-ei sempre.”
Foram as palavras de despedia que Edith Fergusson escreveu a Christian Beaulieu, um jovem sacerdote que a acompanhou durante a sua doença.
Edith tem 18 anos e reside no Quebec, Canada. Sabe que vai morrer. A leucemia rouba-lhe a juventude e a vitalidade. Mas ela permanece serena. “Desprendo-me de tudo para ser livre.”
Já são três anos de doença, de luta e dor. Mas também é um percurso de esperança, de confiança, de abandono nas mãos de Deus, graças ao acompanhamento espiritual que recebe do Pe. Beaulieu.
A comunhão diária sustenta-a e ilumina o seu sofrimento, dando um sentido ao seu sacrifício. Ela decide entrar na dinâmica amorosa de Cristo: “A minha vida, ninguém ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente.” (Jo 10,18). Edith decide oferecer a sua jovem existência a Deus como testemunho do amor que ela Lhe tem e que sente para com os outros, de modo especial pelas pessoas com deficiência de quem ela tanto gostava. Sonhara dedicar-lhes o seu futuro imitando a obra de Jean Vanier. A eles deixou as economias que possuía.

Mas esse dom de si não foi fácil. Como aceitar a morte quando se é jovem, dinâmica e totalmente integrada no seu tempo?
Foi precisamente a escola da dor que a vai conduzir, aos poucos, não à resignação, mas à paz, à serenidade. As longas secções de quimioterapia, a solidão do hospital, o afastamento progressivo das amigas, a angústia, o medo… tudo isso será preenchido pela confiança e amizade em Deus. Durante todo esse processo não perdeu o seu sentido de humor nem a sua alegria de viver. “Desde que estou doente, apercebo-me do valor que a vida tem”.
A oração é a sua força e a sua autenticidade. “É preciso rezar sempre… Nada de meias-medidas!” Ao perder o cabelo recusa-se a usar peruca, sinal da aceitação e despojamento de si própria; quando as dores se tornam insuportáveis opta por não tomar morfina ou outros calmantes. Quer dar tudo, até a sua fraqueza a Deus por aqueles que ama. Morre serenamente na noite de Sábado Santo, 10 de Abril de 1982, realizando o seu desejo: “Vivi, não existi apenas.”

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