quinta-feira, 9 de abril de 2009

LAVA, SENHOR, OS MEUS PÉS


Lava, Senhor, os meus pés…
Os pés que vieram rezar-te no templo,
mas nem sempre foram ao teu encontro no templo de cada homem.
Os pés que saíram tarde para o emprego
e regressaram demasiado tarde a casa.
Os pés que seguiram caminhos opostos aos do teu Evangelho
ou foram atrás de projectos contrários à dignidade humana.
Os pés sempre prontos para a festa e a dança,
mas cansados para o trabalho e o apostolado.
Os pés que, para chegarem aos seus objectivos,
passaram por cima dos direitos alheios.
Os pés que se contentaram com passos dados
e se negaram aos caminhos novos do teu Espírito.
Os pés sempre dispostos a andar para trás,
mas arredios em andar para a frente.
Os pés mais seguros no barro do Egipto
do que nas areias do deserto.

Lava, Senhor, os meus pés,
para que eu possa, como o teu servo Moisés,
aceder aos lugares onde te revelas
e donde me envias a libertar os meus irmãos.
Lava, Senhor, os meus pés,
para poder usar o calçado novo
do amor, da justiça e da paz
e ir à procura da ovelha perdida,
e percorrer o mundo inteiro
anunciando o Evangelho
e preparando a Humanidade para o dia
em que o teu Espírito fará nova todas as coisas.

Lava, Senhor, também as minhas mãos.
As mãos que eu não soube
erguer para rezar,
abrir para dar,
estender para acolher e abraçar.
Lava, Senhor, estas mãos
que não se empenharam na transformação do mundo
nem na instauração do teu Reino.


Lava, Senhor, estas mãos,
que não foram prolongamento das tuas,
a fim de que, novamente enxertadas
no Corpo vivo da tua Igreja,
possam, como Tu, passar fazendo o bem
e realizar a tarefa que lhes confiastes
de cultivar a terra e promover o homem.

Lopes Morgado
in “Marcos, este Homem era Deus”
(adaptado)

Sem comentários: