domingo, 5 de abril de 2009

NAS TUAS MÃOS


Nas tuas mãos, ó Deus,
eu me abandono.

Vira e revira esta argila,
como o barro
na mão do oleiro.
Dá-lhe forma
e depois, se quiseres,
esmigalha-a,
como se esmigalhou
a vida de John, meu irmão.
Manda, ordena.
“Que queres que eu faça?”
Elogiado e humilhado,
perseguido, incompreendido e caluniado,
consolado, sofredor,
inútil para tudo,
não me resta senão dizer
a exemplo de tua mãe:
“Faça-se em mim
segundo a tua palavra”.

Dá-me o Amor por excelência,
o amor da Cruz;
não o da cruz heróica
que poderia nutrir o amor próprio;
mas o da cruz vulgar,
que carrego com repugnância,
daquela que se encontra cada dia
na contradição, no esquecimento,
no insucesso, nos falsos juízos, na frieza,
nas recusas e nos desprezos dos outros,
no mal-estar e nos defeitos do corpo,
nas trevas da mente e na aridez,
no silêncio do coração.
Então somente Tu saberás
que Te amo

embora eu mesmo
nada saiba.
MAS ISTO BASTA.


BOB KENNEDY

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