sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

VENCER... EMPURRANDO


Em 1959, neste dia de 12 de Dezembro, o australiano Jack Brabham sagra-se campeão do mundo de Formula 1 pela primeira vez (outras duas virão), depois de disputado o Grande Prémio dos Estados Unidos em Sebring.
Para além de desactualizada, esta notícia não chega sequer a sê-la para quem não aprecia desportos motorizados. O curioso é que este campeão cortou a meta empurrando o carro. Relembro que, habitualmente, são os carros que nos levam.
Jack Brabham encontrava-se na liderança da prova quando o seu carro avariou na última volta. Não teve outro remédio senão “fazer de motor” do seu próprio bólide, o famoso cooper, ao longo de 800 metros. Naturalmente, foi ultrapassado por alguns concorrentes, mas assegurou o quarto lugar garantido a vitória no campeonato. Mas tal foi o seu esforço que desmaiou ao cortar a meta.

Quem disse que as vitórias têm sempre de ser alcançadas de forma gloriosa? Não existem vitórias fáceis, é certo. Aliás, acredito que quanto mais difíceis, mais saborosas, mais significativas. Jack não teve direito a subir ao pódio, a abrir a tradicional garrafa de champanhe. Nem sequer pode comemorar imediatamente o título de campeão, pois perdeu os sentidos.
Tudo isso, traz à minha lembrança outro relato, outro acontecimento. O de alguém que também teve de carregar um peso, que não lhe pertencia, e subir com ele até alcançar o objectivo de toda a sua caminhada. Ainda assim, não foi logo reconhecido como vencedor, antes declarado derrotado. Só mais tarde se percebeu o alcance do seu esforço, da sua entrega; que a prova, afinal, não acaba ali, dessa maneira; que o prémio era outro que não o reconhecimento espontâneo das multidões. Esse “Grande Prémio” do Calvário teve um final improvável com um vencedor desfigurado pela dor e morte, mas resplandecente no amor e na vida nova triunfante da ressurreição.
Jesus é o nosso campeão, mas a prova continua. Todos temos uma cruz a carregar e uma coroa feita mais de espinhos do que de glória. Afinal, a vida que, julgávamos nós nos levava, tem de ser “carregada”, “empurrada”. Muitas vezes, vergamos quando tudo parecia bem encaminhado. De repente, a meta foge-nos e, com ela, as referências, os apoios. Tudo se avaria… Fica-nos a escolha de mergulhar na fatalidade do lamento ou de prosseguir “a pé”, mais lentamente, mais sofridamente, mas convicto que o caminho continua a ser “nosso”. Os meios, a forma alteram-se, mas o concorrente permanece. Não são os meios que são premiados, mas aquele que alcança a meta.
Estás às escuras!? Avança!
Estás caído!? Levanta-te!
Estás perdido!? Encontra-te!
Estás atrasado!? Adianta-te!
Sentes-te derrotado!? Vence-te a ti mesmo!
Estás cansado de lutar!? Luta contra o teu cansaço!
A tua cruz pesa demais!? Vê o valor que ela extrai de ti!
Jamais haverá vencedores fracos. Não desistir é já princípio de vitória.

EMPURRA-TE A TI MESMO!
Cristo mostrou-nos o exemplo.
Jack Brabham, a seu jeito, também…

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