quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

OLGA BEJANO, viver no limite (I)












Olga Bejano, pentaplégica, faleceu na madrugada de 5 de Dezembro, em Logroño, Espanha. A sua vida constitui uma extraordinária lição de confiança, coragem e de luta.
Olga contraiu em 1987 (tinha 23 anos) uma enfermidade neuromuscular que deixou paralisado a quase totalidade do seu corpo: durante mais de 20 anos não pôde falar, nem ver, respirava artificialmente e alimentava-se através de uma sonda.
No entanto, encontrou um método para comunicar com o mundo: fazendo uns rabiscos aparentemente incompreensíveis com os impulsos do seu joelho, e que as suas enfermeiras aprenderam a traduzir lentamente em abecedário. Graças a este original sistema, Olga publicou com grande êxito três livros: "Voz de Papel", "Alma de cor salmão" e "Os Rabiscos de Deus. O seu último livro, precisamente, era una lúcida reflexão sobre a grandeza e os limites do ser humano e, especialmente, sobre a capacidade de superação das pessoas. Actualmente encontrava-se a escrever o seu quarto livro, intitulado "Asas Quebradas".
Viver no limite
Olga Bejano começou a ser mais conhecida quando o filme “Mar Adentro”, protagonizada por Javier Bardem no papel do tetraplégico Ramón Sampedro, consagrou a eutanásia como forma de acabar com o sofrimento querendo eleva-la à categoria de "direito humano". Olga e Ramón mantiveram uma breve correspondência. No seu segundo livro, "Alma de cor salmão". Olga relatava: "Ramón disse-me que não podia entender como é que, nessas condições, eu queria continuar a viver; respondi-lhe que tinha tanta vontade ou mais que ele de desistir. Mas, ao contrário dele, eu era crente e queria que Deus decidisse qual era o meu dia e minha hora; entretanto lutaria por conseguir a assistência que necessito. Propus-lhe, que em vez de lutar para morrer, que lutasse para viver. Porque não lutas por conseguir uma vida independente, técnicos que cuidem de ti, uma cadeira eléctrica que te leve a passear, um computador que possas usar com a voz? Eu nunca direi sim ou não à eutanásia, darei testemunho com a minha vida, pois só os factos contam".

Na última entrevista que concedeu, Olga referia: “Para mim a enfermidade não é nenhum presente. Os seres humanos são matéria e alma. A matéria pode deteriorar-se por muitas circunstâncias e se aceitamos a situação de forma positiva, pode ser uma oportunidade para madurar e crescer como pessoa humana e espiritualmente. Deus dá-me outro tipo de presentes pondo na minha vida uma equipa médica de cuidados paliativos fabulosa, um montão de amigos que sempre estão quando os necessito, minha família, etc.”


Como mensagem a todos, deixou estas palavras: “Desejaria gritar que valorizem a sua vida, que a saibam viver de uma forma sã, que vivam em paz e que saibam ser felizes com o que são e com o que têm. Que aprendam a ser felizes e assim poderão tornar felizes os outros. Não se pode dar o que não se tem.”
Quando, um dia lhe perguntaram – Que te faz viver, Olga? –, uma resposta simples: “Deus. Tudo o que sou, recebi-o d’Ele”. Ou ainda: Olga, és feliz? Categoricamente respondia: “Claro que sou feliz!”
Mais palavras, para quê?

Para saber+
http://olgabejanodominguez.blogspot.com/

1 comentário:

Anónimo disse...

As palavras para comentar este facto, saem entrecortadas por lágrimas de admiração por esta rapariga, que apesar de todo o tipo de dor e sofrimento, foi um testemunho vivo do amor de Deus em nós.Ela foi Cristo na cruz. Sejemos também nós.