sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


«O meu coração pressente os Teus dizeres:
'Procurai a Minha Face!' [...]
Não escondais de mim o Vosso Rosto»

(Sl 26, 8)

Fala, coração, abre-te por completo e diz a Deus: «É a Tua face, Senhor, que eu procuro» (Sl 26, 8). E Tu, Senhor meu Deus, ensina ao meu coração onde e como há-de procurar-Te, onde e como há-de encontrar-Te. Senhor, se não estás aqui, se estás ausente, onde Te hei-de procurar? E, se estás presente em toda a parte, por que motivo não consigo ver-Te? É certo que habitas uma luz inacessível. Mas onde está a luz inacessível e como atingirei essa luz inacessível? Quem me conduzirá a ela, quem me mergulhará nela, para que nela Te veja? E em seguida, com base em que sinais e de que lado Te procurarei? Nunca Te vi, Senhor meu Deus, não conheço o Teu rosto. Que pode fazer, Senhor altíssimo, que pode fazer este exilado longe de Ti? Que pode fazer o Teu servo, anseia pelo Teu amor e foi rejeitado para longe da Tua face? Aspira a ver-Te e o Teu rosto esconde-se-lhe por completo. Deseja ir ter conTigo e a Tua morada é-lhe inacessível. Gostaria de Te encontrar e não sabe onde estás. Empreende procurar-Te e ignora o Teu rosto.

Senhor, Tu és o meu Deus, és o meu Senhor, e nunca Te vi. Tu criaste-me e recriaste-me, Tu me proveste de todos os bens que possuo e ainda não Te conheço. Tu me fizeste a fim de que Te visse e ainda não realizei o meu destino. Miserável sorte a do homem que perdeu aquilo para o qual foi criado. [...] Buscar-Te-ei com o meu desejo e desejar-Te-ei na minha busca. Encontrar-Te-ei amando-Te e amar-Te-ei quando Te encontrar.

Santo Anselmo (1033-1109),
monge, bispo, Doutor da Igreja,
in Proslogion 1


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