quinta-feira, 20 de novembro de 2008

WALTER ELIAS, jovem apóstolo da eucaristia


Dois dias antes de morrer, com apenas 18 anos, Walter Elias pede à mãe, sorrindo: “Gostaria que, após a minha morte, cobrisse o meu corpo de rosas.” Fazia alusão à Santa Teresinha, por quem nutria especial devoção, e à sua famosa “chuva de rosas”. Mas nesta meada de Novembro as rosas estão apenas em botão (é primavera no Uruguai). Quando ele vem a falecer, no dia 18 desse mês, seus amigos admiram-se de ver todas as rosas do seu jardim já abertas e a magnólia carregada de flor perfumada. O seu desejo afinal foi respeitado.
Mas esse pequeno milagre não espanta quem conheceu o jovem. A sua curta vida não ficou marcada por nenhum facto saliente, mas decorreu com uma tal harmonia que se lhe adivinhava um autêntico caminho de santidade em total coerência.
Walter Elias Chango Rondeau nasceu em 1921 nos arredores de Montevideu, capital do Uruguai. Faz os seus estudos sem brilhar. Na verdade, prefere jogar à bola com os seus companheiros, as excursões no campo, acampar na natureza onde se sente livre. A liberdade: é isso que ele aspira. Simultaneamente, procura o seu caminho. Não se sente chamado ao sacerdócio. Sonha fundar uma família, honesta e cristã, como a dos seus pais. Mas tem tempo.

Jovem empenhado e generoso
Primeiro, há que dar qualidade à sua vida de adolescente. Compromete-se na sua paróquia, inicialmente como catequista, depois em associações caritativas. Tem uma especial predilecção pelos pobres: “O que dás a um pobre, é a Cristo que dás!”
A leitura dos escritos de Stª Teresa de Lisieux reforçam o seu empenhamento em favor dos mais necessitados e daqueles que se afastaram da fé.
Com 17 anos acabou os seus estudos e opta pela vida activa. Encontra trabalho numa empresa na qual se destaca pelas suas qualidades: é consciencioso, afável e generoso, mas igualmente cheio de energia, vitalidade e alegria. Dizia ele que “não temos direito a ser medíocres.” Rapaz de muitas iniciativas, organiza festas e encontros com os seus companheiros que acabavam sempre em oração. “Não basta que eu seja bom, é necessário que trabalhe para que sejam bons os meus companheiros. Não basta que eu seja honrado, também devo desejar a honradez dos meus companheiros. Nada de bom se faz sem sacrifício.”

Amor à eucaristia
Por essa altura está apaixonado, mas não quer precipitar-se. Dedica-se, antes, a preparar-se para o Congresso eucarístico de Montevideu, no qual intervirá. A eucaristia reveste-se para ele de uma grande importância. “A comunhão é a vida da alma. Sem ela definhamos, incapazes de esforço e melhoramento. A eucaristia é acção, actualização visível, realidade exterior à qual devemos tomar parte e nela cooperar. A missa não é uma representação ou uma recordação, é uma realidade presente!” Para ele, "a missa do domingo deve influir, deve modificar toda a nossa vida durante a semana inteira. Toda a semana deve estar centralizada, regida pela eucaristia, que deve ser algo como o sol que ilumina, que transforma toda a nossa semana." Intuição surpreendente para um leigo nessa época.

Vida e morte na paz
Pouco depois, toma conhecimento que é atingido de tuberculose intestinal. Tratamentos e operações nada resolverão. Porém, matem a serenidade: “Não estamos destinados a esta terra, mas a Deus. É para Ele que devemos ir.”
Sem poder comungar, por causa das desordens gástricas provocadas pelas intervenções cirúrgicas, guarda o bom humor e encoraja os seus familiares e amigos.
“Morro na paz.” São as suas últimas palavras, falecendo com um sorriso nos lábios.
A sua causa de beatificação foi introduzida em 2001.

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