“No grande e horrível teatro da segunda guerra mundial, eu fui muito poupado. De um momento para o outro, poderia ter sido arrancado de casa, da pedreira, da fábrica, e levado para um campo de concentração. Às vezes perguntava-me: tantos da minha idade que perdem a vida, e eu não, porquê? Hoje, sei que não foi por acaso. No contexto do grande mal da guerra, tudo na minha vida pessoal apontava para o bem que é a vocação. Não posso esquecer o bem recebido, naquele período difícil, das pessoas que o Senhor pusera no meu caminho: quer familiares quer conhecidos e colegas.”
Assim se referia João Paulo II à sua experiência pessoal, no livro "Dom e Mistério" que ele escreveu, por ocasião das suas Bodas de Ouro sacerdotais. A vocação é sempre um dom de Deus que chama cada um a acolher e frutificar a vida como maior presente por nós recebido. Porém, o saudoso papa refer-o, embora a vocação seja uma caminhada intimamente pessoal, não deixa de se apoiar em acontecimentos e pessoas que o próprio Deus nos vai colocando no caminho. Sempre em respeito da liberdade própria, mas desafiando cada um a interpretar correctamente esses sinais através dos quais Ele nos vai falando.
Nesta Semana dos Seminários, para além de considerar o valor e necessidade da vocação sacerdotal, importa que cada um reflicta sobre o modo como discerne o apelo pessoal que Deus lhe faz e sobre a resposta que tem dado. A vocação não se adia num futuro incerto mas concretiza-se, já hoje, naquilo que sou e faço. Só esse compromisso diário me ilumina e prepara para desafios futuros.
O Reino de Deus começa hoje, em mim.
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