domingo, 24 de fevereiro de 2008

VOCAÇÃO DE CÂNTARO

« Então a mulher deixou o seu cântaro,
foi à cidade e disse àquela gente:
“Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz!
Não será ele o messias?” »
Jo 4, 29

Sempre achei curioso como é que a samaritana, tendo ido ao poço para buscar água, regressa à povoação deixando o cântaro. Nunca se regressa da fonte sem trazer água. Não tem sentido.
É claro que no encontro que teve com Jesus conversaram de tudo mais alguma coisa. Inclusive, falaram de uma outra água. Mas o cântaro abandonado… Ter-se-á cumprido o ditado? “Tantas vezes vai o cântaro à fonte, que um dia deixa lá a asa”. Mas uma bilha quebrada deve ser substituída por outra. A sede assim o exige.
Então é isso, o cântaro abandonado deu lugar a outro. Mas qual?
Jesus falara em água viva que jorra para a eternidade. Uma outra água, sacia uma outra sede, talvez não assumida mas real que todos procuramos saciar: a sede de sermos amados. Não fora essa sede que levara a samaritana a procurar sucessivas fontes? É a sede que nos faz andar.
Essa outra sede exige um outro cântaro, capaz de procurar e encontrar a sua fonte.
A samaritana, com sede, encontrou em Jesus a sua fonte. E eis que ela, tornada cântaro, vai dar de beber aos seus conterrâneos levando-lhes a “sua” boa notícia: encontrara a sua fonte. Ao ouvirem o seu testemunho, os samaritanos dirigiram-se a Jesus, creram n’Ele e pediram-Lhe que ficasse entre eles. Também eles foram saciados porque um cântaro (samaritana) lhes levou a água viva que todos necessitamos.
De facto, o cântaro de barro bem podia ficar junto ao poço. Já não era preciso. Fora substituído.
E nós? Somos esse cântaro que se dirige à Fonte para se encher de Deus a fim de saciar outros partilhando com eles a água viva?
Para que serve um cântaro que não se enche?
Para que serve um cântaro que não dê de beber?

Se alguém passa sede de Deus ao teu lado é porque, talvez, não estejas a viver a tua vocação de cântaro.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bonito o vosso comentario...
Gostei muito de ver reflectida no espelho, algo a que tambem me sinto chamada..."Ser cantaro em busca da agua que sacia para sempre!"
Muito Obrigada
Alice Matos