sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

S. JOÃO DA CRUZ, O POETA DE DEUS

São João da Cruz foi um frade carmelita espanhol, famoso pelas suas poesias místicas. Nasceu em 1542, em Fontiveros, na província de Ávila. Seu pai pertencia a uma família de posses da cidade de Toledo, mas foi deserdado por ter casado com uma jovem de classe “inferior”. Viveram pobres, mas felizes.
Em 1551 transfere-se para Medina del Campo, onde frequenta uma escola destinada a crianças pobres. Mais tarde estuda Humanidades com os Jesuítas. Ingressou na Ordem dos Carmelitas aos vinte e um anos de idade, e recebe o nome de Frei João de São Matias. Entre 1564 e 1568 faz sua profissão religiosa e estuda em Salamanca. Em 1567 é ordenado sacerdote.
Decepcionado pelo relaxamento da vida monástica em que viviam os conventos carmelitas, tenta passar para a Ordem dos Cartuxos, ordem muito austera, na qual poderia viver a severidade de vida religiosa à que se sentia chamado. Em Setembro de 1567 encontra-se com Santa Teresa, que lhe fala sobre o projecto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres. O jovem de apenas vinte e cinco anos de idade aceitou o desafio. Trocou o nome para João da Cruz.
Mas o desejo de voltar à mística religiosidade do deserto custou ao santo fundador maus tratos físicos e difamações. É, inclusivamente, preso por oito meses no cárcere de Toledo. Nessas trevas exteriores acendeu-se-lhe a chama de sua poesia espiritual, muito profunda e apreciada.
A doutrina de João da Cruz é plenamente fiel à antiga tradição: o objectivo do homem na terra é alcançar a "Perfeição da Caridade e elevar-se à dignidade de filho de Deus pelo amor"; a contemplação não é um fim em si mesma, mas deve conduzir ao amor e à união com Deus pelo amor e, por último, deve levar à experiência dessa união à qual tudo se ordena. "Não há trabalho melhor nem mais necessário que o amor", disse o Santo. "Fomos feitos para o amor". "O único instrumento do qual Deus se serve é o amor". "Assim como o Pai e o Filho estão unidos pelo amor, assim o amor é o laço da união da alma com Deus".
Faleceu no convento de Ubeda, aos quarenta e nove anos, à meia-noite do dia 14 de Dezembro de 1591, após três meses de sofrimentos atrozes. Seu corpo foi trasladado para Segovia em Maio de 1593. A primeira edição de suas obras deu-se em Alcalá, em 1618. No dia 25 de Janeiro de 1675 foi beatificado por Clemente X. Foi canonizado em 27 de Dezembro de 1726 e declarado Doutor da Igreja em 1926 por Pio XI. Em 1952 foi proclamado "Padroeiro dos Poetas Espanhóis".

Vale a pena ler e reflectir algumas citações suas:

“Desde que me pus em nada, acho que nada me falta. Tenho tudo sem o querer: paz, gozo, alegria, deleite, sabedoria, justiça, fortaleza, caridade e piedade.”

“Teu é o céu e tua a terra. Todas as coisas são tuas e para ti, porque o próprio Deus é teu e para ti.”

“Ser em relação, o homem é aquilo que ama:
Se ama a terra, será terra;
Se ama o céu, será céu.”


“Entra em contas com a tua razão, para fazer o que ela te diz, no caminho de Deus. Isto te valerá mais diante de Deus, do que todas as obras que fazes sem esta advertência, e do que todos os sabores espirituais que pretendes”. Que aproveita dares a Deus uma coisa, se Ele te pede outra? Considera o que Deus quer; fá-lo, e por aí satisfarás melhor o teu coração do que com aquilo a que te inclinas.”

“No final da vida, seremos julgados pelo amor”.

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