domingo, 16 de dezembro de 2007

ADVENTO, TEMPO DE ENTREGA


Ontem soube de uma notícia surpreendente: um postal de Natal, metido no correio em 1914, acaba de chegar ao seu destino em Oberlin, Kansas, EUA, depois de perdido durante 93 anos. A destinatária, Ethel Martin, nunca leu a mensagem enviada pelos seus primos, porque já morreu. O postal tem a data de 23 de Dezembro de 1914.
Ninguém sabe onde esteve o postal durante 93 anos mas o Serviço Postal dos Estados Unidos fez questão de o entregar. Foi uma cunhada de Ethel, que o recebeu, adiantando que o postal «está em perfeitas condições».
Este facto lembra-me que, também nós, deixamos muitas vezes de “entregar” as nossas mensagens de bons sentimentos e sinceros desejos de felicidade. Queremos presentear a nossa amizade aos outros… mas não o chegamos a fazer. Adiamos a oportunidade por falta de tempo, porque existem outras prioridades (como se o amor e a amizade não fossem prioritários por si só), porque o último encontro com o amigo não foi feliz, porque uma determinada situação não foi suficientemente esclarecida… Simplesmente porque amanhã haverá sempre muito tempo.
Talvez até tempo de sobra… porque já não sobra o destinatário.
É que o tempo de espera também caduca (nunca da nossa parte, mas da parte de quem desespera de esperar).
Este tempo de Advento (tempo de espera) recorda-nos a todos que não há entrega, nem encontro (Natal) se não alimentarmos em nós esta certeza que o Amor feito Deus Menino vem até nós para ser dado e ser recebido. Essa “pessoa-carta”, chamada Jesus, espera encontrar destinatários, mas depende também da competência dos cristãos-carteiros que somos nós.
Este Advento, antes de criticar os serviços de correio, pensemos na quantidade de mensagens de sincera amizade que temos a entregar por palavras e (sobretudo) obras.

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