sábado, 22 de dezembro de 2007

GHASIBÉ KAYROUZ, o perdão libertador

Aos 11 anos, este jovem libanês deixa a sua aldeia para trabalhar na capital, Beirute, e assim ajudar economicamente a sua família. Começará por ser um aprendiz de carpinteiro, como Jesus, a quem já pensa doar a sua vida. Costuma dizer: “Nós, cristãos, devemos saber transformar os nossos sofrimentos em alegria, pois só assim seremos dignos de usar o nome do Divino Mestre.” Era o segredo da alegria deste rapaz conhecido pelo seu humor.
Aos 17 anos, a morte do pai obriga-o a regressar à sua terra para cuidar da mãe e da irmã mais nova. Fica sem trabalho. Dedica-se a ensinar catequese às crianças enquanto cresce nele o apelo a tornar-se sacerdote de Jesus. Procura um seminário que o acolha, mas é difícil pois é pobre. Finalmente, encontrará uma porta aberta nos Jesuítas.
Entretanto, o seu país mergulha numa guerra civil. Acusam-no injustamente de estar envolvido, apesar de ele repetir frequentemente: “Nós, os cristãos, não devemos odiar, sob pena de nos tornarmos inimigos de nós próprios e de trairmos a nossa missão.”
Mas ele será traído, tal como Jesus.
A 22 de Dezembro regressa a casa para passar o Natal com a família. Aos fazer os 15 quilómetros a pé para casa, passa um carro. Reconhece uns amigos. Certamente vão parar. E param. Mas é para disparar sobre ele. É o ano de 1975. Tem 24 anos.
A sua ordenação é o martírio.
Aos que o mataram, já ele os tinha perdoado antecipadamente através do testamento espiritual que escrevera: “Toda a gente, nos tempos que correm, libaneses e residentes no Líbano, está em perigo. Como sou um deles, imagino-me sequestrado e morto na estrada que conduz à minha aldeia de Nabha. E se esta intuição se verificar, deixo uma palavra à minha família, ao povo da minha aldeia e ao meu país. Digo à minha mãe e às minhas irmãs, com toda a convicção: não estejais tristes, ou, pelo menos, não choreis e não vos lamenteis exageradamente; com efeito, esta ausência, por mais longa que seja, será breve: reencontrar-nos-emos, sem dúvida, reencontrar-nos-emos na eterna morada celeste; aí se encontra a alegria
(…) Um só pedido vos quero fazer: perdoai do fundo do vosso coração aos que me mataram, pedi comigo que o meu sangue, mesmo sendo o de um pecador, sirva de resgate pelo pecado do Líbano (…); que seja oferecido como preço da paz, do amor e do entendimento, desaparecidos deste país e do mundo inteiro. Que a minha morte transmita aos homens a caridade (…) Rezai, rezai, rezai e amai os vossos inimigos.”

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