sábado, 29 de dezembro de 2007

GABRIEL SOH - VIVER SERVINDO

Gabriel nasce no Camarões em 1938. É o nono filho do casal Lucas e Madeleine Soh. Eles são uns dos quatro primeiros cristãos da sua aldeia. Muito jovem, é possuído por um profundo desejo que não ousa manifestar: “Entrar no seminário, ser padre um dia… Segurar Cristo, entre as minhas mãos, dá-l’O aos outros… Senhor, se isso for do teu agrado.”

Em casa como na escola, adopta uma divisa: “Servir em lugar dos outros”. Está atento aos seus colegas, sobretudo os mais pequenos. Frequentemente doente e várias vezes repetente não conseguirá terminar a escolaridade. Assim, aos 18 anos, deixa a escola e, como o seminário lhe era inacessível, oferece-se para servir na Missão: “Pelo menos aí poderei ser útil aos sacerdotes e estarei mais próximo do Senhor”.
De facto, aí ajuda à missa todos os dias e desempenha diversos trabalhos: varrer arrumar a cozinha, lavagem da louça, etc… “É preciso fazer tudo com perfeição”. Sabia manter um bom ambiente e apaziguar as discórdias: “É preciso fazer tudo com alegria”.
Quando se dava conta que alguns abusavam de outros, Gabriel protestava: “Podemos pedir ajuda quando temos trabalho em excesso, mas não obrigar os outros a fazer o nosso trabalho! Pelo contrário, somos nós que devemos servir os outros!” Não é, pois, de estranhar que apercebendo-se de que algumas crianças vindas de longe passavam fome lhes oferece-se a sua própria refeição. Para ele. Servir é aliviar o trabalho do sacerdote, assumindo isso como a sua missão.
Acontece que o seu país entra num período de turbulência ao reclamar a independência (1960). As Missões são directamente ameaçadas, sendo os missionários os primeiros visados. Apesar de afastado da Missão, Gabriel aceita acompanhar um padre na sua visita às comunidades, apesar de saber que qualquer manifestação de fé está proibida pela resistência.
Domingo 29 de Dezembro. Aproximam-se assassinos profissionais: massacram todos os que os não apoiam. Começam a agredir os sacerdotes da Missão. Gabriel intervém e interpõe-se diante deles: “Atrevem-se a tocar num padre? Têm de passar primeiro sobre o meu cadáver!”. Agarra o soldado e imobiliza-lhe a arma. Então todos se precipitam sobre ele. Se insistir, Gabriel sabe o que o espera, mas não desiste: “Morrer pelos sacerdotes não é morrer, é simplesmente adormecer”. Sem tremer, pensa no padre que corre perigo.
Soa um tiro. Gabriel cai… aos 21 anos.
No seu funeral, será recordado a frase evangélica: “Não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles que amamos”.

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