quarta-feira, 23 de setembro de 2009

PADRE PIO, vida de paixão por Cristo

Numa época marcada pelo ateísmo teórico e prático, Deus dignou-se conceder-nos através do Padre Pio um sinal revelador da sua presença. Durante meio século este frade capuchinho foi a testemunha da paixão de Cristo entre os seus irmãos, recordando a toda a humanidade que Jesus Cristo é o único Salvador do mundo.

Jovem franciscano

Francesco Forgione, assim baptizado, nasceu em 1887 em Pietrelcina, no sul da Itália. A sua infância é marcada por visões mas também pelas doenças que não mais o deixarão até à morte. No entanto, com dezasseis anos, ingressa no convento dos franciscanos capuchinhos onde assume o nome religioso de Pio e é ordenado sacerdote em 1910. Seis mais tarde, após uma longa convalescença em casa, fixa-se no convento de San Giovanni Rotondo, perto de Foggia.

Com 31 anos, recebe a graça dos estigmas, feridas sangrentas, nas mãos, no lado e nos pés, reproduzindo as chagas de Cristo na Cruz. Diariamente, perde o equivalente de um copo de sangue, durante cinquenta anos. Muitos médicos analisarão essas feridas tentando diversas explicações mas reconhecendo, na maior parte dos casos, que tal fenómeno ultrapassava a ciência médica. Mas os prodígios não ficam por aí. Em Maio de 1919, são conhecidos duas curas milagrosas atribuídas a esse jovem frade. A notícia, rapidamente espalhada, atrai cada dia três a cinco centenas de peregrinos e curiosos. Outro dom do Padre Pio é o de ler a mente dos seus penitentes.

Perdoar e orar

Este singular frade dedica-se, essencialmente, ao sacramento da reconciliação, ao qual dedica 15 a 17 horas por dia, qual novo cura d’Ars. Acolhe cada um de forma distinta, conforme as suas necessidades, ora abraçando-os ora repreendo-os chegando a negar a absolvição a alguns. Tal pedagogia tem sempre como fim a conversão autêntica, mostrando-se benevolente perante a sinceridade. O Padre Pio confessou ser o primeiro a sofrer da severidade que, por vezes, emprega a fim que “nenhum se perca”. O seu inimigo é o pecado com o qual jamais pactua pois este contraria a acção do amor de Deus.

Outra faceta de homem de Deus é a oração, na qual encontra a força divina necessária para combater o mal. Apesar dos sofrimentos e cansaços físicos, abandona-se à meditação durante quatro horas. O momento culminante do seu dia é a celebração eucarística. Configurado com Cristo através dos estigmas, o Padre Pio vive a missa em união íntima com a Paixão de Jesus. Muitos foram aqueles que ficaram profundamente marcados pela sua forma de celebrar. Ele rezava muito mas procurava levar os outros a orar. Sob a sua influência criaram-se centenas de grupos de oração.

Abraçando a cruz

Se o exemplo e apostolado do Padre Pio renovam a paróquia, muitos são aqueles que não vêem com bons olhos a súbita fama deste estigmatizado, nomeadamente algum clero local. Levantam-se calúnias e difamações. Roma intervém com medidas severas que restringem a acção do frade. Antes que a verdade seja restabelecida, o padre sofre em silêncio, tal como acontecerá mais tarde noutras “perseguições” que continuarão quase até à sua morte.

Pela sua experiência do sofrimento, o Padre Pio mantém-se atento aos mais necessitados. Assim, decide construir um hospital onde os doentes, sobretudo os mais pobres, possam beneficiar de hospitalidade e assistência qualificadas para o corpo e par o espírito. Em 1947, o sonho começa a realizar-se. Daí surgirá a “Casa Sollievo della Sofferenza” que se tornará um dos hospitais mais modernos de Itália com capacidade para mil doentes.

Até ao seu fim, o Padre Pio continua a sua missão de confessor e de sofredor. No seu penúltimo ano de vida, confessa até 70 pessoas por dia. Os milagres, as profecias, as conversões, as vocações religiosas multiplicam-se. Mas a sua vida espiritual desenrola-se na “noite da fé”, sem nunca possuir a certeza se age bem e conforme a vontade de Deus. Essa “secura” de alma é própria de muitos santos que se vêem obrigados a abandonar-se incondicionalmente na confiança em Deus.

No dia 23 de Setembro de 1968, o Padre Pio expira.

É canonizado por João Paulo II, a 16 de Junho de 2002.


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