segunda-feira, 14 de setembro de 2009

NA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ...

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Certo dia de data incerta
encontrei um homem sem rosto
que carregava uma pesada cruz sem nome.
Quis ajudar, mas o homem sem voz
respondeu-me com o olhar:
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Deixa-me viver e saberei que sonho:
cada instante como uma eternidade,
cada gesto como uma oração,
cada silêncio como uma canção,
porque parei para escutar a voz do meu irmão.
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Deixa-me sofrer e saberei que amo:
em cada lágrima, mil flores brotarão,
em cada traição semearei perdão,
em cada queda estenderei a mão,
porque na tua tristeza, continuei a amar-te.
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Deixa-me morrer e saberei que ressuscito:
livre da minha obsoleta solidão egoísta,
livre do meu antigo orgulho opressor,
livre da indiferença que amordaçou a esperança,
porque viverei no amor contigo... e para sempre.
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Tinha parado para partilhar o meu tempo
com aquele desonhecido.
Sentira compaixão e afeição pela sua dor.
Experimentei naquele preciso momento
que a minha vida poderia ter um sentido.
Quando quis fixar melhor o seu rosto, descobri...
que era o meu.
Só agora, recordo a data desse certo dia:
é hoje!
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s.r.



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