quarta-feira, 9 de setembro de 2009

JEAN COLLÉ, a vida como uma eucaristia

Jean Collé nasceu em Brest, na Bretanha francesa, a 12 de Julho de 1921.

Quando tinha 12 anos, muito bem impressionado por um sacerdote, decide seguir-lhe o exemplo. Mas só com 20 anos entra no seminário.

Porém, em 1942, já em plena guerra mundial, o seminário tem de fechar. Jean integra então os serviços da Cruz Vermelha e da Defesa Pacífica.

Finalmente, é deportado para a Alemanha e requisitado para o Serviço de Trabalho Obrigatório. Uma fuga para a Inglaterra torna-se possível, mas Jean recusa: “Os nazis fazem os trabalhadores estrangeiros suportar sofrimentos morais. Desejo ir para a Alemanha para tentar, com a ajuda de Deus, levar aos outros o melhor de mim mesmo”. Assume o seu exílio como uma missão.

A um adido da embaixada pronto para anular a sua partida, responde: “Um dos meus companheiros, casado, pai de família, está na lista. Inscreva-me no lugar dele e fique atento para que não o importunem”.

.

Jean Collé como seminarista, ao centro

.

Em missão

Apesar dos contratempos e contrariedades, Jean sente-se feliz: “Possuo a felicidade! Canto dia e noite. Mas aumentá-la-ei, ou antes, orientá-la-ei melhor para o seu objectivo. Peço a Deus uma vida perfeita. A perfeição não tem limites.”

Nem a sua confiança tem limites: “As dificuldades não existem para abaterem, mas para serem abatidas. Para as vencer, é preciso ser forte, não de uma força muscular, mas de uma força interior. A única real, eficaz, a única que dá bons frutos”.

Para além das onze horas de trabalho como torneiro-frezador numa fábrica, por sua iniciativa, um serviço de entreajuda é reactivado. Anima os exilados, organiza socorros, assiste os doentes e presta auxílio espiritual aos moribundos. Com a ajuda de um pároco alemão e de um uniforme nazi tem acesso aos campos disciplinares onde distribui o Corpo de Cristo pelos detidos.

Dorme apenas 4 horas por dia: “É o bastante para mim. O meu tempo para Jesus nunca é de mais. Ele é o Tudo da minha vida”.

Numa carta, escreve: “A vida deve ser toda uma missa. O meu trabalho é o altar onde devo oferecer-me com Cristo. Não somos nós mediadores? Na alegria de Cristo que se nos dá na medida em que nos abandonamos a Ele.”

.

Dar-se… até ao fim

De tanto se dar aos outros, Jean torna-se suspeito e é detido, acusado de propaganda religiosa. É repatriado.

Regressa a Brest. Antes de voltar ao seminário, como é seu desejo, continua o seu apostolado. Assiste numerosos refugiados que se retiraram num abrigo.

Na noite de 8 para 9 de Setembro de 1944, um enorme incêndio deflagra bruscamente., provocando um espesso fumo negro. Jean intervém para ajudar a evacuar o local. Consegue salvar uma criança mas, ao regressar para socorrer outros, é surpreendido por uma explosão. Contaram-se 373 vítimas. Jean é uma delas. Tinha 23 anos.

Um amigo seu recordou-o assim: “Dir-se-ia que a sua vida não lhe pertencia e que existia… como que para testemunhar.”

Sem comentários: