“Não é possível conhecê-l'O para depois O amar; é preciso começar por amá-l'O, ansiar por Ele (…). Deste anseio ou fome de divindade surge a esperança; desta, a fé e da fé e da esperança, a caridade.
O Deus da fé é pessoal; é pessoal porque inclui três pessoas, uma vez que a personalidade não se sente isolada. Uma pessoa isolada deixa de ser pessoa. A quem, com efeito, amaria? E se não ama, não é pessoa nem consegue amar-se a si mesma sendo simples e sem se desdobrar pelo amor.
(…)
A razão, a cabeça, diz-nos: ‘Nada!’; a imaginação, o coração, diz-nos ‘Tudo!’; e entre nada e tudo, fundindo-se o tudo e o nada em nós, vivemos em Deus, que é tudo, e vive Deus em nós, que sem Ele somos nada… E de tal modo esta necessidade vital arranca das entranhas do homem… que os que não crêem n’Ele acreditam em qualquer deusinho… O Deus de quem temos fome é o Deus a quem rezamos, o Deus do pater noster; o Deus a quem pedimos, antes de mais e acima de tudo – dêmo-nos conta ou não – que nos infunda fé, fé n’Ele mesmo, que nos faça crer n’Ele, que se faça Ele em nós… E esse é o Deus do amor.”
O Deus da fé é pessoal; é pessoal porque inclui três pessoas, uma vez que a personalidade não se sente isolada. Uma pessoa isolada deixa de ser pessoa. A quem, com efeito, amaria? E se não ama, não é pessoa nem consegue amar-se a si mesma sendo simples e sem se desdobrar pelo amor.
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A razão, a cabeça, diz-nos: ‘Nada!’; a imaginação, o coração, diz-nos ‘Tudo!’; e entre nada e tudo, fundindo-se o tudo e o nada em nós, vivemos em Deus, que é tudo, e vive Deus em nós, que sem Ele somos nada… E de tal modo esta necessidade vital arranca das entranhas do homem… que os que não crêem n’Ele acreditam em qualquer deusinho… O Deus de quem temos fome é o Deus a quem rezamos, o Deus do pater noster; o Deus a quem pedimos, antes de mais e acima de tudo – dêmo-nos conta ou não – que nos infunda fé, fé n’Ele mesmo, que nos faça crer n’Ele, que se faça Ele em nós… E esse é o Deus do amor.”
Miguel Unamuno
em Del sentimiento trágico de la vida
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