segunda-feira, 3 de agosto de 2009

S. JOÃO MARIA VIANNEY, padroeiro dos sacerdotes (I)


Por opção de Bento XVI, João Maria Vianney, mais conhecido como «santo Cura d’Ars», é o modelo proposto para este Ano Sacerdotal. Sendo o dia 4 de Agosto a festa comemorativa deste santo, transcrevemos (em duas partes) o texto referente à sua vida e contido num guião elaborado para a Jornada Mundial de oração pela Santificação dos sacerdotes. Hoje, debruçamo-nos sobre o início da sua vida.

Infância e juventude

Nascido a 8 de Maio de 1786, em Dardilly, a norte de Lyon, João Maria Vianney é o quarto de uma família de seis filhos. Os seus pais cultivam treze hectares de terra. É uma família que pratica o Evangelho a partir da oração em conjunto e do acolhimento aos mais pobres.

Embora sendo muito pequeno, a sua mãe educa-o, pela oração, no amor de Deus e da Virgem Maria. João Maria tem apenas três anos quando rebenta a Revolução Francesa, e sete anos quando as perseguições atingem a sua região. É assim mergulhado, desde muito jovem, no drama de uma Igreja dilacerada e de uma sociedade dividida.

É na clandestinidade que João Maria Vianney, em 1797, faz a sua primeira confissão. É aqui, sem dúvida, que ele – que virá a ser o «homem da reconciliação» –, descobre a importância deste sacramento porque o padre a quem ele se confessa arriscou a vida para o fazer. Espera dois anos para poder fazer a sua primeira comunhão, ainda clandestinamente (é descarregado feno diante da casa onde a missa é celebrada, para desviar as atenções). Espera depois mais dois anos para comungar pela segunda vez. Como não compreender a consciência que tinha da grandeza da Eucaristia e da Reconciliação, quando ele viu padres arriscar a própria vida para lhe permitir encontrar Deus nos sacramentos?

João Maria Vianney vai muito tarde para a escola, sobretudo porque na sua aldeia não havia professor. E só aos dezassete anos é que aprende a escrever. Desde muito cedo quis ser padre, mas foi apenas aos vinte anos que começou os estudos. O pai não estava de acordo, e os estudos ficavam muito caros. Para evitar os gastos é o Pároco de Écully que o ensina. Será este, verdadeiramente, o seu mestre espiritual.


Napoleão, que entretanto subiu ao poder começa a guerra. Tem necessidade de soldados. João Maria é chamado para o serviço militar em 1809, mas fica doente na viagem de partida. Antes de integrar o seu batalhão do exército, deserta, encorajado por um recruta que o guia para a aldeia de Noës, nos montes de Forez. Considerado como desertor, é o seu irmão que parte na sua vez, e não voltará mais a Dardilly. João Maria Vianney guardará para sempre esta ferida do desaparecimento do irmão, sem no entanto lamentar o que fez.

João Maria Vianney retoma os estudos eclesiásticos, com dificuldade. É mandado embora do Seminário Maior de Lyon em 1813, não por falta de inteligência mas por manifesta falta de bases: aprender Teologia em latim e evoluir intelectualmente quando só se começou a ler e a escrever aos dezassete anos, não é fácil! João Maria Vianney é um homem inteligente e esperto, com uma intuição invulgar para as coisas de Deus. Embora tendo dificuldade em estudar passa razoavelmente bem no exame de Francês, em Écully, onde o abade Balley continua a assegurar a sua formação. Depois do exame, o Vigário Geral terá dito: «O senhor sabe tanto ou mais que a maior parte dos nossos padres da província».

Em 13 de Agosto de 1815 é ordenado padre em Grenoble, porque em Lyon o cardeal Fesch, tio de Napoleão, acaba de deixar a sua diocese, por razões de segurança (a batalha de Waterloo tinha sido em 18 de Junho). É imediatamente nomeado vigário de Écully, ao lado de Mons. Balley, que morreu em 1817.

A 11 de Fevereiro de 1818, é nomeado para Ars, pequena aldeia em Dombes, no Departamento do Ain, instalando-se dois dias depois. Ficará lá 41 anos, até à sua morte no dia 4 de Agosto de 1859.

Inicialmente paróquia da diocese de Lyon, Ars passa para a diocese de Belley em 1823, aquando da sua fundação por Mons. Devie.

O seu ministério desenrola-se num contexto de inconstância política: império, monarquia, república e de novo império. A França tem dificuldade em estabelecer a paz. Três revoluções, dois golpes de Estado e dois períodos de terror marcaram a sua história entre 1786 e 1859. No plano religioso, o anticlericalismo manifesta-se nalguns períodos, particularmente em 1830.

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