quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RODERICK FLORES, quinze anos plenos


O 18 de Agosto de 1984 era um belo dia. Os escuteiros do Instituto Dom Bosco de Mandaluyong, nas Filipinas, aproveitam as férias da Assunção para passar três dias junto ao mar. Mas, de repente, a tragédia: duas crianças são arrastadas pela corrente marítima. Roderick (Erick, para os amigos) por ser dos mais velhos (tinha 15 anos) atira-se à água por duas vezes. Consegue salvar os dois rapazes mas, esgotado, é vencido por uma onda que o afasta da praia. O seu corpo será reencontrado somente no dia 25.

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Tal acto é qualificado de heróico, porém no seu funeral, muitos falam em santidade. Na homilia, o padre Panfilo, futuro bispo na Papua-Nova-Guiné, declara: “Honestamente, posso dizer que nos oito anos do meu reitorado, ninguém superou a generosidade e bondade de Roderick Flores.”

Ninguém o contradiz, pois o adolescente é estimado de todos.

Já criança, Roderick distingue-se pelo gosto da solidão: ama retirar-se para ler – a sua paixão – ou para pensar, como dizia. Partilha de bom grado tudo quanto tem com as outras crianças, nomeadamente as mais pobres. É um jovem do seu tempo, bem consigo próprio e com os outros. Prossegue os estudos em electrónica; admirado pelos colegas é frequentemente escolhido pelos colegas como seu representante. Aluno aplicado é, também, um desportista apaixonado por diversas modalidades, sendo um exímio nadador.

Se gosta de solidão, isso não o impede de ser muito social. Com os amigos realiza diversas caminhadas; comprometido no escutismo, faz igualmente parte de um grupo de jovens denominado 430 SLC, tal como o modelo de luxo da altura da Mercedes: querem estar sempre no topo em tudo. Isso corresponde plenamente ao seu anseio de excelência.

Como emana uma autoridade natural, uma palavra sua basta para restabelecer a ordem nos grupos de que faz parte, sejam escolares, lúdicos ou desportivos. Todos vêem nele um artesão de paz.

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Essas qualidades bastam para fazer um santo?

Na verdade, toda a existência de Roderick alimenta-se de uma vida sacramental intensa. Comunga diariamente e, com frequência aproxima-se do sacramento da reconciliação: “Quero aperfeiçoar-me entre cada confissão. Ser melhor que na anterior. A confissão não uma lavagem, uma limpeza da alma; é uma escada de perfeição”. Como o jovem santo Domingos Sávio, tinha adquirido uma maturidade espiritual. E como dizia Dom Bosco, o santo fundador da obra salesiana: “Dai-me um rapaz que se confesse e comungue regularmente e farei dele um santo.”

Rezar e agir. Para alem das diversas actividades já referidas, inscreve-se no clube de Acção social, juntamente com a sua amiga Marcisa Suclan. Juntos, visitam as pessoas idosas e os doentes.

Por isso, no dizer do Pe. Panfilo, “o acto heróico de se atirar à água para salvar os seus amigos foi apenas o ponto culminante de uma sucessão de inumeráveis gestos de altruísmo cumpridos quotidianamente. É um herói porque se impôs a disciplina de servir, amar, ser generoso.” E, como conclusão, disse o padre, que também era seu formador e confessor: “Viveu apenas 15 anos, mas viveu plenamente a sua vida. Não foi para Deus com as mãos vazias; aproximou-O com a pureza do seu coração, as mãos transbordantes de amor, a alma agradável ao Senhor. Deus amava-o porque era bom, porque era generoso e puro…”

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O túmulo de Roderick é visitado por numerosos fiéis que recorrem à sua intercessão. Um monumento em sua memória foi erguido no Instituto Dom Bosco.

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