domingo, 15 de março de 2009

SANTA SCORESE, a alegria de viver por Cristo


Tem por nome Santa, sem o ser. Ou talvez esta jovem italiana o seja mesmo, apesar de só ter vivido 23 anos.
Já em criança os seus amigos descreviam-na como criatura “solar”. Desinibida, sempre alegre e, desde cedo, com um forte carácter. Decidida, inteligente e viva foi dominando a sua força em favor dos estudos e, posteriormente, das suas aspirações. Até ao fim revela-se boa aluna, apaixonada pelos estudos, fiel na amizade e disponível para os outros. Depois do liceu inicia estudos em medicina com o mesmo entusiasmo.
Adora música, ler e os encontros de amigos e, simultaneamente, mantendo-se uma rapariga séria, risota, confiante mas lúcida e independente: “Compreendo que tenho a minha própria história e que, comigo, Deus tem o seu próprio ritmo: é o que torna belo a aventura da vida.”

Fé vivida e testemunhada
Deus tem o primeiro lugar na sua vida, antes mesmo da família e dos amigos. Herdou dos seus pais uma fé sólida, serena, formada no seio da paróquia, nutrida pela leitura e meditação do Evangelho, reforçada pela eucaristia quotidiana. É acompanhada pelo seu antigo pároco com quem troca correspondência regular. Participa nas actividades paroquiais, interessa-se a tudo o que diz respeito à religião, contacta vários movimentos eclesiais. Admira as missionárias da Imaculada de S. Maximiano Kolbe ao ponto de começar a encarar seriamente a possibilidade da consagração.
Alguns dos seus amigos compreendem-na, outros não. Pouco importa. Ela não quer dar-se a Deus “a meias”, a opinião dos outros não pesará. Desde que se consagrou à Virgem Maria, em 1983, segue o seu caminho com segurança. À sua volta, todos admiram a coerência da sua vida e do seu pensamento, as suas certezas – humildes mas firmes –, a sua convicção inalterável de se saber amada por Deus e, por isso, de saber que tem de corresponder-Lhe amando os seus irmãos, servindo-os.
Serve Deus através do seu trabalho na Cruz Vermelha, socorrendo os mais carenciados, e através da verdade, ousando falar de Cristo mesmo nos ambientes mais hostis, com simplicidade e convicção.
Sem se modificar, vive uma espiritualidade cada vez mais profunda desde 1987: “O importante é amar, mas amar por Ele e somente por Ele. O Amor não conhece barreiras, nem etiquetas, é o Amor e isso basta. Esse Amor tão ardente que penetra em ti e leva-te a comunicar o seu ardor a todos quantos te rodeiam. Sem dúvida, trata-se de um momento de graça para mim, embora eu tenha ainda de me esforçar no amor, recomeçando sempre, morrendo precisamente para mim mesma.”

A entrega definitiva
Anuncia aos seus pais a sua decisão de integrar as Missionárias de Maria. Apesar da tensão provocada, permanece serena porque sabe-se chamada por Deus.
Mas quando o seu caminho parecia definir-se surge o inesperado. Um rapaz, magro e moreno que começou por seguir Santa e assediando-a constantemente com propostas e palavras despropositadas. No dia do seu aniversário é agredida por ele. A polícia diz nada poder fazer contra um rapaz desequilibrado mas com cadastro limpo.
Amigos e família mobilizam-se para nunca a deixarem sozinha quando sai. Porém, o casamento da sua irmã e o afastamento progressivo das suas amigas solicitadas pelos seus próprios compromissos tornam a sua situação mais vulnerável.
De nada valeram queixas apresentadas contra aquele louco que continua a persegui-la. Mesmo assim, Santa não perde o sentido da sua vocação nem se distrai da oração e da prática sacramental, pois só em Deus encontra reconforto.
No serão do 15 de Março de 1991, Santa foi visitar pobres da vizinhança. No regresso, à porta da sua casa é novamente agredida e ferida com vários golpes de faca. Transportada de urgência ao hospital tem de ser operada. Mas em vão. Na ambulância, tinha tido ainda a força de sorrir para a sua irmã que rezava ao seu lado e de perdoar ao seu assassino.
A sua morte provocou uma viva emoção na sua cidade, Bari. Os que a conheciam reconheceram nela uma autêntica discípula de Cristo. A reputação de santidade não deixou de se espalhar levando à abertura da causa de beatificação em 1998. Um ano depois era já reconhecida como Serva de Deus.

"Sinto realmente que sou amada com um amor muito especial. Por outro lado, sinto também a responsabilidade que nós temos de evangelizar o mundo e de fazer isto antes de tudo com a nossa vida, estando prontos a doá-la aos nossos próximos".
Santa Scorese, 11 de dezembro de 1987

Lê aqui algumas páginas do diário e da correspondência de Santa Scorese: http://www.gesunuovo.it/scorese/Pr_index.html
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