Alphonsa é a primeira santa canonizada da Índia. Anna Muttathupandathu, assim se chamava, nasceu na região de Kerala em 1910.
O seu nascimento ocorreu em circunstâncias dramáticas. Sua mãe, quase em final de gravidez, foi atacada por uma serpente. Tal acontecimento provocou o nascimento prematuro de Anna e o falecimento da progenitora. A órfã foi confiada a uma tia, que a educou severamente. Já adolescente, pretendem comprometê-la em casamento. Porém, Anna tem outras pretensões. Lendo a “História de uma alma” de Santa Teresa de Lisieux, decide imitá-la e consagrar-se a Deus: “Amava Deus mais intensamente, procurando evitar a mais pequena falta e rezando com fervor acrescido.”
A muito custo consegue demover a tia das suas intenções casamenteiras.
É, finalmente, admitida entre as clarissas iniciando o noviciado em Agosto de 1928, recebendo o nome do santo do dia, Afonso de Ligório: chamar-se-á Alphonsa da Imaculada Conceição.
Toda a sua vida religiosa vai ser marcada por diversas doenças que perturbarão a sua formação mas não impedirão um fulgurante crescimento espiritual.
Fisicamente diminuída, será desprezada por muitas das suas irmãs que a acusam de simular as suas enfermidades; outras criticam a sua piedade simples, suspeitando-a de querer agradar as suas superioras. Caluniam-na perante as outras pessoas. A jovem irmã cala-se mas reconhece quanto lhe custou assumir o preceito do amor aos inimigos: “Era-me difícil, no início, amar aquelas que me causavam males, desejando não voltar a vê-las. Mas graças à oração e a um esforço constante, tornou-se fácil.”
Teologia da cruz
É no auge dos seus sofrimentos que a sua comunidade religiosa descobre toda a riqueza da sua espiritualidade através da universalidade da sua oração, a sua humildade e o seu total abandono a Deus: “Se sou humilhada e desprezada, refugio-me no Coração de meu bom Mestre e dou graças a Deus… Ó meu Senhor, esconde-me na chaga do teu Sagrado Coração!”
Alphonsa não vive no dolorismo, mas percebe o significado do seu sofrimento: “Ofereço-me como uma humilde hóstia pela salvação do mundo que corre para a sua ruína e pelos padres, religiosos e religiosas poucos fervorosos…”
Em Julho de 1945, sobrevém a última doença, tão aflitiva que nem as enfermeiras suportam ficar ao seu lado, nem os médicos conseguem explicar. Até porque parece assumir as doenças dos outros, como aconteceu com o seu bispo, atingido pela malária. No mesmo instante em que este ficou misteriosamente curado, Alphonsa ficou a arder em febre. A cruz é para ela um meio de se unir cada vez mais ao seu Salvador. Vendo-a tão sorridente, atenta aos outros, ninguém imagina a agonia interior que suporta: “Só o meu Senhor Jesus conhece a intensidade e a diversidade dos meus sofrimentos (…) Compreendo agora que, no plano de Deus, a minha vida deve ser uma oblação, um sacrifício de sofrimentos, senão teria morrido há muito…”
O dia 28 de Julho de 1946, com 35 anos, a Irmã Alphonsa falece. Imediatamente, os fiéis acorrem em massa e recolhem-se junto ao seu túmulo. Não apenas cristãos, mas também muçulmanos e hindus… Numerosas graças e milagres lhes são atribuídos. Referem-se a ela com o nome “Lótus púrpura da Índia”, flor que simboliza a emancipação na oferenda.
No passado dia 12 de Outubro de 2008, foi canonizada por Bento XVI. Dela, afirmou João Paulo II: “Ela soube encontrar a sua felicidade nas coisas simples e quotidianas (…) Não cessou de dar graças a Deus pela alegria e o privilégio da sua vocação religiosa… Ela amou o sofrimento porque amou Cristo sofredor e a Cruz através do seu amor por Cristo crucificado.”
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