segunda-feira, 6 de julho de 2009

MICHEL KAYOYA, profeta e mártir


Michel Kayoya nasceu a 8 de Dezembro de 1934, em Kabumbu, no Burundi, em plena época do colonialismo. Entra no seminário e pede para ir estudar na Bélgica, junto dos Padres Brancos, pensando ingressar nesta congregação. Mas depois decide ficar em África, junto do seu povo. Ordenado sacerdote em 1963, torna-se animador de várias iniciativas: promoção da mulher, luta contra o analfabetismo, pesquisa dos valores tradicionais recalcados pelo colonialismo, auto-financiamento das paróquias, cooperativas, movimentos juvenis… O regime vê nele um agitador perigoso. De facto, o padre Miguel fala claramente ao seu povo e denuncia tanto a situação sociopolítica do país como a corrupção do Governo. As próprias autoridades religiosas começam a hostilizá-lo, obrigando-o a abandonar a sua diocese. Um mês mais tarde, em Maio de 1972, é preso e colocado em frente de um pelotão de execução, ao mesmo tempo que uns 200 mil irmãos hutus são barbaramente massacrados. Mesmo diante da morte, o padre-poeta permanece calmo e sereno, canta e perdoa.

Profundo humanista
Kayoya sonhava com um humanismo feito por homens conscientes, livres, maduros. Tinha escrito: “Não é construindo uma ‘África à semelhança do Ocidente que nós, Africanos, responderemos ao convite que o mundo nos faz… Não é dotando a África de todos os bens materiais que nós a tornaremos grande… Quereria que os filhos do meu povo testemunhassem o seu respeito pelo Ser supremo. Respeitando-o, o meu povo descobriria o verdadeiro humanismo no mundo, este mundo que, historicamente, conheceu a visita de Deus… Sentia-me impotente perante esta tarefa; mas, reconhecendo a minha grandeza de homem, decidi-me a caminhar. O homem é um fenómeno que cai caminhando. Ele caminha caindo. A sua grandeza está na força de que dispõe para se realizar.”

Outro texto seu revela-nos os seus anseios:
“Como muitos outros, eu quereria
tornar-me um Homem.
Um homem do meu povo.
Um homem com os meus irmãos.
Um homem para a Humanidade.
Eu sou um homem feito para participar
tanto na alegria
como na miséria dos meus
– meu pai havia-mo ensinado –
na alegria e na miséria do mundo.”



Citado em “Marcos – este Homem era Deus” de Lopes Morgado

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