sábado, 30 de janeiro de 2010

PASSEMOS PARA A OUTRA MARGEM


“Passemos para a outra margem…”

Cf. Mc 4, 35-41

Foi o convite que Jeus lançou aos seus discípulos.

Cristo está sempre em movimento, sempre de passagem. E quem o quiser seguir terá de se “pôr a mexer”, pois parar é morrer. Passar para a outra margem, seja ela a próxima ou a definitiva. O crente está sempre a caminho. É peregrino, missionário, enviado, empelido pela força e fé que o habitam.

Mas, para alcançar a outra margem, na travessia da procura e da descoberta, enfrentamos sempre tempestades, pequenas ou grandes. Os nossos mares nem sempre são calmos e os ventos frequentemente contrários.

Ainda assim, o convinte permanece: “Passemos para a outra margem.”


“Levantou-se, então, uma grande tempestade…”

A história humana é marcada por inúmeras tempestades. Curiosamente, hoje, algumas efemérides confirman-no:

- 30 de Janeiro de 1917 – partia para a França a 1ª Brigada do Corpo Expedicionário Português, sob o comando do então coronel Gomes da Costa. Pouco mais de um anós depois, enfrentaria a tempestade que ficou conhecida como “batalaha de La Lys” onde a nossa tropa foi dizimada.

- 30 de Janeiro de 1933 – Hitler, depois de conquistar as eleições, é nomeado chanceler da Alemanha. Anos depois, rebentaria a tempestade mundial de mais uma Grande Guerra.

- 30 de Janeiro de 1948 – Mohandas Gandhi é assassinado, mergulhando a Índia numa prolongada tempestade de instabilidade política, assolada por conflitos étnico-religiosos.

As tempestades da nossa história particular serão menos dramáticas. No entanto, quando nos vemos nelas, bem que nos afligimos. Têm a sua quota parte de dor, medo e insegurança.

O que mais nos aborrece é, como na passagem evangélica, parecer-nos que Deus “adormeceu”. Será sempre preciso acordá-l’O? Não conhece Ele a nossa aflição e a necessidade que temos do seu socorro?


“Porque temeis? Ainda não tendes fé?

O evangelho diz-nos que Cristo lá resolveu o problema da tempestade no mar. Mas tem o cuidado de focar outra tempestade: a do coração dos seus discípulos. “Porque temeis? Ainda não tendes fé?”

Tempestades nos nossos mares sempre as teremos. Não poderemos estar sempre dependentes do “Deus-bombeiro”. Mas quanto à tempestade que os nossos medos e inseguranças despertam e nós, paralisando-nos perante os obstáculos, certamente termos algo a fazer. Ao denunciar a nossa falta de fé, Jesus recorda-nos que o adormecido não é Ele, mas nós. Esmorecendo a nossa confiança n’Ele, as tempestades apavoram-nos quando, afinal, são desafios à maturidade do nosso amor por Ele e n’Ele.

Vá lá, coragem!

“Passemos à outra margem.”

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