quarta-feira, 8 de junho de 2011

JEANNE BARBEY, a doença como fonte criadora


Com 33 anos de idade, Jeanne Barbey é uma jovem e talentosa compositora francesa de música sacra.
Desde a mais tenra idade, Jeanne apaixonou-se pela música, mais particularmente pela música sacra, praticando e dirigindo coros de canto religioso.
Os estudos em história, iniciados na prestigiada universidade de Sorbonne, em Paris, são interrompidos em razão da mucoviscidose, uma doença genética grave que foi condicionando cada vez mais a sua vida.
Jeanne refugia-se na música, nomeadamente na composição. Em 2004, sabendo que uma jovem comunidade monástica se instalou na Abadia de Sainte-Marie de Lagrasse que procuram restaurar, ela decide ajudá-los. Compõe um “Te Deum” que será interpretado perante 1500 pessoas em Janeiro de 2006. Tal foi o sucesso da venda da gravação do espectáculo que Jeanne percebeu que a música passaria a ser o seu contributo para o mundo.


A doença como dom
Na verdade, a doença hereditária que lhe afecta o sistema respiratório começou a condicionar de tal maneira a sua vida que se questionou sobre o sentido da sua existência. Que fazer do tempo quando não se pode fazer nada? Depois da depressão inicial, Jeanne encara a sua enfermidade não como um impedimento à sua felicidade mas como uma oportunidade.
Cada manhã tem de fazer 3 horas de exercícios para poder respirar, permitindo-lhe alguma energia que dedica quase exclusivamente à criação musical. Por vezes, quando o esforço é demasiado intenso, necessita recuperar durante vários dias. Limitada a apenas 35% da sua capacidade respiratória, Jeanne, no entanto, optimiza a sua existência: “Se não houvesse doença não haveria música nem composição”. Se poder compor é um dom, então a enfermidade não pode ser tomada como um castigo mas como um presente, explica Jeanne. Nos momentos mais dolorosos ela descobre-se “mimada por Deus” porque sente esses instantes como um apelo ao essencial.
Consciente que a dor não é propriamente uma "amiga", parte do princípio que o sofrimento vão é inútil e absurdo. Assim, Jeanne afirma convictamente que “a melhor forma de sofrer é oferecer a dor”. “Tenho perfeitamente a sensação de estar na via que é a minha, e isso é a felicidade… é a confiança total daquilo que Deus quer para nós, é a esperança, aconteça o que acontecer… A partir do momento que aceitamos tudo, tornamo-nos felizes”.
Mas para Jeanne, aceitar não é passividade mas sim confiança.

A fé como força
Sabendo que vive na iminência da morte, Jeanne vive serena e intensamente cada dia. “Nunca digo que não tenho sorte… nunca vivi desesperada… a vida nunca é inútil”.
Onde encontra ela tal força e alegria?
Jeanne confessa que compreende mal a confusão entre felicidade e a ilusão actual da perfeição e bem-estar físicos como garantia de realização humana. “Sou doente mas não sou infeliz”, defende.
A sua relação com Deus ilumina a sua vida e encontra na oração a força necessária para enfrentar a evolução degenerativa da doença. A intimidade com Deus permite “momentos em que nos sentimos amados”. “O amor da vida e a esperança do céu vão juntas porque é Deus que nos dá a vida.” Frequentemente, esclarece ela, nas horas de maior sofrimento, a oração proporciona-lhe alívio e inspiração para criar.
Jamais duvidou da sua fé e esta permite-lhe perceber a lógica da vida, discernindo sempre o sentido da existência e a vivência de todos os acontecimentos.

Apesar das graves limitações de saúde, a sua alegria e entusiasmo são uma sinfonia a/de Deus.

Aqui fica um exemplo do seu dom musical, fecundado pela sua doença:

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