segunda-feira, 31 de maio de 2010

AVÉ MARIA

Avé Maria, protege

E abençoa nossas mães

Por amor desse Menino

Que nos braços também tens.


Cheia de graça e ternura

Por privilégio de Deus,

Junta-nos de novo um dia

Na glória eterna dos céus.


Porque o Senhor é convosco,

Porque é convosco o Senhor,

Reparti por nossas mães

As graças do vosso amor.


Bendita sois vós, Maria,

Porque Deus em vós se encerra.

Lembrai-vos, ó Mãe do Céu,

Das mães que temos na terra.


Entre todas a mulheres

Foste por Deus escolhida.

Suaviza às nossas mães

As canseiras desta vida.


Porque bendito é fruto

Que nos destes, pão de trigo,

Pedimos que as nossas mães

Se assemelhem contigo.


Rogai por elas, Senhora,

Ao Filho morto na cruz

Que trouxestes no sacrário

Do vosso ventre, Jesus.


Recebei Santa Maria

As preces que a Vós erguemos

Por nossas mães e por tudo

Quanto delas recebemos.


Mãe de Deus, às nossas mães

Dai-lhes a felicidade

De sentirem a alegria

Da sua maternidade.


Rogai por nós pecadores,

Perdoai as amarguras

Que às nossas mães nós causamos

Com as nossas travessuras.


Sob este manto celeste

Sintamos todos a sorte:

Ser vossos filhos, agora

E na hora da nossa morte.

domingo, 30 de maio de 2010

DEUS UNO E TRINO

"Não é possível conhcê-l'O para depois O amar;
é preciso começar por amá-l'O, ansiar por Ele..."
Miguel de Unamuno

«Um só Deus, um só Senhor,
não na unidade de uma só pessoa,
mas na trindade de uma só natureza»
(Prefácio)


Que bem sei eu a fonte que mana e corre
Mesmo sendo noite!

Aquela eterna fonte está escondida.
Bem eu sei onde tem sua guarida,
Mesmo sendo noite!

Sei que não pode haver coisa tão bela
E sei que os céus e a terra bebem dela,
Mesmo sendo noite!

Sua origem não a sei, pois não a tem,
Mas sei que toda a origem dela vem
Mesmo sendo noite!

O fundo dela, sei, não pode achar-se;
Jamais por ela a vau pode passar-se,
Mesmo sendo noite!

É claridade nunca escurecida
E sei que toda a luz dela é nascida,
Mesmo sendo noite!

Tão caudalosas são as suas correntes
Que céus e infernos regam, mais as gentes,
Mesmo sendo noite!

Nascida de tal fonte, esta corrente
Bem sei que é mui capaz e omnipotente,
Mesmo sendo noite!

Das duas a corrente que procede
Sei que nenhuma delas antecede,
Mesmo sendo noite!

Aquela eterna fonte está escondida
Neste pão vivo para dar-nos vida,
Mesmo sendo noite!

Aqui está chamando as criaturas:
Desta água se saciem, e às escuras,
Porque é de noite!

É esta a viva fonte que desejo
E neste pão de vida é que eu a vejo,
Mesmo sendo noite!

São João da Cruz (1542-1591),
carmelita, Doutor da Igreja
Poema «Cantar da alma que folga em conhecer a Deus por fé»

domingo, 23 de maio de 2010

VINDE ESPÍRITO SANTO



Vinde, ó Santo Espírito,

vinde Amor ardente,

acendei na terra

vossa luz fulgente.


Vinde, Pai dos pobres:

na dor e aflições,

vinde encher de gozo

nossos corações.


Benfeitor supremo

em todo o momento,

habitando em nós

sois o nosso alento.


Descanso na luta

e na paz encanto,

no calor sois brisa,

conforto no pranto.


Luz de santidade,

que no Céu ardeis,

abrasai as almas

dos vossos fiéis.


Sem a vossa força

e favor clemente,

nada há no homem

que seja inocente.


Lavai nossas manchas

e aridez regai,

sarai os enfermos

e a todos salvai.


Abrandai durezas

para os caminhantes,

animai os tristes,

guiai os errantes.


Vossos sete dons

concedei à alma

do que em Vós confia:


Virtude na vida,

amparo na morte,

no Céu alegria.


(Sequência do Domingo de Pentecostes)

sábado, 22 de maio de 2010

SOU TUA


«Tu, segue-me!»
cf. Jo 21,20-25


Sou Tua, para Ti nasci,
Que queres Tu de mim?

Majestade soberana,
Sabedoria eterna
Bondade tão boa para a minha alma,
Deus Altíssimo, Ser único, Bondade,
Repara na minha extrema pequenez,
Em mim que Te canto hoje o meu amor.
Que queres Tu de mim?

Sou Tua, pois me criaste
Tua, pois me resgataste,
Tua, pois me sustentas,
Tua, pois me chamaste,
Tua, pois me esperaste,
Tua, pois não me perdi,
Que queres Tu de mim?

Que queres Tu, pois, Senhor tão bom,
Que faça uma tão vil serva?
Que missão deste Tu
A esta escrava pecadora?
Eis-me aqui, meu doce amor,
Doce amor, eis-me aqui.
Que queres Tu de mim?

Eis o meu coração,
Deponho-o na Tua mão,
Juntamente com o meu corpo, a minha vida, a minha alma,
As minhas entranhas e todo o meu amor.
Doce Esposo, meu Redentor,
Ofereci-me para ser Tua,
Que queres Tu de mim?

Dá-me a morte, dá-me a vida,
A saúde ou a doença
Dá-me honrarias ou humilhações,
A guerra ou a mais profunda paz,
A debilidade ou a força absoluta,
A tudo Te digo sim:
Que queres Tu de mim? [...]

Sou Tua, para Ti nasci,
Que queres Tu de mim?



Santa Teresa de Ávila (1515-1582),
carmelita, Doutora da Igreja,
Poema «Vuestra soy, para vos nací»


quarta-feira, 19 de maio de 2010

DÁ-ME FORÇA PARA TE ENCONTRAR



“Meu Senhor, minha única esperança,

faz que, cansado, eu não cesse de Te buscar,

mas procure o Teu rosto sempre com ardor.

Dá-me a força de procurar

Tu que te sabes fazer encontrar,

e me deste a esperança de Te encontrar,

e me deste a esperança

de Te encontrar sempre.

Diante de Ti está a minha força

e a minha debilidade:

conserva aquela, cura esta.

Diante de Ti está a minha ciência

e a minha ignorância;

onde me abri, acolhe o meu entrar;

onde me fechei, abre-me quando bater.

Faz que me lembre de Ti,

que Te escute, que Te ame.

Ámen.



Sto Agostinho

(De Trinitate, 15, 28, 51)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

ANTONIA MESINA, uma flor pura que não murcha

Antónia nasceu e viveu na ilha italiana da Sardenha, no seio de uma família profundamente católica. De carácter reservado, era firme e decidida e com grande sentido de justiça, de honra e honestidade. Dedicava-se às tarefas domésticas e familiares, substituindo a mãe, limitada por graves problemas cardíacos. Antónia era extremamente obediente e trabalhadora. Sua mãe chamava-a de “a flor da minha vida”.
A sua Primeira Comunhão foi marcante, tornando-se quotidiana nos últimos tempos. Piedosa, a sua fé fixava-se no essencial. A oração era para ela uma grande fonte de força, com especial devoção ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora.

Já na Acção Católica, encontrou grande ajuda espiritual junto da dirigente Francesca Funedda que a ajudou a descobrir a imensa riqueza de pertencer ao Senhor e a importância de ser fiel à sua vontade. Através do pároco, conheceu o exemplo de Maria Goretti e o sentido da pureza: não era somente uma virtude a defender por uma questão de dignidade, mas uma experiência de bem-aventurança: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mt 5, 8). Segundo testemunhos posteriores, Antónia, rapariga bonita mas muito discreta, terá dito que se se encontrasse numa situação semelhante imitaria a Maria Goretti.
Com efeito, a ideia de pureza crescia no seu espírito e, progressivamente, manifestava-se nos gestos simples do dia a dia. Apesar da sua timidez, era uma jovem muito animada e apreciada entre os amigos. Mantinha uma atitude verdadeiramente generosa e altruísta, renunciando às suas necessidades a fim de dar prioridade às necessidades dos outros.

A 17 de Maio de 1935, quando ia apanhar lenha com uma amiga, foi violentamente agarrada por um rapaz que tentou violá-la, mas sem sucesso como a autópsia revelou. Foi cruel e atrozmente agredida na cabeça com uma pedra, ficando irreconhecível. Tinha ela 16 anos.
A mãe de Antónia, que incutira na filha todos os valores da fé, morreu em 1981. Rezou sempre pela salvação do assassino e de todos os pecadores, mas rezou sobretudo pela mãe do desafortunado rapaz.
Antónia foi beatificada a 4 de Outubro de 1987 por João Paulo II.

terça-feira, 11 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

AMAR COMO JESUS NOS AMA


«Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei.»

cf. Jo 13, 31-35

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Digo sempre que o amor começa em casa. Primeiro está a família, depois a cidade. É fácil fingir amar as pessoas que estão longe; mas é muito menos fácil amar aqueles que vivem connosco ou que estão muito perto de nós. Desconfio dos grandes projectos impessoais, porque o importante são as pessoas. Para se amar alguém, é preciso estar perto dessa pessoa. Toda a gente precisa de amor. Todos nós precisamos de saber que temos importância para os outros e que temos um valor inestimável aos olhos de Deus.

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Cristo disse: «Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei». E disse também: «Aquilo que fizerdes ao mais pequeno dos Meus irmãos, a Mim o fazeis» (Mt 25, 40). É a Ele que amamos em cada pobre, e todos os seres humanos são pobres de alguma coisa. Disse Ele: «Tive fome e destes-Me de comer, estava nu e vestistes-Me» (Mt 25, 35). Recordo sempre às minhas irmãs e aos nossos irmãos que o nosso dia consiste em passar vinte e quatro horas com Jesus.

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Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997),

fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade,

Um caminho simples

ORAÇÃO PELAS MÃES


Louvado sejas, meu Senhor,

pelas Mães.

Pela Mãe de cada um de nós;

pela tua Mãe, Maria de Nazaré

que tu quiseste fosse também nossa;

por todas as Mães, ainda vivas ou já falecidas.

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Porque todas as Mães são iguais perante o mistério da vida,

todas são mártires e santas,

todas colaboraram Contigo na continuação do género humano.

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Louvado sejas, meu Senhor,

pelas Mães pobres e doentes;

pelas Mães sobrecarregadas pelo trabalho, no emprego e em casa;

pelas Mães doadoras de muitas vidas;

pelas Mães que não são amadas pelos seus filhos;

pelas Mães solteiras e pelas Mães que morreram ao dar à luz uma vida nova.

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Louvado sejas, meu Senhor,

pela dedicação que cada um de nós recebeu de sua Mãe;

pela doação de todas as Mães a seus filhos;

e porque, no amor das Mães,

revelas o rosto materno do teu Amor a todos os homens.

Por Cristo, na unidade do Espírito Santo.

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Lopes Morgado

in “Lucas, e paz na terra!”