Maria Felicia Guggiari Echevarria, também conhecida sob o nome“
Chiquitunga” nasce no Paraguai em 1925. Vive a sua infância e juventude perturbadas pelos conflitos bélicos, primeiramente com a vizinha Bolívia e, mais tarde, com uma guerra civil. Seu pai, politicamente implicado vê-se obrigado a exilar-se várias vezes deixando esposa e seus sete filhos. Daí que a formação intelectual e religiosa de Maria Felícia fiquem para segundo plano.
É já adolescente que trava conhecimento com a Acção Católica, recentemente instituída no país. Pela oração e retiros promovidos pelo movimento, ela encontra-se com a pessoa de Jesus que se torna o ideal da sua vida. Contrária às “meias-medidas”, decide consagrar-se-Lhe através de um voto privado de virgindade. Em sinal disso, passa a vestir de branco e de forma simples. Essa aparência facilitar-lhe-á aproximar-se dos pobres a quem ela passa a visitar assim como os doentes. É com generosidade que se dedica ao apostolado junto das crianças que ela prepara para os sacramentos. Ela própria é um exemplo, comungando diariamente.
Já em Asuncion, a capital, Maria Felícia prossegue o seu programa de catequese e solidariedade junto de todos, independentemente da sensibilidade religiosa ou política. Todos são seus irmãos a quem deve servir. No seio da sua família tem a preocupação de fomentar um espírito de paz e alegria através do sorriso permanente, amabilidade e disponibilidade. Todas essas virtudes atribui-as à fé, esperança caridade que ela estima como dons gratuitos de Deus.
Amar sempre maisÉ pela Acção Católica que conhece Sauá, um jovem estudante de medicina. Uma simpatia recíproca nasce entre eles, partilhando os mesmos ideais, as mesmas aspirações à santidade. Juntos visitam os pobres dos bairros problemáticos da periferia onde se encontram os maiores abandonos e misérias. Ao longo dos meses, a amizade dos dois jovens evolui em sentimentos mais fortes. Serenamente, questionam-se:
O que quererá Deus de cada um de nós? após um sério discernimento, Sauá sente-se chamado ao sacerdócio. Maria percebe que tem de se afastar. Juntos, diante do Coração Imaculado de Maria, pedem à Virgem que apresente a Deus o seu “
pequeno sacrifício”. Maria decide então, também ela, consagrar-se totalmente a Deus, a fim de apoiar pela oração e pela sua doação a vocação de Sauá:
“Estou apaixonada por Sauá, mas é Jesus que eu amo… Obtive de Deus tudo quanto sonhei: conhecer o amor, para fazer dele uma oferta a Jesus.”
CarmelitaDurante um retiro, em Janeiro de 1954, Maria compreende que é chamada para o Carmelo. É no dia 2 de Fevereiro que ingressa no convento da capital. É recebida com muito carinho e as suas primeiras semanas são vividas em plena alegria. Porém, após algum tempo, enfrenta a noite, a tempestade das dúvidas. A oração não a sossega nem lhe traz sabor. É a crise, a provação do espírito. Como Jesus, no Getsémani, entrega-se:
“A tua vontade e não a minha!” Sabe que pode desistir – ainda é simplesmente postulante – mas decide permanecer, pelos sacerdotes por quem quer rezar e, sobretudo, por Jesus. Mais do que nunca, e de forma exclusiva, entrega-se a Jesus, a quem escreve num diário e pelo qual revela a sua maturidade interior, o seu progresso na via da santidade.
“Sim, tudo Te ofereço Senhor,
tudo quanto há em mim:
as alegrias da minha alma,
as agonias sem fim.
Tudo Te ofereço, Senhor:
meus trabalhos, meus pesares,
as notas dos meus canteres
que continuo a elevar para Ti.
Tudo quanto há em mim,
tudo Te ofereço Senhor,
para eu seja o que Tu quiseres, meu Deus.
Toda inteira e sem reserva,
faz-me subir para que esteja sempre contigo,
ainda que me custe «morrer».”

Alguns dias antes da sua tomada de hábito, a paz regressa, definitiva, plena. O dia 14 de Agosto de 1955, é a grande festa, assumindo o nome religioso de
Maria Felícia de Jesus Sacramentado. Escolhe por lema de vida “Alegria – Caridade – Serviço”. O seu quotidiano desenrola-se, doravante, na simplicidade, aspirando unicamente amar, na oração e na oferta de si mesma. Dedica-se às suas irmãs com delicadeza, os pobres a quem dedica o seu trabalho manual, os sacerdotes por quem oferece sacrifícios. Não esquece Sauá a quem assiste pela oração e entrega silenciosa. Maria irradia de forma luminosa e transparente o amor.
Em Janeiro de 1959, no quinto aniversário da sua vocação, Maria cai gravemente doente, atingida por uma hepatite fulgurante. Hospitalizada, sabe-se perdida mas acolhe essa fatalidade na serenidade. Obtém licença para regressar ao Carmelo, esforçando-se por participar na vida da comunidade.
Exausta, falece na madrugada do dia 28 de Abril de 1959.
Faz hoje 50 anos.
A causa da sua beatificação foi introduzida em 1997.