terça-feira, 27 de abril de 2010

O SENHOR É O MEU PASTOR

«As Minhas ovelhas escutam a Minha voz»

cf. Jo 19, 22-30

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Terás dificuldade em rezar se não souberes como. Temos de nos ajudar a rezar: em primeiro lugar, recorrendo ao silêncio, porque não podemos pôr-nos na presença de Deus se não praticarmos o silêncio, tanto interior como exterior. Não é fácil fazer silêncio dentro de nós, mas é um esforço indispensável. Só no silêncio encontraremos novas forças e a verdadeira unidade. A força de Deus tornar-se-á a nossa, para realizarmos todas as coisas como devemos; o mesmo acontecerá com a unidade dos nossos pensamentos aos Seus pensamentos, a unidade das nossas orações às Suas orações, a unidade das nossas acções às Suas acções, da nossa vida à Sua vida. A unidade é o fruto da oração, da humildade, do amor.

É no silêncio do coração que Deus fala; se te colocares perante Deus em silêncio e em oração, Deus falar-te-á. Então saberás que não és nada. Só quando conheceres o teu nada, a tua vacuidade, é que Deus poderá preencher-te Consigo. As almas dos grandes orantes são almas de grande silêncio.

O silêncio faz-nos ver cada coisa de modo diferente. Necessitamos do silêncio para tocar as almas dos outros. O essencial não é o que dizemos, mas o que Deus diz - aquilo que nos diz, e o que diz através de nós. No silêncio, Ele ouvir-nos-á; no silêncio, falará à nossa alma, e ouviremos a Sua voz.

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Bem-Aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997),

fundadora das Irmãs Missionários da Caridade,

in No Greater Love

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in www.evangelhoquotidiano.org

segunda-feira, 26 de abril de 2010

AO SENHOR DA MESSE


Ao percorrer cidades e aldeias, Jesus enchia-se de compaixão pelo povo, porque, via as multidões cansadas e abatidas, “ como ovelhas sem pastor” (cf. Mt 9, 35-36). Do Seu olhar de amor brotava o convite aos discípulos: “rogai ao Senhor da Messe que envie trabalhadores para a sua Messe” (Mt 9, 38).
É este olhar de amor, do Senhor da Messe, que sensibiliza e move a Comunidade Hospitaleira, da Casa de Saúde Bento Menni, a reunir-se, ininterruptamente, em prece, em cada primeira 5ª feira do mês, convicta de que as vocações nascem, graças à mediação da Igreja orante.
O próprio Fundador da Obra Hospitaleira, no nº 69 das Constituições, mobiliza e orienta, as suas Irmãs, para a promoção da cultura vocacional: “Para que a nossa Congregação manifeste a Caridade do Pai na Missão Salvadora de Seu Filho e cresça cada dia mais, procuramos fomentar as vocações, empregando os meios adequados, sem esquecer nunca que o mais eficaz é o Testemunho”.
Como membros da comunidade cristã, sentimo-nos responsáveis e mediadores pela proposta vocacional sabendo que, esta acção, tem como dever anunciar e testemunhar a boa – notícia do chamamento a todo o ser humano, pois todos temos desejo de conhecer o sentido mais profundo da vida e o projecto que lhe dá consistência.
O nosso plano de Oração centra-se na Palavra de Deus, com diferentes dinâmicas, e envolve um grupo diversificado de fiéis: Irmãs, Colaboradores, doentes, voluntárias e, alguns membros da comunidade envolvente. Em família Hospitaleira procuramos acolher o pulsar da Igreja, na causa vocacional, acreditando que “a oração é o primeiro testemunho que suscita vocações” (Mensagem de Bento XVI para o 47º Dia Mundial de Oração pelas vocações); por isso, na Esperança e na alegria Pascal, queremos continuar a escutar e a responder ao apelo do Mestre: “Pedi ao Senhor da Messe que envie trabalhadores para a Sua Messe”.


(artigo do Serviço de Pastoral da CSBM)

domingo, 25 de abril de 2010

O TESTEMUNHO SUSCITA VOCAÇÕES


MENSAGEM do Papa BENTO XVI para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações


O testemunho suscita vocações. De facto, a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da acção gratuita de Deus, mas é favorecida também – como o confirma a experiência pastoral – pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo.

Já no Antigo Testamento os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição. A tarefa, que Deus lhes confiara, envolvia-os completamente, como um «fogo ardente» no coração impossível de conter (cf. Jr 20,9), e, por isso, estavam prontos a entregar ao Senhor não só a voz, mas todos os elementos da sua vida. Na plenitude dos tempos, será Jesus, o enviado do Pai (cf. Jo 5,36), que, através da sua missão, testemunha o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres. Jesus é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem. Na aurora dos novos tempos, João Baptista, com uma vida gasta inteiramente para preparar o caminho a Cristo, testemunha que, se cumprem, no Filho de Maria de Nazaré, as promessas de Deus. Quando O vê chegar ao rio Jordão, onde estava a baptizar, João indica-O aos seus discípulos como «o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O seu testemunho é tão fecundo que dois dos seus discípulos, «ouvindo o que ele tinha dito, seguiram Jesus» (Jo 1,37).

Também a vocação de Pedro, conforme no-la descreve o evangelista João, passa pelo testemunho de seu irmão André; este, após ter encontrado o Mestre e aceite o seu convite para permanecer com Ele, logo sente necessidade de comunicar a Pedro aquilo que descobriu «permanecendo» junto do Senhor: «“Encontrámos o Messias” (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus» (Jo 1,41-42)… A iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino. O mesmo acontece, ainda hoje, na Igreja: Deus serve-se do testemunho de sacerdotes fiéis à sua missão, para suscitar novas vocações sacerdotais e religiosas para o serviço do seu Povo. Por esta razão, desejo destacar três aspectos da vida do presbítero, que considero essenciais para um testemunho sacerdotal eficaz.

Elemento fundamental e comprovado de toda a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d’Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus... A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações…

Outro aspecto da consagração sacerdotal e da vida religiosa é o dom total de si mesmo a Deus. Escreve o apóstolo João: «Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1 Jo 3,16)…

Um terceiro aspecto que, enfim, não pode deixar de caracterizar o sacerdote e a pessoa consagrada é viver a comunhão. Jesus indicou, como sinal distintivo de quem deseja ser seu discípulo, a profunda comunhão no amor: «É por isto que todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35)…

Fiel à sua vocação, cada presbítero, cada consagrado e cada consagrada transmite a alegria de servir Cristo, e convida todos os cristãos a responderem à vocação universal à santidade. Assim, para se promoverem as vocações específicas ao ministério sacerdotal e à vida consagrada, para se tornar mais forte e incisivo o anúncio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles que já disseram o próprio «sim» a Deus e ao projecto de vida que Ele tem para cada um…

Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens reflectirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gérmen de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-Lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade…


BENEDICTUS PP. XVI.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A LIBERDADE... no Espírito

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“A Liberdade no Espírito não está em dizer:

‘faço o que quero, o que me apetece’.

Não é a lei do menor esforço.

Escolher a liberdade, é escolher a vida,

aquela que permitirá chegar mais alto.

O marinheiro não inventa o vento,

mas estende a sua vela para avançar.

A liberdade é dizer a Deus:

‘Prefiro-Te ao meu egoísmo, aos meus instintos.’

Não me apetece perdoar, mas perdoo.

Não me apetece sorrir, mas sorrio.

A fé em Deus assim obriga.

O mais livre é aquele que aceita as obrigações

em favor daqueles que ama”.

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Stan Rougier,

padre educador, escritor, cantor.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES


"O TESTEMUNHO SUSCITA VOCAÇÕES"
Senhor da messe e pastor do rebanho,
faz ressoar em nossos ouvidos
o teu forte e suave convite: "Vem e segue-Me!"
Derrama sobre nós o teu Espírito:
que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho
e generosidade para seguir a tua voz.
Senhor, que a messe não se perca por falta de operários.
Desperta as nossas comunidades para a missão.
Ensina a nossa vida a ser serviço.
Fortalece os que querem dedicar-se ao Reino,
na vida consagrada e religiosa.
Senhor, que o rebanho não pereça por falta de pastores.
Sustenta a fidelidade dos nossos bispos,
padres e ministros.
Dá perseverança aos nossos seminaristas.
Desperta o coração dos nossos jovens
para o ministério pastoral na tua Igreja.
Senhor, da messe e pastor do rebanho,
chama-nos para o serviço do teu povo.
Maria, Mãe da Igreja,
modelo dos servidores do Evangelho,
ajuda-nos a responder "sim".
Amen.

domingo, 18 de abril de 2010

VOCAÇÕES... na cidade


De 18 a 25 de Abril, as paróquias da cidade da Guarda promovem, ao longo desta Semana de Oração pelas Vocações, diversos encontros cuja finalidade é dar a conhecer vários carismas da vida eclesial e das comunidades religiosas presentes nas paróquias.
Esses encontros decorrerão através de serões às 21 horas, no Centro Pastoral Paroquial de S. José (Rua António Júlio, nº12).

Eis o programa desta semana:

Domingo, dia 18, Seminário e um Casal

Quarta-feira, dia 21, Servas de Jesus e Servas de Nossa Senhora de Fátima

Quinta-feira, dia 22, Sacerdotes e Dominicanas de Sta Catarina de Sena

TU AMAS-ME?



«Tu amas-Me?»
cf. Jo 21,1-19


«Tu amas? [...] Tu amas-Me? [...]» Pedro havia de caminhar para sempre, até ao fim da sua vida, acompanhado por esta tripla pergunta: «Tu amas-Me?» E mediu todas as suas actividades de acordo com a resposta que então deu. Quando foi convocado perante o Sinédrio. Quando foi metido na prisão em Jerusalém, prisão donde não devia sair, e da qual contudo saiu. E [...] em Antioquia, e depois ainda mais longe, de Antioquia para Roma. E quando, em Roma, perseverou até ao fim dos seus dias, conheceu a força das palavras segundo as quais um Outro o conduziu para onde ele não queria. E sabia também que, graças à força dessas palavras, a Igreja «era assídua ao ensino dos apóstolos e à união fraterna, à fracção do pão e à oração» e que «o Senhor adicionava diariamente à comunidade os que seriam salvos» (Act 2, 42.48). [...]

Pedro não pode nunca desligar-se desta pergunta: «Tu amas-Me?» Leva-a consigo para onde quer que vá. Leva-a através dos séculos, através das gerações. Para o meio de novos povos e de novas nações. Para o meio de línguas e de raças sempre novas. Leva-a sozinho, e contudo já não está só. Outros a levam com ele. [...] Houve e há muitos homens e mulheres que souberam e que sabem ainda hoje que as suas vidas têm valor e sentido exclusivamente na medida em que são é uma resposta a esta mesma pergunta: «Tu amas? Tu amas-Me?» Eles deram e dão a sua resposta de maneira total e perfeita – uma resposta heróica –, ou então de maneira comum, banal. Mas, em qualquer dos casos, sabem que a sua vida, que a vida humana em geral, tem valor e sentido graças a esta pergunta: «Tu amas?» É somente graças a esta pergunta que vale a pena viver.


João Paulo II,
Papa entre 1978 e 2005,
Homilia em Paris 30/05/80

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Santa BERNADETTE


Ó Jesus, dá-me, eu te peço,
o pão da humildade,
o pão da obediência,
o pão da caridade,
o pão da paciência para suportar
as penas que meu coração sofre.

Ó Jesus,
Tu me queres crucificada.
Faça-se!

O pão da força para bem sofrer,
o pão de não ver senão a ti
em tudo e sempre.

Jesus,
Maria,
a Cruz,
eu não quero outros amigos
senão eles.

S. Bernadette
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Hoje é o dia comemorativo de Bernadette Soubirous, a jovem vidente de Lourdes. Para melhor a conheceres clica aqui:

ESTE SÁBADO... DIA DIOCESANO DA JUVENTUDE


Mais informações em http://www.dpjguarda.com/

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Padre DAMIÃO de VEUSTER, o santo dos leprosos


"Sou o mais feliz dos homens,

porque posso servir o senhor

através das crianças pobres e enfermas,

marginalizadas pelos outros"


Damião nasceu em Tremelo, na Bélgica, no dia 3 de Janeiro de 1840. Era o sétimo de sete irmãos. Desde a mais tenra idade, distinguiu-se pela piedade. Ao mesmo tempo, gostava muito de brincar e sobretudo de correr.

Com 19 anos de idade decidiu entrar na Congregação dos Sagrados Corações. Na sua carteira, escreveu: «silêncio, presença de Deus, oração».

Anos mais tarde, viria a escrever que sem ela «não poderia ter perseverado na associação da minha sorte à dos leprosos em Molokai». Gostava de rezar diante da imagem de São Francisco Xavier. Todos os dias pedia-lhe a graça de ser enviado um dia em missão.

Finalmente, em 1863, o seu sonho tornou-se realidade. Partiu do porto de Bremen, na Alemanha, rumo às Ilhas do Havai. A viagem durou 139 dias. Doravante, passaria 25 anos da sua vida nessas ilhas, cuidando dos leprosos.


Missionário em Molokai

Nas ilhas, ao serviço dos leprosos, desempenhou todas as funções que podia: médico, carpinteiro, pedreiro, cozinheiro, professor, etc. Muitos leprosos não tinham dedos e nem mãos, e deste modo o Pe. Damião até chegava a construir-lhes os ataúdes e a cavar-lhes as sepulturas.

Embora tivesse um temperamento irritável contra tudo aquilo que contrariava os seus deveres sacerdotais, com as crianças ele tornava-se criança. E tinha um grande carisma: não somente doava, mas doava com amor.

As crianças eram os preferidos do Pe. Damião. Elas encontravam nele um pai e uma mãe que os amava. A sua casa estava sempre repleta de crianças leprosas que comiam com ele. Eram a sua verdadeira família. Pegava as crianças nos braços, inclusive quando as suas chagas se encontravam sem curativos. E dizia: «O corpo corrompe-se rapidamente; só a alma é importante». Fez sempre tudo para garantir às suas crianças um verdadeiro lar. O orfanato ocupará perenemente o centro das suas atenções.

Criou um lindo coro de crianças, e ao seu irmão escrevia: «Minhas crianças cantam como se fossem músicos profissionais. A tuberculose e a morte prepararam as vozes mais bonitas do meu coro».

Dizia ainda: «Não se preocupem comigo, porque quando servimos a Deus somos felizes em qualquer lugar».

No ano de 1885 foi-lhe diagnosticada uma enfermidade: tinha contraído a lepra. Morreu quatro anos mais tarde, no dia 15 de Abril de 1889.


João Paulo II recordou-o, na sua visita à Bélgica, em Junho de 1995: «“Encontro a minha consolação no único companheiro que nunca me abandona”, dizia ele, falando da presença de Cristo no tabernáculo. A comunhão eucarística é o pão de todos os dias para os sacerdotes e para os consagrados, a força para aquele que quer ser missionário».

fonte: vatican.va

quarta-feira, 14 de abril de 2010

É PRECISO AMAR...


De 31 de Março a 4 de Abril decorreu na Casa de Saúde Bento Menni, na nossa cidade da Guarda, a Páscoa Hospitaleira, promovida pela Juventude Hospitaleira. Participaram uma dúzia de jovens, oriundos de diversos pontos do país. Viveram esses dias da Semana Santa num misto de reflexão pascal e doacção ao próximo. Partilhamos convosco o belo testemunho de uma das participantes:


É preciso Amar…

Esta Páscoa Hospitaleira foi para mim uma experiência única, de uma entrega total ao outro, de uma aprendizagem mais adulta, de um desafio mais consciente.
Ponderei a minha escolha, antes de dizer sim, estive hesitante nos dias anteriores à viagem até à Guarda. No entanto, arrisquei, fui e aventurei-me, colocando nas Mãos do Senhor os meus medos! O meu coração foi-se acalmando, mas ao mesmo tempo descobria em mim que tinha algo para dar aos outros, algo que não podia deixar de partilhar. Ainda com receio se a minha escolha teria sido a mais correcta, adormecia com o coração a saltitar, no silêncio do meu interior.
São emoções que se vivem, a partir do momento que nos esquecemos do nosso eu, que escutamos, que estamos ali, simplesmente para dar! Senti-me um nada em muitos momentos, um grãozinho de areia, que reclama, reclama, que se queixa da vida que tem, que preguiça muitas vezes e que precisa de crescer mais. Foi um descobrir na ferida do outro, as minhas próprias feridas, às vezes apenas num olhar, num simples bom dia, num sincero sorriso, num acariciar do rosto, num cântico, partilhas e orações.
No contacto com os doentes, que me fascina, percebi a pobreza de alguns corações, a necessidade de olhar rostos novos, de nos abraçar fortemente, de nos dar um beijo, de dizer apenas um obrigado por estarem aqui comigo, de nos darem a mão, de lhes darmos de comer, de os deitarmos, de caminharmos a seu lado, muitas vezes em silêncio. Foi desta forma que me entreguei dando apenas, sem olhar a mais nada!
Fui entendendo os sinais que O Senhor me dava. Dizendo para mim: “Obrigado Senhor, já está a valer a pena!”.
Vivi intensamente estes dias, deixei as minhas preocupações, os meus medos, o meu coração transformou-se e senti verdadeiramente esta Páscoa, especial, diferente, única, a melhor que já tive. Aquele gesto na Celebração da Ceia do Senhor, que me transcendeu; aquele olhar fixo daquela doente, que me apertou o coração; aquela notícia do dia dita daquela forma, que me ultrapassou; aquele silêncio em que me reencontrei comigo e com Deus; aquela oração e partilha do deserto, que se diferenciou, que me levou à cruz, num Amor oblativo; aquelas lágrimas; aquela luz, leitura, música; aquele sinal de predilecção, que me arrepiou e aquela festa magnífica, da Sua Ressurreição!
“O Amor leva a fazer loucuras: loucuras de Amor”. Desta forma me entreguei nesta Páscoa, com o desejo de a viver constantemente na minha vida, crescendo com as minhas inquietações, mas confiando num Amor maior, com esperança. É preciso morrer e nascer de novo!

Sara Padilha

terça-feira, 13 de abril de 2010

QUEM ÉS?



«Não sabes de onde vem nem para onde vai»
cf. Jo 3,7-15

Quem és, suave luz que me sacias
E que iluminas as trevas do meu coração?
Guias-me como a mão de uma mãe,
e se me soltasses
não mais poderia dar um só passo.
És o espaço
que envolve o meu ser e me protege.
Longe de Ti, naufragaria no abismo do nada
de onde me tiraste para me criar para a luz.
Tu, mais próximo de mim
do que eu própria,
mais intimo do que as profundezas da minha alma,
e contudo incompreensível e inefável,
para além de qualquer nome,
Espírito Santo, Amor Eterno!

Não és Tu o doce maná
que do coração do Filho
transborda para o meu,
o alimento dos anjos e dos bem-aventurados?
Aquele que Se elevou da morte à vida
também me despertou do sono da morte para uma vida nova.
E, dia após dia,
continua a dar-me uma nova vida,
de que um dia a plenitude me inundará por completo,
vida procedente da Tua vida, sim, Tu mesmo,
Espírito Santo, Vida Eterna!

Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942),
carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
Poesia Pentecostes 1942

segunda-feira, 5 de abril de 2010

SANTA e FELIZ PÁSCOA!


«Jesus saiu ao seu encontro»

cf. Mt 28,8-15



À Vítima pascal
ofereçam os cristãos sacrifícios de louvor.

O Cordeiro resgatou as ovelhas;
Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.

A morte e a vida
travaram um admirável combate;
depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.

Diz-nos, Maria, que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo
e a glória do Ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança;
precederá os Seus discípulos na Galileia.

Nós sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos.
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.

in www.evangelhoquotidiano.org

sábado, 3 de abril de 2010

SÁBADO SANTO


O Sábado Santo é um dia alitúrgico. Podemos dizer até que A Palavra morreu. O Verbo foi crucificado, morto, sepultado. Perante uma sepultura não há mais palavras. O epitáfio nunca exprime a grandeza e a fecundidade de uma vida; entretém os olhos, mas não satisfaz o coração.


O cemitério é lugar de silêncio e de reflexão; mas é no silêncio e na reflexão que é fecundada e germina a palavra. Então, por que não encostarmos a cabeça ao túmulo de Jesus e comungarmos na força do silêncio de Sábado Santo? Logo verificamos que, afinal, a Palavra de Deus não morreu em Cristo; que os homens a receberam e a passaram de mão em mão; que a vida dos homens também é palavra de Deus; que este Deus, aparentemente reduzido à inacção da morte, está reincarnado e actuante em milhares de homens que O conhecem e testemunham a favor d’Ele…


Mas é exactamente aqui que o silêncio se pode transformar em drama: quando ninguém responde; quando do outro lado parece estar mesmo um morto. O concílio já nos advertiu que alguns cristãos “ocultam, em vez de revelarem, o rosto de Deus autêntico” (GS, 19). Ora o nosso Deus é um Deus vivo: nós ocultamo-Lo se formos uns cristãos mortos. Morto é aquele que não fala: não fala pelo gesto, pela acção, pela palavra. Morte é omissão. E quantos cristãos omissos! Com falta de coragem para se comprometerem, para correrem o risco, para tomarem uma posição, para serem consequentes até ao fim, para profetizarem até ao incómodo pessoal, para testemunharem, anunciarem e denunciarem até serem mortos.


Estará Cristo vivo ou morto, entre nós?



Lopes Morgado

in “Lucas, e paz na terra!”

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O GRANDE SILÊNCIO

Tu bebeste o fel por nós,

para que fosse apagada em nós

toda a amargura;

bebeste por nós o vinho amargo,

para aliviar o nosso cansaço;

foste desprezado por nós,

para nos poderes inundar dum orvalho imortal;

deixaste que as varas te ferissem,

para garantir à nossa fraqueza a vida eterna;

foste coroado de espinhos,

para coroar os teus fiéis

com os verdes louros da caridade;

foste envolto num lençol,

para nos poderes revestir com a tua força;

foste deposto no sepulcro,

para nos dares uma nova graça

nos novos séculos.

Suplementum Codicis Apocryphi

quinta-feira, 1 de abril de 2010

AMOU-NOS ATÉ AO FIM



“Depois de ter amado os seus que estavam no mundo,
amou-os até ao extremo.”
Jo 13, 1-15
Amar até ao fim.
Até dar a vida.
Até morrer por este amor.
Foi este o caminho que Jesus escolheu.
Porque Ele foi amado assim pelo Pai.
E agora responde ao amor do Pai, dando-Se do mesmo modo: totalmente.
Ao Pai e à humanidade toda.

Que amor, que caridade, a de Jesus Cristo, em ter escolhido a véspera do dia em que ia ser morto para instituir um sacramento por meio do qual permanecerá entre nós, como Pai, como Consolador, e como toda a nossa felicidade! Mais felizes ainda do que aqueles que O conheceram na Sua vida mortal pois, estando Ele num só lugar, tinham de se deslocar de longe para terem a felicidade de O ver, nós encontramo-Lo em toda a parte, e essa felicidade foi-nos prometida até ao fim do mundo. Ó imenso amor de Deus pelas Suas criaturas!

São João-Maria Vianney (1786-1859)
presbítero, Cura d'Ars
Sermão para a Quinta-Feira Santa


Para rezar:
Senhor, ajuda-me
a não ter medo de amar.
A não perder tempo com desculpas,
planos e adiamentos.
Ajuda-me a amar como Tu.
Sempre.
A todos.
Dando-me totalmente.

Fontes: Evangelhoquotidiano.org
“Rezar na Quaresma”, Ed. Salesianas