quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FATHI BALADI, paixão pelo belo


Quando a guerra civil rebenta no Líbano, Fathi Baladi tem 13 anos. Este jovem reside num dos bairros de Beyrouth mais afectado pelo conflito. Nascido em 1961, passará a sua adolescência e juventude rodeado pela violência. Após a estadia de um ano nos Estados Unidos, Fathi regressa para completar a sua formação em arquitectura.
É um apaixonado por arte, música mas também pelas coisas de Deus. “Amo Deus porque Ele é belo”. A oração é, para ele, uma das suas grandes alegrias.
A sua fé e sensibilidade levam-o a estar atento à realidade que o envolve. Procura consolar todos quantos sofrem à sua volta. E são tantos, tocados por essa guerra absurda e cruel! Para além dos estudos, dedica-se a dar catequese às crianças.
Apesar do ambiente de ódio e do medo que envenenam a gente do seu país, Fathi preserva a esperança e a confiança em Deus: “Senhor, ouve esta melodia que passa! Olha-nos! Fica connosco!”

Eis uma oração que escreveu pouco antes da sua morte:
“Senhor, não me deixes!
Não deixes jamais os que sofrem, os que passam fome,
os sedentos, as vítimas da crueldade humana.
Não abandones os que se mantêm erguidos
mas presos!
Não esqueças jamais que amamos e choramos
que olhamos para a vida sendo homens simples,
sobretudo que Te amamos
e que olhamos para Ti de cabeça levantada,
sorrindo e glorificando a tua grandeza e a tua força.”


No último dia do ano 1980, parte para fazer revisões na casa de um amigo. Às 11h30, é morto baleado na cabeça e no peito.
Dele, os professores escreverão: “Nunca julgava, fosse a priori ou a posteriori, os seus colegas que ele respeitava tanto quanto os amava”.
“Pressentia que este rapaz desejava algo mais que os conhecimentos limitados das ciências humanas. Fathi Baladi tinha já sede do absoluto. Hoje, estou feliz por saber que ele está saciado e que a morada do Absoluto tornou-se a sua”.

Após a sua morte, manifestaram-se alguns fenómenos invulgares junto ao seu túmulo e que foram devidamente registados. Muitos vêm agora recolher-se nesse lugar.
O processo de beatificação iniciou-se em Novembro de 1984.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

NADA PODE APAGAR O AMOR

Existem pessoas que amam de verdade... cuidam daqueles a quem amam ... na saúde e na doença, até que a morte os separe... Esse amor pode realmente existir, se ele for autêntico e perdurar além desta vida...

Ela casou enquanto lutava contra o cancro



É uma mensagem que nos desafia a reflectir e reconsiderar a “qualidade” dos sentimentos que, realmente, temos pelos outros. É oportuno pensar nisto, sobretudo quando tendemos a desistir de amar…

Os comentários seguintes estão relacionados com as imagens do diaporama:
A noiva chama-se Katie Kirkpatrick, de 21 anos. Ao lado dela está o noivo, Nick, de 23. A primeira fotografia foi tirada pouco antes da cerimonia de casamento de ambos, celebrado a 11 de Janeiro de 2005, nos Estados Unidos. Katie tem cancro em fase terminal e passa várias horas por dia sob tratamento e medicação. Na primeira imagem, Nick aguarda o fim de mais uma destas sessões. Apesar de sentir muita dor e de vários órgãos apresentarem falência, tendo por isso que recorrer à morfina, Katie não desistiu do casamento e fez questão de cuidar de todos os pormenores. O vestido teve que ser ajustado várias vezes, pois Katie perde peso todos os dias devido ao cancro.
Um acessório inusitado na festa foi o tubo de oxigénio usado por Katie. Ele acompanhou a noiva em toda a cerimonia e na festa também. O outro casal que aparece numa das fotografias, são os pais de Nick, emocionados com o casamento do filho com a mulher que namorou desde a adolescência.
Katie, sentada numa cadeira de rodas e com o tubo de oxigénio, ouve o marido e os amigos cantarem para ela. No meio da festa Katie tira um tempo para descansar. A dor impede-a de ficar de pé por muito tempo.
Katie morreu 5 dias após o casamento.
Estas fotografias venceram um concurso americano de jornalismo.
Uma mulher tão debilitada mas com um sorriso lindo nos lábios...

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Este acontecimento lembra-me um caso português, bem recente: Rute cruz, jornalista do canal TVI, falecida no passado dia 6 de Novembro. Também ela casou tendo-lhe sido diagnosticada leucemia. De comum acordo com o marido acreditaram que nem a morte impediria o seu amor. Mas o que mais me impressionou na Rute, para além do seu belo sorriso e da sua grande força de viver, era a forma como expressava a sua fé, de maneira desinibida e confiante, tanto numa entrevista que li como na hora de encarar o desfecho irreversível da morte. Dizia ela: “Sei para onde vou e não tenho medo de morrer…

A Rute e a Katie lembram-nos a verdade escrita na Bíblia, no livro do Cântico dos cânticos: “Forte como a morte é o amor… Nem as águas caudalosas conseguirão apagar o fogo do amor, nem as torrentes o podem submergir.” Ct 8, 6-7

Um amor mais forte só o de Cristo que se entregou por nós. E é desse Amor que temos de viver, pois é a nossa vocação!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

EGIDE VAN BROECKHOVEN, o apostolado da amizade


Na manhã de 28 de Dezembro de 1967, na fábrica metalúrgica de Anderlecht, próximo de Bruxelas, falecia um jovem operário, vítima de um acidente de trabalho. É Edige Van Broeckhoven, de 34 anos. Todos estão consternados: trabalhador consciencioso e excelente camarada, era amado e estimado por colegas e responsáveis.
Porém, nem todos sabem que Edige é sacerdote jesuíta que, por opção, decidira ser presença de Deus no meio operário, junto dos mais pobres. É pelo seu diário que se virá a conhecer a grandeza e profundidade da sua vocação e espiritualidade.
Nascido a 22 de Dezembro de 1933, em Antuérpia, perde a mãe poucos dias após o parto. Aos 17 anos entra para a Companhia de Jesus e é ordenado sacerdote em 1964. Decide então ser “padre operário”, apóstolo de Cristo no meio proletário muito descristianizado. A vida contemplativa atrai-o muito, mas após longa reflexão, percebe a possibilidade e urgência de testemunhar Cristo na sociedade, conciliando intimidade com Deus e proximidade com os irmãos.
Para ele, o princípio e o fim do apostolado é o Amor: «Não devemos, em primeiro lugar, proclamar a história da salvação mas, antes de mais, sermos nós mesmos um capítulo dessa história». Trata-se de pregar pelo exemplo mais do que pretender convencer pela palavra. “Tornar-me mensageiro do amor de Deus”.
O seu projecto de vida é viver a amizade de Deus Trinitário com os homens seus irmãos: «amar Deus para os homens, amar os homens para Deus, “entre-amar-se” uns para os outros». Delicado, humilde e puro na relação com todos. Totalmente consagrado a Deus, escreve no seu diário: «O celibato é uma imersão no amor, não uma recusa do amor: é um mergulho na sua fonte.»

NATAL PELO MUNDO

Esta bela canção de Natal, “Os anjos cantam,” vem-nos da Sérvia. É um tema interpretado por um grupo de crianças e músicos sérvios, sendo as imagens de Belgrado. Desconfio que, logicamente, seja cantado em sérvio.

Não percebem sérvio!?
Não importa! A mensagem de Natal não precisa ser traduzida por palavras, antes em gestos e atitudes.

Ainda assim – e porque é Natal – aqui fica a letra da canção em inglês. É apenas para reafirmar a universalidade desta quadra natalícia (embora a verdadeira razão seja a falta de tempo e jeito para pôr o texto em português).
Continuação de Boas Festas para todos!

The night glorious and the silent night,
above the cave the star alight,
inside the cave the Mother sleeps,
above Jesus the Angel watches.

The Heavens are singing,
the shepherds are ringing,
the Angels are singing,
the Wise Men are telling:

“What the peoples awaited,
what the Prophets announced,
has now been made known,
known and shown:

Christ the Savior has been born,
for the salvation of us all.
Alleluia, Alleluia,
Bless us, O Lord!”

domingo, 28 de dezembro de 2008

ORAÇÃO PELA FAMÍLIA


«Regressaram à Galileia, à sua cidade de Nazaré»

Rezar à Sagrada Família pela nossa família:

Pai Nosso, que estás nos céus e que nos deste um modelo de vida na Sagrada Família de Nazaré,
Ajuda-nos, Pai Santíssimo, a fazer da nossa família uma nova Nazaré, onde reinem a alegria e a paz.
Que ela seja profundamente contemplativa, intensamente eucarística e vibrante de alegria.
Ajuda-nos a permanecer unidos na felicidade e nas dores, graças à oração em família.
Ensina-nos a reconhecer Jesus em cada membro da nossa família,
em particular nos que sofrem.
Que o coração eucarístico de Jesus torne o nosso coração manso e humilde como o d'Ele (Mt 11,29).
Ajuda-nos a corresponder santamente à nossa vocação familiar.
Que sejamos capazes de nos amar uns aos outros como Deus ama cada um de nós,
cada dia mais,
e de perdoar os pecados uns aos outros como tu nos perdoas os nossos pecados.
Ajuda-nos, Pai amantíssimo,
a tomar o que nos dás e a dar o que nos tomas com um grande sorriso.
Coração Imaculado de Maria, causa da nossa alegria, roga por nós.
Santos anjos da guarda, sede sempre a nossa companhia,
guiando-nos e protegendo-nos.
Amen.

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997),
fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade,
in Um Caminho Simples

in http://www.evangelhoquotidiano.org/

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

CANÇÃO DE EMBALAR PARA O MENINO DEUS

Cristo Jesus nasceu!

Se o Advento foi tempo de espera, de desejo e de preparação para acolher Aquele que vem, o Natal é tempo de viver com (conviver) a sua presença.

Não basta pedir a Deus que venha, nos socorra, nos ampare... Ele vem para ficar, estar, partilhar a nossa presença.

É tempo de transformar o nosso coração em alcofa do Menino Deus e d'Ele cuidarmos.

Este Natal, que vou fazer d'Aquele que veio habitar a minha vida?

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008


"Reflectir a luz é mais belo do que recebê-la."
Mons. Spalding
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O MEU MENINO

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Eu sei que Ele há-de nascer
esta noite, o meu Menino,
dentro do meu coração

ou simplesmente no chão
redondinho, pequenino,
como o cair do pinhão
da pinha, se o vento sopra.

Não vai precisar de roupa:
tem um berço em minha mão
e um fato leve e quentinho
em cada um dos meus dedos.

Nem precisa de brinquedos:
para ficar caladinho,
eu conto-lhe os meus segredos.


Lopes Morgado

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O NASCIMENTO DA LUZ


No Natal, criador e criatura estão unidos.
Nele, um Deus de amor dirigiu-se aos homens
e os humanos contemplam-no
como o sentido último da sua vida.
Nele, fidelidade, justiça e verdade encontram-se.
E a paz é concedida àqueles
que têm fome e sede de felicidade e vida.
Para sempre, todo o esforço pela reconciliação e justiça,
pelo respeito das diferenças
e libertação dos oprimidos está unido a esta paz.
Ela nasce nos corações:
Deus derruba o muro do pecado.
Nasce entre os homens:
Deus recria o homem à imagem de seu Filho!
Para sempre os homens sabem para onde olhar,
para onde se voltar, para onde ir:
a luz está no meio deles!

in Caminhos de Advento 1993

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

GHASIBÉ KAIYROUZ, a força do perdão

“Nós, cristãos,
devemos saber transformar os nossos sofrimentos em alegria,
pois só assim seremos dignos de usar o nome do Divino Mestre.”

Ghasibé Kayrouz

Ghasibé Kayrouz é um jovem libanês, vítima da guerra civil que abalou o seu país na década de 70. Tinha acabado de entrar no seminário, pois queria, acima de tudo, seguir o exemplo de Jesus. Consciente do perigo que corria, por não querer pertencer a nenhuma das facções implicadas no conflito, deixou escrito um testamento espiritual no qual perdoava aos seus potenciais agressores. Nele, o amor foi mais forte que o ódio. É nas vésperas de Natal, a caminho da sua aldeia que Ghasibé é baleado.

Se queres conhecer melhor este jovem libanês, clica no link seguinte:
http://sdpv.blogspot.com/2007/12/ghasib-kayrouz-o-perdo-libertador.html

domingo, 21 de dezembro de 2008

LUZ PARA ESCOLHER


Os Evangelhos contam as escolhas de Deus
nos acontecimentos quotidianos
da sua existência connosco.
De Belém ao Gólgota, da primeira à última hora,
em Jesus, Deus actua em conformidade
com as suas escolhas.

Nascer a uma curta distância de Jerusalém
e morrer fora das muralhas da Cidade Eterna.
Humilhar-se até à palha do presépio
e elevar-se no madeiro do crucificado.
Aproximar-se dos humildes e dos humilhados
e afastar-se dos lugares de honra e dos títulos.
Encorajando sem cessar o acolhimento e a hospitalidade
e não tendo para si qualquer lugar onde morar.
Carpinteiro de profissão e Cristo por vocação.

O Evangelho não é o relato
de acontecimentos justapostos ao acaso
e pelas circunstâncias do momento,
mas uma ascensão quotidiana das escolhas de Jesus.
Ao ver Jesus, aprendemos a escolher.
Ao acreditar em Jesus, entramos na sua luz.

in Caminhos de Advento 1993

MARIA, mulher de fé, de esperança e de amor


«Eis a serva do Senhor,
faça-se em mim segundo a tua palavra.»

cf. Lc 1,26-38

Os santos são os verdadeiros portadores de luz dentro da história, porque são homens e mulheres de fé, esperança e caridade. Entre os Santos, sobressai Maria, Mãe do Senhor e espelho de toda a santidade. No Evangelho de Lucas, encontramo-La empenhada num serviço de caridade a sua prima Isabel, junto da qual permanece «cerca de três meses» (1, 56), assistindo-a na última fase da gravidez. «Magnificat anima mea Dominum – A minha alma engrandece o Senhor» (Lc 1, 46), diz por ocasião de tal visita, exprimindo assim todo o programa da sua vida: não se colocar a si mesma ao centro, mas dar espaço ao Deus que encontra tanto na oração como no serviço ao próximo — só então o mundo se torna bom.

Maria é grande, precisamente porque não quer fazer-se grande a si mesma, mas engrandecer a Deus. Ela é humilde: não deseja ser mais nada senão a serva do Senhor (cf. Lc 1, 38.48). Sabe que contribui para a salvação do mundo, não realizando uma obra sua, mas apenas colocando-se totalmente à disposição das iniciativas de Deus. É uma mulher de esperança: só porque crê nas promessas de Deus e espera a salvação de Israel, é que o Anjo pode vir ter com Ela e chamá-la para o serviço decisivo de tais promessas. É uma mulher de fé: «Feliz de Ti, que acreditaste», diz-lhe Isabel (cf. Lc 1, 45).

Papa Bento XVI,
Encíclica Deus Caritas est, 41

sábado, 20 de dezembro de 2008

SERVA


"Eis a Serva do Senhor..."
Lc 1,38

Serva do Senhor:
não tem nada a ver com a serapilheira a limpar,
nem com a obrigação de se baixar,
nem com o avental quotidiano,
nem com os olhos fechados por submissão!

A serva – ou o servo – do Senhor
espanta-se por ser escolhida
entre tantos outros.
Sente-se feliz
pela confiança nela depositada.
Escuta com o coração
e percebe o que está escondido
por detrás das palavras.
Está pronta a partir
pois sabe que é chamada.
Segue por caminhos longínquos
através de paisagens escarpadas.

Prepara-se par servir
como se prepara para amar
:
Aliás, é o que acontece
quando se entrega a vida por amor!

Sabe que terá alegria em abundância
mas também que o sofrimento
trespassará o seu coração,
mas é natural:
amar e ser amado tem este preço!

Maria diz:
“Sim, eis-me aqui”.
É assim que começam
todas as histórias de amor.

in Caminhos de Advento 1993

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

AQUI ESTOU! ENVIA-ME!

Deus continua a perguntar-te: "Quem enviarei? Quem irá por mim?

A todos aqueles que se deixam incomodar pelo seu amor, dedico este clip dos Mercy Me - "Here Am I".

Não tenhas medo nem vergonha de actuar em nome de Cristo. Ele te chama e envia...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

DIZER SIM


"Filho, vai trabalhar hoje para a vinha."
Mt 21, 28

Dizer sim
para deixar os caminhos batidos
da facilidade.

Dizer sim
para viver o teu projecto, meu Deus,
e o realizar.

Dizer sim
para ir ao encontro dos outros
e te encontrar a Ti.

Dizer sim
para olhar o coração
primeiramente
e o rosto depois,
em segundo lugar.

Dizer sim
para sair de minha casa
e me tornar disponível
para aqueles que Têm fome,
frio e solidão.

Dizer sim
ao teu Evangelho
e trabalhar contigo
para que cada um receba
a sua parte,
com toda a justiça.

Senhor, digo “SIM”!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008


"O diálogo começa quando estamos certos
de ter alguma coisa a aprender do outro."

Garaudi

domingo, 14 de dezembro de 2008

LUZ PARA CRER


Crer: um acto de fé!
Entregamo-nos a um outro,
confiamos nele inteiramente.
Caminhamos com ele, mesmo se vacilantes,
porque sabemos que com ele está a vida;
enfrentamos a noite, mesmo se medrosos,
porque sabemos que, com ele, a atravessaremos;
comprometemo-nos com ele, mesmo se custa,
porque sabemos que, com ele, temos a garantia
que seremos plenamente bem-aventurados.

Mas como crer sem conhecer
aquele com quem se fez aliança para sempre?
Ele vem pessoalmente
para que o possamos escutar,
tocar e nos decidirmos:
“Vede! Sou aquele que nasceu na vossa terra,
que partilho o pão, que alivio os fardos,
que curo das cegueiras,
que estou com os últimos,
que carrego com a cruz,
que estou convosco para sempre!”
Ao mostrar-se em plena luz,
insiste pacientemente:
“Acreditais em mim?
Então, vinde!”


in Caminhos de Advento 1993

PARA RECORDAR...

No passado dia 8 de Dezembro, foram ordenados um novo sacerdote e dois diáconos. Estas imagens recordam-nos esse momento importante para a vida da Diocese.

Agradecemos a montagem ao nosso amigo Pe. Carlos Gomes Helena. Nela, podemos ler mensagens relativas à missão dos diáconos.

Nesta mesma tarde, na Igreja de São Francisco, paróquia de Nª Srª da Conceição, na Covilhã, o neo-sacerdote, Pe. Valter, celebrará a Eucaristia de Acção de Graças, às 16h30.

sábado, 13 de dezembro de 2008

OS MEUS OLHOS ABRIR-SE-ÃO…


“Saindo da escuridão das trevas,
os seus olhos verão a luz”.

cf. Is 29,18
“Não o posso ver!”
É o que nós, por vezes, dizemos.
Há pessoas que eu não posso ver
porque, Senhor, são o oposto
do que eu penso, do que acredito, do que sou.
Então, torno-me como que cego.
Há coisas que não consigo olhar de frente:
a miséria dos outros, os seus sofrimentos.
Eu te peço, meu Deus, cura o meu olhar.
Que permaneça sempre desperto,
ante a miséria dos meus irmãos.
Então, o meu olhar mudará,
e o coração se transformará.

in Caminhos de Advento 1993

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

VENCER... EMPURRANDO


Em 1959, neste dia de 12 de Dezembro, o australiano Jack Brabham sagra-se campeão do mundo de Formula 1 pela primeira vez (outras duas virão), depois de disputado o Grande Prémio dos Estados Unidos em Sebring.
Para além de desactualizada, esta notícia não chega sequer a sê-la para quem não aprecia desportos motorizados. O curioso é que este campeão cortou a meta empurrando o carro. Relembro que, habitualmente, são os carros que nos levam.
Jack Brabham encontrava-se na liderança da prova quando o seu carro avariou na última volta. Não teve outro remédio senão “fazer de motor” do seu próprio bólide, o famoso cooper, ao longo de 800 metros. Naturalmente, foi ultrapassado por alguns concorrentes, mas assegurou o quarto lugar garantido a vitória no campeonato. Mas tal foi o seu esforço que desmaiou ao cortar a meta.

Quem disse que as vitórias têm sempre de ser alcançadas de forma gloriosa? Não existem vitórias fáceis, é certo. Aliás, acredito que quanto mais difíceis, mais saborosas, mais significativas. Jack não teve direito a subir ao pódio, a abrir a tradicional garrafa de champanhe. Nem sequer pode comemorar imediatamente o título de campeão, pois perdeu os sentidos.
Tudo isso, traz à minha lembrança outro relato, outro acontecimento. O de alguém que também teve de carregar um peso, que não lhe pertencia, e subir com ele até alcançar o objectivo de toda a sua caminhada. Ainda assim, não foi logo reconhecido como vencedor, antes declarado derrotado. Só mais tarde se percebeu o alcance do seu esforço, da sua entrega; que a prova, afinal, não acaba ali, dessa maneira; que o prémio era outro que não o reconhecimento espontâneo das multidões. Esse “Grande Prémio” do Calvário teve um final improvável com um vencedor desfigurado pela dor e morte, mas resplandecente no amor e na vida nova triunfante da ressurreição.
Jesus é o nosso campeão, mas a prova continua. Todos temos uma cruz a carregar e uma coroa feita mais de espinhos do que de glória. Afinal, a vida que, julgávamos nós nos levava, tem de ser “carregada”, “empurrada”. Muitas vezes, vergamos quando tudo parecia bem encaminhado. De repente, a meta foge-nos e, com ela, as referências, os apoios. Tudo se avaria… Fica-nos a escolha de mergulhar na fatalidade do lamento ou de prosseguir “a pé”, mais lentamente, mais sofridamente, mas convicto que o caminho continua a ser “nosso”. Os meios, a forma alteram-se, mas o concorrente permanece. Não são os meios que são premiados, mas aquele que alcança a meta.
Estás às escuras!? Avança!
Estás caído!? Levanta-te!
Estás perdido!? Encontra-te!
Estás atrasado!? Adianta-te!
Sentes-te derrotado!? Vence-te a ti mesmo!
Estás cansado de lutar!? Luta contra o teu cansaço!
A tua cruz pesa demais!? Vê o valor que ela extrai de ti!
Jamais haverá vencedores fracos. Não desistir é já princípio de vitória.

EMPURRA-TE A TI MESMO!
Cristo mostrou-nos o exemplo.
Jack Brabham, a seu jeito, também…

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

10 MILHÕES DE ESTRELAS – um gesto pela Paz 2008







Pelo sexto ano consecutivo, a Cáritas Portuguesa lança a campanha “10 milhões de Estrelas – Um gesto pela Paz”. Esta iniciativa é levada a cabo pelas respectivas Cáritas Diocesanas de todo o país e tem como objectivo motivar cada cidadão para os valores da Paz, da Justiça e da Solidariedade.
Tal como é afirmado na divulgação da Campanha, “na próxima celebração do Natal contrariando as tendências consumistas que desvirtuam o seu verdadeiro sentido, a Cáritas Portuguesa lança, mais uma vez, o desafio a todos os cidadãos, independentemente das suas convicções religiosas ou políticas: Vamos, juntos, acender uma vela, símbolo do nosso desejo de Paz para o mundo. A vela é apenas um sinal e um instrumento que facilita a partilha de bens com os mais pobres porque, enquanto persistirem tantas e tão graves desigualdades no mundo, não haverá paz na terra.”

Concretamente, a iniciativa apela a que se acenda uma vela na noite de Natal, sendo esta colocada à janela. Outras iniciativas são promovidas como aquela que se realizará no próximo sábado na cidade da Guarda, numa parceria entre a Cáritas Diocesana e os professores de E.M.R.C. da mesma cidade. Trata-se de uma acção que pretende animar a comunidade local. Terá início pelas 16 horas com uma concentração no átrio do Seminário da Guarda, seguida de uma caminhada até à Sé da Guarda onde será celebrada uma eucaristia às 18 horas.

Das verbas recolhidas na compra das velas desta operação, 30% das mesmas destinam-se a apoiar um projecto de cooperação e desenvolvimento para promover a integração dos Pigmeus de Mongouma – população minoritária da República Centro África – sendo as áreas de educação e da saúde as principais prioridades. Os restantes 70% serão canalizados pela Cáritas Diocesana para o Centro de Apoio à Integração de Imigrantes da Guarda.
As velas e outros materiais podem ser adquiridos na Cáritas Diocesana da Guarda (telf.: 271 212 428; e.mail: caritas.guarda@sapo.pt ).

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

OLGA BEJANO, viver no limite (I)












Olga Bejano, pentaplégica, faleceu na madrugada de 5 de Dezembro, em Logroño, Espanha. A sua vida constitui uma extraordinária lição de confiança, coragem e de luta.
Olga contraiu em 1987 (tinha 23 anos) uma enfermidade neuromuscular que deixou paralisado a quase totalidade do seu corpo: durante mais de 20 anos não pôde falar, nem ver, respirava artificialmente e alimentava-se através de uma sonda.
No entanto, encontrou um método para comunicar com o mundo: fazendo uns rabiscos aparentemente incompreensíveis com os impulsos do seu joelho, e que as suas enfermeiras aprenderam a traduzir lentamente em abecedário. Graças a este original sistema, Olga publicou com grande êxito três livros: "Voz de Papel", "Alma de cor salmão" e "Os Rabiscos de Deus. O seu último livro, precisamente, era una lúcida reflexão sobre a grandeza e os limites do ser humano e, especialmente, sobre a capacidade de superação das pessoas. Actualmente encontrava-se a escrever o seu quarto livro, intitulado "Asas Quebradas".
Viver no limite
Olga Bejano começou a ser mais conhecida quando o filme “Mar Adentro”, protagonizada por Javier Bardem no papel do tetraplégico Ramón Sampedro, consagrou a eutanásia como forma de acabar com o sofrimento querendo eleva-la à categoria de "direito humano". Olga e Ramón mantiveram uma breve correspondência. No seu segundo livro, "Alma de cor salmão". Olga relatava: "Ramón disse-me que não podia entender como é que, nessas condições, eu queria continuar a viver; respondi-lhe que tinha tanta vontade ou mais que ele de desistir. Mas, ao contrário dele, eu era crente e queria que Deus decidisse qual era o meu dia e minha hora; entretanto lutaria por conseguir a assistência que necessito. Propus-lhe, que em vez de lutar para morrer, que lutasse para viver. Porque não lutas por conseguir uma vida independente, técnicos que cuidem de ti, uma cadeira eléctrica que te leve a passear, um computador que possas usar com a voz? Eu nunca direi sim ou não à eutanásia, darei testemunho com a minha vida, pois só os factos contam".

Na última entrevista que concedeu, Olga referia: “Para mim a enfermidade não é nenhum presente. Os seres humanos são matéria e alma. A matéria pode deteriorar-se por muitas circunstâncias e se aceitamos a situação de forma positiva, pode ser uma oportunidade para madurar e crescer como pessoa humana e espiritualmente. Deus dá-me outro tipo de presentes pondo na minha vida uma equipa médica de cuidados paliativos fabulosa, um montão de amigos que sempre estão quando os necessito, minha família, etc.”


Como mensagem a todos, deixou estas palavras: “Desejaria gritar que valorizem a sua vida, que a saibam viver de uma forma sã, que vivam em paz e que saibam ser felizes com o que são e com o que têm. Que aprendam a ser felizes e assim poderão tornar felizes os outros. Não se pode dar o que não se tem.”
Quando, um dia lhe perguntaram – Que te faz viver, Olga? –, uma resposta simples: “Deus. Tudo o que sou, recebi-o d’Ele”. Ou ainda: Olga, és feliz? Categoricamente respondia: “Claro que sou feliz!”
Mais palavras, para quê?

Para saber+
http://olgabejanodominguez.blogspot.com/

OLGA BEJANO, viver no limite (II)

Este é o vídeo de apresentação do terceiro livro de Olga Bejano, "Los Garabatos de Dios".

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

IMACULADA CONCEIÇÃO


AVÉ MARIA

Por todos os séculos dos séculos,
És rosa e açucena,
Unes a Terra aos Céus.

Reza por nós os pecadores,
Ó misteriosa e doce
Filha do homem,
Esposa e irmã do homem,
Mãe de Deus!



Américo Durão
Sinal

domingo, 7 de dezembro de 2008

LUZ PARA AVANÇAR (Advento II)


Todos nós fizemos a experiência inquietante
de caminhar na noite escura
sem saber onde pousávamos os pés.
Não seria melhor então parar
e não avançar mais?
A fé, dizem-nos, permite-nos marchar
e não tropeçar em plena escuridão.
É verdade, pois a fé é uma luz!
Contudo não é assim tão simples.
Com efeito, esta luz parece que não é dada
senão à medida que se avança!
É como o sistema de iluminação de uma bicicleta:
o dínamo e os faróis só iluminam o caminho
se o viajante pedala corajosamente!
Se pará, mergulha imediatamente na noite.
“Quem actua na verdade chega à luz”.
Os homens e as mulheres
que na vida caminham no bem,
que amam com todo o ser,
projectam diante de si uma pequena luz
na qual, mais tarde ou mais cedo, se revelará
Aquele que é a Luz.
in Caminhos de Advento 1993

sábado, 6 de dezembro de 2008

VIGÍLIA de ORAÇÃO pelas VOCAÇÕES na Covilhã


Decorreu, ontem à noite, na Igreja de São Francisco, na cidade da Covilhã, uma vigília de oração pelas vocações, por ocasião das próximas ordenações sacerdotal e diaconais do dia 8 de Dezembro.
Com a comunidade reunida, com a presença de dois ordenandos, o Valter e o Hugo, e ainda um grupo do Seminário da Guarda, consciencializámos a necessidade e urgência da missão evangelizadora e da consequente convocatória que a cada um Deus dirige. Confrontados aos nossos medos e hesitações, só em Cristo podemos vencer, pois Ele é a fonte de toda a vocação. Se nos sentimos frágeis e incapazes, acreditamos que Ele capacita os escolhidos. É na confiança n'Ele e na força e beleza do seu Reino que podemos dar o que somos e o que temos, apesar de pobres e pecadores.



A todos, Jesus repete as palavras
"CORAGEM. SOU EU. NÃO TEMAIS!",
"VEM E SEGUE-ME".

ORDENAÇÕES de NOVO SACERDOTE e dois DIÁCONOS


No proximo dia 8 de Dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, serão ordenados um novo sacerdote e dois diáconos na Sé Catedral, pelas 16 horas.
O actual diácono Valter Duarte, é administrador pastoral de quatro paróquias no arciprestado de Alpedrinha. Natural da Covilhã, fez a sua caminhada vocacional através do Pré-Seminário tendo, posteriormente frequentado o Seminário da Guarda e o Instituto de Teologia, sediado em Viseu.
O Hugo Martins, natural de Celorico, está a realizar o seu estágio pastoral em Loriga e demais paróquias atribuída ao Pe. João Barroso, em plena Serra de Estrela. O Celso Marques, oriundo do Barco (Covilhã), por sua vez, colabora pastoralmente no arciprestado de Celorico com a equipa sacerdotal aí residente.
No mesmo dia, será instituído leitor o Rui Calçada, da freguesia do Marmeleiro.
Por todos eles, pedimos a oração necessária para que sejam fiéis à missão que, livre e responsavelmente, assumem em nome de Cristo Jesus.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


«O meu coração pressente os Teus dizeres:
'Procurai a Minha Face!' [...]
Não escondais de mim o Vosso Rosto»

(Sl 26, 8)

Fala, coração, abre-te por completo e diz a Deus: «É a Tua face, Senhor, que eu procuro» (Sl 26, 8). E Tu, Senhor meu Deus, ensina ao meu coração onde e como há-de procurar-Te, onde e como há-de encontrar-Te. Senhor, se não estás aqui, se estás ausente, onde Te hei-de procurar? E, se estás presente em toda a parte, por que motivo não consigo ver-Te? É certo que habitas uma luz inacessível. Mas onde está a luz inacessível e como atingirei essa luz inacessível? Quem me conduzirá a ela, quem me mergulhará nela, para que nela Te veja? E em seguida, com base em que sinais e de que lado Te procurarei? Nunca Te vi, Senhor meu Deus, não conheço o Teu rosto. Que pode fazer, Senhor altíssimo, que pode fazer este exilado longe de Ti? Que pode fazer o Teu servo, anseia pelo Teu amor e foi rejeitado para longe da Tua face? Aspira a ver-Te e o Teu rosto esconde-se-lhe por completo. Deseja ir ter conTigo e a Tua morada é-lhe inacessível. Gostaria de Te encontrar e não sabe onde estás. Empreende procurar-Te e ignora o Teu rosto.

Senhor, Tu és o meu Deus, és o meu Senhor, e nunca Te vi. Tu criaste-me e recriaste-me, Tu me proveste de todos os bens que possuo e ainda não Te conheço. Tu me fizeste a fim de que Te visse e ainda não realizei o meu destino. Miserável sorte a do homem que perdeu aquilo para o qual foi criado. [...] Buscar-Te-ei com o meu desejo e desejar-Te-ei na minha busca. Encontrar-Te-ei amando-Te e amar-Te-ei quando Te encontrar.

Santo Anselmo (1033-1109),
monge, bispo, Doutor da Igreja,
in Proslogion 1


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

FAZ-TE AO LARGO!


No ano de 1961, nesta mesma data de 4 de Dezembro, o argentino António Abertondo atravessava a nado o canal da Mancha que separa a Inglaterra da França. A sua “ida e volta” entre os dois países demorou 24 horas e 16 minutos, com um descanso de 4 minutos na praia francesa.
Embora seja demasiada água para o meu cântaro, não deixo de a considerar como uma notável proeza, sobretudo, se tivermos em conta que ninguém o tinha tentado antes dele. Ainda assim, apesar de menos mediáticos, todos temos algo a atravessar nas nossas vidas. Quantos canais, mares, montanhas, desertos… temos de enfrentar e ultrapassar. Momentos dolorosos, provas angustiantes, decisões delicadas, dúvidas que atormentam, situações injustas, saudades de quem partiu, responsabilidade do que resta…
Haverá sempre a tentação da praia, da sua segurança, do seu aconchego. O mar aparece-nos mais belo quando estamos fora dele. Mas será mesmo assim? Não haverá momentos em que teremos de nos lançarmos nele? Enamoramo-nos de o ver, mas não de estar nele. Soa a ilógico. Mas o mar exige respeito, exige ser conhecido. Porém, como conhecê-lo fora dele?
Isto lembra-me a história da “Boneca de Sal” que só se encontrou a si mesma quando entrou no mar, deixando que ele “tomasse posse” dela.

Que nome damos ao nosso mar?
Vida!?
Verdade!?
Amor!?
Deus!?
Cada um saberá.
Enfrentar o nosso mar, “adentrando-o”, nunca será fácil ou evidente. Por vezes, também precisamos, queremos, preferimos descansar na praia… Não que seja legítimo, mas a demora pode levar-nos a esquecer que o mar chama-nos e que a Vida, a Verdade, o Amor, ou Deus… nos espera. E a proeza (nossa) só pode ser patenteada quando concluída.

CORAGEM!
FAZ-TE AO LARGO!

ESCUTAR... PARA AGIR


«Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu,
mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu.»

cf. Mt 7,21.24-27

O Pai celeste disse uma única palavra: é o Seu Filho. Disse-a eternamente e num eterno silêncio. É no silêncio da alma que Ele se faz ouvir.
Falai pouco e não vos metais em assuntos sobre os quais não fostes interrogados.
Não vos queixeis de ninguém; não façais perguntas ou, se for absolutamente necessário, que seja com poucas palavras.
Procurai não contradizer ninguém e não vos permitais uma palavra que não seja pura.
Quando falardes, que seja de modo a não ofender ninguém e não digais senão coisas que possais dizer sem receio diante de toda a gente.
Tende sempre paz interior assim como uma atenção amorosa para com Deus e, quando for necessário falar, que seja com a mesma calma e a mesma paz.
Guardai para vós o que Deus vos diz e lembrai-vos desta palavra da Escritura: "O meu segredo é meu" (Is 24,16)...

Para avançar na virtude, é importante calar-se e agir, porque falando as pessoas distraem-se, ao passo que, guardando o silêncio e trabalhando, as pessoas recolhem-se.
A partir do momento em que aprendemos com alguém o que é preciso para o avanço espiritual, não é preciso pedir-lhe que diga mais nem que continue a falar, mas pôr mãos às obras, com seriedade e em silêncio, com zelo e humildade, com caridade e desprezo de si mesmo.
Antes de todas as coisas, é necessário e conveniente servir a Deus no silêncio das tendências desordenadas, bem como da língua, a fim de só ouvir palavras de amor.

S. João da Cruz (1524-1591),
carmelita, doutor da Igreja
in Conselhos e Máximas

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

S. FRANCISCO XAVIER, o zelo da missão


Hoje, comemoramos S. Francisco Xavier, padroeiro das Missões, juntamente com a jovem carmelita S. Teresa do Menino Jesus. Francisco, natural de Navarra, norte da actual Espanha, notabilizou-se pelo zelo missionário em terras do Oriente, em nome da Companhia de Jesus à qual, juntamente com S. Inacio de Loyola, deram início. O trecho seguinte, tirado de uma das suas cartas bem o demostram. Oxalá, possamos também nós, cada um na sua medida, ser um pouco missionário onde está, junto daqueles que nos cruzam.

“Os cristãos destes lugares, por não terem quem os instrua na nossa fé, somente sabem dizer que são cristãos. Não têm quem lhes diga a missa e, ainda menos, quem lhes ensine o Credo, o Pai-Nosso, a Avé Maria e os Mandamentos. (…) Ao entrar nos povoados, as crianças não me deixavam rezar o Ofício Divino, nem comer, nem dormir, e só queriam que lhes ensinasse algumas orações. Comecei então a saber por que é deles o reino dos Céus. (…) Descobri neles grande inteligência. Se houvesse quem os instruísse na fé, tenho por certo que seriam bons cristãos.
Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras. Muitas vezes me vem ao pensamento ir aos colégios da Europa. Levantando a voz como homem que perdeu o juízo e, principalmente, à Universidade de Paris, falando na Sorbonne aos que têm mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas. (…) E, se assim como vão estudando as letras, estudassem a conta que Deus nosso Senhor lhes pedirá delas e do talento que lhes deu, muitos se moveriam a procurar, por meio de exercícios espirituais, conhecer e sentir dentro de suas almas a vontade divina, conformando-se mais com ela do que com suas próprias afeições, dizendo: «Senhor, eis-me aqui; que quereis que eu faça?»

Eis uma preciosidade da música sacra ortodoxa, na belíssima voz de Divna Ljubojevic - ♫ Bogorodice Djevo ♫ ("Alegra-te, Virgem Maria").

Neste dia de S. Francisco Xavier, dedicamos este momento a todos quantos procuram o caminho, a verdade e a vida de Deus, para que O encontrem. E encontrando, se tornem, por sua vez, suas testemunhas no mundo, na alegria como Maria.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

ETTY HILLESUM, poema de Deus (parte II)


Etty Hillesum, uma jovem judia holandesa, confronta-se com o fim dos seus sonhos e projectos pessoais. A guerra, a invasão do seu país pelas tropas nazis e a consequente perseguição e humilhação à sua raça, não permitem muitas ilusões. Num tal cenário, tornam-se compreensíveis o pessimismo, o rancor e até a perda de fé.
Porém, Etty recusa-se a cair numa lógica de ódio que ela pressente nos seus compatriotas judeus revoltados e cansados de serem humilhados pelo regime nazi. Encontro a vida bela e sinto-me livre… Creio em Deus e creio no homem, ouso dizê-lo sem falsa vergonha… Se a paz se instala um dia, ela somente será autêntica se cada indivíduo fizer, antes de mais, a paz consigo mesmo…” “Não tenho medo. Porém, não sou corajosa, mas guardo o sentimento de sempre lidar com pessoas e a vontade de compreender, tanto quanto puder, o comportamento de cada um… Apesar de todos os sofrimentos infligidos e de todas as injustiças cometidas, não consigo odiar os homens.”
Em pleno inferno da guerra exclama: “O céu existe. Porque não vivemos nele? Mas, na prática, é antes o contrário: é o céu que vive em mim… Das tuas mãos, meu Deus, aceito tudo, tal como vier.”
Ao rezar, Etty não se descompromete da sorte dos seus contemporâneos. Muito pelo contrário: “Quero partilhar a sorte do meu povo.” “Quereria tornar-me presente em todos os campos… em todas as frentes.” “Toda a força, todo o amor, toda a confiança em Deus que possuímos, devem ser reservados para aqueles que cruzarmos no caminhos e deles necessitarem.” “Trata-se de sustentar a esperança, onde eu puder e onde Deus me puser.”

A sua força encontra-a numa relação íntima e intensa com Deus: “Existe agora em mim uma espécie de confiança natural e ilimitada em Deus, que me dá o sentimento de poder enfrentar qualquer situação.”
Se amo as pessoas com tanto ardor, é porque em cada um deles amo uma parcela de Ti, meu Deus. E procuro chamar-Te à luz no coração dos outros, meu Deus.”
“Em verdade, só deveríamos escrever cartas de amor a Deus.”

Numa das suas últimas páginas do diário, podemos ler o seguinte: “Tu que tanto me enriqueceste, meu Deus, permite-me também a mim de dar às mãos cheias. (…) Quando, deitada sobre a minha cama, me recolho em Ti, meu Deus, lágrimas de gratidão inundam-me, por vezes, o rosto, e tornam-se a minha oração. (…) Não luto contigo, meu Deus. A minha vida é somente um longo diálogo contigo.

“Também eu quereria ser como uma melodia que brote da mão de Deus.”
Que bom seria podermos formar, juntos com Etty, a sinfonia de Deus…

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

LUZ PARA VELAR (Advento I)


A demasiada escuridão mata a esperança.
Na escuridão da guerra e dos ódios,
da fome, do desprezo e da rejeição,
como esperar que nascerá o dia
de um mundo humano e fraterno?

Necessitamos de uma luz
que transforme estas noites em dia
e nos mantenha acordados, erguidos,
para levar a reconciliação
onde os ódios e as guerras criam a divisão;
para saciar de pão e de amor
aqueles que têm fome da justiça;
para oferecer a amizade e o respeito
aos que são rejeitados e desprezados;
para acender nas noites do desespero
a luz da esperança e do triunfo da vida.

Cristo Jesus, que veio e que vem,
é a luz que nos impede de adormecer;
ilumina os caminhos a abrir na escuridão,
e ergue os nossos corações e corpos fatigados.


in Caminhos de Advento 1993